segunda-feira, 10 de maio de 2010

FALA CAIÇARA : NENÊ VELOSO : Recordar é viver duas vezes

O atual mapa do estado de São Paulo seria assim, caso existisse hoje o Estado do Rio Sapucaí...........Leiam com atenção.  Conforme matéria de autoria do historiador taubateano, Gilberto Martins, publicada na revista Vitti página 22, intitulada “TAUBATÉ, A CAPITAL DO ESTADO DO RIO SAPUCAÍ”.



TAUBATÉ A CAPITAL DO ESTADO DO RIO SAPUCAÍ



A região do Leste Paulista, que reúne as microrregiões do Vale do Paraíba, da Serra da Mantiqueira e do Litoral Norte, não faria parte do atual Estado de São Paulo caso uma proposta apresentada pelo senador Joaquim Floriano de Godoy fosse aprovada no Senado brasileiro do século 19, no final do Segundo Império.

Tanto o Vale do Paraíba, quanto a Serra da Mantiqueira e mais o Litoral pertenceriam hoje ao Estado do Rio Sapucaí tendo Taubaté como capital estadual.

Na sessão de 05 de outubro de 1887, no Senado do Império, dois anos antes da proclamação da República, o senador paulista Joaquim Floriano de Godoy, apresentou projeto de lei propondo a “criação da Província do Rio Sapucahy, tirando para seu território, o sul da Província de Minas Gerais e o Norte (da também Província) de São Paulo”.

Na época, o atual Leste Paulista era o Norte de São Paulo; daí a razão da denominação Litoral (do) Norte. Até recentemente, Aparecida era conhecida por Aparecida do Norte.

Para justificar o desmembramento do Sul de Minas Gerais e o Norte de São Paulo, Godoy argumentou que, mesmo sendo ricas e populosas, as duas regiões eram ignoradas pelas governanças das suas respectivas províncias.

Juntas, as duas regiões somavam uma extensão territorial de 193.170 quilômetros quadrados com 65 municípios, nos quais residiam e trabalhavam um milhão de brasileiros.

O império tinha 20 províncias. A do Rio Sapucaí seria a vigésima primeira. Joaquim Floriano de Godoy não foi o primeiro a requerer a transformação de parte do atual Sudeste brasileiro em nova província do Segundo Império.

O primeiro projeto de lei, de 03 de agosto de 1854, apresentado pelo deputado Francisco Otaviano, sugeria a criação da Província Sul de Minas.

Outros dois projetos de 1862 e 1868 tinham a mesma proposta e foram retirados de discussão na Câmara dos Deputados sob a alegação de que a nova província ficava “no interior, sem portos de mar e longe deles”.

A solução veio com o projeto de lei de Joaquim Floriano de Godoy, com a inclusão do Norte paulista e o seu respectivo Litoral Norte.

Na época, São Paulo era a província mais rica do Império, com receita gerada pelos cafezais do Vale do Paraíba. Subtrair-lhe justamente o território onde estava a plantação de ouro verde, seria levar a província paulista para a quase dissolvência.

A Província do Rio Sapucaí, por sua vez, teria a maior receita provincial do Segundo Império. Caso se mantivesse na liderança econômica na virada do século 19 para o século 20, tal como fez São Paulo, o Estado do Rio Sapucaí seria hoje o mais rico da Federação.

O Leste Paulista era dotado da melhor estrutura de transporte terrestre, marítimo e fluvial, de todo o Segundo Império. A navegação do rio Paraíba, era feita por embarcações semelhantes ao do rio Mississipi, com linhas regulares de carga e passageiros entre “a barra do Guararema e a cachoeira de Lorena”.

A exportação de toda a produção cafeeira do Vale do Paraíba seria feita pelo porto de Ubatuba, que teria uma ferrovia até Taubaté, a Estrada de Ferro do Norte; cujas obras foram iniciadas dois anos após a apresentação do projeto de lei de Joaquim Floriano de Godoy, em 1889.


Taubaté, a capital da nova província “até que a respectiva assembléia provincial resolva o contrário”, era uma das mais exuberantes cidades do interior brasileiro.

O convento de Santa Clara, o maior edifício da cidade, seria a sede do governo. A cidade, por sua vez, era dotada de dois serviços públicos que impressionavam os visitantes.

Todos os edifícios do centro urbano, públicos e privados, eram dotados de gás encanado pra iluminação interna; todas as residências do centro urbano eram dotadas de latrinas que dispensavam água para escoar os dejetos. Os canos de esgoto tinham um sistema de sucção.

Félix Guisard implantou o mesmo sistema de sucção para transporte gravitacional de matéria prima (algodão), por túneis, entre as unidades fabris da Companhia Taubaté Industrial.

