CONFIRA PARTE 4 E FINAL - DIA 13 DE JULHO DE 2024
O comércio de artesanato local concentra-se basicamente nas lojas do centro e nos sertões espalhados pelo município. Ubatuba também participa de feiras e exposições em vários Estados do Brasil, mostrando a arte desenvolvida por várias gerações do povo caiçara.
CESTARIA
Os cestos são feitos de imbé, taquara, palha, em tamanhos variados, para finalidades diferentes. A trama aberta ou fechada depende da inspiração de quem faz. Em cada bairro há um tipo de trabalho. No Sertão da Quina a trama é aberta e leve. No Sertão do Araribá, Almada, e Ubatumirim, o forte é o cesto, grande ou pequeno. No Ipiranguinha faz-se peneira. No Perequê-Açú, as cestinhas com tampa e o abajur, de vários modelos.
TRANÇADO
A trança pode ser feita de embira, palha ou taboa. A primeira é extraída da mata e requer esforço para o corte. O processo de secagem e a trança encarecem os tapetes, redes, porta-vasos etc. Trabalhos trançados podem ser encontrados no Sertão da Quina, nas Toninhas, no Itaguá, Morro das Moças, Marafunda e Ipiranguinha.
MADEIRA
Entalhes, esculturas e móveis rústicos compõem o artesanato em madeira de Ubatuba. Os temas quase sempre são inspirados na natureza, como as flores, os animais etc. As imagens religiosas são feitas em louro, bicuíba, guaica, guairana, cajarana etc. Foices, machados, facões, gamelas, trabucos, pilões e móveis rústicos podem ser encontrados no bairro do Taquaral e da Casanga (estrada velha para Itamambuca).
O conhecimento para a elaboração de canoas (embarcação monóxila, comprida, impelida a remos, ou por uma vela de pendão, ou por motor de popa, usada pelos pescadores), hoje, é detido por pouquíssimas pessoas. A legislação de proteção ambiental impede o desenvolvimento desta atividade.
A Festa do Divino, como é popular-mente chamada a comemoração da descida do Espirito Santo sobre os apóstolos, é realizada em homenagem à terceira pessoa da Santíssima Trindade: O Espirito Santo. Realizada quase sempre no dia de Pentecostes (em grego Pentekoste significa cinqüenta), isto é, cinqüenta dias após a Páscoa, como é comemorada na vizinha cidade de São Luiz do Paraitinga. Segundo a tradição da Igreja, o dia de Pentecostes significa que após cinqüenta dias da Ressurreição do Senhor, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos. Todavia em Ubatuba, a Festa do Divino quase sempre não foi comemorada no dia de Pentecostes, e a explicação que encontramos para tal fato, é que no passado, devida a grande importância que desempenhava a pesca da tainha durante os meses de maio, junho e até mesmo princípio de julho, obrigava a população local a transferir as comemorações do Divino Espirito Santo para o mês de julho. Hoje a pesca da tainha está praticamente exterminada, porém a tradição de se realizar a Festa no mês de julho continua.
O Divino Espírito Santo é representado por uma pomba (sinônimo de mensageiro ) e possuidor de sete dons (SABEDORIA, ENTENDIMENTO, CIENCIA, CONSELHO, FORTALEZA , PIEDADE e TEMOR DE DEUS) daí, quase sempre a pomba que o representa possuir sete raias ou sete fitas.
A cor vermelha predominante tanto nas flores como nos andores e nos arranjos da Igreja representa para uns a chama, ou luz da qual o Divino é portador e para outros o amor, pois para a Igreja o amor é representado pela cor vermelha.
Foto: © Pedro Paulo Teixeira Pinto |
A Pomba que representa o Divino pousa quase sempre sobre uma esfera azul (o Universo) o que significa o domínio do mensageiro (Divino) sobre o mundo, iluminando-o. Por isso mesmo as flores que compõem a bandeira da Folia do Divino, formam uma esfera que representa o universo iluminado pelo Divino Espírito Santo.
Outro componente importante nas festas comemorativas ao Espírito Santo é a utilização da folha de canela sobre o chão das Igrejas, não só com o intuito de aromatizar a mesma, mas principalmente como símbolo da pureza.
Os sete tapetes ou tecidos de cor encarnada localizados no interior da Igreja ou até mesmo desprendendo-se das janelas das mesmas, tem a mesma simbologia dos raios e das fitas, isto é, representam os sete dons do Divino Espírito Santo.
A Festa hoje, no entanto, nem sempre se apresenta com todo este simbolismo, pois muitos deles foram alterados pela dinâmica popular. Podemos observar por exemplo, que os sete raios que circundam o Divino, atualmente, nem sempre são representados por esse número e que as sete fitas que antes partiam da bandeira da Folia, hoje são representadas por inúmeras delas, pois um popular pode acrescentar outras em pagamento a uma promessa.
Todavia o povo repete ano a ano, os rituais da Festa de acordo com o que diz sua fé e seu coração, independente, muitas vezes da compreensão de toda essa simbologia.
FONTE |
Euclides Luiz Vigneron (Zizinho) ubaweb.com |