quarta-feira, 4 de setembro de 2024
A POPULAÇÃO DOS TUPINAMBÁS EM 1555
SOBRE A MADEIRA PAU - BRASIL, A QUAL DEU SEU NOME AO NOSSO PAIS
GunterBrasil Elemesmo via facebook
A PROJETADA FERROVIA ENTRE O VALE DO • PARAIBA E O MAR - QUINTA E ULTIMA PARTE.
. . . movimento de gente: engenheiros, empreiteiros, trabalhadores, tudo dando vida ao lugar e movimentando o comércio local. De uma hora para outra -- passada a fase de maior atividade, entre 1892 e 1893 — a síncope sobreveiu. Foi como que uma embolia econômica, obstruindo os meios de circulação financeira. O ritmo de atividade foi interrompido. Ubatuba mergulharia no marasmo. A culpa, para muitos, não fôra de outros, senão do govêrno. A culpa maior. O resto, conseqüência. Em épocas difíceis, um fato puxa o outro. E para os que viveram aquêle indelével momento histórico, outra razão para os fatos supervenientes não pudera ser encontrada. Por isso que, em seu número de 7 de março de 1897, o "Echo Ubatubense", hebdomadário local, trazia um artigo, assinado por Esteves da Silva, no qual, entre outras coisas, assinalava o que aí está dito ... "O desalento, a desorganização e o abandôno, conseqüências naturais da injustiça e êrro administrativo com que fizeram interromper a construção da estrada de ferro, adiantadíssima, de Taubaté a Ubatuba, a desorientação e a pobreza lavrando em todo o município, pelos prejuízos sofridos pela população, por quase tõdas as classes, pela falência da Companhia Norte de São Paulo, deixando-se de pagar as pequenas soldadas dos operários, filhos da localidade, e os negociantes, seus fornecedores, tudo isso e mais ainda o descalabro e abatimento, derivados do estado de sítio que havia horrorizado - e ainda mais empobrecido o litoral, tornaram impossível do lado da população qualquer esfôrço capaz de resistir à torrente destruidora." Além do choque econômico, as complicações políticas decorrentes da revolta da Armada. Tudo se acumpliciou para .dar ao litoral norte o empurrão último que haveria de projetá-lo no abismo da decadência irremediável. Nada e de mais ninguém tinha Ubatuba a esperar. Não a socorresse o govêrno do Estado e a miséria continuaria imperando. Ubatuba, que já se erguera altaneira e rica, entre as vilas e cidades da Província que mais o fõssem, passou a mendigar até miseráveis subvenções para a navegação com n pôrto de Santos, isolada que ficara do restante do território paulista. É o mesmo "Echo Ubatubense", de 8 de agôsto de 1897 quem nos trás o tetemunho daquela triste realidade. "E Ubatuba, que outrora, antes da trafegação da Central, era uma das principais artérias comerciais da província paulista e do rico sul de Minas e que em movimento e mesmo em rendas aduaneiras rivalizava com a praça de Santos, se é que em muitos pontos a não sobrepujava, pode ser considerada hoje, pela uberdade de suas terras, pela excelência de seu clima, pela importância e capacidade de seu pôrto, pela sua posição estratégica no extremo norte do Estado, como uma riqueza estéril, inútil e até pesada aos cofres públicos, pelo isolamento em que se acha, conseqüência de •—• 155 longo abandõno em que a tem deixado os que tem a responsabilidade do poder. "Jaz insulada do resto do Estado por mar e por terra; por mar, porque suas comunicações com Santos se fazem hoje como se faziam há uns pares de milheiros de anos: - por canoas, viagens cujos perigos são fáceis de imaginar; por terra, porque as suas estradas são verdadeiras picadas, cujos concertos se tornam inúteis, pois que, abandonadas a si mesmas, sem pessoal de conserva, vem logo as enxurradas e a vegetação obstruí-las por completo." E prosseguia o articulista para, afinal, apelar para o presidente do Estado, então Campos Sales, no sentido de que o govêrno subvencionasse uma navegação regular com o pó- ft° de Santos, mesmo com apenas quatro viagens mensais... E durante quase meio século, daí em