segunda-feira, 16 de junho de 2008

Engenho garante sustento de famílias

Cerca de 40 pessoas do quilombo Fazenda Picinguaba, em Ubatuba, sobrevivem graças a uma roda de madeira de 800 quilos e seis metros de diâmetro. Usando a água desviada de um rio, ela movimenta as engrenagens da fábrica de farinha de mandioca, principal meio de sustento da comunidade. Instalada em um galpão de 360 metros quadrados, a roda fazia parte de um antigo engenho de álcool e açúcar, construído no final do século 19 com peças de ferro fundido importadas da Inglaterra. O conjunto foi reformado e adaptado à produção de farinha em 1985. VALEQuilombolas vivem em 24 estados brasileiros - De acordo com dados da Fundação Cultural Palmares, existem comunidades quilombolas vivendo em 24 estados do Brasil, alcançando a cifra estimada de quase 3.000 comunidades. No entanto, apenas 13 estados contavam, até abril deste ano, com territórios quilombolas titulados. Pará e Maranhão são os estados com o maior número de titulações, 35 e 20, respectivamente. Em São Paulo, segundo a Fundação Itesp, existem 35 comunidades quilombolas, das quais sete receberam a posse definitiva. Duas delas estão em Ubatuba: Caçandoca e Camburi.
(Fonte: ValeParaibano)

Energia traz inovação à comunidade

A comunidade remanescente de quilombo da Fazenda Picinguaba, em Ubatuba, progrediu da iluminação à luz de vela para o acesso à internet em menos de um ano.Até outubro do ano passado, as cerca de 300 pessoas que pertencem à comunidade não dispunham de energia elétrica. Viviam sem geladeira, aparelho de som ou televisão. Alguns rádios à pilha eram o máximo de modernidade à disposição dos quilombolas.A vida deles mudou depois da chegada da energia elétrica através do programa 'Luz para Todos', do governo federal. Quase ao mesmo tempo, foi aberto um telecentro na comunidade, ao lado da capela de São Pedro, com 10 computadores e acesso à internet por satélite. O telecentro veio em parceria com o programa Furnas Digital.Segundo a presidente da Associação Comunidade Remanescente Quilombo da Fazenda Picinguaba, Laura de Jesus Braga, 51 anos, a luz elétrica trouxe de volta várias famílias que haviam deixado a comunidade atrás de melhores condições de vida."Eles voltaram a viver aqui e já temos pelo menos mais quatro autorizações para construção de casas na comunidade", conta Laura.Casado com uma descendente de escravos, Valter Santos Pereira, 32 anos, passou a ter geladeira, ferro de passar roupa elétrico e televisão em casa. Até secador de cabelos ele já viu na comunidade."As pessoas vão comprando os utensílios aos poucos. É tudo muito novo para a comunidade", completa a quilombola Pedrina Vieira de Assunção Pereira, 27 anos.
(Fonte: ValeParaibano)

Itesp faz avaliação para posse

O reconhecimento de uma comunidade quilombola é necessário para que as famílias tomem posse da terra. Em primeiro lugar, elas devem criar uma associação, devidamente registrada, para requerer a titulação do território.Feito o pedido, entra em cena a Fundação Itesp, órgão estadual responsável por identificar as áreas ocupadas pelos remanescentes de quilombos, que contrata um antropólogo para preparar um laudo sobre a comunidade.Atualmente, nas comunidades quilombolas de Ubatuba, a pesquisa é feita pela antropóloga Anna Maria de Castro Andrade, formada pela USP (Universidade de São Paulo) e fundadora da Organização Não-Governamental Apis (Ação Picinguaba Sustentável).Ela é responsável pelos laudos das comunidades localizadas na Fazenda Picinguaba e no quilombo Sertão de Itamambuca, também chamado de Cazanga. Em ambas, após quatro meses de estudos, a antropóloga encontrou indícios de ligação com o período escravocrata.Anna Maria explica que a pesquisa busca identificar basicamente dois pontos: a ancestralidade escrava da comunidade e a ligação com o território. Para tanto, levanta-se o mapa genealógico da comunidade e estabelece-se a área que deverá ser demarcada.Em Ubatuba, segundo estudos históricos, fazendas de café entre os séculos 18 e 19 utilizavam escravos que eram comprados em Paraty, no Rio de Janeiro, influente rota de comércio do ouro.

(Fonte: ValeParaibano)

