quinta-feira, 13 de maio de 2010

HOMENAGEM : Comunidade de Serviço Emaús Ubatuba


COMUNIDADE EMAUS - UBATUBA -SP




INFORMAÇÕES GERAIS..............A atividade que escolhemos como nosso exemplo de atividade eticamente adequada e que ajuda o mundo a caminhar em direção à nossa utopia é o Movimento Emaús, que se define como um movimento que luta contra as causas e conseqüências da miséria e contra a marginalização das pessoas.

O movimento tem como lema “a força da partilha” e hoje em dia já se espalha por quase todo o mundo. No Brasil, há comunidades Emaús em diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí. Uma das comunidades de São Paulo, a que estudaremos mais a fundo neste trabalho, se localiza em Ubatuba, Vila Abbe Pierre, Rua Dois, número 10, CEP:11.680-000.

Blog da Emaús Ubatuba: http://comunidadeemausubatuba.blogspot.com/

SEO JORGE - COMUNIDADE EMAUS - UBATUBA - SP

Esta comunidade foi criada há dezenove anos, em 1990, tendo tido sua fundação oficial datada de fevereiro de 1994 e é dirigida e coordenada por Sr. Jorge da Cruz Oliveira (telefones para contato: (12)3833-6701/(12)3832-0265), baiano, que saiu de sua terra há treze anos com o objetivo de ajudar no estabelecimento do Movimento Emaús em Ubatuba.

Hoje em dia, na comunidade, vivem cerca de 24 famílias e 17 ex-mendigos em 23 casas, que são emprestadas às pessoas que lá chegam, até que estas tenham condições de se sustentar. É importante esclarecer que as casas não são doações, funcionam como um empréstimo com a intenção de que a família se estabeleça econômica e socialmente e cada uma das pessoas que vive lá assume um compromisso com o meio ambiente e tem de cumprir com algumas normas como: conservar a casa, respeitar o próximo e não consumir bebidas alcoólicas. Cada família é responsável por sua própria renda e a meta de seu Jorge é manter empregadas todas as pessoas que são aptas a trabalhar.



Além de fazer o máximo para fornecer independência a estas famílias, o Movimento Emaús também possui um princípio sustentável: “O lixo é separado e vendido; o esgoto é tratado por meio de um sistema alternativo, os resíduos viram adubo para as plantações; os dejetos dos porcos passam por um biodigestor e se transformam em gás natural e o alimento é cultivado em hortas da própria comunidade.” (NOTA DO PROFESSOR: atualmente o biodigestor está quebrado, quem sabe alguém por aí não se interessa em ajudar)


CONHECENDO A PROPOSTA

O movimento que surgiu na França, há 60 anos, em 1949, hoje adquiriu maior dimensão e já se espalhou por grande parte do mundo. Sua proposta é fazer com que haja maior solidariedade entre aqueles que vivem na pobreza, fazer com que eles tenham igualdade de direitos e melhores condições de vida.

Tudo teve início quando um padre francês chamado Henri Antoine Groués, também conhecido como Abbe Pierre, presenciando a cena de um ex-preso, Georges, que estava à beira da tentativa de suicidar-se, sugere que Georges o ajude a ajudar outras pessoas.

Já no Brasil, o movimento só veio a “nascer” em Abril de 1990, fundado pelo Padre João Benevides Rosário, com o intuito de oferecer a algumas famílias carentes a oportunidade de viver com dignidade e, posteriormente, o padre convidou Sr. Jorge da cruz Oliveira para conduzir o projeto da comunidade em Ubatuba e, até hoje, seu Jorge está neste encargo.

A Comunidade de serviço Emaús Ubatuba se estabeleceu com a ajuda de recursos da Comunidade Emaús da Europa e do movimento Emaús Internacional e, assim, foram construídas vinte casas que passaram a abrigar famílias que viviam na favela.

As principais dificuldades eram o tratamento do esgoto, visto que a comunidade foi construída pelos próprios moradores e constituiu-se em cima de um aterro sanitário. A solução deste problema foi o sistema de tratamento de esgoto, inventado por seu Jorge, onde os dejetos saem das casas por um cano e chegam à um tanque escavado contendo aguapés (plantas que auxiliam na purificação da água). Posteriormente a água passa por mais dois tanques, até que o processo de purificação esteja completo. Outro problema sério enfrentado, foi a baixa produtividade de alimentos, mas esta foi sanada por meio da assistência do Governo, que fornece cestas básicas e de recursos obtidos por doações.

As famílias que lá se estabeleceram, antes de morarem na comunidade, foram alvo de um trabalho de conscientização para a luta contra a miséria e as suas causas. O trabalho procura fazer uma valorização do ser humano, que inclui computação e datilografia, música, alfabetização de adultos, pré-escola, espanhol, e outros trabalhos, sempre visando a integração com o meio em que vivemos.

Hoje em dia, a Comunidade Emaús Ubatuba atende e beneficia cerca de 114 pessoas, que saíram da miséria e tem uma vida mais digna e autônoma. A Comunidade se mantém com a ajuda e esforço de seus moradores, que, juntos, trabalham no sentido de obter sucesso nas atividades que realizam, tirando delas subsídio às suas próprias sobrevivências. Além disso, há vários projetos e atividades em desenvolvimento, que visam beneficiar ainda mais toda a comunidade e desenvolver suas atividades, dentre estes:

- Projeto Traperia: consiste em recuperar objetos usados como roupas, aparelhos eletrodomésticos, móveis, brinquedos, e outros, com a finalidade de vender para as pessoas que não podem comprar esses objetos novos nas lojas, com isso, eles arrecadam dinheiro para pessoas carentes e é uma forma de trabalho para os que recuperam esses objetos.

