quarta-feira, 26 de maio de 2010

UBATUBA 2001 : Cine Theatro Iperoig

Na última semana este jornal informou que o prédio do antigo cinema “está livre novamente” (A SEMANA, 06.janeiro; Seção Arpoando).


Algumas pessoas interessadas nas questões culturais da cidade vêm, há algum tempo, discutindo a necessidade de revitalização do nosso Cine Iperoig, antigo e tradicional centro de atividades ligadas à Cultura, numa comunidade carente de tal tipo de espaço. Parece que é chegada a hora!

Inaugurado no início da década de 1950, em prédio especialmente construído, o antigo Cine Iperoig, por quase 40 anos, foi ponto obrigatório dos acontecimentos importantes na cidade de Ubatuba. Além das memoráveis sessões de cinema - as “fitas” ali projetadas tinham certeira clientela-; as maiores bilheterias ocorriam quando multidões de ubatu-benses se postavam em longas filas para assistir Mazzaropi. Os mais antigos ainda se lembram que em 1952/53 o filme “Sai da frente”, um dos maiores sucessos do artista taubateano, teve que ser reprisado por mais de três dias consecutivos, para atender à enorme demanda.

A molecada, nas saudosas matinês das tardes de domingo, delirava com os filmes de bang-bang, em concorridas sessões quase sempre seguidos dos seriados, geralmente abordando questões futuristas: Super-Homem, Homem-Morcego e o Dr. Silvana dividiam as preferências da platéia.

noites quentes, na sessão das 8, a pacata cidade era embalada pelas fitas românticas, ou heróicas, onde reinavam, absolutos, astros e estrelas de Hollywood; Lana Turner, Gregory Peck, Elizabeth Taylor ou Tyrone Power eram figuras mais que familiares.

Espetáculos teatrais, ou musicais, eram mais raros, mas comenta-se que Procópio Ferreira, ele próprio, ali teria apresentado o famoso monólogo “As mãos de Eurídice”. No palco do Iperoig, a cidade ainda teve oportunidade de assistir aos espetáculos de Ary Toledo, Jô Soares, Agui-naldo Rayol, e tantos outros.

Toda essa intensa atividade cultural viria, nos anos 80, sofrer um golpe de morte a massacrante e avassaladora presença da TV, que não admitia concorrências. A partir daquela data cinema foi rapidamente definhando, até quase desaparecer.

Em muitas cidades, as salas foram sendo retalhas, subdivididas e os filmes pornô passaram a ter sua vez. Outras foram transformadas em supermercados e lojas, ou simplesmente foram demolidas.

Aqui em Ubatuba, como em Taubaté, o espaço do cinema foi ocupado por um templo religioso, descaracterizando-se assim uma área de lazer de toda comunidade, pois passou a ter utilização restrita.

Há cerca de um mês, vem a (boa) notícia da liberação da área. Os sonhadores de sempre, que querem em Ubatuba a volta de um local onde, com dignidade, se possam assistir aos filmes que atualmente só são acessíveis aos moradores das grandes cidades - onde o cinema, diga-se de passagem, está novamente em grande moda. Além de filmes, nosso futuro Cine Theatro Iperoig (assim mesmo, com TH) poderia receber algumas companhias de teatro e outros espetáculos ao vivo, que hoje, dadas as facilidades de transporte, cruzam o Brasil de norte a sul. Certamente, não faltariam artistas interessados em se apresentar em Ubatuba.

A oportuna nota publicada na semana passada neste jornal, aliada ao interesse manifesto de personalidades da área cultural da cidade, mostram a premência com que o antigo Cine Iperoig deve voltar a ocupar o merecido e necessário espaço na vida inteligente de Ubatuba.

Manifestações como essas dão legitimidade ao projeto, se referendados pela população.

Se vier o apoio, o seguinte diálogo deixará de ser peça de ficção:

- “Que tal um cineminha esta noite?

- Onde?

- Ora, no Cine The-atro Iperoig, sessão das 8.”

