quarta-feira, 26 de maio de 2010

UBATUBA 2001 : Cine Theatro Iperoig

Na última semana este jornal informou que o prédio do antigo cinema “está livre novamente” (A SEMANA, 06.janeiro; Seção Arpoando).


Algumas pessoas interessadas nas questões culturais da cidade vêm, há algum tempo, discutindo a necessidade de revitalização do nosso Cine Iperoig, antigo e tradicional centro de atividades ligadas à Cultura, numa comunidade carente de tal tipo de espaço. Parece que é chegada a hora!

Inaugurado no início da década de 1950, em prédio especialmente construído, o antigo Cine Iperoig, por quase 40 anos, foi ponto obrigatório dos acontecimentos importantes na cidade de Ubatuba. Além das memoráveis sessões de cinema - as “fitas” ali projetadas tinham certeira clientela-; as maiores bilheterias ocorriam quando multidões de ubatu-benses se postavam em longas filas para assistir Mazzaropi. Os mais antigos ainda se lembram que em 1952/53 o filme “Sai da frente”, um dos maiores sucessos do artista taubateano, teve que ser reprisado por mais de três dias consecutivos, para atender à enorme demanda.

A molecada, nas saudosas matinês das tardes de domingo, delirava com os filmes de bang-bang, em concorridas sessões quase sempre seguidos dos seriados, geralmente abordando questões futuristas: Super-Homem, Homem-Morcego e o Dr. Silvana dividiam as preferências da platéia.

noites quentes, na sessão das 8, a pacata cidade era embalada pelas fitas românticas, ou heróicas, onde reinavam, absolutos, astros e estrelas de Hollywood; Lana Turner, Gregory Peck, Elizabeth Taylor ou Tyrone Power eram figuras mais que familiares.

Espetáculos teatrais, ou musicais, eram mais raros, mas comenta-se que Procópio Ferreira, ele próprio, ali teria apresentado o famoso monólogo “As mãos de Eurídice”. No palco do Iperoig, a cidade ainda teve oportunidade de assistir aos espetáculos de Ary Toledo, Jô Soares, Agui-naldo Rayol, e tantos outros.

Toda essa intensa atividade cultural viria, nos anos 80, sofrer um golpe de morte a massacrante e avassaladora presença da TV, que não admitia concorrências. A partir daquela data cinema foi rapidamente definhando, até quase desaparecer.

Em muitas cidades, as salas foram sendo retalhas, subdivididas e os filmes pornô passaram a ter sua vez. Outras foram transformadas em supermercados e lojas, ou simplesmente foram demolidas.

Aqui em Ubatuba, como em Taubaté, o espaço do cinema foi ocupado por um templo religioso, descaracterizando-se assim uma área de lazer de toda comunidade, pois passou a ter utilização restrita.

Há cerca de um mês, vem a (boa) notícia da liberação da área. Os sonhadores de sempre, que querem em Ubatuba a volta de um local onde, com dignidade, se possam assistir aos filmes que atualmente só são acessíveis aos moradores das grandes cidades - onde o cinema, diga-se de passagem, está novamente em grande moda. Além de filmes, nosso futuro Cine Theatro Iperoig (assim mesmo, com TH) poderia receber algumas companhias de teatro e outros espetáculos ao vivo, que hoje, dadas as facilidades de transporte, cruzam o Brasil de norte a sul. Certamente, não faltariam artistas interessados em se apresentar em Ubatuba.

A oportuna nota publicada na semana passada neste jornal, aliada ao interesse manifesto de personalidades da área cultural da cidade, mostram a premência com que o antigo Cine Iperoig deve voltar a ocupar o merecido e necessário espaço na vida inteligente de Ubatuba.

Manifestações como essas dão legitimidade ao projeto, se referendados pela população.

Se vier o apoio, o seguinte diálogo deixará de ser peça de ficção:

- “Que tal um cineminha esta noite?

- Onde?

- Ora, no Cine The-atro Iperoig, sessão das 8.”

Mãos à obra!



PS: Aos leitores que simpatizarem com a idéia do retorno do espaço-cinema em Ubatuba, pedimos que se manifestem, por escrito (carta, telegrama, fax, e-mail), junto a este jornal.

A nossa união será a nossa força. Participem!




JORNAL A SEMANA   NA  REDE 
Janeiro de 2001

UBATUBA 2001 : Ilha Anchieta: rebelião, fatos e lendas


Em obra literária, o Ten. Samuel Messias de Oliveira, 53, recorda uma das maiores e memoráveis rebeliões de nosso país. O livro “Ilha Anchieta - Rebelião, fatos e lendas” trata-se de um documentário que reúne material fotográfico, escrito e documentário de alguns sobreviventes “os filhos da ilha” (como denomina o autor), resultado de pesquisas incessantes da rebelião que mobilizou a Polícia Militar da região, o 6º B.C. de Santos, a Polícia Militar Fluminense, a Polícia Marítima e o Exército.


O livro, dividido em cinco capítulos, inicia-se com um release que relata desde o primeiro dono da ilha, o Cacique Cunham-bebe, responsável pela Confederação dos Tamoios, suas transformações até a criação do presídio e a rebelião ocorrida em 20 de junho em 1.952, trazendo para os leitores todos os acontecimentos até 1.999.

O livro nos faz desejar a segunda maior ilha do litoral norte paulista que transformou-se em paraíso ecológico e histórico atraindo turistas de toda parte do mundo, porém nos permite conhecer o seu cruel e sangrento passado.

O autor encontra-se em férias na Ilha Anchieta vendendo e autografando sua obra e trocando informações com os turistas.


FONTE :  JORNAL   A  SEMANA  UBATUBA NA REDE
Publicação Semanal - Edição 114 - Ubatuba, 12 de Janeiro de 2001

UBATUBA 2001 : Flavio Girão assume a FUNDART

O novo presidente da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, Flávio Girão, tomou posse no dia 6 de janeiro, no Casarão do Porto, após o encerramento da Folia de Reis. O coquetel da posse e Folia foi um presente do Supermercado Principal, que cedeu para a festa vinhos e salgados. “A Fundart tem que se desenvolver do objetivo que delineia o mundo da era pós-industrial, criatividade e lazer, onde a cultura tem espaço amplo. No caso específico de Ubatuba, uma cidade turística, essa era vem nos agraciar com inúmeras possibilidades. Temos que criar e recriar nesse mundo de Cultura”, diz o novo presidente.


Um dos objetivos de Girão é modernizar a Biblioteca. “A Biblioteca vai ser a mais moderna possível e deve ampliar a parte infantil, inclusive no campo da informática”, diz o presidente. Outro ponto importante é a memória. “Temos que recuperá-la, refazer o Museu Hans Staden, não como um depósito de lembranças, mas como uma memória dinâmica e atuante”, completa Girão. Para essa dinâmica o presidente pretende se utilizar de palestras, debates e exposições. O artesanato e o folclore também devem ser lembrados. “Precisamos muito de nossas raízes para que sejamos autênticos e tenhamos personalidade e através dela sermos respeitados como cidade culta e limpa com constantes atividades de festas populares”, conclui.

Flávio Girão Carvalho

Engenheiro agrônomo, perito judicial e escritor, foi assessor do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, de 1965 a 67. Foi também Secretário Municipal de Cultura, em 1987. Idealizou e foi o primeiro presidente da Fundart, onde ficou de 1987 a 1989. Também na década de 80, participou da reorganização da Biblioteca Ateneu Ubatubense, do Museu Hans Staden e outros movimentos culturais de Ubatuba. Autor dos livros “Rumos e rezas - contos do mar”, “Ao longe o mar”, “Veia poética - antologia” e “Ossos da sede” (ainda não publicado), Flávio Girão foi colaborador do Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo, O Estado de Belo Horizonte, Correio Mercantil de Juiz de Fora, Vale Paraibano, Revista Braziliense e Revista Igarati.

Nova diretoria

Para auxiliar na direção da Fundação, Girão nomeou Eliana Teixeira Algodoal, como assessora Cultural, e Silvia Helena Thomas Issa, como assessora Administrativa.

Eliana Algodoal, que foi professora, já exerceu a função de vice-coordenadora do Grupo Setorial de Artes Cênicas e Dança e fez oficina de teatro da Fundart durante três anos. Silvia Issa, que atuou no magistério há 17 anos, foi funcionária da Fundação de 1993 a 1997. Em 96, Silvia Issa foi nomeada por Paulo Ramos Diretora Cultural da Fundart, onde participou da realização do Carnaval, Paixão de Cristo, Festa da Cultura Popular, Festa de São Pedro, entre outros eventos.

FONTE :  Jornal A Semana Ubatuba - Na Rede
Publicação Semanal - Edição 114 - Ubatuba, 12 de Janeiro de 2001
 

ESPECIAL MEMORIA CAIÇARA : Devoção e Festas religiosas

Maneco Almiro e Otavio Batista, em festa do Divino, centro Ubatuba, 1983


(foto: Kilza Setti)
É curiosa e inspiradora a relação que os devotos católicos estabelecem com os santos de sua devoção. Antes da chegada das religiões protestantes ao litoral, toda casa caiçara mantinha seu oratório com santos, medalhas, fitas, flores coloridas, enfim, um mundo de fantasia, de parentesco e compadrio e de cumplicidade com as imagens dos santos preferidos. A prática de troca de favores entre humanos e santos se faz na relação: oração/graça obtida, ou dança sagrada/graça a ser obtida, compra de velas e novenas em troca de favores dos santos. Isto em nada difere dos procedimentos de fiéis em grandes cidades. Mas, no mundo rural, essa relação entre devotos e santos é mais próxima. Vestem-se e enfeitam-se imagens, e alguns santos são mesmo escolhidos para padrinhos de crianças. Essa proximidade, quase que intimidade entre os seres intermediários a Deus e os humanos, torna a religião católica, ou o “catolicismo rústico” como propõem alguns antropólogos, algo surpreendente, de sabor único, inigualável e digno de estudos mais aprofundados, como é o caso das histórias sobre São Gonçalo violeiro, um dos santos dos mais prestigiados. Assim é o universo das devoções caiçaras. Oração, música, dança, fantasia, imaginação.



Nos últimos trinta anos, a presença de religiões protestantes não históricas tem desorganizado a prática musical entre os caiçaras, muitas vezes dissolvendo núcleos familiares de produção musical e substituindo, desse modo, seus repertórios tradicionais por hinários das mais variadas igrejas, com predominância dos subgrupos pentecostais. A adesão do caiçara a essas novas religiões se dá, com muita probabilidade, pela busca de novas lideranças e apoio nas situações de contínuas perdas a que foram submetidos.