- Horta Comunitária: A partir do cultivo feito pelos próprios moradores da comunidade, é possível a produção de alface, couve, coentro, salsinha, batata doce, milho, feijão e outros alimentos, para consumo interno por parte dos membros da comunidade.

- Projeto Marcenaria Escola: Com o objetivo da inserção de jovens no mercado de trabalho e geração de renda, foi desenvolvido com recursos de entidades ligadas à igreja (Paróquia Exaltação à Santa Cruz através do Frei Gastone Pozzobon), do Brasil e com uma comunidade da Itália e atende jovens entre 15 e 18 anos que aprendem marcenaria.


- Oficina de Oração: Iniciativa do grupo de jovens da comunidade, que tem como objetivo a retirada de jovens e adolescentes da marginalidade, por meio do conhecimento da palavra de Deus, para que aprendam a viver em Comunidade e a fazer o bem ao próximo.


- Projeto da Padaria Comunitária: Objetivo de envolver a comunidade num projeto de onde tirarão o próprio sustento.


- Projeto Inclusão Digital: Sonho da comunidade, tendo em vista a necessidade do mundo contemporâneo de se saber informática, baseia-se no objetivo de levar o conhecimento básico de informática à crianças e adolescentes que estão estudando e ainda não tiveram a oportunidade de entrar em contato com a informática, além disso, visa melhorar a aptidão destas crianças e adolescentes ao mundo do trabalho.


DISCUSSÃO

Tendo em vista a realidade que presenciamos no dia-a-dia, de uma sociedade desigual, onde muita riqueza se concentra nas mãos de uma pequena parcela da população e muitos enfrentam situações miseráveis, vemos como prioridade a reestruturação da sociedade, de modo que esta caminhe no sentido da instituição de uma sociedade mais igualitária, onde todos tenham a oportunidade de, ao mínimo, participar ativamente e não ser marginalizado.



Sociedade onde o acesso às necessidades básicas seja realidade para todos e ao invés de reinar a competição, reine a cooperação.

Além disso, assumimos como de suma importância o encaminhamento do nosso modo de vida, dentro do possível, a uma forma mais sustentável, onde convivamos com mais harmonia com o meio.

Para nós, a Comunidade Emaús caminha em direção a esta utopia pois, primeiramente, é um projeto que recebe a todo e qualquer um, ou seja, não possui iniciativa de segregação, estando de acordo com o ideal de ser acessível. Além disso, tem como base a cooperação, onde o trabalho de cada um da comunidade é importante para que se atinja o sucesso das atividades do local e, estas, garantem subsídio para que as famílias moradoras tenham uma vida digna e independente.

Trata-se de uma iniciativa de acabar com a miséria, que, hoje em dia, é um dos mais sérios problemas que enfrenta o nosso país. E este objetivo tenta ser alcançado tentando-se possibilitar e subsidiar a inserção das pessoas da comunidade no mundo do trabalho, com projetos como o Projeto Inclusão Digital e o Projeto Marcenaria Escola, além de buscar reintegrar aqueles que encontram-se marginalizados por alguma circunstância.

Sua tentativa de ser uma comunidade sustentável faz com que se repense o modo de vida, de maneira que, lá, o impacto ambiental produzido seja ínfimo. As hortas comunitárias das quais a comunidade cuida para que desta provenham alimentos para as famílias, são um exemplo de uma perspectiva de vida diferente, que foge ao sistema, na qual não se pensa na produção em larga escala para que se venda o excedente e obtenha-se lucro, mas sim numa pequena produção, suficiente, apenas, para alimentar a comunidade. O pouco resíduo que a comunidade produz é tratado e destinado lá mesmo. A água passa por um processo próprio de limpeza e os resíduos orgânicos são aproveitados como adubo. Os dejetos dos porcos passam por um biodigestor e se transformam em gás natural, ou seja, tudo é aproveitado ao máximo e, nessa perspectiva, são criadas novas formas e meios próprios, simples e alternativos de geração de energia, tratamento de água e aproveitamento de resíduos, que são acessíveis e objetivos para beneficiar a vida da comunidade.



E é por isso que a Comunidade Emaús de Ubatuba já concretizou grande parte de seus objetivos, desde que se iniciou. Dezenas de famílias já passaram por lá e, com a ajuda e contribuição dos moradores da comunidade, da região e dos organizadores, essas famílias, hoje em dia, adquiriram um grande suporte e já têm condições de vida muito melhores.



Mas como nada é perfeito, é importante ressaltar, também, que na Comunidade Emaús de Ubatuba, apesar de todos os benefícios trazidos aos moradores, estes tem que viver submissos a algumas regras da comunidade, impostas e objetivadas por seu Jorge, que é o “cabeça” do lugar. Não se trata de uma comunidade onde os moradores são livres para fazer o que querem, mas sim, assumem compromissos com a comunidade e com seu Jorge e, dentre eles, um exemplo é a não liberdade para pintar a casa da cor que queira. Todas as casas tem que ser padronizadas, como que para quem olha identificar mais facilmente que tratam-se de casas da comunidade, o que parece uma medida um pouco autoritária e patriarcal de seu Jorge. Apesar disso, talvez seja o papel moderador de seu Jorge que faça com que as coisas se encaminhem como devem, segundo o planejado, fazendo com que a comunidade tenha êxito em suas atividades e alcance seus objetivos. E, para nós, é admirável, não só que tenha surgido tão bela iniciativa, mas que haja alguém que, apesar de seus excessos, defenda-a com afinco.