diante, Ubatuba não possuiu senão uma precaríssima navegação subvencionada. E deveria ainda se dar por muito feliz quando assim fõsse, porque durante largo período nem isso chegou a ter. Os anos passaram. As obras continuaram abandonadas, o material largado. Como tempo foi se estragando. Uma parte dos trilhos lá deixados, tomou rumo. Foi o caso de que, certa feita, andava o dr. Antõnio Paes de Barros Sobrinho em dificuldades para conseguir trilhos para um ramal de lenheiro, na Companhia Paulista, que pretendia abrir, se não nos enganamos, para os lados de Morro Grande, próximo a Rio Claro. Também, se não nos falha a memória, era pelo tempo da guerra de 1914, quando a importação dêsse material tornara-se impossível. Veiu a saber, então, que em Ubatuba encontravamse os restos do material empregado na construção da estrada de ferro para Taubaté. Depois dos entendimentos necessários — contou-nos aquêle saudoso paulista foi ter a Santos. As dificuldades de transporte conseguiu superá-las graças ao fato de ter encontrado à venda, um pequeno barco a vela e a motor. Adquirindo-o, abriu os panos rumo de Ubatuba, onde carregou a embarcação com os trilhos, levantando ferros para Santos, de volta. Aí chegado, por sorte, negociou a embarcação novamente, com lucro ainda. Ficara de graça a viagem, e muito barato os trilhos. Quando por volta de mil novecentos e vinte e tantos, foi instalada luz elétrica em Ubatuba, os trilhos que ainda por lá existiam foram aproveitados para postes. E nessa função ainda continuam. Esta, mais ou menos, a história da estrada de ferro TaubatéUbatuba, da qual era concessionária a Companhia Estrada de Ferro Norte de São Paulo. Duas outras vêzes, pelo menos, esteve em foco a questão da ligação ferroviária de Ubatuba com a vale do Paraiba e sul de Minas. Uma delas diz respeito à concessão do prMlégio, à Companhia do Põrto e da Estrada de Ferro Nordeste de São Paulo, pelo 156 — prazo de 60 anos, para a construção, uso e gõzo de uma ferrovia que, partindo de Ubatuba e passando por Taubaté, alcançasse a cidade de Paraisópolis, em Minas Gerais, sem ônus algum para a União. Essa concessão foi obtida pelo Decreto n. 0 12.362, de 10 de janeiro de 1917. Afirma Félix Guisard que a concessionária desenvolveu grande trabalho em Londres, junto a Union Railway Company Limited, a fim de levar avante a empreitada, mal sucedido em conseqüência da guerra. O fato é que, mesmo com as sucessivas prorrogações de prazo concedidas pelo Govêrno Federal, em vista da conflagração mundial, prazos êsses que vieram a correr sômente depois da assinatura do armistício, e mesmo da , do tratado de paz, nem assim conseguiu a mencionada Companhia entrar em forma para o início dos trabalhos. Ainda em 1922 o Govêrno concedeu novo prazo de 5 anos. Nem assim. Por isso, resolveu o goyêrno provisório, em 6 de dezembro de 1931, declarar nula, pelo Decreto n. 0 26.587, a concessão para a construção da estrada de ferro Ubatuba-Paraisópolis, via Taubaté. Tinha se encerrado, com a implantação do regime de 1930 — simbólicamente configurado nesta declaração de caducidade — o ciclo febril das construções ferroviárias no país, e cujo apogeu deve ser levado ao crédito dos eminentes estadistas do fim do Império e comêço da República. A outra diz respeito a uma pretendida concessão, entretanto não obtida, para a construção de uma estrada de ferro entre Ubatuba e Cruzeiro. A estrada, segundo o projeto, subiria a Serra pelo lado norte de Ubatuba, mais ou menos pelas vertentes do Rio Ubatuba e Indaiá (Barra Sêca), indo alcançar a parte superior do vale do Paraibuna e, transposto êste, entrar no do Paraitinga. Subiria pelo Paraitinga, desde abaixo de Cunha, deixaria Campos de Cunha à direita e atravessaria a Quebra Cangalha para descer perto de Cachoeira e daí alcançar Cruzeiro. Não saiu do papel. CARLOS BORGES SCHMIDT
FONTE : file:///E:/estagiorh,+A008N013%20(2).pdf