Devoção e festa são aspectos interligados na cultura caiçara. Os modos de realizar festas estão condicionados a situações mais ou menos favoráveis, em face de elementos como organização social, economia, coesão grupal, dentre outros. Dificuldades financeiras, perdas de espaço ou dissolução das famílias nucleares podem ser também elementos desarticuladores das situações de festas. Nas áreas observadas, parece claro que a interferência de novas religiões vem enfraquecendo as festividades ligadas à devoção.



Festas e comemorações são universais e estão presentes à vida de todos os povos. No Brasil, embora em diferentes ambientes, populações interioranas e costeiras mantêm suas celebrações festivas. Os povos do litoral de São Paulo, assim como os das áreas da Serra do Mar, além das festas promovidas pelo Estado e pela Igreja Católica, elegem e cultuam seus santos padroeiros, sempre inspiradores de festas. Alguns são prestigiados tanto nas comunidades de cultura caipira (do interior do estado), quanto entre os caiçaras. Destacam-se aí, Santo Antônio, São João, São Gonçalo, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Rosário, Santa Ifigênia, São Benedito, São Pedro, Santa Isabel (referem-se de fato, à princesa Isabel, tida como responsável pela Abolição), Santa Verônica, Sant’Ana, Divino Espírito Santo, Santos Reis (os três reis magos) e Santa Cruz, além dos padroeiros de capelas e igrejas de bairros e cidades, como Bom Jesus de Iguape.





No litoral paulista, sobretudo em Ubatuba, São Pedro é comemorado com feriado local a 29 de junho, procissão de barcos, fogueira, mastro, leilão de prendas e música. Há festas na cidade, nos sertões e praias. A Festa de São Pedro alia a devoção popular às ações institucionais (Igreja e municipalidade). A procissão no mar é grandiosa, com intensa participação de pescadores e população em geral. Os demais santos de junho - São João e Santo Antônio - são festejados em casas que guardam promessas ou devoções. O dia 13 de setembro também é comemorado com feriado em homenagem à exaltação de Santa Cruz, procissão e banda de música. O culto a São Gonçalo não tem dia certo e, em sua homenagem, organizam-se danças sagradas para pagamento de promessas. As Folias de Reis, de dezembro a janeiro, e as do Divino, estendem-se pelo ano todo, exceto no período da quaresma. Nos últimos anos, retornaram as antigas práticas de malhação de Judas, no sábado de aleluia. Moçambiques e congadas são realizadas, em geral, em comunidades de derivação africana, em devoção a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e, mais raramente, a Santa Ifigênia. Em quase todas essas festas, ocorrem novenas, ladainhas (às vezes em latim), rezas, procissões, danças e música. São, quase sempre, independentes da Igreja e favorecem situações de mais intenso convívio entre familiares, reforçando laços de compadrio. Assinale-se, porém, que o crescente número de novos moradores, que, em Ubatuba, já atinge cerca de 70% da população, vem alterando esse quadro, com a introdução de novas práticas culturais e acarretando maior índice de violência no município.

FONTE :
 
www.memoriacaicara.com.br/caicara2.html
 
 

ESPECIAL MEMORIA CAIÇARA : Festas não religiosas

Iaiá e Ditinho apresentam o “Boi Canarinho” na Praia de Itamambuca, Ubatuba. 1989
(foto: Kilza Setti)

Num país em que o catolicismo é definido como religião oficial, é natural que festas e situações de lazer sejam de inspiração religiosa. Estas se mostram predominantemente alimentadas pela tradição e iniciativas populares, ainda que com apoio de instituições como a Igreja e órgãos públicos.

Já em manifestações não religiosas, festivas e de entretenimento, as políticas públicas se fazem sentir na organização de festividades ligadas ao turismo, esporte, datas cívicas e em mostras de expressões artísticas em geral. As ações das secretarias de cultura, esporte e turismo, muitas vezes ligadas a interesses econômicos, são voltadas à promoção de eventos e situações festivas que se estendem ao longo do ano. Essas iniciativas de cunho oficial determinam o calendário de festas e, algumas vezes, ao deslocar datas e canalizá-las para as temporadas de verão, assumem o controle das antigas festas tradicionais e promovem outras. Algumas manifestações tradicionais são incorporadas pelo poder público, tais como corridas de canoas, apresentações de conjuntos musicais e festivais de viola; outras são novidades, algumas vezes inspiradas em costumes caiçaras, tais como as festas ligadas à gastronomia caiçara, apresentação de grupos de seresteiros, festivais de canções ou concursos de marchinhas de carnaval. Há também as festividades de iniciativa eminentemente oficial, como as comemorações de aniversário das cidades, as apresentações das bandas municipais ou de grupos de teatro, de dança, de capoeira, dentre outras.

Há expressões da cultura não religiosa que permanecem vivas, mesmo sem apoio oficial. No entanto, em certas circunstâncias, são utilizadas como atrativo, como produto curioso, exótico, para mostra em eventos oficiais.

Além das manifestações já mencionadas - congadas, moçambiques, Folias de Reis e Divino, e outras festas calcadas na devoção aos santos - que, se exibidas em cidades, atraem público, também o carnaval promove brincadeiras de rua. Outras manifestações ocorrem em datas já determinadas, como é o caso dos blocos de foliões, dos mascarados – à margem dos desfiles de escolas de samba - do caiapô, dos folguedos do boizinho em suas múltiplas variantes, das malhações de judas, da marujada, da semana de `caiçarada´ e do`Raloim´, que deu origem ao dia do saci, em Ubatuba.

A expressão máxima da música e da dança caiçara é o fandango, também denominado função ou brincadeira, que reúne um conjunto de danças que, em geral, se apresentam em forma de suíte, a exemplo das danças européias de salão, nos séculos 18 e 19. É importante destacar que a palavra fandango apresenta múltiplas significações na península ibérica e nos países da América hispânica; da mesma forma, no Brasil, seu significado no litoral sudeste e sul difere daquele do nordeste, em que indica um auto dramático.

Há uma infinidade de pequenas danças que geraram formas musicais coreográficas, praticadas ainda nas cidades e vilas litorâneas, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. É conhecido o movimento migratório de Portugal do ultramar (sobretudo Madeira e Açores) para o sudeste do Brasil. Natural que os repertórios insulares portugueses fossem aqui adaptados à realidade brasileira e tivessem vida e fisionomia próprias. Muitas danças conservam ainda seus nomes portugueses, dentre outras: canaverde, chamarrita, ciranda, serrabalha, querumana, manjericão, marrafa, sinhaninha, tirana e vilão de lenço. Algumas ganharam preferência entre nossos caiçaras, tais como: canoa, caranguejo, panela de arroz secô, peixinho do mar, tontinha, tira o chapéu, anuzinho, ubatubana, galinha morta e curitibana. Há, ainda, danças ditas valsadas e as rufadas, que incluem sapateado e palmeado. Dessas últimas, o xiba ou batepé é o mais comum em festas e ainda encontrado em pleno vigor, com a função de abertura nas noites de fandango. Já em madrugada alta, tocam o `recortado´ e ao raiar do dia, dança-se a tontinha para encerrar a festa. Todas as danças do fandango incluem, além das vozes e das violas, o pandeiro e, eventualmente, um cavaquinho e um violino.

Curioso notar que, muitas vezes, comemorações religiosas como a dança de São Gonçalo ou as Folias de Reis e Divino, terminada a parte sagrada, desencadeiam a seqüência de danças de caráter profano, que encerram a festa – e, nos últimos anos, após as danças caiçaras, a festa pode até terminar em baile, ao som de equipamentos eletrônicos. Mesclam-se, assim, sagrado, profano, antigo e novo, mas o que está presente é a fantasia, o “homo ludens”.

Apesar de existirem, ainda neste início de século 21, bom número de velhos e até jovens dançadores, verifica-se que, nos encontros musicais em que não há dançadores suficientes, o conjunto vocal / instrumental mantém vivas as formas musicais das danças, independentemente de se praticarem ou não suas formas coreográficas.



FONTE :

www.memoriacaicara.com.br/caicara2.html

UBATUBA 1945 - 1949 : O desenvolvimento de Ubatuba




De acordo com informações do senhor Clementino Soares, um ubatubense que registra em sua memória momentos do desenvolvimento da cidade de Ubatuba cita que um homem de pensamentos progressistas, teve grande desempenho na evolução e crescimento der Ubatuba. Dr. Alberto, como era conhecido por todos, mudou Ubatuba dos seus anos de penúria em que passava. Foi no ano de 1946 que retornou à sua terra natal, um dos seus filhos, um cidadão chamado José Alberto dos Santos, um caiçara nascido ubatubense. Ao retornar à Ubatuba, já formado em advocacia, Alberto depara-se com uma cidade decadente, abandonada administrativamente, mais pobre, sem perspectiva de desenvolvimento. A cidade se resumia em algumas poucas ruas, sem calçamento e muito estreitas, algumas ligações entre elas eram feitas por caminhos. Não havia água encanada, a luz elétrica era muito deficitária, e a população sofria com o desemprego.




A pobreza era muito presente e a falta de emprego e a dificuldade financeira não permitia, naqueles anos, o acesso a uma assistência médica. Médico era artigo de luxo, levando as pessoas se socorrer com remédios caseiros, à base de ervas feitas pelo Sr. Juquinha Ferreira, e aqueles com algum dinheiro compravam na farmácia do Seu Filhinho. A “coisa” era tão crítica que para indivíduo ao invés de comprar um par de calçado, um sapado, muitos aderiam aos tamancos que eram mais baratos.



Dr. José Alberto dos Santos candidatou-se por indicação do Diretório do Partido U.D.N., em São Paulo, elegendo-se prefeito de Ubatuba no ano 1947, conseguindo dar uma rasteira política nos Oliveiras. Nesta época a administração pública e política encontravam-se nas mãos da família Oliveira (Sr. Ernesto, Deolindo e Washington de Oliveira). Com uma visão empresarial e experiências trazidas de São Paulo, Alberto promoveu na cidade de Ubatuba uma grande revolução administrativa, defendendo os interesses e o bem estar da sua população.