Para nós, tendo em vista os conhecimentos que adquirimos ao longo dos anos sobre a organização da sociedade e do sistema em que vivemos, fica claro que o estabelecimento de uma comunidade como esta não é tarefa fácil - o que torna sua concretização ainda mais admirável - o que pode servir de explicação para o fato da Vila ainda ser relativamente pequena. Mesmo assim, com o bom encaminhamento e desenvolvimento desta, em parceria com as outras comunidades Emaús do resto do mundo, acreditamos que este projeto tem grande potencial como modo alternativo de organização social e modo de vida, fazendo o contraponto com o modo de vida insustentável e competitivo que adotamos hoje em dia.



Analisar uma comunidade alternativa como o Emaús é algo muito rico no sentido de enxergar que há outras maneiras de sobrevivência, por mais que a adoção generalizada deste sistema seja algo totalmente distante, idealista e utópico. Fica evidenciado que o simples fato de admirarmos e compactuarmos com algo ainda é muito pouco para que, de fato, cheguemos à este ideal.



Muita coisa teria de ser mudada e vivemos num contexto muito complexo. Afinal, se fosse fácil chegar ao sistema ideal, certamente não estaríamos neste estágio caótico em que estamos, mesmo assim, é bom ter algo em que se veja uma saída, algo em que se possa depositar credibilidade.





PARTE 4



Fontes de pesquisa:


Apostila do Trabalho de Campo do Curso Temático: Sustentabilidade e Tecnologia

http://ubatubense.blogspot.com/2008/04/especial-conhea-seu-jorge-do-emaus.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Ema%C3%BAs
http://www.ubatuba.sp.gov.br/noticias/view.php?id=1569
http://comunidadeemausubatuba.blogspot.com/2009/08/historia-da-comunidade-emaus-ubatuba.html

FONTE  / CORTESIA :
 
 
http://rizomas.net/cultura-escolar/producao-dos-alunos/utopia-e-cotidiano/285-comunidade-de-servico-emaus-ubatuba.html

ubatuba 2002 : Edílson José Souza " Campeão vai além dos seus limites"



Todos sabemos que a equipe União Paulista de Ubatuba é grande formadora de campeões. Os atletas do Jiu-jitsu mostraram toda sua potencialidade neste último campeonato Estadual sensibilizando até mesmo o comitê olímpico que estava presente ao evento.


O que poucos sabem é que um campeão da equipe, Edílson José Souza, 31, é portador de deficiência visual e também um dos conquistadores da vaga na classe Master para o mundial, que irá acontecer no próximo mês de junho.

Edílson (carinhosamente chamado pelos amigos de John) é paulistano. Veio para Ubatuba em 1985 acompanhando os pais. Quando criança, teve um problema de catarata que, com o passar dos anos, foi resolvido. Quando em sua vida adulta, aos 23 anos, um glaucoma (derrame na vista ocasionado por pressão alta atingindo diretamente a córnea) fez com que perdesse a visão progressivamente. Edílson diz ter sido uma fase muito difícil, principalmente para adaptar-se a nova situação imposta pela vida. No início, ele ficou dependente e um pouco atrapalhado com os sons e principalmente localização, mas resolveu acalmar-se e prestar mais atenção ao que acontecia ao seu redor. Então, as coisas começaram a fluir. Um amigo convidou-o para fazer musculação, isso em 97; logo recebeu o convite para treinar jiu-jitsu. Esta arte marcial de origem oriental é baseada apenas no contato físico direto, assim Jhon não encontrou grandes dificuldades para o aprendizado. E, para surpresa de todos, revelou-se um grande atleta conquistando diversos títulos: quatro vezes Campeão do Vale, cinco vezes Campeão do Litoral, Campeão do Estadual e agora irá disputar o Mundial. Seus orientadores diretos, como o prof. Edmilson Alvez, prof. Ozieo Hecher e o instrutor Trajano, dizem que ele tem um poder de assimilação de aprendizado muito maior que os outros atletas.

Jhon treina cerca de seis horas por semana e já está na faixa roxa. Isso significa que, se continuar neste ritmo, em um ano e meio já estará conquistando a faixa preta e se tornará apto a instruir novos adeptos do esporte.

Mas John, como todo atleta ubatubense, enfrenta um dos maiores problemas profissionais: a falta de patrocínio. Assim suas inscrições são realizadas através de muita dificuldade e com a ajuda de todos os colegas, também atletas. Aliás, uma curiosidade: quando seus orientadores inscrevem o John em campeonatos não revelam sua deficiência visual e o adversário luta de igual para igual, não tem moleza! O menino é bom mesmo! E irá disputar com toda sua equipe ubatubana até o final do ano os títulos dos campeonatos: Internacional Máster, Carioca, Mundial e Brasileiro.

Quem quiser patrocinar este grande atleta é só entrar em contato através do telefone: (12) 9766-8592, falar com Ozieo. John deixa um recado: “Nunca irei desistir das minhas conquistas!”