Mãos à obra!



PS: Aos leitores que simpatizarem com a idéia do retorno do espaço-cinema em Ubatuba, pedimos que se manifestem, por escrito (carta, telegrama, fax, e-mail), junto a este jornal.

A nossa união será a nossa força. Participem!




JORNAL A SEMANA   NA  REDE 
Janeiro de 2001

UBATUBA 2001 : Ilha Anchieta: rebelião, fatos e lendas


Em obra literária, o Ten. Samuel Messias de Oliveira, 53, recorda uma das maiores e memoráveis rebeliões de nosso país. O livro “Ilha Anchieta - Rebelião, fatos e lendas” trata-se de um documentário que reúne material fotográfico, escrito e documentário de alguns sobreviventes “os filhos da ilha” (como denomina o autor), resultado de pesquisas incessantes da rebelião que mobilizou a Polícia Militar da região, o 6º B.C. de Santos, a Polícia Militar Fluminense, a Polícia Marítima e o Exército.


O livro, dividido em cinco capítulos, inicia-se com um release que relata desde o primeiro dono da ilha, o Cacique Cunham-bebe, responsável pela Confederação dos Tamoios, suas transformações até a criação do presídio e a rebelião ocorrida em 20 de junho em 1.952, trazendo para os leitores todos os acontecimentos até 1.999.

O livro nos faz desejar a segunda maior ilha do litoral norte paulista que transformou-se em paraíso ecológico e histórico atraindo turistas de toda parte do mundo, porém nos permite conhecer o seu cruel e sangrento passado.

O autor encontra-se em férias na Ilha Anchieta vendendo e autografando sua obra e trocando informações com os turistas.


FONTE :  JORNAL   A  SEMANA  UBATUBA NA REDE
Publicação Semanal - Edição 114 - Ubatuba, 12 de Janeiro de 2001

UBATUBA 2001 : Flavio Girão assume a FUNDART

O novo presidente da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, Flávio Girão, tomou posse no dia 6 de janeiro, no Casarão do Porto, após o encerramento da Folia de Reis. O coquetel da posse e Folia foi um presente do Supermercado Principal, que cedeu para a festa vinhos e salgados. “A Fundart tem que se desenvolver do objetivo que delineia o mundo da era pós-industrial, criatividade e lazer, onde a cultura tem espaço amplo. No caso específico de Ubatuba, uma cidade turística, essa era vem nos agraciar com inúmeras possibilidades. Temos que criar e recriar nesse mundo de Cultura”, diz o novo presidente.


Um dos objetivos de Girão é modernizar a Biblioteca. “A Biblioteca vai ser a mais moderna possível e deve ampliar a parte infantil, inclusive no campo da informática”, diz o presidente. Outro ponto importante é a memória. “Temos que recuperá-la, refazer o Museu Hans Staden, não como um depósito de lembranças, mas como uma memória dinâmica e atuante”, completa Girão. Para essa dinâmica o presidente pretende se utilizar de palestras, debates e exposições. O artesanato e o folclore também devem ser lembrados. “Precisamos muito de nossas raízes para que sejamos autênticos e tenhamos personalidade e através dela sermos respeitados como cidade culta e limpa com constantes atividades de festas populares”, conclui.

Flávio Girão Carvalho

Engenheiro agrônomo, perito judicial e escritor, foi assessor do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, de 1965 a 67. Foi também Secretário Municipal de Cultura, em 1987. Idealizou e foi o primeiro presidente da Fundart, onde ficou de 1987 a 1989. Também na década de 80, participou da reorganização da Biblioteca Ateneu Ubatubense, do Museu Hans Staden e outros movimentos culturais de Ubatuba. Autor dos livros “Rumos e rezas - contos do mar”, “Ao longe o mar”, “Veia poética - antologia” e “Ossos da sede” (ainda não publicado), Flávio Girão foi colaborador do Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo, O Estado de Belo Horizonte, Correio Mercantil de Juiz de Fora, Vale Paraibano, Revista Braziliense e Revista Igarati.