Nos anos em que foi prefeito de Ubatuba (1947 a 1950 – confirmar – 1956 a 1959 e 1969/1970 – renúncia de mandado1), os benefícios foram muitos como, por exemplo: criou um mercado de trabalho favorecendo a área da construção civil; modernizou o sistema de água encanada; trouxe novas instalações de energia elétrica e um eficiente serviço público de iluminação, através da CTI – Companhia Elétrica de Taubaté Industrial, inaugurado em 18/07/1948. Um dos grandes benefícios para a urbanização da cidade foi a abertura de novas ruas, chamadas na época de “Ruas Novas”; o calçamento das principais ruas já existentes e o alargamento daquelas que eram apenas caminhos; abriu a Av. Iperoig onde ali servia apenas como campo de pouso para aviões de pequeno porte, transferindo para o terreno onde hoje existe o Campo de Aviação “Gastão Madeira”. Conseguiu junto ao Governo do Estado a abertura da estrada ligando Ubatuba a Caraguatatuba. Para fazer o traçado desta estrada, ele próprio saiu de Ubatuba a cavalo sentido Caraguatatuba para buscar os engenheiros e sua equipe de topógrafos e auxiliares de campo, que o esperavam lá.



Dr. Alberto tinha uma pretensão de desenvolver a cidade de Ubatuba, tirar daquele marasmo e subdesenvolvimento que se encontrava. Para isso, além alargar, calçar e abrir novas ruas, ele se destacou por fazer muitas doações de terrenos pelo centro com o intuito de mudar o seu aspecto urbanístico. Terrenos como os da Av. Iperoig, em frente ao campo de aviação, onde se encontram muitos restaurantes de frente para o mar (Praia do Cruzeiro), nas ruas Dona Maria Alves, Gastão Madeira, Conceição, D. João III, entre outras, são exemplos de doações. Mas, como a intenção do Dr. Alberto era a urbanização e crescimento da região central, os presenteados tinham que construir as suas casas nos terrenos doados por ele.



Enfim, este homem de visão ampla transformou em alguns anos de administração municipal, em três décadas seguidas de um município parado no tempo a uma cidade pronta para encarar o futuro e o que ele reservava pela frente.



Ubatuba teve seus altos e baixos durante seus longos anos de história. Sua comunidade variada, de imigrantes que se juntaram aos caiçaras que aqui estavam, que com o tempo muitos foram e outros vieram. O número dos habitantes sempre variou muito, isso desde a sua fundação. Em 1810, por exemplo, eram 10.400 habitantes, foi uma época que a cidade atingia sua maior força. Em 1950, eram menos de 8.000 habitantes, uma queda justificada por causa da abertura da ferrovia de Santos levando o comercio marítimo local a perecer. O crescimento populacional da cidade tomou uma proporção descomunal e isso foi provocado por um dos principais fatores, que foi durante as últimas quatro décadas e está sendo no presente, o “combustível” propulsor na corrida do progresso e o seu desenvolvimento econômico, o “Turismo”.



Deste momento do texto em diante, estaremos destacando as próximas seis décadas vividas de história e do desenvolvimento rumo ao progresso na cidade de Ubatuba. A exploração nas terras tupinambá, herança dos muitos caiçaras, hoje é invadida por muitos em busca de uma estabilidade financeira. Esta busca desenvolve-se através do comércio em todos os sentidos, tanto na exploração imobiliária como as hoteleiras, residências fixas ou veranistas com aluguéis temporários, sempre visando a exploração do turismo local.



A década de cinqüenta, mais especificamente no ano de 1956 é reiniciada a marcha rumo ao progresso. Uma ligação à Capital com uma estrada de rodagem, mas muito precária, inicia o futuro da região como sendo uma localidade a ser explorada por muitos daqueles aventureiros em descobrir novos horizontes que não fosse as grandes cidades. Esta facilidade no acesso via estradas de rodagem tanto facilitou o fluxo de pessoas que em 1966, o número de habitantes da cidade de Ubatuba volta a contar com muito mais que 10.400 munícipes.



A década de 60 foram anos em que a economia da cidade de Ubatuba buscava estabilidade em diferentes formas de exploração, como a pesca, o turismo, o granito verde e horticultura, que eram bases do seu desenvolvimento. O turismo era a economia que mais aumentava, com um índice de crescimento superior, considerada a mola propulsora do seu progresso.



Ubatuba, já com seus 330 anos de vida e seus quase 15 mil habitantes, começa a caminhar de fato, rumo ao progresso. Reerguendo-se da estagnação que se encontrava, a cidade iniciou-se pouco a pouco com atividades típicas de um município que galgava rumo ao progresso. O seu comércio industrial, os loteamentos e os hotéis eram evidências de uma nova etapa na longa jornada de sua história rumo ao progresso. Em 1967 existiam 16 pequenas industrias na cidade, mais 10 firmas que exploravam a extração do granito verde e outros tipos de pedras. Eram empresas em várias atividades que procuravam crescer levando seus produtos a um padrão de qualidade cada vez maior. As empresas de prestação de serviços ao turista e visitante, como hotéis, restaurantes e outros, cresciam em grande escala.



O comércio se voltava cada vez mais para este estilo da economia, uma nova tendência cada vez mais forte. Para se ter uma idéia do crescimento comercial na cidade, naquele ano de 1967, registrava que em 5 anos passou de 116 para 230 casas comerciais. Além do crescimento demográfico dos habitantes residentes, mas também a flutuante (alta temporada) a cidade procurava melhorar os serviços públicos, como o de água, esgoto, luz, telefonia, com o calçamento de ruas, e outros. Isso tudo, sempre pensando no desenvolvimento econômico da cidade, na exploração do turismo e a alta temporada era o foco para esta exploração.



Ainda no ano 1967, um exemplo de visão de progresso na exploração do turismo no município, provando o crescimento de tal economia foi o crédito da VASP – Aviação Aérea de São Paulo, que servia a cidade de Ubatuba, com uma linha aérea semanalmente, que contribuía para destacar a cidade de Ubatuba, trazendo de longe aqueles visitantes ao Litoral Norte paulista e especialmente à Ubatuba.



Vale lembrar, que antes mesmo dos anos 60, um trafego aéreo sob a cidade de Ubatuba já traziam visitantes e turistas dispostos a uma aventura aérea numa travessia do planalto, sobre a crista da serra do mar, isso no início dos anos 50. Em um curto tempo de viagem, numa linha reta de 160 quilômetros, pequenos aviões, modelos como os chamados “Stinson”, para 3 passageiros, que cruzavam os céus, desde São Paulo até Ubatuba, uma viagem de aproximadamente 50 minutos. Eram serviços aéreos regulares feitos pela empresa “VALPAR” – uma companhia paulista de aviação, com escritório e São Paulo que transportavam passageiros para Ubatuba e cidades do Vale do Paraíba. Outra empresa aérea também costumava fazer o transporte de passageiros de São Paulo à Ubatuba, chamava-se “Star”, uma companhia de táxis-aéreos, que costumava cobrar pelo tempo de vôo.



Naquele tempo, dos anos 50, Ubatuba dispunha de um ótimo campo de pouso. Ainda não existia o campo de aviação “Gastão Madeira”, mas neste mesmo espaço existia uma pista de 1.000 metros, que proporcionava, quando necessário à aterrissagem de grandes aviões que faziam a rota Rio de Janeiro a São Paulo. Isso porque a cidade de Ubatuba se encontrava bem na linha da rota, caminho entre as duas capitais, e que contava com um rádio-telegráfico.

TEXTO  EXTRAIDO DO LIVRO :
 
UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA "
Editado em 2005 - Por Jorge Otavio Fonseca e Juan Drouguett
 
Observação : Este livro pode ser encontrado na Biblioteca Atheneu Ubatubense , Praça 13 de Maio- Centro - Ubatuba _SP

UBATUBA 1957 : Caso Ubatuba



Em 1957 vários banhistas observaram um OVNI descer rapidamente dos céus, manobrar sobre a praia e posteriormente explodir liberando diversos fragmentos de metal que foram coletados e enviados para análise em laboratórios especializados.

Em 1957, vários banhistas observaram um disco voador se aproximar da Praia das Toninhas, em Ubatuba (SP). O objeto vinha numa velocidade incrível, e quando estava prestes a se chocar contra a água, deu uma guinada subindo em seguida. Foi quando explodiu em chamas e fragmentos sobre o mar, próximo aos banhistas. Algumas testemunhas recolheram pedaços do objeto, constatando ser de um material leve, de aparência metálica. Uma das testemunhas que recolheu pedaços do objeto, enviou uma carta para o colunista do jornal O Globo, Imbrahim Sued, relatando: "Como leitor assíduo do jornal, quero proporcionar-lhes um verdadeiro furo jornalístico a respeito dos discos voadores; se é que acredita na existência deles. Até alguns dias atrás eu mesmo não acreditava. Mas enquanto pescava na companhia de vários amigos, perto de Ubatuba, vi um disco voador aproximando-se da praia numa velocidade incrível, prestes a chocar-se contra as águas, quando, num impulso fantástico, elevou-se rapidamente e explodiu.


"Atônitos, acompanhamos o espetáculo, quando o vimos explodir em chamas e fragmentos que mais pareciam fogos de artifício. Esses pedaços caíram quase todos sobre o mar, mas muitos caíram perto da praia, o que facilitou o recolhimento de uma parte do material tão leve que parecia papel. Aqui, anexo uma pequena amostra do material, que não sei a quem devo confiar para análise. Nunca li artigos que relatassem sobre pedaços desprendidos de UFO`s, a menos que as autoridades militares tenham também impedido essas publicações. Certo de que este assunto muito lhe interessará, mando-lhe duas cópias desta".



Três amostras dos fragmentos chegaram às mãos do ufólogo Olavo Fontes, que os encaminhou para análise. As primeiras análises foram feitas no Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério da Agricultura, sob responsabilidade de Luiza Maria Barbosa. Os exames foram realizados através de espectrografia, que indicaram alta concentração de magnésio (Mg), e ausência de outros elementos na amostra. Outros exames realizados nas amostras indicaram alta concentração do elemento magnésio (Mg).





FONTE :  http://www.fenomenum.com.br/ufo/casos/1950/ubatuba.htm



Por Jackson Luiz Camargo ufojack@yahoo.com

quinta-feira, 20 de maio de 2010

2007 : Ubatuba participa do projeto "Excelência em Turismo"

Turismo em Ubatuba -A cidade de Ubatuba participou da primeira edição do Projeto "Excelência em Turismo - Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais". O representante ubatubense escolhido para participar do evento foi Pedro Orabona, que é presidente da Associação de Operadoras de Mergulho de Ubatuba (Aomu) e do Conselho Municipal de Turismo. Ele foi um dos doze empresários brasileiros que conheceram dois dos mais famosos pólos de turismo de mergulho do mundo: Cancún e a Ilha de Cozumel.