JORNAL  A  SEMANA :  Ubatuba 18 de Maio de 2002 Edição Nº 184 Ano III

ubatuba 2002Abelhas invadem Igreja



Após receber uma denúncia do Ubatuba Palace Hotel a respeito de um número significante de abelhas africanas na redondeza, a Defesa Civil de Ubatuba pediu que a população desta região ficasse atenta. Assim um dos membros da Igreja Evangélica Ágape confirmou a denúncia de um foco deste inseto, que estaria no forro do templo. A ação foi iniciada nesta última quinta-feira,16, quando os integrantes da Defesa localizaram as colméias a 12m de altura entre o forro e o telhado com cerca de duas a três colméias. Segundo o apicultor responsável pela ação, Ovídio Ribeiro, cada colméia é constituída de 60 a 80 mil abelhas. O local foi interditado durante o período da remoção para segurança da população. As colméias foram transportadas para um local seguro fora do perímetro urbano.

O veneno da abelha africana causa inchaço somente no local da picada, porém se o caso é de alguém alérgico pode ser fatal. De acordo com as estatística, há cinco anos, as ocorrências giravam em torno de 10 a 15 casos/ano. Em 2.001, foram 32 denúncias/ano. E desde do inicio deste ano já foram efetivadas 45 denúncias, sendo 24% na área central do município.

A Defesa Civil de Ubatuba defende a tese de que as abelhas africanas estejam sofrendo com o desmatamento da Mata Atlântica. Com a escassez de alimento natural, elas estariam adaptando-se a cidade em busca do néctar industrializado, como refrigerantes e alimentos compostos por açúcar. Eles também dizem que a ação está sendo realizada desde o início do ano consecutivamente. Ao final desta edição, eles tinham recebido uma outra denúncia na rua Liberdade, centro do município. As ações da Defesa Civil só estão podendo ser realizadas graças ao investimento de R$40 mil em equipamentos pela atual gestão no início do ano. Porém, a pequena e empenhada equipe conta com apenas seis pessoas para atender todo o município, sendo que um está de licença, dois ficam na assessoria interna e três para operação. Ela conta sempre com voluntários da comunidade e nesta operação três estão participando. Conta também com apoio da Guarda Municipal e de um apicultor cedido pela Secretaria de Agricultura e Pesca desde o início do ano, devido ao grande número de ocorrências.

No inicio do ano, uma criança ao passar de bicicleta em frente a um terreno foi atacada com 240 picadas das abelhas que teve sua colméia atingida acidentalmente.

A população, ao suspeitar de colméias, deverá entrar em contato direto com a Defesa Civil através do fone 199 e esperar as providências desta autoridade competente. É importante não mexer ou jogar nenhum tipo de inseticida, pois, quando elas se dispersam, tendem a eleger uma nova rainha e iniciar uma nova colméia.
 
JORNAL  A   SEMANA : Ubatuba 18 de Maio de 2002 Edição Nº 184 Ano III
 
 

UBATUBA 2000 : Promotores despedem-se de Ubatuba

Há 4 anos e 4 meses na cidade, “um recorde para um promotor de Justiça em Ubatuba. Nunca ninguém ficou tanto tempo aqui”, os promotores Elaine Taborda Dávila e Flávio Boechat se despedem reforçando a informação de que o número de processos por calúnia e difamação, principalmente nos últimos dois anos, têm crescido muito. “As pessoas, infelizmente, se preocupam muito com a vida alheia, e acabam esquecendo de produzir. Acho que, se as pessoas se preocupassem mais em produzir, e criticassem menos, a cidade se desenvolveria melhor.”

Leia a seguir os trechos mais interessantes da entrevista exclusiva que os promotores concederam ao Jornal A Semana.



A Semana: Quais suas atribuições em Ubatuba?

Taborda: Curadoria da Infância e Juventude, Meio Ambiente e Fundações.

Flávio: Os processos Cíveis e Criminais da Primeira Vara e a Promotoria de Justiça dos Direitos Constitucionais do Cidadão.



AS: Com a sua partida, quem assume seus encargos?

Taborda: Infelizmente, agora volta um esquema que acho que não ajuda muito o andamento dos processos. São promotores substitutos, que vão passando pelo cargo de 30 em 30 dias. Isso porque ninguém escolhe vir para cá. É uma cidade muito complicada, com fama de complicada tanto no Ministério Público como no Judiciário. Não que os outros promotores sejam menos qualificados, não é isso. Mas acontece que, quando um Promotor de Justiça vem como uma designação de 30 dias, ele não tem muito tempo para se inteirar dos processos. Ele não consegue integrar à Sociedade. E eu acho que, para um Promotor oferecer uma resposta satisfatória, ele tem de estar integrado à Sociedade que ela trabalha, pois senão ele não sabe quais são os anseios, porque no papel eles são uns, e na real, são outros.



AS: De onde veio esta promoção?

Taborda: Eu já havia me inscrito duas vezes para a promoção e desistido. Agora eu me inscrevi e deu certo, fui promovida. E porque eu acho que a minha função como promotora de Justiça acabou me causando um desgaste muito grande. Acho que acabei trombando com os interesses grandes da cidade, e com isso você passa a enfrentar enormes dificuldades,. Então as questões que eram no início processuais, ou questões de Justiça, acabam virando pessoais. E isso me afetou muito, pois eu não consegui alguns dos meus objetivos na área de Infância, Meio Ambiente. A Fundart me escapou pelas mãos. Chega uma hora que você não consegue mais investir nos seus objetivos. É um desgaste natural de uma relação de estrutura de poder.