Nova diretoria

Para auxiliar na direção da Fundação, Girão nomeou Eliana Teixeira Algodoal, como assessora Cultural, e Silvia Helena Thomas Issa, como assessora Administrativa.

Eliana Algodoal, que foi professora, já exerceu a função de vice-coordenadora do Grupo Setorial de Artes Cênicas e Dança e fez oficina de teatro da Fundart durante três anos. Silvia Issa, que atuou no magistério há 17 anos, foi funcionária da Fundação de 1993 a 1997. Em 96, Silvia Issa foi nomeada por Paulo Ramos Diretora Cultural da Fundart, onde participou da realização do Carnaval, Paixão de Cristo, Festa da Cultura Popular, Festa de São Pedro, entre outros eventos.

FONTE :  Jornal A Semana Ubatuba - Na Rede
Publicação Semanal - Edição 114 - Ubatuba, 12 de Janeiro de 2001
 

ESPECIAL MEMORIA CAIÇARA : Devoção e Festas religiosas

Maneco Almiro e Otavio Batista, em festa do Divino, centro Ubatuba, 1983


(foto: Kilza Setti)
É curiosa e inspiradora a relação que os devotos católicos estabelecem com os santos de sua devoção. Antes da chegada das religiões protestantes ao litoral, toda casa caiçara mantinha seu oratório com santos, medalhas, fitas, flores coloridas, enfim, um mundo de fantasia, de parentesco e compadrio e de cumplicidade com as imagens dos santos preferidos. A prática de troca de favores entre humanos e santos se faz na relação: oração/graça obtida, ou dança sagrada/graça a ser obtida, compra de velas e novenas em troca de favores dos santos. Isto em nada difere dos procedimentos de fiéis em grandes cidades. Mas, no mundo rural, essa relação entre devotos e santos é mais próxima. Vestem-se e enfeitam-se imagens, e alguns santos são mesmo escolhidos para padrinhos de crianças. Essa proximidade, quase que intimidade entre os seres intermediários a Deus e os humanos, torna a religião católica, ou o “catolicismo rústico” como propõem alguns antropólogos, algo surpreendente, de sabor único, inigualável e digno de estudos mais aprofundados, como é o caso das histórias sobre São Gonçalo violeiro, um dos santos dos mais prestigiados. Assim é o universo das devoções caiçaras. Oração, música, dança, fantasia, imaginação.



Nos últimos trinta anos, a presença de religiões protestantes não históricas tem desorganizado a prática musical entre os caiçaras, muitas vezes dissolvendo núcleos familiares de produção musical e substituindo, desse modo, seus repertórios tradicionais por hinários das mais variadas igrejas, com predominância dos subgrupos pentecostais. A adesão do caiçara a essas novas religiões se dá, com muita probabilidade, pela busca de novas lideranças e apoio nas situações de contínuas perdas a que foram submetidos.




Devoção e festa são aspectos interligados na cultura caiçara. Os modos de realizar festas estão condicionados a situações mais ou menos favoráveis, em face de elementos como organização social, economia, coesão grupal, dentre outros. Dificuldades financeiras, perdas de espaço ou dissolução das famílias nucleares podem ser também elementos desarticuladores das situações de festas. Nas áreas observadas, parece claro que a interferência de novas religiões vem enfraquecendo as festividades ligadas à devoção.



Festas e comemorações são universais e estão presentes à vida de todos os povos. No Brasil, embora em diferentes ambientes, populações interioranas e costeiras mantêm suas celebrações festivas. Os povos do litoral de São Paulo, assim como os das áreas da Serra do Mar, além das festas promovidas pelo Estado e pela Igreja Católica, elegem e cultuam seus santos padroeiros, sempre inspiradores de festas. Alguns são prestigiados tanto nas comunidades de cultura caipira (do interior do estado), quanto entre os caiçaras. Destacam-se aí, Santo Antônio, São João, São Gonçalo, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Rosário, Santa Ifigênia, São Benedito, São Pedro, Santa Isabel (referem-se de fato, à princesa Isabel, tida como responsável pela Abolição), Santa Verônica, Sant’Ana, Divino Espírito Santo, Santos Reis (os três reis magos) e Santa Cruz, além dos padroeiros de capelas e igrejas de bairros e cidades, como Bom Jesus de Iguape.