Essa foi uma das seis viagens, que aconteceram em 2005, programadas pelo projeto Excelência em Turismo. Como resultado, um vídeo institucional foi lançado neste mês.



Esse projeto foi viabilizado por meio de uma parceria entre o Ministério do Turismo e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), tendo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) como executora.



Além da viagem voltada para o tema "mergulho", aconteceram também viagens com ênfase no turismo cultural (Espanha), turismo de aventura (Nova Zelândia), ecoturismo (Costa Rica), pesca esportiva (Argentina) e outras especialidades.

FONTE :
 
Jornal da Baixada Santista - Publicado segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

2004 : Guarda Municipal volta para a rua em Ubatuba

A Guarda Municipal de Ubatuba retorna hoje a partir das 8h a prestar serviços nas ruas. Desde quinta-feira, o trabalho havia sido suspenso devido ao recolhimento das armas.


A Associação dos Guardas Municipais conseguiu no início da noite de ontem uma liminar na Justiça autorizando o uso de armas durante o expediente de trabalho.

Os revólveres tinham sido recolhidos na quinta-feira à noite pelo comando, atendendo a uma determinação da Polícia Federal. Os portes foram cancelados em razão do Estatuto do Desarmamento, que exige que as prefeituras criem órgãos de ouvidoria para conceder nova autorização aos guardas. Por lei, os guardas flagrados nas ruas armados poderiam ser presos e ter as armas apreendidas.

Segundo o comando da Guarda, a associação encaminhou ação na manhã de ontem. A liminar foi concedida às 18h30 pela juíza-substituta da 2ª Vara, Simone Cristina de Oliveira.

"Os serviços retornam à normalidade a partir de amanhã (hoje)", disse o comandante da Guarda, sargento Ivo José da Silva.

QUARTEL- Os 65 guardas municipais permaneciam no quartel fazendo apenas atividades físicas ou burocráticas. Os serviços de patrulhamento no centro comercial e de segurança patrimonial no Paço e nas escolas tinham sido suspensos.

Segundo o representante da associação, Osiel Hecher, os guardas estavam com receio de ir às ruas desarmados, temendo alguma represália por parte dos marginais. (Fonte: ValeParaibano)

FONTE : www.litoralvirtual.com.br - arquivo
Terça-feira, 28 de setembro de 2004 - Nº 1125

quarta-feira, 19 de maio de 2010

1979 - MAZZAROPPI EM UBATUBA



Mazzaropi na gravação da "Banda das Velhas Virgens", de 1979. A  maior parte do filme foi gravado em Ubatuba, principalmente na Praça da Matriz (foto) e no interior da Igreja da Matriz. Foi o  Penúltimo filme do Chaplin brasileiro. Mazzaropi , foi sem duvida um dos maiores comendiantes que o Brasil já teve, ao lado de Oscarito, Grande Otelo, Chico Aniso entre outros...


UBATUBA ANTIGA .....Padaria Popular


Sinceramente eu não seid e que ano é esta foto, sei que hoje no lugar da antiga Padaria Popular, hoje temos a Loja da Esquina das Modas, localizada na Praça Nobrega ...Quem souber de que ano é esta foto , favor informar através do e - mail : silcefon@gmail.com 
Tempos de ouro que não volta mais , eu ainda criança cheguei a comprar pão nesta padaria, era sempre bem atendido, minha mãe me leva pela mão, eu segurava a sacola e enquanto ela era atendida eu ficava olhando as balas e as diversas gulosemas, ficava com aquela famosa " carinha de pidão", e é claros empre ganhava algumas  balas...

VELHOS CAIÇARAS ....Texto de Eduardo Souza (UbaWeb)

"... pois são sempre aqueles poucos que buscam Deus que funcionam como o sal da sociedade" (Seyed Hossein Nasr)




Milan Kundera diz que: ..."Dom Quixote saiu de sua casa e não teve mais condições de reconhecer o mundo. Este, na ausência do Juiz supremo, surgiu subitamente numa terrível ambigüidade: a única Verdade divina se decompôs em centenas de verdades relativas que os homens dividiram entre si. Assim, o mundo dos Tempos Modernos nasceu..." (A Arte do Romance, Edit. Nova Fronteira) Por que citar aqui o escritor tcheco? Para me dirigir ao amigo Ezequiel dos Santos, que luta, lá pelas bandas da região sul de Ubatuba, o bom combate para manter viva a memória daquela cultura em que fomos forneados, e lhe dizer que seus textos, no jornal Maranduba News, sobre a Tia Maria Gorda e o Chico Romão, transportaram-me à infância, fizeram-me refletir sobre a cultura caiçara, sobre os velhos caiçaras e lembrar de minha vó materna.



Penso que uma palavra resume bem o que foi essa cultura: religiosidade. A religião católica tradicional, com sua riqueza de rituais e símbolos. Sem esquecer do sincretismo, da herança de negros e índios. Basta pesquisar as danças e outras manifestações que hoje fazem parte do folclore. Lembro-me de que, nas casas, fossem elas de alvenaria ou de pau-a-pique, os oratórios ocupavam um canto privilegiado da sala ou do quarto, todo enfeitado, cheio de imagens dos santos da devoção, a Virgem Maria, o crucifixo ao centro, a vela e um vasinho com pequenas flores colhidas no canteiro da casa. Na casa de vó Maria, o oratório era no quarto, e havia, dentre tantas, uma pequena imagem de um santo por quem tenho simpatia até hoje: São Benedito. Praticamente todo o folclore caiçara tem um fundo religioso, católico.



Aquele universo caiçara, de comunidades isoladas do resto do mundo, incrustadas em sertões e praias de difícil acesso, tinha um Juiz supremo, a Verdade, que permitia discernir o Bem do Mal, que estribava a existência e que permitia consolidar uma comunidade. Hospitalidade, generosidade também são palavras plenas de sentido quando me lembro das casas caiçaras em que fui recebido desde a infância até boa parte da juventude. Nas casas mais humildes sempre havia para a visita um café com farinha de milho ou com peixe seco assado nas brasas de um fogão à lenha. Naquele universo havia ordem e hierarquia. Os velhos eram estimados. Não havia necessidade de um código do idoso para que lhes reconhecessem a dignidade. Era prudente ouvi-los. Respeitava-se também a parteira, a benzedeira, o padre e a professorinha, espécies de autoridades naquelas praias e sertões.



Quando se perscruta o rosto de um velho caiçara, como o de Chico Romão, na foto publicada no Maranduba News, o que se lê? Há ali uma sabedoria esculpida na lida com a terra e o mar. Expressão de uma cultura resultante do enfrentamento e dominação da natureza, de um sentido para o sofrimento alicerçado na fé. Não quero de modo algum dizer que todos os velhos caiçaras que conheci eram repositórios de sabedoria, não, havia aqueles que cerziam e condimentavam a vida da comunidade com a alegria, com o humor dos causos, com o pitoresco de suas vidas: Zé Capão, Sidônio, Macuco, Dito Olinto, Pica-Pau, Santinho, Chico Sapo, Chico Alves, Lindolfo, dentre outros, foram alguns desses personagens.



O texto do Ezequiel também me fez recordar minha avó materna, Maria Amaro de Oliveira, sentadinha num banco de madeira, à beira do fogão de lenha, a acolher os netos na "barra da saia" - porque nós, os netos, na iminência de um castigo por alguma peraltice, corríamos para ela - e a contar histórias dos tempos dos bugres e dos escravos lá para os lados da Praia Dura. Vó Maria era comadre e madrinha de meio mundo e a todos recebia em sua casa. Foi nessa humilde casa, de porta sempre aberta para a rua, que tive meu primeiro contato com algumas manifestações que hoje fazem parte do folclore como a Dança de São Gonçalo e o Xiba. Era também naquela pequena sala que ela recebia a Folia do Divino, cujos integrantes nunca deixavam de visitá-la. Morreu com pouco mais de 100 anos. Tinha os olhinhos pequenos, mansos, usava sempre um vestuário de luto pelo marido, meu avô Bento Paulista, exercia, só com um aceno ou um lance de olhos, aquela autoridade matriarcal que as mulheres de hoje já não têm mais e em cada ruga de seu rosto esplendia essa sabedoria que se norteia na caridade e na fé.



"Pois é, o tempo tá virando!" - disse o Chico Romão à filha, antes de morrer. Pois não é que virou, Ezequiel. Um tempo terrível, um sudoeste bravo, que entrou com suas nuvens plúmbeas e que permaneceu sobre estas terras até hoje. Mas esse vento veio de longe, Ezequiel, dos confins do mundo, virando tudo de pernas pro ar, relativizando tudo, afastando o Juiz Supremo, entronizando idéias cujos frutos hoje estamos colhendo. O homem se colocou no centro do universo e reduziu a vida ao econômico e ao político, ao dinheiro, ao partido, à ideologia, à imanência, ao hedonismo.



Esse vento trouxe o fim da nossa cultura. Chegou por aqui pelos meados do século XX. Acabou com a tradição, com a hierarquia, com a ordem, com a família. Trouxe-nos os bezerros de ouro da modernidade para adorarmos. Deu-nos também a angústia generalizada. O sentido da terra reduziu-se ao valor monetário. A explosão imobiliária introduziu a onipotência do dinheiro. Simone Weil diz que "... o poder do dinheiro e a dominação econômica podem impor uma influência estrangeira a ponto de provocar a doença do desenraizamento"; que "o dinheiro destrói as raízes por onde vai penetrando, substituindo todos os motivos pelo desejo de ganhar"; que o dinheiro "vence sem dificuldades os outros motivos porque pede um esforço de atenção muito menor" e que nada é mais claro e simples que uma cifra. Veio também, nesse tempo, o ciclo do turismo e da construção civil, a imigração desenfreada com sua mão-de-obra barata; a energia elétrica, o telefone, a televisão, o contato com uma classe média paulistana infectada de modernidade, o tombamento da Serra do Mar e a Polícia Florestal; as novas seitas religiosas, a nova teologia da prosperidade, de igrejas compradas prontas e a relação mercantil com a fé. O caiçara experimentou de tudo e ficou com o que havia de pior. Hoje somos espécie em extinção, um reduzidíssimo cardume de tainhas posto numa lagoa artificial e rasa.



FONTE :   www.ubaweb.com

Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto é caiçara, 57, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba e urbi et orbi.