AS: Agora, de partida, o que a Sra. pensa sobre essa situação que a cidade está vivendo: o prefeito eleito e seu vice afastados; o presidente da Câmara assume só por um mês e logo em seguida já assume o novo presidente da Câmara; e esses vereadores que também sofrendo processo de cassação?

Taborda: Eu, de uma certa forma, me orgulho muito disso, pois é o resultado de um trabalho sério. Se houve o afastamento do prefeito, se os vereadores estão na mira de um processo, se houve problemas em questões ligadas ao Meio Ambiente e a Infância, é porque nós trabalhamos. Porque eu acho que um Promotor que não trabalha, não incomoda. Acho também que todos esses fatos que você acabou de citar fazem parte de um processo de depuração, porque o que é bom tem de ficar, e o que é ruim tem de sair. Eu só gostaria que a cidade de Ubatuba, que a comunidade tomasse nas mãos processos que a gente está deixando aqui, pois isso é o exercício efetivo da cidadania. E não sentar aí no Calçadão, na praça Nóbrega e ficar criticando a Prefeitura, os vereadores, a Fundart, sem tentar apresentar soluções. Eu acredito que as pessoas em Ubatuba, algum dia, vão colocar a mão na consciência e perceber que elas moram num lugar fantástico. Mas que pelo amor de Deus, que elas sejam favoráveis às coisas boas, que elas tenham boas idéias para tornar este um lugar decente, legal de se viver.Eu me orgulho muito deste período que eu fiquei aqui em Ubatuba, acho que o Ministério Público nunca pode ser acusado de omisso. Podemos ser acusados de termos sido vagarosos em algumas questões devido a estrutura de trabalho. O Ministério Público não dá uma resposta a altura, ainda, por conta de sua falta de agilidade. Por não ter uma infra-estrutura adequada para atender os interesses aos quais foi destinado

Flávio: Eu acho que as coisas estão meio encaminhadas. Essa ação civil pública que implicou o afastamento do prefeito, ela está correndo, e acredito que esse ano ela deva terminar e deve ser julgada aqui em Ubatuba. Qualquer que seja a decisão uma das partes vai recorrer. Quanto à questão dos vereadores, ainda não há ação civil pública, mas o inquérito civil está em tramitação. Foi deferida a quebra do sigilo bancário e em relação a outros dados e, acredito eu, que com estas informações seja possível tomar uma decisão definitiva dentro deste procedimento. A população precisa se empenhar em nome do que traz benefício para o município, como é o caso da Fundart. A impressão que nós temos do município é que sempre existe um movimento contrário a alguma coisa. As críticas são todos destrutivas. É difícil você ver ou ouvir aquela crítica construtiva, que apresenta possibilidades de crescimento, uma solução viável para solucionar o problema.

JORNAL A SEMANA
Publ. Semanal - Edição 73 - Ubatuba, 31 de março a 5 de abril de 2000
 
 

UBATUBA 2001 : Programa é apresentado aos vereadores


O desemprego é um problema que aflige toda a sociedade brasileira e várias soluções têm sido sugeridas para o seu combate. Com essa preocupação, a Prefeitura Municipal vem desenvolvendo um programa, que foi apresentado aos vereadores em reunião que aconteceu na última terça-feira, dia 8, e que contou ainda com a presença do vice-prefeito Moralino Valim Coelho (PMDB), do assessor de Assuntos Comunitários Arimar Vieira e funcionários da Secretaria de Assistência Social.


Os vereadores puderam conhecer todas as etapas do programa e o que já vem sendo pesquisado e discutido nas comunidades, associações de bairros, igrejas e outras entidades para a elaboração de um diagnóstico completo das necessidades, carências e expectativas do município. Foram colocados a necessidade e o incentivo ao cooperativismo como ferramenta de trabalho direcionado, desenvolvendo um produto que já tenha aceitação no mercado escoando toda a produção.

O programa tem como objetivos a capacitação da mão-de-obra da população local mais carente para que preste um serviço de melhor qualidade em todos os ramos, satisfazendo as expectativas do empresariado que tanto sofre com funcionários desqualificados; inibir a imigração e a importação de mão-de-obra; resolver o problema de crianças nas ruas; criar um departamento especializado para apresentar os profissionais capacitados; suprir a carência na área de construção civil, entre outros.

O vereador Dr. Maurício Leite (PMDB) mostrou-se sensibilizado e colocou-se à disposição para trazer um projeto da Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento do Estado, que dá toda a infra-estrutura, todo o suporte até que a firma se torne independente e possa caminhar sozinha.

Quanto aos recursos para financiar o programa, será instalado um banco do povo, que só depende de contatos políticos.

O presidente da Câmara, vereador Gérson de Oliveira (PMDB), colocou que o importante é que se tenha um projeto elaborado, algo concreto, para se conseguir a verba necessária para implantá-lo e desenvolvê-lo.

Enrico Bonomo, coordenador do programa, prometeu que dentro de um mês, no máximo, o projeto estará pronto para ser viabilizado.

Os edis mostraram-se interessados, fazendo sugestões e colocando-se à disposição dos coordenadores do programa, Enrico Bonomo e Gerusa Rocha, que no próximo dia 22, às 9h, estarão reunidos na Secretaria de Assistência Social com representantes do Senai/Taubaté, Rotary Club de Ubatuba, Asel e Emaús, discutindo a reativação da escola de capacitação Francisco de Assis, no bairro da Estufa II.


