Há muitos anos atrás, o amigo Amaro Ricardo Assunção, que vivia bêbado pelas ruas, mas era gente fina, encontrou a mim - que era vereador à época - e ao Pedro Paulo Teixeira Pinto - então Secretário de Educação - num desses bares ou restaurantes da vida. Amaro tirou de dentro de sua calça alguma coisa, que estava embrulhada em papel de jornal, desembrulhou e entregou ao Pedro Paulo. Era sua Carteira de Trabalho. E disse, então, a ele: - Por favor, Pedro, guarde com você este meu documento, porque, se ficar comigo, eu vou acabar perdendo; assim como já aconteceu com outros. E, justificou: - É que, quando eu morrer, não quero ser enterrado como indigente... Obviamente, ante tal justificativa, Pedro Paulo guardou consigo a Carteira de Trabalho do Amaro. Alguns anos depois, o Pedro Paulo era prefeito de Ubatuba, quando ouvi dizer que o Amaro havia morrido, em Caraguá. Lembrei-me do episódio - de sua paúra e seu pedido - e procurei pelo Pedro para avisá-lo. O Pedro me esclareceu: - Já me disseram mesmo, Gilmar! Mas eu mandei verificar, e é boato. Ufa!... Nesse caso, foi como diz meu pai, um momento de felicidade. Depois, voltamos a encontrar, por diversas vezes, o Amaro em Ubatuba, com seu modo típico de se juntar às pessoas, geralmente com uma flor na mão e muita humildade: "- Licência..."... Anos depois, ele sumiu. Nunca mais o vi. A última vez que soube dele, me disseram que estava morando em Taubaté, com uma filha. Se ainda vive, não sei, acho que já passou para o outro lado do caminho... Seja como for e onde for, que esteja envolto na Paz, na Luz e no Amor de Deus! Aliás, que estejam! Com certeza estão!
GILMAR ROCHA via pagina pessoal no Facebook