No litoral paulista, sobretudo em Ubatuba, São Pedro é comemorado com feriado local a 29 de junho, procissão de barcos, fogueira, mastro, leilão de prendas e música. Há festas na cidade, nos sertões e praias. A Festa de São Pedro alia a devoção popular às ações institucionais (Igreja e municipalidade). A procissão no mar é grandiosa, com intensa participação de pescadores e população em geral. Os demais santos de junho - São João e Santo Antônio - são festejados em casas que guardam promessas ou devoções. O dia 13 de setembro também é comemorado com feriado em homenagem à exaltação de Santa Cruz, procissão e banda de música. O culto a São Gonçalo não tem dia certo e, em sua homenagem, organizam-se danças sagradas para pagamento de promessas. As Folias de Reis, de dezembro a janeiro, e as do Divino, estendem-se pelo ano todo, exceto no período da quaresma. Nos últimos anos, retornaram as antigas práticas de malhação de Judas, no sábado de aleluia. Moçambiques e congadas são realizadas, em geral, em comunidades de derivação africana, em devoção a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e, mais raramente, a Santa Ifigênia. Em quase todas essas festas, ocorrem novenas, ladainhas (às vezes em latim), rezas, procissões, danças e música. São, quase sempre, independentes da Igreja e favorecem situações de mais intenso convívio entre familiares, reforçando laços de compadrio. Assinale-se, porém, que o crescente número de novos moradores, que, em Ubatuba, já atinge cerca de 70% da população, vem alterando esse quadro, com a introdução de novas práticas culturais e acarretando maior índice de violência no município.

FONTE :
 
www.memoriacaicara.com.br/caicara2.html
 
 

ESPECIAL MEMORIA CAIÇARA : Festas não religiosas

Iaiá e Ditinho apresentam o “Boi Canarinho” na Praia de Itamambuca, Ubatuba. 1989
(foto: Kilza Setti)

Num país em que o catolicismo é definido como religião oficial, é natural que festas e situações de lazer sejam de inspiração religiosa. Estas se mostram predominantemente alimentadas pela tradição e iniciativas populares, ainda que com apoio de instituições como a Igreja e órgãos públicos.

Já em manifestações não religiosas, festivas e de entretenimento, as políticas públicas se fazem sentir na organização de festividades ligadas ao turismo, esporte, datas cívicas e em mostras de expressões artísticas em geral. As ações das secretarias de cultura, esporte e turismo, muitas vezes ligadas a interesses econômicos, são voltadas à promoção de eventos e situações festivas que se estendem ao longo do ano. Essas iniciativas de cunho oficial determinam o calendário de festas e, algumas vezes, ao deslocar datas e canalizá-las para as temporadas de verão, assumem o controle das antigas festas tradicionais e promovem outras. Algumas manifestações tradicionais são incorporadas pelo poder público, tais como corridas de canoas, apresentações de conjuntos musicais e festivais de viola; outras são novidades, algumas vezes inspiradas em costumes caiçaras, tais como as festas ligadas à gastronomia caiçara, apresentação de grupos de seresteiros, festivais de canções ou concursos de marchinhas de carnaval. Há também as festividades de iniciativa eminentemente oficial, como as comemorações de aniversário das cidades, as apresentações das bandas municipais ou de grupos de teatro, de dança, de capoeira, dentre outras.

Há expressões da cultura não religiosa que permanecem vivas, mesmo sem apoio oficial. No entanto, em certas circunstâncias, são utilizadas como atrativo, como produto curioso, exótico, para mostra em eventos oficiais.