REVIVENDO AS TARDES DE DOMINGO



Tardes calmas de verão. Tardes de domingo ensolaradas, de céu irrepreensivelmente azul. A brisa marinha incessante a brincar com as gaivotas sobre o Atlântico e a suavizar o calor dos corpos acomodados sobre a relva na beira da praia do Cruzeiro, naquele trecho entre a cruz e as imediações defronte o prédio da antiga Câmara Municipal.




Aqui e ali, grupinhos de jovens ou de adultos a prosearem. Mais afastados, casaizinhos de namorados. Eram tempos de pudor e recato em público. Na sombra das amendoeiras, os que mergulhavam nas páginas de um livro ou de um jornal. Mais adiante, um ou outro que escutava, no radinho de pilha portátil, Mitsubishi, a transmissão, em ondas curtas, de algum jogo do campeonato paulista de futebol. Eram tempos de Pelé e Ademir da Guia. A certa altura, de enormes caixas acústicas, instaladas nas cercanias pelo Gustavinho Skiendzel, o som agradável, de excelente qualidade para aquela época, pervagava a tarde com as músicas que fizeram a trilha sonora daquelas gerações: The Beatles, Sergio Endrigo, Nico Fidenco, Gilbert Becaud, Ray Charles, Wilson Simonal, Rita Pavone, Vanderleia, Roberto e Erasmo Carlos e por aí afora. E nós ali, não sentados à beira de um caminho, mas à beira da praia, naquelas imensas tardes de domingo.



Tardes de domingo preguiçosas. O tempo passava lento, planando como as fragatas nas correntes de ar pelo azul do céu. Bem cedinho, à igreja. Depois, à praia. Após o almoço, o Cine Iperoig ou a beira da praia do Cruzeiro. Exceto quando havia algum jogo de futebol importante no campo do Perequê-Açú. Um ASDER versus Diabos Rubros. Aí, então, a cidade baldeava-se àquele bairro para assistir aos nossos craques da bola. E tínhamo-los em pencas: Nédes, Novato, João Gonzaga, Toninho e Dedé Medeiros, Zé Antonio, Wilson Guimarães, Joanilson, Tuta... Dava gosto vê-los jogar. Eu era torcedor do Diabos Rubros. Um timaço, treinado pelo Ari Cunha e depois pelo saudoso amigo Helio Stefani. Nédes, Wilson Guimarães e Toninho Medeiros, talvez, os três maiores craques do futebol ubatubense.



Naquelas tardes, as proximidades das laterais do gramado do campo de futebol ficavam tomadas pelo público. Homens e mulheres, dos mais abastados aos menos favorecidos, pessoas de todas as idades, e todos se conheciam. Carrinhos de pipoca e, circulando entre o povaréu, garotos a vender pirulitos em tabuleiros e, em cestas de taquara, amendoim torrado ou pinhão cozido. Fogos de artifício, rojões, a partida havia terminado, a tarde chegava ao fim, saltava o alambrado da Serra do Mar. As pessoas, então, retornavam para suas casas, alguns de bicicletas, a maioria à pé, em grupos, e riam e tagarelavam, respeitosos e descontraídos. Penso que não lhes passava pela alma a idéia de que aquelas tardes de domingo eram reflexos de uma comunidade coesa na alegria e no sofrimento, de que tinham uma história e uma cultura comum que as identificava e as unia e de que um dia aquelas tardes de domingo em Ubatuba não se repetiriam nunca mais.


CORTESIA :


Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto é caiçara, 57, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba e urbi et orbi. - COLUNISTA DO SITE : http://www.ubaweb.com/
 


MEMORIAS DE UMA FIGUEIRA


Mamãe morrera de velhice, mas deixou minhas doze irmãs. Éramos muito unidas, vivíamos sempre juntas... Na infância quase perdemos uma de nossas irmãs, Amélia, a mais nova. Um veado comeu-lhe os braços, mas conseguiu sobreviver... Na adolescência já sobressaíamos sobre as demais e éramos ainda mais felizes, pois todas enxergavam todas. Ficamos adultas e por muito tempo continuávamos felizes. Lembro-me do canto das arapongas, das baitacas, dos surucuás... Macucos, jacus e urus, dormiam em nossos braços. Um dia um tucano trouxe lá das bandas do Jundiaquara uma semente de jatobá e largou ali bem pertinho de nós; brotou e rapidamente cresceu. O jatobá não podia ouvir o coaxar das pererecas que ficava todo afoito, pois sabia que dentro de um a dois dias viria chuva e ia crescer um pouco mais. Cresceu formoso até o ponto de não me deixar mais ver o cantinho da praia do Itaguá... Fiquei triste, mas me acostumei.







Vi brotar mais ao norte, não sabia bem o que era; não se mexia nem com noroeste, nem com sudoeste... era diferente, mas muito bonita. Na parte alta era vermelha, meio alaranjada, depois ficou escura. O branco e azul, às vezes ficavam desbotados, mas sempre se renovam e permanecem até hoje. Bleeeem bleeeem, bleeeem bleeeem, bleeeem bleeeem... era a única que produzia um som melodioso a ecoar pelo ar... Cresceu outra, ao lado, bonita também, cor-de-rosa com azul, mas não fazia o blem blem blem.







A partir daí começamos a nos sentir ameaçadas e logo a primeira fatalidade veio a nos acontecer. A duros golpes, Rosália faleceu, depois Amélia, Glorinha, Fernanda, Júlia. Mais tarde vieram a falecer: Maria José e Aurora. Mortes pior tiveram Ana Maria e Josefina, tiraram-lhes do seio da terra e deixaram morrer de sede. Iracema teve mais sorte, tentaram preservar sua vida ao máximo, mas sabíamos que sua vida estava por pouco... não tardou, abraçada com Juvenal, um velho indaiá, também se foi; estes morreram não faz muito tempo lá no meio da Rio Grande do Sul, um pouco depois da esquina da Mato Grosso.







Voltei a ver o cantinho da praia do Itaguá pois o jatobá também morrera...







Entendo o calor do verão, o frio do inverno. Entendo a rajada dos ventos e os raios que precedem os trovões. Às vezes entendo até o progresso... Só não entendo a fúria da ganância dos homens!!!







Ainda restam: Bernardina, que mora lá no caminho do Perequê-Açú onde ficava a casa do Sidônio e a Georgina que mora lá na Prainha do Matarazzo. Estas estão mais seguras do que eu!!! Estão elas muito longe de mim, já não as vejo mais, pois as árvores de pedras nos tiraram a visão... perdemos total contato.







E eu??? Eu ainda estou aqui, na Cunhambebe, em frente à casa da Alcina do Isaias Alfaiate, resistindo ao tempo, ao progresso, a poluição, ao efeito estufa... Estou aqui até não sei quando, mas com certeza tenho vontade e força para viver por mais cem ou duzentos anos. Estou feliz, muito feliz!!! Os pássaros continuam a me visitar, as bromélias continuam sendo casa de pererecas e nunca me deixaram; samambaias, orquídeas e outras parasitas sempre me fizeram companhia... Não sinto solidão! Sempre tive a companhia das crianças... As crianças sempre fizeram parte da minha vida. Julinho, Marcinho e Helinho do Isaias; Zezinho, Olinda, Eliseu e Flávio do Ximinguinho; Nivaldo e Elenice do Domingos Mariano; Isaias, Nenê e Mamaco do Valmor; Luiz Carlos (Nacuia), Cida, Fernando e Emerson do seu Aquino; Antenor, Manequinho e Celso do seu Oscar; Carlito, Fatinho e os demais filhos do Boca Rica; Eliseu e Elias da dona Cacilda; Mesquitinha, Vicente, Dedé e Toninho do Zé Tibúrcio; Cícero, Sérgio e Eugênio do Trianon; Celsinho do Dominique e o Silvinho Brandão (hoje vereador) e ainda muitos outros daquela época; foram crianças que brincavam ao meu sombrear e que hoje são homens e que se esqueceram de mim.







Não faz mal, muitos esqueceram de mim! Aliás, gerações e gerações!!!







As crianças permanecem, hoje tenho mais crianças ainda, ou melhor, hoje tenho uma ALDEIA, uma TABA de crianças.







Enquanto houver crianças serei feliz. Enquanto houver crianças terei a certeza de minha existência. Enquanto houver crianças sempre hei de ser UMA GRANDE PRINCESA, porque as crianças são puras e entendem muito mais que os adultos a importância da vida de uma árvore.





AUTOR :   Professor JULINHO MENDES - CAIÇARA  DE UBATUBA-SP








quinta-feira, 13 de maio de 2010

HOMENAGEM : Comunidade de Serviço Emaús Ubatuba


COMUNIDADE EMAUS - UBATUBA -SP




INFORMAÇÕES GERAIS..............A atividade que escolhemos como nosso exemplo de atividade eticamente adequada e que ajuda o mundo a caminhar em direção à nossa utopia é o Movimento Emaús, que se define como um movimento que luta contra as causas e conseqüências da miséria e contra a marginalização das pessoas.

O movimento tem como lema “a força da partilha” e hoje em dia já se espalha por quase todo o mundo. No Brasil, há comunidades Emaús em diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí. Uma das comunidades de São Paulo, a que estudaremos mais a fundo neste trabalho, se localiza em Ubatuba, Vila Abbe Pierre, Rua Dois, número 10, CEP:11.680-000.

Blog da Emaús Ubatuba: http://comunidadeemausubatuba.blogspot.com/

SEO JORGE - COMUNIDADE EMAUS - UBATUBA - SP

Esta comunidade foi criada há dezenove anos, em 1990, tendo tido sua fundação oficial datada de fevereiro de 1994 e é dirigida e coordenada por Sr. Jorge da Cruz Oliveira (telefones para contato: (12)3833-6701/(12)3832-0265), baiano, que saiu de sua terra há treze anos com o objetivo de ajudar no estabelecimento do Movimento Emaús em Ubatuba.

Hoje em dia, na comunidade, vivem cerca de 24 famílias e 17 ex-mendigos em 23 casas, que são emprestadas às pessoas que lá chegam, até que estas tenham condições de se sustentar. É importante esclarecer que as casas não são doações, funcionam como um empréstimo com a intenção de que a família se estabeleça econômica e socialmente e cada uma das pessoas que vive lá assume um compromisso com o meio ambiente e tem de cumprir com algumas normas como: conservar a casa, respeitar o próximo e não consumir bebidas alcoólicas. Cada família é responsável por sua própria renda e a meta de seu Jorge é manter empregadas todas as pessoas que são aptas a trabalhar.



