terça-feira, 19 de maio de 2009

SÉRIE " Ubatuba, espaço,memória e cultura " -Livro de Juan Douguet e Jorge O. Fonseca


1.PRAIA IPEROIG OU CRUZEIRO

Localização


A Praia Iperoig, também chamada de Praia do Cruzeiro, localiza-se bem no centro de Ubatuba, levando toda a avenida principal da cidade o nome de Iperoig – Cruzeiro -, margeando toda a extensão que compreende a barra da Lagoa, divisa com a Praia do Itaguá e o rio Grande que passa sob a ponte que liga com o bairro da praia do Perequê Açu.

Acesso

Os acessos são vários, por algumas das ruas do centro como a Dom João III, Professor Thomaz Galhardo, Dª Maria Alves, Condensa de Vimieiro e a Dr. Esteves da Silva, ou então, pelos bairros do Itaguá ou Perequê Açu. Para quem vem de outros bairros da cidade pode-se fazer uso das linhas de ônibus coletivo da empresa Cidade de Ubatuba, e são vários os horários deste tipo de transporte coletivo.

Visão

A baía do centro de Ubatuba tem em toda sua extensão de orla a Praia Iperoig ou Cruzeiro dividindo este espaço com a sua “irmã”, a Praia do Itaguá. Esta baía proporciona um visual deslumbrante, o maior cartão postal de Ubatuba, onde foram registrados grandes acontecimentos da vida regional e mesmo da história do Brasil1.

Na praia do Cruzeiro, as areias são grossas e amareladas, suas águas não tão escuras como as do Itaguá, nesta última as areias são finas e meio acinzentadas. Em época de maré baixa, o mar é tão manso como no Itaguá, mas quando a maré sobe costuma ser fundo e às vezes bravo. A praia é cheia de árvores, chapéus de sol ou amendoeiras e os abricoteiros.

Durante o dia, a beleza e o brilho do nascer do sol, logo pela manhã nos atordoa e os barcos de pescas no horizonte ajudam na composição harmoniosa de uma pintura. À noite, o mesmo visual das águas e de suas amendoeiras tem como deslumbre na composição, o reflexo da lua e das estrelas somado a fresca das brisas oceânicas.

Hoje, o turista e visitante pode desfrutar desta paisagem à beira mar seguindo por um agradável caminho no calçadão de ponta a ponta ou mesmo nas ciclovias em tranqüilas pedaladas. Em toda sua extensão a Praia Iperoig ou do Cruzeiro conta com a avenida, nela grandes acontecimentos da vida cívica e cultural da cidade acontecem aí. Palco para grandes eventos religiosos como a Paixão de Cristo, festas como a de São Pedro pescador, a Feira das Nações, entre outros, e o Carnaval de rua que alcança neste lugar maior expressividade.

Na Avenida Iperoig, existe um grande número de restaurantes e bares nos embalos dos finais de semanas e na alta temporada, lotando-a com pessoas de diferentes procedências.

O artesanato, também está presente em lojas especializadas, ou, na famosa e já tradicional Feirinha Hippye de Ubatuba bem ao lado da Cruz do Cruzeiro. Bem na direção da Avenida Professor Thomaz Galhardo, há o Centro de Informações Turísticas, que atualmente funciona como sede da Secretaria de Turismo de Ubatuba.

As opções de lazer na orla de Iperoig ou Cruzeiro são muitas, desde seus bares e restaurantes como o Parque de diversões fazendo a alegria das crianças e até de adultos e a mais recente pista de skat construída para os jovens esportistas de Ubatuba e da região, em frente ao campo de aviação Gastão Madeira, mais especificamente na recente Praça Trópico de Capricórnio.

Tanto a praia como a Avenida Iperoig são o cenário de uma das festas mais tradicionais da cultura ubatubense, a Festa de São Pedro o pescador, celebrada o dia 29 de junho. A cidade de Ubatuba há mais de oitenta anos aderiu a esta tradição judaico - cristã para enaltecer e homenagear seus pescadores, homens humildes, caiçaras que vivem dos frutos que o mar lhes oferece.

A comemoração inicia-se com a saída da imagem do Santo da Igreja Matriz em uma procissão até a Ilha dos Pescadores onde se encontra com os barcos de pesca já enfeitados e em um deles a imagem do Santo que segue em bela procissão pelo mar. Dezenas de barcos, seguindo o que leva o Santo, cruzam a bela baía central de Ubatuba com direção à Ponta Grossa por uma hora. De volta, assim que entram no boqueirão da Ilha dos pescadores, após o farol é feita uma parada, frente ao Morro da Prainha e da estátua de São Pedro encima do morro.

Ali é feita a benção dos anzóis simbolizando parte desta tradição em homenagem ao Santo padroeiro e aos pescadores. Em questão de minutos o padre dá continuidade à navegação chegando logo ao destino final, próximo de onde seria a missa campal, celebrando a liturgia com toda uma população de cidadãos residentes, turistas e visitantes2. A imagem de São Pedro foi trazida para Ubatuba pelo padre alemão Hans Bell, em 1942. Desde então, ela tem-se tornado o motivo da identificação e a conseqüente devoção da população caiçara, sendo uma das festas mais importantes do calendário litúrgico de Ubatuba. A Festa de São Pedro veio a enaltecer e a valorizar a Praia de Iperoig.