Quilombolas buscam posse de terras

José Vieira sente saudade do tempo em que usava calças curtas e tinha medo de assombração. Aos 80 anos, ele se lembra dos familiares que velavam os mortos na mesa da sala. Os corpos eram revestidos com lençol branco e espalhavam-se velas ao redor da mesa. Durante o velório, os mais velhos contavam histórias de assombração para as crianças.Fantasmas fazem parte da memória coletiva das famílias cujos antepassados foram escravos. O traço cultural aparece nos relatos de Vieira, mais conhecido como Zé Pedro, um dos líderes mais ativos da comunidade remanescente de quilombo que vive na fazenda Picinguaba, na região norte de Ubatuba, próximo à divisa com o Estado do Rio de Janeiro.Perto do km 12 da rodovia Rio-Santos (BR-101), uma estrada de terra batida leva ao núcleo central da comunidade. Lá, encontra-se uma capela dedicada a São Pedro, um telecentro, uma sede e a 'Casa da Farinha', galpão destinado à produção de farinha de mandioca.Ao redor, casas construídas pelos quilombolas abrigam pelo menos 49 famílias e 156 pessoas. Outras sete famílias moram fora da área de 100 hectares destinada à comunidade, que vive a expectativa de ter suas terras homologadas pelo governo estadual.Segundo José Roberto Andrion, coordenador regional da Fundação Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), o laudo antropológico necessário para o reconhecimento das terras quilombolas na Fazenda Picinguaba já está pronto e a demarcação da área próxima de ser realizada.TERRA - Conseguir a posse das terras onde mora há 52 anos é tudo o que Zé Pedro sonha. Por mais de 20 anos, ele batalhou pelo reconhecimento da comunidade como remanescente de quilombo. Chegou a sofrer de depressão por causa da burocracia, mas venceu as dificuldades e hoje estampa um largo sorriso no rosto."Estamos vivendo um bom momento, mas temos muito ainda o que conquistar. Nossa sobrevivência depende de nosso esforço", disse Zé Pedro, que vive em Picinguaba com a maior parte dos seus 11 filhos, 43 netos e nove bisnetos.Os bisavôs dele foram escravos em uma fazenda em Cunha, cidade onde Zé Pedro viveu até os 13 anos. Mudou-se para o Litoral Norte atrás de trabalho, fixando-se com a família na região de Picinguaba.Lá nasceram todos os filhos, como Maria Inês Vieira, 34 anos, e Natalina Vieira, 41 anos. Ambas ajudam o pai na fabricação de farinha de mandioca, hoje a principal fonte de renda da comunidade.Cada família ganha cerca de R$ 300 com a produção de 150 quilos de farinha por dia. O trabalho é penoso e afasta os mais jovens, que preferem pescar."Os jovens não querem saber de fazer farinha, que é um costume antigo da nossa comunidade. Não sei até quando manteremos essa cultura", lamentou Zé Pedro, que busca um sucessor para a liderança da comunidade.Para manter as tradições, ele projeta ampliar o uso da fábrica de farinha, agregando um engenho e um alambique. Quer fazer melado, rapadura, pé-de-moleque e cachaça. Tudo movido por uma imensa roda d'água de 800 quilos.Zé Pedro e os demais quilombolas esperam também autorização da Fundação Florestal para definir zonas agricultáveis dentro da Fazenda Picinguaba, considerada área de reserva. "Quero plantar mandioca, que hoje compramos de Minas Gerais."Ao lado da mulher, Maria Nadir dos Remédios, 75 anos, ele serve café caiçara feito com cana de açúcar aos turistas que visitam a comunidade.A natureza exuberante do local já atraiu visitantes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a mulher, Ruth Cardoso, e o senador Eduardo Suplicy (PT)."Todos viraram meus amigos", disse Zé Pedro. De fantasmas, hoje ele só quer a lembrança.

(Fonte: ValeParaibano)

Associação Raízes do Cambury tem nova diretoria

A nova presidente da Associação Raízes do Cambury, Fabiana dos Santos, foi eleita em reunião no último dia 7 de junho, na presença de representantes dos moradores do bairro, do Executivo e do vereador Jairo dos Santos, PSB, que está sempre atento às questões da comunidade local. Após a eleição, a nova diretoria discutiu com os presentes a proposta enviada pelo Instituto Florestal, referente ao Termo de Compromisso de realocação de bares e ranchos de canoa da Praia do Cambury. O Administrador da Regional Norte, Jorge Inocêncio Alves Júnior, garantiu que o documento só seria assinado pelo prefeito, depois de aprovado pela comunidade. Jairo dos Santos lembrou que o documento enviado pelo Parque sofreu várias alterações propostas pelos moradores, em reunião realizada na Câmara Municipal, no dia 28 de abril deste ano. A Prefeitura e o Instituto Florestal não compareceram, ignorando o convite. Na ocasião, em debate aberto, os moradores apresentaram novas reivindicações relativas ao compromisso de suspensão da Ação da Ação Civil, processo 863/96, que visa a demolição das edificações do Cambury. Eles pediram garantia e prazo para a realocação das barracas e moradias, participação do SPU - Secretaria do Patrimônio da União nas negociações e que a questão dos ranchos de canoa seja apreciada à parte da ação existente, uma vez que se trata de tema protegido por legislação específica.Na próxima segunda-feira, a Associação Raízes do Cambury deverá enviar um ofício ao Instituto Florestal, solicitando a convocação de uma reunião emergencial com a Câmara Técnica, para a adequação do Termo de Compromisso.1ª Festa Julina do Cambury - A Associação Raízes do Cambury convida todos os moradores do Município para a Primeira Grande Festa Julina, da entidade. De acordo com Fabiana dos Santos, presidente da Associação, além de muita comida típica e bebida, não vão faltar música, dança, torneio de futebol, bingo, exposição e venda de artesanato da região. A festa na Praia do Cambury acontecerá nos dias 19 e 20 de julho. Compareçam. Vale à pena conferir.

(Fonte: Assessoria do Vereador Jairo dos Santos)