Além das manifestações já mencionadas - congadas, moçambiques, Folias de Reis e Divino, e outras festas calcadas na devoção aos santos - que, se exibidas em cidades, atraem público, também o carnaval promove brincadeiras de rua. Outras manifestações ocorrem em datas já determinadas, como é o caso dos blocos de foliões, dos mascarados – à margem dos desfiles de escolas de samba - do caiapô, dos folguedos do boizinho em suas múltiplas variantes, das malhações de judas, da marujada, da semana de `caiçarada´ e do`Raloim´, que deu origem ao dia do saci, em Ubatuba.

A expressão máxima da música e da dança caiçara é o fandango, também denominado função ou brincadeira, que reúne um conjunto de danças que, em geral, se apresentam em forma de suíte, a exemplo das danças européias de salão, nos séculos 18 e 19. É importante destacar que a palavra fandango apresenta múltiplas significações na península ibérica e nos países da América hispânica; da mesma forma, no Brasil, seu significado no litoral sudeste e sul difere daquele do nordeste, em que indica um auto dramático.

Há uma infinidade de pequenas danças que geraram formas musicais coreográficas, praticadas ainda nas cidades e vilas litorâneas, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. É conhecido o movimento migratório de Portugal do ultramar (sobretudo Madeira e Açores) para o sudeste do Brasil. Natural que os repertórios insulares portugueses fossem aqui adaptados à realidade brasileira e tivessem vida e fisionomia próprias. Muitas danças conservam ainda seus nomes portugueses, dentre outras: canaverde, chamarrita, ciranda, serrabalha, querumana, manjericão, marrafa, sinhaninha, tirana e vilão de lenço. Algumas ganharam preferência entre nossos caiçaras, tais como: canoa, caranguejo, panela de arroz secô, peixinho do mar, tontinha, tira o chapéu, anuzinho, ubatubana, galinha morta e curitibana. Há, ainda, danças ditas valsadas e as rufadas, que incluem sapateado e palmeado. Dessas últimas, o xiba ou batepé é o mais comum em festas e ainda encontrado em pleno vigor, com a função de abertura nas noites de fandango. Já em madrugada alta, tocam o `recortado´ e ao raiar do dia, dança-se a tontinha para encerrar a festa. Todas as danças do fandango incluem, além das vozes e das violas, o pandeiro e, eventualmente, um cavaquinho e um violino.

Curioso notar que, muitas vezes, comemorações religiosas como a dança de São Gonçalo ou as Folias de Reis e Divino, terminada a parte sagrada, desencadeiam a seqüência de danças de caráter profano, que encerram a festa – e, nos últimos anos, após as danças caiçaras, a festa pode até terminar em baile, ao som de equipamentos eletrônicos. Mesclam-se, assim, sagrado, profano, antigo e novo, mas o que está presente é a fantasia, o “homo ludens”.

Apesar de existirem, ainda neste início de século 21, bom número de velhos e até jovens dançadores, verifica-se que, nos encontros musicais em que não há dançadores suficientes, o conjunto vocal / instrumental mantém vivas as formas musicais das danças, independentemente de se praticarem ou não suas formas coreográficas.



FONTE :

www.memoriacaicara.com.br/caicara2.html

UBATUBA 1945 - 1949 : O desenvolvimento de Ubatuba




De acordo com informações do senhor Clementino Soares, um ubatubense que registra em sua memória momentos do desenvolvimento da cidade de Ubatuba cita que um homem de pensamentos progressistas, teve grande desempenho na evolução e crescimento der Ubatuba. Dr. Alberto, como era conhecido por todos, mudou Ubatuba dos seus anos de penúria em que passava. Foi no ano de 1946 que retornou à sua terra natal, um dos seus filhos, um cidadão chamado José Alberto dos Santos, um caiçara nascido ubatubense. Ao retornar à Ubatuba, já formado em advocacia, Alberto depara-se com uma cidade decadente, abandonada administrativamente, mais pobre, sem perspectiva de desenvolvimento. A cidade se resumia em algumas poucas ruas, sem calçamento e muito estreitas, algumas ligações entre elas eram feitas por caminhos. Não havia água encanada, a luz elétrica era muito deficitária, e a população sofria com o desemprego.