No mapa sem o Leste Paulista, o município de Guararema também deixaria de ser paulista, para ser riosapucaiense. No século 19, Guararema fazia parte do Vale do Paraíba. Atualmente integra a Região Metropolitana da Grande São Paulo.

Arquivo Nenê Velloso


Estado do Rio Sapucaí.
Gilberto Martins (gilbertomartins@valepararibano.com) é da Ação Social na Escola, do Jornal Valeparaibano e historiador.


Prezados leitores, na série Construindo o Passado II - 19, eu disse que o projeto mais audacioso do prefeito de Ubatuba, Francisco Matarazzo Sobrinho, era o de criar um Estado Independente.

Na sessão de 05 de outubro de 1887, no Senado do Império, dois anos antes da proclamação da República, o senador paulista Joaquim Floriano de Godoy, apresentou projeto de lei propondo a “criação da Província do Rio Sapucahy, tirando para seu território, o sul da Província de Minas Gerais e o Norte (da também Província) de São Paulo”.

Na sessão de 05 de outubro de 1967, portanto 80 anos depois, o prefeito de Ubatuba Francisco Matarazzo Sobrinho (O mecenas das bienais) apresentou o projeto do Sistema Viário da Cidade, que trazia no seu bojo, a criação de um Estado Independente, com a fusão de todas as cidades do litoral norte paulista, e mais duas cidades do litoral sul do estado do Rio de Janeiro; Paraty e Angra dos Reis. Denominando-o de LINHA VERDE, sendo Ubatuba a capital do novo estado.

“Vejam que o senador Joaquim Floriano de Godoy, queria para o seu novo território o sul da Província de Minas Gerais e o Norte (da também Província) de São Paulo”. O deputado Francisco Otaviano, sugeria a criação da Província Sul de Minas Gerais, regiões ricas e outras de futuro próspero.



O prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho também seguiu a mesma linha de pensamento que é o óbvio, sugeria a fusão das cidades do litoral norte paulista, mais duas cidade do litoral sul do Rio de Janeiro, Paraty e Angra dos Reis, consideradas ricas em suas belezas naturais, portanto de futuro próspero e garantido.



Isto foi coincidência? Em minha opinião não. Foram políticos dedicados que realmente almejavam o bem-estar e prosperidade da população, agregando riqueza, desenvolvimento e preservação ecológica sustentável. Ao contrário do que fizeram os seus sucessores.



Hoje Ubatuba é uma cidade pobre, de investimentos simplórios, ao contrário da sua vizinhança. Os políticos que não conseguiam mais se elegerem com os votos dos caiçaras, então formaram (a turminha do quanto pior, melhor!), abriram as portas a uma migração desenfreada e desordenada, invadiram áreas públicas de risco e de preservação ambiental. Com isso a cidade ganhou um punhado de favelas, e os políticos... votos preciosos para se manterem no poder quantas vezes desejarem. Esses migrantes, incentivados pelas facilidades ofertadas por esses políticos, simplesmente abandonaram à enxada na roça e, vieram para cá. E continuam vindo... Esse desastre ecológico aconteceu aos olhares do policiamento ambiental aqui instalado.



Após o governo Matarazzo, esse sistema de “proteção” ambiental suicida instalado aqui, Ubatuba entrou em decadência e o subdesenvolvimento tomou conta da cidade ao ponto de ser proibido qualquer empreendimento náutico. Por exemplo: em Angra dos Reis foi construído um resort combinado a uma área ecológica, marina e residência.



Reprodução
Ubatuba, Paraty e Angra são cidades de vocação exclusivamente náuticas, o que é permitido lá, aqui é proibido. Por quê? Ubatuba foi transformada em uma cidade de vocação exclusivamente social, é disso que os nossos políticos gostam. Vale lembrar, que Ubatuba já perdeu um megaempreendimento, “Porto Flamengo”, no Saco da Ribeira, talvez, até maior que o Miliá, em troca disso, ganhamos mais de 20 favelas, tudo em nome dessa “proteção” ambiental, que eu classifico de suicida.

Ainda está para nascer o candidato a prefeito para tirar Ubatuba dessa decadência desenfreada. E, se nascer... para mim, é missão impossível! Uma cidade que anda na contramão do trânsito, do turismo náutico, ecológico, cultural etc.. O quê se pode esperar de uma cidade com 100 mil habitantes, que ainda não tem uma faculdade? Nada! Sendo quê os seus jovens são obrigados a se deslocarem para cidades vizinhas, Caraguatatuba, São Sebastião e Taubaté, distantes 50, 75 e 100 quilômetros respectivamente. Agora só se pode falar de Ubatuba no passado, não há presente nem futuro. É isso aí.



É o FIM, do F i m...

Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com