FONTE ;  Jornal A Semana

Publicação Semanal - Edição 131 - Ubatuba, 12 Maio de 2001

UBATUBA 2003 : Câmara acaba com a Zona Azul das praias

Na primeira sessão extraordinária deste ano (03/01), também primeira sessão sob a presidência do vereador Rogério Frediani, casa lotada e em segunda discussão o projeto de lei do vereador Eduardo César, que acaba com a cobrança do estacionamento nas praias na cidade.


Nesta sessão, mais de 100 funcionários da Comtur (Companhia Municipal de Turismo) estavam presentes, além do presidente e do diretor financeiro da empresa de turismo da cidade e vários secretários da atual administração.

Aberta a sessão e começam as discussões. O vereador Domingos dos Santos (PT) usa a tribuna para ler um artigo escrito pela ADC (Associação de Defesa da Cidadania), escrito em 1999 e publicado no jornal A Cidade, que cobra dos vereadores uma posição sobre a cobrança da Comtur, pois, segundo o artigo, não se sabe onde são aplicados os recursos da Comtur; a empresa tem uma dívida muito grande. Entre outras coisas, o que chama a atenção é que mesmo o artigo ter sido escrito há mais de três anos ele ainda é atual e reflete a realidade de hoje.

Os anos se passaram mas as coisas na Comtur, pelo visto, continuam do mesmo jeito.

Outra curiosidade neste artigo, e muito comentada pelos vereadores, é que o artigo foi escrito pelos Sr José Carlos e Professor Cursino, homens hoje de confiança do prefeito e que fazem parte da atual administração. Segundo o vereador, homens sérios que sabem o que escrevem e conhecem os problemas da cidade.

Já o vereador Ricardo Barbosa fez uma magnífica defesa para que o projeto fosse adiado para a primeira sessão ordinária, visto que muitas pessoas poderiam ficar sem emprego em plena temporada, e o vereador Osmar de Souza também apoiou o pedido de Barbosa para que o projeto fosse adiado.

Os vereadores Charles Medeiros e Eduardo César foram dois leões defendendo o fim da cobrança, mas sempre deixando claro que não são contra a cobrança. São, sim, contra a forma em que ela vem sendo feita e a falta de investimentos por parte da Comtur que não cumpre a lei. Medeiros ainda citou a falta de respeito do Poder Executivo para com todos que por decreto quer mudar as leis, que o prefeito parece o imperador romano, ou melhor, pior que isto, pois o imperador romano ainda respeitava o congresso e o prefeito de Ubatuba está acima da lei e não respeita ninguém, quer governar a cidade agora por decreto passando por cima da Câmara Municipal, pois num decreto recente o prefeito desobriga a Comtur da responsabilidade pelos carros estacionados em Zona Azul, mas a lei prevê segurança e seguro para os veículos estacionados. Segundo Charles só o prefeito de Ubatuba pode ter uma idéia desta de por decreto acabar com um artigo da lei. “Vamos ver juridicamente o que pode ser feito, pois o prefeito não pode agir assim”, desabafou Charles.

Os vereadores questionaram a arrecadação da Comtur, pois de acordo com vários artigos e levantamentos, a empresa deveria arrecadar mais que o dobro do que apresenta, segundo até um laudo do DER, que aponta o número de carros que cabe no estacionamento, multiplicado pelo valor cobrado por carro só na praia Grande a Comtur deveria ter uma receita superior a que apresenta em toda a cidade.

E as discussões de lá e de cáa foram grandes e muitas vezes os funcionários da Comtur batiam palmas para os vereadores que estavam defendendo o fim da cobrança, pois estavam entendendo o que estava acontecendo. Uma coisa ficou muito clara: nenhum vereador é contra a cobrança. São contra a forma como ela vem sendo feita e a falta de postura da Comtur em dar explicações sobre a cobrança e a falta de investimentos feita pela empresa.

O vereador Eduardo César ainda citou que a época em que a Comtur mais investiu foi na administração do Armando, onde várias obras foram realizadas, inclusive as muretas da paria e, na época, o presidente não tinha salário como acontece hoje. O vereador ainda deixa claro que não tem nada contra a pessoa do presidente da Comtu,r Luiz Bischof, tem sim contra o presidente da Comtur. Eduardo fez um desafio e perguntou a todos os vereadores se algum deles foi procurado pelo prefeito em algum momento para adiar o projeto ou não votar, que o vereador que foi procurado pelo prefeito balançasse a cabeça que ele já aceitaria. Nenhum se manifestou, até mesmo o vereador Barbosa que defendia a Comtur ficou quieto. E continuou Eduardo: “Se nem o prefeito se manifesta a favor, porque continuar com a cobrança. Parece até que é o que o prefeito quer.”

O pedido de adiamento foi recusado e o projeto foi aprovado por dois votos contrários. O vereador Samuel dos Santos havia saído do plenário e não votou; o último projeto da noite que era de sua autoria foi retirado da pauta e a sessão foi encerrada.

A velha Comtur

O que vemos é a história se repetir a cada ano que passa. A lei que criou a cobrança de estacionamento prevê que a empresa invista em obras de melhoria das praias e seja obrigada a manter o leito carroçável onde cobra estacionamento, além de ter um seguro contra furto e acidentes sobre os veículos ali estacionados. Coisa que nunca aconteceu: nem seguro, nem as ruas são arrumadas pela empresa. Muito por baixo dos panos, as pessoas que tiveram toca-fitas furtados ou pequenas avarias em seus veículos, iam até a Comtur, discutiam e exigiam ser ressarcidos e foram atendidas. A Comtur pagou o prejuízo, mas sem anunciar pois os que não reclamaram ficaram com o prejuízo.