A pobreza era muito presente e a falta de emprego e a dificuldade financeira não permitia, naqueles anos, o acesso a uma assistência médica. Médico era artigo de luxo, levando as pessoas se socorrer com remédios caseiros, à base de ervas feitas pelo Sr. Juquinha Ferreira, e aqueles com algum dinheiro compravam na farmácia do Seu Filhinho. A “coisa” era tão crítica que para indivíduo ao invés de comprar um par de calçado, um sapado, muitos aderiam aos tamancos que eram mais baratos.



Dr. José Alberto dos Santos candidatou-se por indicação do Diretório do Partido U.D.N., em São Paulo, elegendo-se prefeito de Ubatuba no ano 1947, conseguindo dar uma rasteira política nos Oliveiras. Nesta época a administração pública e política encontravam-se nas mãos da família Oliveira (Sr. Ernesto, Deolindo e Washington de Oliveira). Com uma visão empresarial e experiências trazidas de São Paulo, Alberto promoveu na cidade de Ubatuba uma grande revolução administrativa, defendendo os interesses e o bem estar da sua população.



Nos anos em que foi prefeito de Ubatuba (1947 a 1950 – confirmar – 1956 a 1959 e 1969/1970 – renúncia de mandado1), os benefícios foram muitos como, por exemplo: criou um mercado de trabalho favorecendo a área da construção civil; modernizou o sistema de água encanada; trouxe novas instalações de energia elétrica e um eficiente serviço público de iluminação, através da CTI – Companhia Elétrica de Taubaté Industrial, inaugurado em 18/07/1948. Um dos grandes benefícios para a urbanização da cidade foi a abertura de novas ruas, chamadas na época de “Ruas Novas”; o calçamento das principais ruas já existentes e o alargamento daquelas que eram apenas caminhos; abriu a Av. Iperoig onde ali servia apenas como campo de pouso para aviões de pequeno porte, transferindo para o terreno onde hoje existe o Campo de Aviação “Gastão Madeira”. Conseguiu junto ao Governo do Estado a abertura da estrada ligando Ubatuba a Caraguatatuba. Para fazer o traçado desta estrada, ele próprio saiu de Ubatuba a cavalo sentido Caraguatatuba para buscar os engenheiros e sua equipe de topógrafos e auxiliares de campo, que o esperavam lá.



Dr. Alberto tinha uma pretensão de desenvolver a cidade de Ubatuba, tirar daquele marasmo e subdesenvolvimento que se encontrava. Para isso, além alargar, calçar e abrir novas ruas, ele se destacou por fazer muitas doações de terrenos pelo centro com o intuito de mudar o seu aspecto urbanístico. Terrenos como os da Av. Iperoig, em frente ao campo de aviação, onde se encontram muitos restaurantes de frente para o mar (Praia do Cruzeiro), nas ruas Dona Maria Alves, Gastão Madeira, Conceição, D. João III, entre outras, são exemplos de doações. Mas, como a intenção do Dr. Alberto era a urbanização e crescimento da região central, os presenteados tinham que construir as suas casas nos terrenos doados por ele.



Enfim, este homem de visão ampla transformou em alguns anos de administração municipal, em três décadas seguidas de um município parado no tempo a uma cidade pronta para encarar o futuro e o que ele reservava pela frente.