Além de fazer o máximo para fornecer independência a estas famílias, o Movimento Emaús também possui um princípio sustentável: “O lixo é separado e vendido; o esgoto é tratado por meio de um sistema alternativo, os resíduos viram adubo para as plantações; os dejetos dos porcos passam por um biodigestor e se transformam em gás natural e o alimento é cultivado em hortas da própria comunidade.” (NOTA DO PROFESSOR: atualmente o biodigestor está quebrado, quem sabe alguém por aí não se interessa em ajudar)


CONHECENDO A PROPOSTA

O movimento que surgiu na França, há 60 anos, em 1949, hoje adquiriu maior dimensão e já se espalhou por grande parte do mundo. Sua proposta é fazer com que haja maior solidariedade entre aqueles que vivem na pobreza, fazer com que eles tenham igualdade de direitos e melhores condições de vida.

Tudo teve início quando um padre francês chamado Henri Antoine Groués, também conhecido como Abbe Pierre, presenciando a cena de um ex-preso, Georges, que estava à beira da tentativa de suicidar-se, sugere que Georges o ajude a ajudar outras pessoas.

Já no Brasil, o movimento só veio a “nascer” em Abril de 1990, fundado pelo Padre João Benevides Rosário, com o intuito de oferecer a algumas famílias carentes a oportunidade de viver com dignidade e, posteriormente, o padre convidou Sr. Jorge da cruz Oliveira para conduzir o projeto da comunidade em Ubatuba e, até hoje, seu Jorge está neste encargo.

A Comunidade de serviço Emaús Ubatuba se estabeleceu com a ajuda de recursos da Comunidade Emaús da Europa e do movimento Emaús Internacional e, assim, foram construídas vinte casas que passaram a abrigar famílias que viviam na favela.

As principais dificuldades eram o tratamento do esgoto, visto que a comunidade foi construída pelos próprios moradores e constituiu-se em cima de um aterro sanitário. A solução deste problema foi o sistema de tratamento de esgoto, inventado por seu Jorge, onde os dejetos saem das casas por um cano e chegam à um tanque escavado contendo aguapés (plantas que auxiliam na purificação da água). Posteriormente a água passa por mais dois tanques, até que o processo de purificação esteja completo. Outro problema sério enfrentado, foi a baixa produtividade de alimentos, mas esta foi sanada por meio da assistência do Governo, que fornece cestas básicas e de recursos obtidos por doações.

As famílias que lá se estabeleceram, antes de morarem na comunidade, foram alvo de um trabalho de conscientização para a luta contra a miséria e as suas causas. O trabalho procura fazer uma valorização do ser humano, que inclui computação e datilografia, música, alfabetização de adultos, pré-escola, espanhol, e outros trabalhos, sempre visando a integração com o meio em que vivemos.

Hoje em dia, a Comunidade Emaús Ubatuba atende e beneficia cerca de 114 pessoas, que saíram da miséria e tem uma vida mais digna e autônoma. A Comunidade se mantém com a ajuda e esforço de seus moradores, que, juntos, trabalham no sentido de obter sucesso nas atividades que realizam, tirando delas subsídio às suas próprias sobrevivências. Além disso, há vários projetos e atividades em desenvolvimento, que visam beneficiar ainda mais toda a comunidade e desenvolver suas atividades, dentre estes:

- Projeto Traperia: consiste em recuperar objetos usados como roupas, aparelhos eletrodomésticos, móveis, brinquedos, e outros, com a finalidade de vender para as pessoas que não podem comprar esses objetos novos nas lojas, com isso, eles arrecadam dinheiro para pessoas carentes e é uma forma de trabalho para os que recuperam esses objetos.

- Horta Comunitária: A partir do cultivo feito pelos próprios moradores da comunidade, é possível a produção de alface, couve, coentro, salsinha, batata doce, milho, feijão e outros alimentos, para consumo interno por parte dos membros da comunidade.

- Projeto Marcenaria Escola: Com o objetivo da inserção de jovens no mercado de trabalho e geração de renda, foi desenvolvido com recursos de entidades ligadas à igreja (Paróquia Exaltação à Santa Cruz através do Frei Gastone Pozzobon), do Brasil e com uma comunidade da Itália e atende jovens entre 15 e 18 anos que aprendem marcenaria.


- Oficina de Oração: Iniciativa do grupo de jovens da comunidade, que tem como objetivo a retirada de jovens e adolescentes da marginalidade, por meio do conhecimento da palavra de Deus, para que aprendam a viver em Comunidade e a fazer o bem ao próximo.


- Projeto da Padaria Comunitária: Objetivo de envolver a comunidade num projeto de onde tirarão o próprio sustento.


- Projeto Inclusão Digital: Sonho da comunidade, tendo em vista a necessidade do mundo contemporâneo de se saber informática, baseia-se no objetivo de levar o conhecimento básico de informática à crianças e adolescentes que estão estudando e ainda não tiveram a oportunidade de entrar em contato com a informática, além disso, visa melhorar a aptidão destas crianças e adolescentes ao mundo do trabalho.


DISCUSSÃO

Tendo em vista a realidade que presenciamos no dia-a-dia, de uma sociedade desigual, onde muita riqueza se concentra nas mãos de uma pequena parcela da população e muitos enfrentam situações miseráveis, vemos como prioridade a reestruturação da sociedade, de modo que esta caminhe no sentido da instituição de uma sociedade mais igualitária, onde todos tenham a oportunidade de, ao mínimo, participar ativamente e não ser marginalizado.



Sociedade onde o acesso às necessidades básicas seja realidade para todos e ao invés de reinar a competição, reine a cooperação.

Além disso, assumimos como de suma importância o encaminhamento do nosso modo de vida, dentro do possível, a uma forma mais sustentável, onde convivamos com mais harmonia com o meio.

Para nós, a Comunidade Emaús caminha em direção a esta utopia pois, primeiramente, é um projeto que recebe a todo e qualquer um, ou seja, não possui iniciativa de segregação, estando de acordo com o ideal de ser acessível. Além disso, tem como base a cooperação, onde o trabalho de cada um da comunidade é importante para que se atinja o sucesso das atividades do local e, estas, garantem subsídio para que as famílias moradoras tenham uma vida digna e independente.

Trata-se de uma iniciativa de acabar com a miséria, que, hoje em dia, é um dos mais sérios problemas que enfrenta o nosso país. E este objetivo tenta ser alcançado tentando-se possibilitar e subsidiar a inserção das pessoas da comunidade no mundo do trabalho, com projetos como o Projeto Inclusão Digital e o Projeto Marcenaria Escola, além de buscar reintegrar aqueles que encontram-se marginalizados por alguma circunstância.

Sua tentativa de ser uma comunidade sustentável faz com que se repense o modo de vida, de maneira que, lá, o impacto ambiental produzido seja ínfimo. As hortas comunitárias das quais a comunidade cuida para que desta provenham alimentos para as famílias, são um exemplo de uma perspectiva de vida diferente, que foge ao sistema, na qual não se pensa na produção em larga escala para que se venda o excedente e obtenha-se lucro, mas sim numa pequena produção, suficiente, apenas, para alimentar a comunidade. O pouco resíduo que a comunidade produz é tratado e destinado lá mesmo. A água passa por um processo próprio de limpeza e os resíduos orgânicos são aproveitados como adubo. Os dejetos dos porcos passam por um biodigestor e se transformam em gás natural, ou seja, tudo é aproveitado ao máximo e, nessa perspectiva, são criadas novas formas e meios próprios, simples e alternativos de geração de energia, tratamento de água e aproveitamento de resíduos, que são acessíveis e objetivos para beneficiar a vida da comunidade.



E é por isso que a Comunidade Emaús de Ubatuba já concretizou grande parte de seus objetivos, desde que se iniciou. Dezenas de famílias já passaram por lá e, com a ajuda e contribuição dos moradores da comunidade, da região e dos organizadores, essas famílias, hoje em dia, adquiriram um grande suporte e já têm condições de vida muito melhores.



Mas como nada é perfeito, é importante ressaltar, também, que na Comunidade Emaús de Ubatuba, apesar de todos os benefícios trazidos aos moradores, estes tem que viver submissos a algumas regras da comunidade, impostas e objetivadas por seu Jorge, que é o “cabeça” do lugar. Não se trata de uma comunidade onde os moradores são livres para fazer o que querem, mas sim, assumem compromissos com a comunidade e com seu Jorge e, dentre eles, um exemplo é a não liberdade para pintar a casa da cor que queira. Todas as casas tem que ser padronizadas, como que para quem olha identificar mais facilmente que tratam-se de casas da comunidade, o que parece uma medida um pouco autoritária e patriarcal de seu Jorge. Apesar disso, talvez seja o papel moderador de seu Jorge que faça com que as coisas se encaminhem como devem, segundo o planejado, fazendo com que a comunidade tenha êxito em suas atividades e alcance seus objetivos. E, para nós, é admirável, não só que tenha surgido tão bela iniciativa, mas que haja alguém que, apesar de seus excessos, defenda-a com afinco.



Para nós, tendo em vista os conhecimentos que adquirimos ao longo dos anos sobre a organização da sociedade e do sistema em que vivemos, fica claro que o estabelecimento de uma comunidade como esta não é tarefa fácil - o que torna sua concretização ainda mais admirável - o que pode servir de explicação para o fato da Vila ainda ser relativamente pequena. Mesmo assim, com o bom encaminhamento e desenvolvimento desta, em parceria com as outras comunidades Emaús do resto do mundo, acreditamos que este projeto tem grande potencial como modo alternativo de organização social e modo de vida, fazendo o contraponto com o modo de vida insustentável e competitivo que adotamos hoje em dia.



Analisar uma comunidade alternativa como o Emaús é algo muito rico no sentido de enxergar que há outras maneiras de sobrevivência, por mais que a adoção generalizada deste sistema seja algo totalmente distante, idealista e utópico. Fica evidenciado que o simples fato de admirarmos e compactuarmos com algo ainda é muito pouco para que, de fato, cheguemos à este ideal.



Muita coisa teria de ser mudada e vivemos num contexto muito complexo. Afinal, se fosse fácil chegar ao sistema ideal, certamente não estaríamos neste estágio caótico em que estamos, mesmo assim, é bom ter algo em que se veja uma saída, algo em que se possa depositar credibilidade.