Ninguém, na realidade, é contra a cobrança de zona Azul na praia ou na cidade. O que todos questionam é a falta de apresentação das coisas que a Comtur faz, uma satisfação para a Câmara Municipal e para toda a população sobre o que foi arrecadado, onde foi investido, o que sobrou ou o que faltou. Isto é que todos queriam ouvir, mas não se consegue muitas informações da Comtur, ou quando ela dá informações é para a mídia de fora da cidade.

Em um manifesto que estamos publicando, o presidente da Comtur alega que se os vereadores acabarem com a cobrança, muitos serviços vão deixar de acontecer.

O presidente se esquece que a Comtur já sobrevivia há anos sem a receita do estacionamento e fazia muita coisa. Se a falta da cobrança vai acabar com certos serviços que o presidente alega, não sabemos. Cabe a prefeitura administrar este problema. Agora temos também a Secretaria de Turismo que tem uma receita mensal que pode muito bem administrar estes serviços. O que vemos também é um exagero por parte do presidente em querer fazer tempestade em um copo d’água e colocar todos os funcionários temporários em estado de desespero; a grande maioria das pessoas que trabalha na cobrança sabe que seus empregos só duram ate o fim da temporada, no máximo.




JORNAL A SEMANA ; Ubatuba 09 de Janeiro de 2003 Edição Nº 217 Ano III

UBATUBA 2002 : Prefeitura salva Santa Casa do colapso financeiro

Na segunda-feira, 4, o prefeito Paulo Ramos (PFL) esteve reunido com a Provedoria da Santa Casa de Ubatuba e anunciou o aumento do repasse de R$ 153 mil para R$ 250 mil/mês, totalizando R$ 3 milhões/ano, o que representa 5% do orçamento anual da Prefeitura, o maior subsídio de todos os tempos. A medida foi adotada para manter a Santa Casa em funcionamento e tirá-la do vermelho financeiro, o que vinha comprometendo a qualidade dos serviços. A prefeitura alocará recursos suplementares e o repasse começa em março.


A decisão de aumentar o repasse surgiu após diagnóstico realizado na Santa Casa pelo consultor de área hospitalar contratado pela prefeitura, Francisco José Soares Meireles. As informações contábeis levantadas identificaram a necessidade do aumento do repasse para resolver o problema administrativo. A determinação foi do prefeito Paulo Ramos para cobrir o déficit orçamentário causado pela emenda do Legislativo e para eliminar o constrangimento mensal da diretoria da Santa Casa em busca de recursos para cobrir os custos.

Meireles está prestando assessoria na Secretaria de Saúde desde quando o atual secretário Jurandiau Lovizaro assumiu a pasta. Por determinação do prefeito, Lovizaro encaminhou Meireles para diagnosticar e identificar as necessidades de repasse para a Santa Casa. Ao término do levantamento, chegou-se ao valor de R$ 250 mil/ano, para a manutenção de todas as despesas. Meireles disse que o prazo para o equilíbrio é de seis meses e que a Santa Casa estará promovendo uma remodelação administrativa.

A receita mensal da Santa Casa gira em torno de R$ 500 mil, incluindo os convênios com planos de saúde. Dentro do orçamento da Santa Casa está o repasse da Prefeitura de R$ 40 mil para administração da UNIR (Unidade Integrada de Reabilitação) e R$ 153 mil do convênio, cerca de R$ 180 mil do SUS (Sistema Único de Saúde), R$ 65 mil do PSF (Programa Saúde da Família) e R$ 30 mil do Programa Qualis do Governo Estadual. A folha de pagamento de cerca de 230 funcionários absorve quase 50% da receita. O déficit mensal é de cerca de R$ 70 mil.

Na reunião, Paulo Ramos lembrou que desde o início de sua administração vem implantando uma política de mais investimentos nas áreas sociais, com o único objetivo de proporcionar um melhor atendimento aos munícipes. “Quando assumimos a Prefeitura, o repasse à Santa Casa era de R$ 120 mil. De imediato, aumentamos para R$ 153 mil. No orçamento 2002, tivemos uma grande preocupação e destinamos R$ 4 milhões/ano, o que foi dificultado pelo Legislativo. O nosso principal objetivo é ser parceiro e proporcionar qualidade”, afirmou Ramos.

Estiveram na reunião o vice-prefeito Moralino Valim (PMDB) e os secretários de Saúde, Jurandiau Lovizaro; de Finanças, Luiz Nunes; de Administração, Luiz Marino Jacob, a provedora Sylvia Ley e toda a diretoria da Santa Casa. Jurandiau Lovizaro considerou uma data histórica. Luiz Nunes enfatizou a busca de soluções definitivas. Luiz Marino encara este apoio como uma gestão responsável e com o fim do paternalismo. O vice-provedor Paulo Pena afirmou que a Santa Casa não teria condições de sobreviver até o fim deste primeiro semestre.

Ao final da reunião, a Provedoria comprometeu-se em corrigir erros, alterar atendimentos incorretos, estabelecer novas regras, buscar a regularização tributária através da renegociação das dívidas e, com isso, mudar a cara da saúde de Ubatuba. O convênio da Prefeitura com a Santa Casa é fiscalizado pelo Conselho Municipal de Saúde e autorizado pelo Legislativo. Paulo Ramos solicitou aos diretores da Santa Casa que realizem prestações de contas periódicas para dar maior transparência no trato do dinheiro público.