Ubatuba teve seus altos e baixos durante seus longos anos de história. Sua comunidade variada, de imigrantes que se juntaram aos caiçaras que aqui estavam, que com o tempo muitos foram e outros vieram. O número dos habitantes sempre variou muito, isso desde a sua fundação. Em 1810, por exemplo, eram 10.400 habitantes, foi uma época que a cidade atingia sua maior força. Em 1950, eram menos de 8.000 habitantes, uma queda justificada por causa da abertura da ferrovia de Santos levando o comercio marítimo local a perecer. O crescimento populacional da cidade tomou uma proporção descomunal e isso foi provocado por um dos principais fatores, que foi durante as últimas quatro décadas e está sendo no presente, o “combustível” propulsor na corrida do progresso e o seu desenvolvimento econômico, o “Turismo”.



Deste momento do texto em diante, estaremos destacando as próximas seis décadas vividas de história e do desenvolvimento rumo ao progresso na cidade de Ubatuba. A exploração nas terras tupinambá, herança dos muitos caiçaras, hoje é invadida por muitos em busca de uma estabilidade financeira. Esta busca desenvolve-se através do comércio em todos os sentidos, tanto na exploração imobiliária como as hoteleiras, residências fixas ou veranistas com aluguéis temporários, sempre visando a exploração do turismo local.



A década de cinqüenta, mais especificamente no ano de 1956 é reiniciada a marcha rumo ao progresso. Uma ligação à Capital com uma estrada de rodagem, mas muito precária, inicia o futuro da região como sendo uma localidade a ser explorada por muitos daqueles aventureiros em descobrir novos horizontes que não fosse as grandes cidades. Esta facilidade no acesso via estradas de rodagem tanto facilitou o fluxo de pessoas que em 1966, o número de habitantes da cidade de Ubatuba volta a contar com muito mais que 10.400 munícipes.



A década de 60 foram anos em que a economia da cidade de Ubatuba buscava estabilidade em diferentes formas de exploração, como a pesca, o turismo, o granito verde e horticultura, que eram bases do seu desenvolvimento. O turismo era a economia que mais aumentava, com um índice de crescimento superior, considerada a mola propulsora do seu progresso.



Ubatuba, já com seus 330 anos de vida e seus quase 15 mil habitantes, começa a caminhar de fato, rumo ao progresso. Reerguendo-se da estagnação que se encontrava, a cidade iniciou-se pouco a pouco com atividades típicas de um município que galgava rumo ao progresso. O seu comércio industrial, os loteamentos e os hotéis eram evidências de uma nova etapa na longa jornada de sua história rumo ao progresso. Em 1967 existiam 16 pequenas industrias na cidade, mais 10 firmas que exploravam a extração do granito verde e outros tipos de pedras. Eram empresas em várias atividades que procuravam crescer levando seus produtos a um padrão de qualidade cada vez maior. As empresas de prestação de serviços ao turista e visitante, como hotéis, restaurantes e outros, cresciam em grande escala.



O comércio se voltava cada vez mais para este estilo da economia, uma nova tendência cada vez mais forte. Para se ter uma idéia do crescimento comercial na cidade, naquele ano de 1967, registrava que em 5 anos passou de 116 para 230 casas comerciais. Além do crescimento demográfico dos habitantes residentes, mas também a flutuante (alta temporada) a cidade procurava melhorar os serviços públicos, como o de água, esgoto, luz, telefonia, com o calçamento de ruas, e outros. Isso tudo, sempre pensando no desenvolvimento econômico da cidade, na exploração do turismo e a alta temporada era o foco para esta exploração.



Ainda no ano 1967, um exemplo de visão de progresso na exploração do turismo no município, provando o crescimento de tal economia foi o crédito da VASP – Aviação Aérea de São Paulo, que servia a cidade de Ubatuba, com uma linha aérea semanalmente, que contribuía para destacar a cidade de Ubatuba, trazendo de longe aqueles visitantes ao Litoral Norte paulista e especialmente à Ubatuba.



