O espaço ficcional entre a câmera e a
tela produz mais dois espaços: o filmado e aquele que ocupa o cameraman. Assim, o enquadramento dos filmes
institui um ponto de vista, o chamado “fora de campo”, lugar potencialmente
virtual, mas também de desapropriação e desvanecimento: o lugar do futuro e do
passado, muito antes de ser presente.
Isto, explicamos no nosso livro Sonhar
de Olhos Abertos (Droguett, 2004). Os efeitos de realidade no cinema,
coexistem com os efeitos de ficção, estes últimos têm a ver com o espaço
virtual, não visível, ainda que presentes na mente do espectador – sempre fora
de campo. Portanto, o cinema não só é visibilidade: a imagem em evidência e a
noção de realismo não têm base tecnológica sustentável, e sim psicológica,
social e histórica.