Obras de ampliação



Em abril de 2001, Ramos fez a doação de R$ 140 mil para o início das obras de ampliação da Santa Casa de Ubatuba. Ao final, serão mil metros quadrados de área construída. A estrutura tem capacidade para levantar cinco andares, mas o projeto prevê três andares. A obra teve início há seis meses e até o final deste ano estará com quase 100% concluído o primeiro piso. Estará oferecendo um novo centro cirúrgico, mais apartamentos e salas de recuperação.

Com o apoio da prefeitura, a Santa Casa buscará recursos da ordem de R$ 500 mil junto ao Governo do Estado para a conclusão da primeira etapa das obras de ampliação do hospital, que hoje possui 80 leitos e não conta com UTI.

A conclusão estará resolvendo o problema do atendimento de saúde no município e aumentando a receita com mais quartos para o atendimento dos convênios dos planos de saúde. Estará preparada para o atendimento na alta temporada que quintuplica.





JORNAL  A  SEMANA _ Ubatuba 09 de Fevereiro de 2002 Edição Nº 170 Ano III

GRANDES UBATUBENSES : BATISTA DE OLIVEIRA , o " Homem da Luz "


Baptista de Oliveira, nascido em Ubatuba em 13 de janeiro de 1904, sempre teve grande respeito e consideração pelos conterrâneos caiçaras. Desde tenra idade trabalhou para ajudar sua mãe.




Ubatuba tinha poucas ruas. Em cada esquina havia um lampião a querosene que era aceso por ele diariamente, clareando precariamente onde as moças e os rapazes se encontravam para conversar e namorar, os mais velhos para contar "causos" e muitas estórias folclóricas criadas pelo povo, onde entrava também a caça e a pesca. Curioso era o cálculo feito na dosagem de querosene, pois para o Baptista não voltar para apagar os lampiões, colocava-lhe certa quantidade para acabar, coincidentemente, apagando-os.



Por volta de 1928, tornou-se responsável pelo fornecimento de energia elétrica no município de Ubatuba, que na época era tocada por uma usina hidrelétrica, movimentada pela cachoeira do Perequê-Açú, hoje Usina Velha. Diariamente se deslocava de bicicleta, seu meio de locomoção, para ligar o gerador às 17:00 horas, abrindo a comporta da represa através de um volante de ferro, para a água movimentar a turbina, espécie de grande ventilador, que ao girar seu eixo acionava-o gerando energia. Às 22:00 horas retornava fazendo a operação inversa para represar a água, desligando assim, toda a luz que clareava Ubatuba. Essa operação repetiu-se por longo tempo.



Em 1938 Baptista foi morar num sobradinho, construído sobre a casa de máquina, onde era gerada a energia elétrica, casado então, com Benedicta Antunes de Oliveira, caiçara da praia do Cedro. Tiveram dois filhos, Batista de Oliveira Filho e Lydia Baptista de Oliveira. Havia aproximadamente 140 residências em condições de receber energia elétrica.

Em 1948 mudou-se com a família para uma casa no centro da cidade, esquina das ruas Professor Thomaz Galhardo e Coronel Domiciano, com a inscrição "FORÇA E LUZ DE UBATUBA" - CTI - Companhia Taubaté Industrial, segunda firma de energia elétrica vinda de Taubaté, eliminando a anterior "Bremência".

Nessa época a energia funcionava no município o dia todo, contando com aproximadamente 400 residências em condições de recebê-la. Baptista, o Homem da Luz, como era conhecido, colocava a escada feita de bambu de vez, por ser mais leve que a de madeira, aos ombros, saindo para fazer novas ligações e reparos na rede elétrica, cumprimentando a todos que encontrava tirando o chapéu em sinal de respeito, com a mão segurando a escada. Nas suas horas de descanso, atendia aos pedidos dos amigos, que eram muitos, sem cobrar um tostão sequer, consertando aparelhos elétricos, como ebulidores, chuveiros, ferros e fogões elétricos. A honestidade era o que mais prezava, pois, quando não tinha mais condições de recuperar os aparelhos fazendo emendas, comprava as resistências, apresentando aos donos a nota fiscal bem como as queimadas.

Em junho de 1962, foi aposentado, mas antes, ou seja em abril do mesmo ano, recebeu um prêmio da empresa, pelo seu bom desempenho, admitindo seu filho Batistinha, ainda menor de idade, que continuou na Empresa até maio de 1969, quando foi encampada pela CESP (Centrais Elétricas de São Paulo), trabalhando até março de 1992, aposentando-se como seu pai.

Baptista de Oliveira faleceu no dia 25 de outubro de 1980 na casa em que residia, construída por ele mesmo na rua Cunhambebe, lá deixando os seus filhos e esposa.

Tempos saudosos, do Homem da Luz, da primeira casa com energia elétrica e do primeiro rádio de Ubatuba, onde faziam fila para ouvi-lo.

Baptista de Oliveira foi um homem íntegro, responsável, educado, honesto, boa índole e personalidade. Sabia dizer sim, sabia dizer não. Um verdadeiro símbolo do homem ubatubense. - João Claro da Rocha


FONTE / CORTESIA

http://www.ubaweb.com/