Vale lembrar, que antes mesmo dos anos 60, um trafego aéreo sob a cidade de Ubatuba já traziam visitantes e turistas dispostos a uma aventura aérea numa travessia do planalto, sobre a crista da serra do mar, isso no início dos anos 50. Em um curto tempo de viagem, numa linha reta de 160 quilômetros, pequenos aviões, modelos como os chamados “Stinson”, para 3 passageiros, que cruzavam os céus, desde São Paulo até Ubatuba, uma viagem de aproximadamente 50 minutos. Eram serviços aéreos regulares feitos pela empresa “VALPAR” – uma companhia paulista de aviação, com escritório e São Paulo que transportavam passageiros para Ubatuba e cidades do Vale do Paraíba. Outra empresa aérea também costumava fazer o transporte de passageiros de São Paulo à Ubatuba, chamava-se “Star”, uma companhia de táxis-aéreos, que costumava cobrar pelo tempo de vôo.



Naquele tempo, dos anos 50, Ubatuba dispunha de um ótimo campo de pouso. Ainda não existia o campo de aviação “Gastão Madeira”, mas neste mesmo espaço existia uma pista de 1.000 metros, que proporcionava, quando necessário à aterrissagem de grandes aviões que faziam a rota Rio de Janeiro a São Paulo. Isso porque a cidade de Ubatuba se encontrava bem na linha da rota, caminho entre as duas capitais, e que contava com um rádio-telegráfico.

TEXTO  EXTRAIDO DO LIVRO :
 
UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA "
Editado em 2005 - Por Jorge Otavio Fonseca e Juan Drouguett
 
Observação : Este livro pode ser encontrado na Biblioteca Atheneu Ubatubense , Praça 13 de Maio- Centro - Ubatuba _SP

UBATUBA 1957 : Caso Ubatuba



Em 1957 vários banhistas observaram um OVNI descer rapidamente dos céus, manobrar sobre a praia e posteriormente explodir liberando diversos fragmentos de metal que foram coletados e enviados para análise em laboratórios especializados.

Em 1957, vários banhistas observaram um disco voador se aproximar da Praia das Toninhas, em Ubatuba (SP). O objeto vinha numa velocidade incrível, e quando estava prestes a se chocar contra a água, deu uma guinada subindo em seguida. Foi quando explodiu em chamas e fragmentos sobre o mar, próximo aos banhistas. Algumas testemunhas recolheram pedaços do objeto, constatando ser de um material leve, de aparência metálica. Uma das testemunhas que recolheu pedaços do objeto, enviou uma carta para o colunista do jornal O Globo, Imbrahim Sued, relatando: "Como leitor assíduo do jornal, quero proporcionar-lhes um verdadeiro furo jornalístico a respeito dos discos voadores; se é que acredita na existência deles. Até alguns dias atrás eu mesmo não acreditava. Mas enquanto pescava na companhia de vários amigos, perto de Ubatuba, vi um disco voador aproximando-se da praia numa velocidade incrível, prestes a chocar-se contra as águas, quando, num impulso fantástico, elevou-se rapidamente e explodiu.


"Atônitos, acompanhamos o espetáculo, quando o vimos explodir em chamas e fragmentos que mais pareciam fogos de artifício. Esses pedaços caíram quase todos sobre o mar, mas muitos caíram perto da praia, o que facilitou o recolhimento de uma parte do material tão leve que parecia papel. Aqui, anexo uma pequena amostra do material, que não sei a quem devo confiar para análise. Nunca li artigos que relatassem sobre pedaços desprendidos de UFO`s, a menos que as autoridades militares tenham também impedido essas publicações. Certo de que este assunto muito lhe interessará, mando-lhe duas cópias desta".



Três amostras dos fragmentos chegaram às mãos do ufólogo Olavo Fontes, que os encaminhou para análise. As primeiras análises foram feitas no Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério da Agricultura, sob responsabilidade de Luiza Maria Barbosa. Os exames foram realizados através de espectrografia, que indicaram alta concentração de magnésio (Mg), e ausência de outros elementos na amostra. Outros exames realizados nas amostras indicaram alta concentração do elemento magnésio (Mg).





FONTE :  http://www.fenomenum.com.br/ufo/casos/1950/ubatuba.htm



Por Jackson Luiz Camargo ufojack@yahoo.com