PARTE 4



Fontes de pesquisa:


Apostila do Trabalho de Campo do Curso Temático: Sustentabilidade e Tecnologia

http://ubatubense.blogspot.com/2008/04/especial-conhea-seu-jorge-do-emaus.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Ema%C3%BAs
http://www.ubatuba.sp.gov.br/noticias/view.php?id=1569
http://comunidadeemausubatuba.blogspot.com/2009/08/historia-da-comunidade-emaus-ubatuba.html

FONTE  / CORTESIA :
 
 
http://rizomas.net/cultura-escolar/producao-dos-alunos/utopia-e-cotidiano/285-comunidade-de-servico-emaus-ubatuba.html

ubatuba 2002 : Edílson José Souza " Campeão vai além dos seus limites"



Todos sabemos que a equipe União Paulista de Ubatuba é grande formadora de campeões. Os atletas do Jiu-jitsu mostraram toda sua potencialidade neste último campeonato Estadual sensibilizando até mesmo o comitê olímpico que estava presente ao evento.


O que poucos sabem é que um campeão da equipe, Edílson José Souza, 31, é portador de deficiência visual e também um dos conquistadores da vaga na classe Master para o mundial, que irá acontecer no próximo mês de junho.

Edílson (carinhosamente chamado pelos amigos de John) é paulistano. Veio para Ubatuba em 1985 acompanhando os pais. Quando criança, teve um problema de catarata que, com o passar dos anos, foi resolvido. Quando em sua vida adulta, aos 23 anos, um glaucoma (derrame na vista ocasionado por pressão alta atingindo diretamente a córnea) fez com que perdesse a visão progressivamente. Edílson diz ter sido uma fase muito difícil, principalmente para adaptar-se a nova situação imposta pela vida. No início, ele ficou dependente e um pouco atrapalhado com os sons e principalmente localização, mas resolveu acalmar-se e prestar mais atenção ao que acontecia ao seu redor. Então, as coisas começaram a fluir. Um amigo convidou-o para fazer musculação, isso em 97; logo recebeu o convite para treinar jiu-jitsu. Esta arte marcial de origem oriental é baseada apenas no contato físico direto, assim Jhon não encontrou grandes dificuldades para o aprendizado. E, para surpresa de todos, revelou-se um grande atleta conquistando diversos títulos: quatro vezes Campeão do Vale, cinco vezes Campeão do Litoral, Campeão do Estadual e agora irá disputar o Mundial. Seus orientadores diretos, como o prof. Edmilson Alvez, prof. Ozieo Hecher e o instrutor Trajano, dizem que ele tem um poder de assimilação de aprendizado muito maior que os outros atletas.

Jhon treina cerca de seis horas por semana e já está na faixa roxa. Isso significa que, se continuar neste ritmo, em um ano e meio já estará conquistando a faixa preta e se tornará apto a instruir novos adeptos do esporte.

Mas John, como todo atleta ubatubense, enfrenta um dos maiores problemas profissionais: a falta de patrocínio. Assim suas inscrições são realizadas através de muita dificuldade e com a ajuda de todos os colegas, também atletas. Aliás, uma curiosidade: quando seus orientadores inscrevem o John em campeonatos não revelam sua deficiência visual e o adversário luta de igual para igual, não tem moleza! O menino é bom mesmo! E irá disputar com toda sua equipe ubatubana até o final do ano os títulos dos campeonatos: Internacional Máster, Carioca, Mundial e Brasileiro.

Quem quiser patrocinar este grande atleta é só entrar em contato através do telefone: (12) 9766-8592, falar com Ozieo. John deixa um recado: “Nunca irei desistir das minhas conquistas!”


JORNAL  A  SEMANA :  Ubatuba 18 de Maio de 2002 Edição Nº 184 Ano III

ubatuba 2002Abelhas invadem Igreja



Após receber uma denúncia do Ubatuba Palace Hotel a respeito de um número significante de abelhas africanas na redondeza, a Defesa Civil de Ubatuba pediu que a população desta região ficasse atenta. Assim um dos membros da Igreja Evangélica Ágape confirmou a denúncia de um foco deste inseto, que estaria no forro do templo. A ação foi iniciada nesta última quinta-feira,16, quando os integrantes da Defesa localizaram as colméias a 12m de altura entre o forro e o telhado com cerca de duas a três colméias. Segundo o apicultor responsável pela ação, Ovídio Ribeiro, cada colméia é constituída de 60 a 80 mil abelhas. O local foi interditado durante o período da remoção para segurança da população. As colméias foram transportadas para um local seguro fora do perímetro urbano.

O veneno da abelha africana causa inchaço somente no local da picada, porém se o caso é de alguém alérgico pode ser fatal. De acordo com as estatística, há cinco anos, as ocorrências giravam em torno de 10 a 15 casos/ano. Em 2.001, foram 32 denúncias/ano. E desde do inicio deste ano já foram efetivadas 45 denúncias, sendo 24% na área central do município.

A Defesa Civil de Ubatuba defende a tese de que as abelhas africanas estejam sofrendo com o desmatamento da Mata Atlântica. Com a escassez de alimento natural, elas estariam adaptando-se a cidade em busca do néctar industrializado, como refrigerantes e alimentos compostos por açúcar. Eles também dizem que a ação está sendo realizada desde o início do ano consecutivamente. Ao final desta edição, eles tinham recebido uma outra denúncia na rua Liberdade, centro do município. As ações da Defesa Civil só estão podendo ser realizadas graças ao investimento de R$40 mil em equipamentos pela atual gestão no início do ano. Porém, a pequena e empenhada equipe conta com apenas seis pessoas para atender todo o município, sendo que um está de licença, dois ficam na assessoria interna e três para operação. Ela conta sempre com voluntários da comunidade e nesta operação três estão participando. Conta também com apoio da Guarda Municipal e de um apicultor cedido pela Secretaria de Agricultura e Pesca desde o início do ano, devido ao grande número de ocorrências.

No inicio do ano, uma criança ao passar de bicicleta em frente a um terreno foi atacada com 240 picadas das abelhas que teve sua colméia atingida acidentalmente.

A população, ao suspeitar de colméias, deverá entrar em contato direto com a Defesa Civil através do fone 199 e esperar as providências desta autoridade competente. É importante não mexer ou jogar nenhum tipo de inseticida, pois, quando elas se dispersam, tendem a eleger uma nova rainha e iniciar uma nova colméia.
 
JORNAL  A   SEMANA : Ubatuba 18 de Maio de 2002 Edição Nº 184 Ano III
 
 

UBATUBA 2000 : Promotores despedem-se de Ubatuba

Há 4 anos e 4 meses na cidade, “um recorde para um promotor de Justiça em Ubatuba. Nunca ninguém ficou tanto tempo aqui”, os promotores Elaine Taborda Dávila e Flávio Boechat se despedem reforçando a informação de que o número de processos por calúnia e difamação, principalmente nos últimos dois anos, têm crescido muito. “As pessoas, infelizmente, se preocupam muito com a vida alheia, e acabam esquecendo de produzir. Acho que, se as pessoas se preocupassem mais em produzir, e criticassem menos, a cidade se desenvolveria melhor.”

Leia a seguir os trechos mais interessantes da entrevista exclusiva que os promotores concederam ao Jornal A Semana.



A Semana: Quais suas atribuições em Ubatuba?

Taborda: Curadoria da Infância e Juventude, Meio Ambiente e Fundações.

Flávio: Os processos Cíveis e Criminais da Primeira Vara e a Promotoria de Justiça dos Direitos Constitucionais do Cidadão.



AS: Com a sua partida, quem assume seus encargos?

Taborda: Infelizmente, agora volta um esquema que acho que não ajuda muito o andamento dos processos. São promotores substitutos, que vão passando pelo cargo de 30 em 30 dias. Isso porque ninguém escolhe vir para cá. É uma cidade muito complicada, com fama de complicada tanto no Ministério Público como no Judiciário. Não que os outros promotores sejam menos qualificados, não é isso. Mas acontece que, quando um Promotor de Justiça vem como uma designação de 30 dias, ele não tem muito tempo para se inteirar dos processos. Ele não consegue integrar à Sociedade. E eu acho que, para um Promotor oferecer uma resposta satisfatória, ele tem de estar integrado à Sociedade que ela trabalha, pois senão ele não sabe quais são os anseios, porque no papel eles são uns, e na real, são outros.



AS: De onde veio esta promoção?

Taborda: Eu já havia me inscrito duas vezes para a promoção e desistido. Agora eu me inscrevi e deu certo, fui promovida. E porque eu acho que a minha função como promotora de Justiça acabou me causando um desgaste muito grande. Acho que acabei trombando com os interesses grandes da cidade, e com isso você passa a enfrentar enormes dificuldades,. Então as questões que eram no início processuais, ou questões de Justiça, acabam virando pessoais. E isso me afetou muito, pois eu não consegui alguns dos meus objetivos na área de Infância, Meio Ambiente. A Fundart me escapou pelas mãos. Chega uma hora que você não consegue mais investir nos seus objetivos. É um desgaste natural de uma relação de estrutura de poder.



AS: Agora, de partida, o que a Sra. pensa sobre essa situação que a cidade está vivendo: o prefeito eleito e seu vice afastados; o presidente da Câmara assume só por um mês e logo em seguida já assume o novo presidente da Câmara; e esses vereadores que também sofrendo processo de cassação?

Taborda: Eu, de uma certa forma, me orgulho muito disso, pois é o resultado de um trabalho sério. Se houve o afastamento do prefeito, se os vereadores estão na mira de um processo, se houve problemas em questões ligadas ao Meio Ambiente e a Infância, é porque nós trabalhamos. Porque eu acho que um Promotor que não trabalha, não incomoda. Acho também que todos esses fatos que você acabou de citar fazem parte de um processo de depuração, porque o que é bom tem de ficar, e o que é ruim tem de sair. Eu só gostaria que a cidade de Ubatuba, que a comunidade tomasse nas mãos processos que a gente está deixando aqui, pois isso é o exercício efetivo da cidadania. E não sentar aí no Calçadão, na praça Nóbrega e ficar criticando a Prefeitura, os vereadores, a Fundart, sem tentar apresentar soluções. Eu acredito que as pessoas em Ubatuba, algum dia, vão colocar a mão na consciência e perceber que elas moram num lugar fantástico. Mas que pelo amor de Deus, que elas sejam favoráveis às coisas boas, que elas tenham boas idéias para tornar este um lugar decente, legal de se viver.Eu me orgulho muito deste período que eu fiquei aqui em Ubatuba, acho que o Ministério Público nunca pode ser acusado de omisso. Podemos ser acusados de termos sido vagarosos em algumas questões devido a estrutura de trabalho. O Ministério Público não dá uma resposta a altura, ainda, por conta de sua falta de agilidade. Por não ter uma infra-estrutura adequada para atender os interesses aos quais foi destinado

Flávio: Eu acho que as coisas estão meio encaminhadas. Essa ação civil pública que implicou o afastamento do prefeito, ela está correndo, e acredito que esse ano ela deva terminar e deve ser julgada aqui em Ubatuba. Qualquer que seja a decisão uma das partes vai recorrer. Quanto à questão dos vereadores, ainda não há ação civil pública, mas o inquérito civil está em tramitação. Foi deferida a quebra do sigilo bancário e em relação a outros dados e, acredito eu, que com estas informações seja possível tomar uma decisão definitiva dentro deste procedimento. A população precisa se empenhar em nome do que traz benefício para o município, como é o caso da Fundart. A impressão que nós temos do município é que sempre existe um movimento contrário a alguma coisa. As críticas são todos destrutivas. É difícil você ver ou ouvir aquela crítica construtiva, que apresenta possibilidades de crescimento, uma solução viável para solucionar o problema.