A hospedagem nesta praia torna-se fácil aos turistas e visitantes, pois por se tratar de uma região central existe uma série de opções na avenida que beira a sua orla assim como no centro comercial de Ubatuba são várias as opções hoteleiras.

Para alimentação existem: restaurante, lanchonetes e bares com cardápios variados para todos os paladares, desde o lanche rápido até a um prato específico da culinária caiçara.


Demanda Turística

A praia de Iperoig não é mais tão freqüentada como antigamente, e nem tão indicada. Mas, por se tratar de uma praia tão centralizada e com tantas opções de lazer como o calçadão e a ciclovia em toda sua extensão vêm sendo muito requisitados por turistas e visitantes que fazem caminhadas pelo calçadão desfrutando do bonito jardim e das muitas sombras de suas amendoeiras. Costuma ter grande movimento de visitantes e turistas na “alta temporada” e em determinadas datas, como no Ano Novo e nos dias de Carnaval. Nela, ainda, há campeonatos de pesca, fazendo parte do calendário de atrativos esportivos da cidade.

Enfim, a Praia de Iperoig, localizada no marco perfeito da baia do centro de Ubatuba, em suas manhãs oferece um espetáculo privilegiado em um dos cenários mais primorosos que se possa ter do litoral ubatubense. A luz do sol dourada, ao fundo o horizonte em duas tonalidades, o azul do mar e do céu, contrastando com o verde das montanhas. Os pássaros e, às vezes, os pequenos barcos de pesca completam o cenário da aurora do verão, desenhando na baía de Iperoig um dos mais belos espetáculos naturais.


2.PRAIA DO ITAGUÁ

Localização


A Praia do Itaguá localiza-se bem próximo ao centro de Ubatuba, sendo toda margeada pela Avenida à beira mar, Leovegildo Dias Vieira, formando uma longa extensão de praia e orla da baía central de Ubatuba.
Acesso

Para o acesso de quem chega à Ubatuba pela rodovia Rio Santos, BR 101, vindo de Caraguatatuba, passando o primeiro trevo após a praia Grande se faz o contorno sentido centro pelo bairro do Itaguá, pela via da Avenida Capitão Felipe até o final na rotatória que fica na frente da praia.

Pela Rodovia Oswaldo Cruz, vindo de Taubaté, passa-se pelo trevo na entrada da cidade sentido centro e logo em seguida pela Avenida Professor Thomaz Galhardo até o final, chega-se a Avenida Iperoig beirando a praia, segue-se esta até a praia do Itaguá.

A Empresa de ônibus Cidade de Ubatuba oferece 8 linhas em horários diversos com destino Itaguá, mas para quem curtir uma caminhada à beira mar, pode-se, à partir da Avenida Iperoig ou do Cruzeiro, seguir pelo calçadão, ou mesmo de bicicleta pela ciclovia.

Visão

A Praia do Itaguá se destaca por sua areia escura, tornando sua água no mesmo tom. Esta areia, dita por conhecedores como sendo medicinal, é chamada de areia monazítica. Itaguá é uma praia muito mansa, quase sem ondas. Hoje, infelizmente, não muito própria para o banho de mar, pois, a qualidade de sua água costuma estar imprópria e proibida pela SETESB3.

Mesmo assim, a praia de Itaguá possui uma beleza própria percorrendo boa parte de toda a baía central de Ubatuba. Para enaltecer este visual, os primeiros raios solares caminham pelo mar chegando até suas areias onde já existe logo cedo a presença daqueles pescadores que na madrugada jogaram suas redes para de manhã fazer o arrastão. Nesta mesma manhã os moradores locais presenteiam os próprios olhos com uma inigualável paisagem.

A sua extensão começa na foz do Rio Acaraú e vai até a foz do Rio Tavares ou Barra da Lagoa, este último fazendo a divisa com a Praia Iperoig. Um aspecto topográfico, já comentado no início deste capítulo, a linha imaginária do Trópico de Capricórnio, passa exatamente nesta praia, contradizendo e sendo mais preciso que o local onde se situa o marco principal na Praça Trópico de Capricórnio frente ao campo de aviação Gastão Madeira na praia Iperoig ou do Cruzeiro.

A bela Itaguá guarda muitas histórias e acontecimentos juntamente com Iperoig e a exemplo disso, no dia 1º de Junho de 1973, de suas areias partiu rumo à Santos, a canoa Maria Comprida que construída por 5 moradores do local, remaram durante 3 dias até chegar ao seu destino em comemoração da Paz de Iperoig.

Turistas e visitantes podem desfrutar de vários atrativos que beiram toda a Avenida Leovegildo Dias Vieira como os dois pequenos shoppings que oferecem algumas lojas, lanchonetes, sorveterias e cinema para garantir a diversão de toda família. Os famosos quiosques a beira mar contam com vários tipos de músicas, inclusive ao vivo para todos os gostos.

