Numa certa ocasião, logo no início do funcionamento do novo prédio do fórum de Ubatuba, tive a oportunidade de ali realizar o primeiro júri na inauguração do plenário. Até então, o fórum antigo, de proporções muito acanhadas para o acumulo de trabalho forense, não dispunha de espaço e sequer sala para a realização dos plenários, sendo para tanto usada a sala de seções da Câmara Municipal, um prédio antigo, um dos três últimos remanescentes da opulência de Ubatuba na áurea época da efervescência do café no Vale do Paraíba, onde seu porto era um dos mais importantes do Brasil. Naquela oportunidade, ao fazer a saudação como é de praxe nas comarcas onde atuo, iniciei por uma história que achei oportuna por tratar-se do primeiro júri a ser presidido pela juíza que iniciava sua jornada como titular em nossa comarca. Dias antes, na ânsia de encontrar elementos balizadores para sustentar minha tese defensiva, vi-me então abrindo livros e divagando pelas mais variadas idéias de autores jurídicos consagrados e, também, por obras de psicologia, sociologia, autores de ficção, romances, crônicas, jornais e tudo o mais que me passava impresso pelas mãos. No entanto, a certa altura me deparei folheando o livro “Bom dia, Ubatuba”, de Idalina Graça.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
IDALINA GRAÇA RECEBE MONTEIRO LOBATO
LOBATO E SUA ANFITRIÃ CAIÇARA
LOBATO E IDALINA: DE COZINHEIRA A VIAJANTE SIDERAL
Não sabemos ao certo o número de visitas que Monteiro Lobato fez a Ubatuba, porém é certo que a primeira que fez a Idalina Graça foi devidamente registrada pela anfitriã caiçara no livro “Terra Tamoia”.
Neste livro há um trecho que corre assim:
“Albino me esperava impaciente nessa tarde que, para mim, deslizara suave e bela, como belas e suaves são todas as tardes de Iperoig. Havia chegado, de Caraguatatuba, u,a casal em lua-de-mel, e ele não sabia como acomodá-lo. Imediatamente, providenciei tudo para que os hóspedes se sentissem à vontade.
No dia seguinte, amanheceu chovendo, e, como não era possível ir à praia em busca do pescado fresco, fui ao frigorífico, nesse tempo funcionando onde atualmente está o DER. Da ponte avistei o Dr. Felix Guizard, proprietário do sobraão de Baltazar Fortes, para à porta principal e em animada palestra com um senhor decentemente trajado, que olhava com viva curiosidade todos os que dali se aproximavam. Acostumada a ver poucos turistas na cidade, fiz um demorado exame do forasteiro. Achei-o bem simpático. Comprei o pescado e, ao sair, notei que ele me acompanhava com o olhar. – Deve ser por causa das vestes masculinas que uso, pensei, para logo depois, absorvida pelo trabalho, esquecê-lo completamente.
IDALINA VENDO E RECEBENDO OS VISITANTES ILUSTRES EM UBATUBA
Texto: Arnaldo Chieus
À época da abordagem do europeu, os moradores de Ubatuba formavam uma pequena aldeia de sete choças no local aproximado do atual centro de Ubatuba. Pelas descrições de Hans Staden, as choças mediam aproximadamente quatorze pés de largura e até cento e cinqüenta de comprimento, por duas braças de alto, tudo formando uma área de 195 metros quadrados.
Como sugere Ophélia Figueira de Camargo, “A história oficial de Ubatuba começa no século XVI, mais precisamente no ano de 1563, mas muito antes, aqui ocorreram fatos históricos que na verdade não mereceu a devida consideração por parte dos historiadores. Não foram os portugueses os primeiros brancos a entrar em contato com os silvícolas. Os fatos narrados por Hans Staden nos falam de que ele mesmo, viajante alemão, teria sido aprisionado e trazido para as terras de Iperoig para ser sacrificado aos deuses como inimigo português que os índios pensavam ser. E qual o porquê dessa inimizade aos portugueses e não aos franceses e até mesmo aos alemães, quando Staden afirmou não ser português?” (Ubatuba ou Ubachuva uma questão de geografia).
É que desde as primeiras décadas do século 16, todo o território “descoberto” pelos portugueses foi progressivamente integrado à economia européia. Com o início do processo de colonização, teve início o processo de desmantelamento das culturas indígenas.
O Resgate do Museu Caiçara...Set/2005
Jurei não mais usar a palavra resgate, mas, depois de dois anos de muita luta e com o prédio interditado e demolido, conseguimos dar início à reconstrução do Museu Caiçara.
Antes de qualquer coisa quero agradecer quem realmente vem ajudando no resgate do Museu Caiçara e peço muita atenção ao prezado leitor para destacar os seguintes resgatadores e colaboradores: Madereira O MADEREIRO; CASA NOVA Materiais para construção; Madeireira RONDÔNIA; Madeireira PACÚ MADEIRAS; Madeireira GETUBA; CIMENTUBA Materiais para construção; Casa ARCO-IRIS; Escola COOPERATIVA EDUCACIONAL; TONINHO Terraplanagem; Projeto TAMAR; Jornal A CIDADE; Rádio Costa Azul; Luiz Moura do www.ubaweb.com; Emilio Campi do Litoral Virtual; museólogo Luiz Ernesto Kawall; arquiteta Íris Carneiro, empresário Rogério Frediani e o meu estimado amigo carpinteiro Cebolinha.
FAZENDA VELHA
Thomaz Cancer já fabricava uma boa pinga no início do século XX. (Arquivo JRS) |
Seja bem-vinda, Mônica Inácio!
A minha vó Martinha foi menina de engenho. “Eu trabalhava, ainda novinha, no engenho de pinga do vovô Chico Cabral”, costumava relembrar de vez em quando. “Tinham outros que também faziam pinga, mas eu não conheci. O vovô contava de um engenho admirado por ele, onde tinha uma cachaça muito bem falada. Era perto da cidade, depois do Sertão das Cotias e do Morro da Berta. O dono era um tal de Tomás ”. Passou tempo. A Praia do Pulso, onde vivera o nhonhô Chico Cabral, também foi tomada por casarões. Vovó findou seus dias no bairro da Estufa.
RODOVIA OSWALDO CRUZ , DE UBATUBA A TAUBATÉ
No tempo do Brasil Colonial serviu como parte de um desvio da antiga Estrada Real, atual Via SP-171. Até hoje serve também como caminho alternativo do Vale do Paraíba para Paraty.
Brasil Colonial
A via foi construída, a partir de trilhas indígenas, para se ter um caminho, ainda no alto da serra, direto ao bairro do Registro, em Taubaté, local onde se registravam as mercadorias que saiam e chegavam ao porto de Paraty, assim os tropeiros não precisavam chegar ao porto, ir para Registro e voltar novamente ao porto. Então, este tal caminho era como um desvio no antigo Caminho do Ouro da Estrada Real, iniciava onde é hoje o km 20 da Via SP-171, em Guaratinguetá, passando pela Serra do Quebra Cangalha, seguindo o trajeto da atual daVia SP-153 até São Luiz do Paraitinga, que era o ultimo pouso antes da inclinada descida pelo caminho da Serra do Mar que, hoje, é o 2º trecho da Via SP-125.
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