JORNAL A SEMANA
Publ. Semanal - Edição 73 - Ubatuba, 31 de março a 5 de abril de 2000
 
 

UBATUBA 2001 : Programa é apresentado aos vereadores


O desemprego é um problema que aflige toda a sociedade brasileira e várias soluções têm sido sugeridas para o seu combate. Com essa preocupação, a Prefeitura Municipal vem desenvolvendo um programa, que foi apresentado aos vereadores em reunião que aconteceu na última terça-feira, dia 8, e que contou ainda com a presença do vice-prefeito Moralino Valim Coelho (PMDB), do assessor de Assuntos Comunitários Arimar Vieira e funcionários da Secretaria de Assistência Social.


Os vereadores puderam conhecer todas as etapas do programa e o que já vem sendo pesquisado e discutido nas comunidades, associações de bairros, igrejas e outras entidades para a elaboração de um diagnóstico completo das necessidades, carências e expectativas do município. Foram colocados a necessidade e o incentivo ao cooperativismo como ferramenta de trabalho direcionado, desenvolvendo um produto que já tenha aceitação no mercado escoando toda a produção.

O programa tem como objetivos a capacitação da mão-de-obra da população local mais carente para que preste um serviço de melhor qualidade em todos os ramos, satisfazendo as expectativas do empresariado que tanto sofre com funcionários desqualificados; inibir a imigração e a importação de mão-de-obra; resolver o problema de crianças nas ruas; criar um departamento especializado para apresentar os profissionais capacitados; suprir a carência na área de construção civil, entre outros.

O vereador Dr. Maurício Leite (PMDB) mostrou-se sensibilizado e colocou-se à disposição para trazer um projeto da Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento do Estado, que dá toda a infra-estrutura, todo o suporte até que a firma se torne independente e possa caminhar sozinha.

Quanto aos recursos para financiar o programa, será instalado um banco do povo, que só depende de contatos políticos.

O presidente da Câmara, vereador Gérson de Oliveira (PMDB), colocou que o importante é que se tenha um projeto elaborado, algo concreto, para se conseguir a verba necessária para implantá-lo e desenvolvê-lo.

Enrico Bonomo, coordenador do programa, prometeu que dentro de um mês, no máximo, o projeto estará pronto para ser viabilizado.

Os edis mostraram-se interessados, fazendo sugestões e colocando-se à disposição dos coordenadores do programa, Enrico Bonomo e Gerusa Rocha, que no próximo dia 22, às 9h, estarão reunidos na Secretaria de Assistência Social com representantes do Senai/Taubaté, Rotary Club de Ubatuba, Asel e Emaús, discutindo a reativação da escola de capacitação Francisco de Assis, no bairro da Estufa II.


FONTE ;  Jornal A Semana

Publicação Semanal - Edição 131 - Ubatuba, 12 Maio de 2001

UBATUBA 2003 : Câmara acaba com a Zona Azul das praias

Na primeira sessão extraordinária deste ano (03/01), também primeira sessão sob a presidência do vereador Rogério Frediani, casa lotada e em segunda discussão o projeto de lei do vereador Eduardo César, que acaba com a cobrança do estacionamento nas praias na cidade.


Nesta sessão, mais de 100 funcionários da Comtur (Companhia Municipal de Turismo) estavam presentes, além do presidente e do diretor financeiro da empresa de turismo da cidade e vários secretários da atual administração.

Aberta a sessão e começam as discussões. O vereador Domingos dos Santos (PT) usa a tribuna para ler um artigo escrito pela ADC (Associação de Defesa da Cidadania), escrito em 1999 e publicado no jornal A Cidade, que cobra dos vereadores uma posição sobre a cobrança da Comtur, pois, segundo o artigo, não se sabe onde são aplicados os recursos da Comtur; a empresa tem uma dívida muito grande. Entre outras coisas, o que chama a atenção é que mesmo o artigo ter sido escrito há mais de três anos ele ainda é atual e reflete a realidade de hoje.

Os anos se passaram mas as coisas na Comtur, pelo visto, continuam do mesmo jeito.

Outra curiosidade neste artigo, e muito comentada pelos vereadores, é que o artigo foi escrito pelos Sr José Carlos e Professor Cursino, homens hoje de confiança do prefeito e que fazem parte da atual administração. Segundo o vereador, homens sérios que sabem o que escrevem e conhecem os problemas da cidade.

Já o vereador Ricardo Barbosa fez uma magnífica defesa para que o projeto fosse adiado para a primeira sessão ordinária, visto que muitas pessoas poderiam ficar sem emprego em plena temporada, e o vereador Osmar de Souza também apoiou o pedido de Barbosa para que o projeto fosse adiado.

Os vereadores Charles Medeiros e Eduardo César foram dois leões defendendo o fim da cobrança, mas sempre deixando claro que não são contra a cobrança. São, sim, contra a forma em que ela vem sendo feita e a falta de investimentos por parte da Comtur que não cumpre a lei. Medeiros ainda citou a falta de respeito do Poder Executivo para com todos que por decreto quer mudar as leis, que o prefeito parece o imperador romano, ou melhor, pior que isto, pois o imperador romano ainda respeitava o congresso e o prefeito de Ubatuba está acima da lei e não respeita ninguém, quer governar a cidade agora por decreto passando por cima da Câmara Municipal, pois num decreto recente o prefeito desobriga a Comtur da responsabilidade pelos carros estacionados em Zona Azul, mas a lei prevê segurança e seguro para os veículos estacionados. Segundo Charles só o prefeito de Ubatuba pode ter uma idéia desta de por decreto acabar com um artigo da lei. “Vamos ver juridicamente o que pode ser feito, pois o prefeito não pode agir assim”, desabafou Charles.

Os vereadores questionaram a arrecadação da Comtur, pois de acordo com vários artigos e levantamentos, a empresa deveria arrecadar mais que o dobro do que apresenta, segundo até um laudo do DER, que aponta o número de carros que cabe no estacionamento, multiplicado pelo valor cobrado por carro só na praia Grande a Comtur deveria ter uma receita superior a que apresenta em toda a cidade.

E as discussões de lá e de cáa foram grandes e muitas vezes os funcionários da Comtur batiam palmas para os vereadores que estavam defendendo o fim da cobrança, pois estavam entendendo o que estava acontecendo. Uma coisa ficou muito clara: nenhum vereador é contra a cobrança. São contra a forma como ela vem sendo feita e a falta de postura da Comtur em dar explicações sobre a cobrança e a falta de investimentos feita pela empresa.

O vereador Eduardo César ainda citou que a época em que a Comtur mais investiu foi na administração do Armando, onde várias obras foram realizadas, inclusive as muretas da paria e, na época, o presidente não tinha salário como acontece hoje. O vereador ainda deixa claro que não tem nada contra a pessoa do presidente da Comtu,r Luiz Bischof, tem sim contra o presidente da Comtur. Eduardo fez um desafio e perguntou a todos os vereadores se algum deles foi procurado pelo prefeito em algum momento para adiar o projeto ou não votar, que o vereador que foi procurado pelo prefeito balançasse a cabeça que ele já aceitaria. Nenhum se manifestou, até mesmo o vereador Barbosa que defendia a Comtur ficou quieto. E continuou Eduardo: “Se nem o prefeito se manifesta a favor, porque continuar com a cobrança. Parece até que é o que o prefeito quer.”

O pedido de adiamento foi recusado e o projeto foi aprovado por dois votos contrários. O vereador Samuel dos Santos havia saído do plenário e não votou; o último projeto da noite que era de sua autoria foi retirado da pauta e a sessão foi encerrada.

A velha Comtur

O que vemos é a história se repetir a cada ano que passa. A lei que criou a cobrança de estacionamento prevê que a empresa invista em obras de melhoria das praias e seja obrigada a manter o leito carroçável onde cobra estacionamento, além de ter um seguro contra furto e acidentes sobre os veículos ali estacionados. Coisa que nunca aconteceu: nem seguro, nem as ruas são arrumadas pela empresa. Muito por baixo dos panos, as pessoas que tiveram toca-fitas furtados ou pequenas avarias em seus veículos, iam até a Comtur, discutiam e exigiam ser ressarcidos e foram atendidas. A Comtur pagou o prejuízo, mas sem anunciar pois os que não reclamaram ficaram com o prejuízo.

Ninguém, na realidade, é contra a cobrança de zona Azul na praia ou na cidade. O que todos questionam é a falta de apresentação das coisas que a Comtur faz, uma satisfação para a Câmara Municipal e para toda a população sobre o que foi arrecadado, onde foi investido, o que sobrou ou o que faltou. Isto é que todos queriam ouvir, mas não se consegue muitas informações da Comtur, ou quando ela dá informações é para a mídia de fora da cidade.

Em um manifesto que estamos publicando, o presidente da Comtur alega que se os vereadores acabarem com a cobrança, muitos serviços vão deixar de acontecer.

O presidente se esquece que a Comtur já sobrevivia há anos sem a receita do estacionamento e fazia muita coisa. Se a falta da cobrança vai acabar com certos serviços que o presidente alega, não sabemos. Cabe a prefeitura administrar este problema. Agora temos também a Secretaria de Turismo que tem uma receita mensal que pode muito bem administrar estes serviços. O que vemos também é um exagero por parte do presidente em querer fazer tempestade em um copo d’água e colocar todos os funcionários temporários em estado de desespero; a grande maioria das pessoas que trabalha na cobrança sabe que seus empregos só duram ate o fim da temporada, no máximo.




JORNAL A SEMANA ; Ubatuba 09 de Janeiro de 2003 Edição Nº 217 Ano III