Itaguá reúne um número considerável de restaurantes, bares, lanchonetes e pizzarias que oferecem uma variedade de cardápios com todo tipo de comida: caseira, típicas caiçara, massas, e até de cozinha internacional.

Para hospedagem de turistas, as opções são diversas, desde casas de aluguel e pequenas pousadas até hotéis com infra-estrutura de primeira qualidade. Nas ruas que iniciam na avenida da praia adentrando o bairro do Itaguá existe uma variedade imensa de hospedagem.

Demanda Turística


O fluxo do movimento em sua orla é grande, principalmente na “alta temporada”, passagem de ano, carnaval e finais de semana durante o mês de janeiro. Por se tratar de uma avenida de acesso quase que obrigatória para o centro de Ubatuba e por reunir uma diversidade de opções para o lazer e points de encontro, Itaguá ganha um movimento tremendo dia e noite com gente de todos os cantos do Brasil. Jovens crianças e velhos caminham pela orla do Itaguá dando vida a esta praia urbanizada, local de saída de escunas.

PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO : 05 DE JUNHO 2009 -

cAPITULOS : Praia do Cedro, Praia Grande e Praia da Fortaleza

Madre Maria da Glória

Estava totalmente em flor as mexeriqueiras, goiabeiras e abacateiros. Começava a primavera.
- Julinho, lá na ALA, tá grosso de marrequinha! Vamos lá? - Falou-me Zezinho do Ximinguinho, companheiro de tudo quanto era brincadeira.
Furamos a cerca e já estávamos no meio do bando de marrequinhas. Estilingada pra cá, estilingada pra lá, quando de repente, saindo por de trás de um ranchinho nos apareceu uma senhora de idade. Não teve jeito de correr porque o flagrante foi cara a cara.
- Meninos, em vez de caçar passarinhos vocês não querem aprender a desenhar? Venham cá que eu irei mostrar-lhes o que a criançada está fazendo.
Seguimos a velha meio desconfiados e nos deparamos com um galpão cheio de pinturas, desenhos, artesanatos, esculturas etc. Numa outra sala havia umas vinte crianças que faziam desenhos e pinturas.
- Vocês não gostariam de desenhar também? - Perguntou a velha senhora.
Não pensamos duas vezes, fomos logo pegando no papel e lápis e começamos a desenhar também.
Era a Escola de Artes da nossa inesquecível Madre Glória que existia onde hoje é o supermercado Semar e a Secretaria Municipal de Educação, no prédio da Ala.
Segunda, quarta e sexta-feira, lá estava eu junto com os novos amigos da arte. Segunda-feira era dia de desenhar e pintar. Uns mexiam com guache, lápis de cor ou de cera, outros pintavam com látex ou tinta a óleo. Na quarta-feira era dia de entalhar madeira, construir porta-retratos, bandejas de azulejos, cinzeiros e diversos artefatos de madeira. Nas sextas-feiras, não faltava um aluno. Numa sexta-feira era dia de pintar flores no muro do cemitério ou em qualquer outro muro público da cidade. Na outra sexta era dia de construir esculturas da areia, aí era gostoso; com baldes, pazinhas, enxadinhas, garrafas, palitos de sorvetes e com o pensamento no tipo de escultura que iríamos criar, íamos para a praia do Perequê-Açú. Chegando lá, sentados em círculo, ouvíamos com toda atenção os ensinamentos para a criação de uma boa escultura. Ali passávamos a manhã, e no final a recompensa, era uma escultura mais bonita do que a outra. Dava gosto de ver, mas também, dava dó, pois não tinha como traze-las para casa, tínhamos que deixá-las a mercê da maré. Dizia madre Glória:
- Não tenham dó, pois o mar as levará para o reino de Netuno!
Duas pessoas se destacavam com suas belas esculturas, um era o Mesquitinha e o outro Odaurí Carneiro, ambos eram campeões nessa modalidade, onde levavam o nome de Ubatuba em concursos de esculturas na areia em competições intermunicipais.
Era esse o trabalho de Madre Maria da Glória, era uma mãe, uma conselheira, uma educadora, enfim, uma mulher que dedicou parte de sua vida em prol da educação artística e cultural da criançada ubatubana. Não éramos crianças de rua, éramos crianças com família constituída, tínhamos pai, mãe, escola e um lar. Hoje porém, embora existam instituições para cuidar do menor, acredito que não seja como era a escola de artes de Madre Glória. Lá realmente aprendíamos alguma coisa de útil, tanto é que hoje temos em nossa cidade artistas que passaram por lá e que “vivem” de sua arte. Existia naquela escola, o mais completo e diverso material para se fazer arte, tanto para meninos como para meninas. Sentíamos orgulho em ver nossos trabalhos expostos na sala de exposições ou pendurados pelas paredes. Fico agora me perguntando: “Que fim levou aqueles belos trabalhos de artes?”
Fica aqui a lembrança daquela que também foi minha professora de francês, no Deolindo, a nossa querida Madre Maria da Glória, que hoje ensina sua arte para os anjos lá no céu.

Por Julinho Mendes
FONTE : www.ubaweb.com