domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ubatuba, a terra das muitas canoas





Entre jundus e abricoeiros, agraciada pela exuberância da Mata Atlântica, sob a guarda de um mar estonteante, agita-se Ubatuba, naquela que é uma das mais belas porções do litoral norte paulista. Distante cerca de 240 quilômetros de São Paulo, a “terra das muitas canoas” (do tupi, ubá = canoa, tuba = muitas) tem praias para todos os gostos e esbanja belezas naturais. Seguindo pela Rodovia Rio-Santos, de Caraguatatuba a Paraty, tudo o que se vê é deleite para os olhos e para a sensibilidade, um conjunto de paisagens múltiplas, nas quais o rústico e o moderno compõem um cenário de pura satisfação. Para descansar, pescar, cair no agito ou curtir a natureza, Ubatuba oferece mais de 70 praias, além das ilhas e ilhordes que enfeitam as águas limpas de um mar repleto de peixes, canoas e barcos.


As praias – O litoral de Ubatuba é dividido em norte e sul, a partir do centro da cidade, e é difícil eleger a praia mais bonita. Tem mar calmo, mar agitado, praia de tombo, praia sem ondas, areia fina, areia grossa, tartarugas marinhas e muito verde que se espalha pela seqüência interminável dos morros que margeiam o mar. Na porção norte, a Praia da Almada merece uma visita demorada. Por lá, o mar está sempre calmo, ideal para as crianças, e é possível ver cardumes de peixes pequeninos bem no raso. No fim da praia, à esquerda de quem olha para o mar, existe uma passagem estreita que leva à praia do Engenho, outro lugar admirável. As duas praias são antigas vilas de pescadores e até hoje se pesca tainha em canoas de madeira. No fim da tarde, quando os pescadores recolhem as redes, dá para comprar peixes frescos por um bom preço. Bem no meio da praia do Engenho, entre umas pequenas casas, fica a saída para uma trilha que chega na praia Brava da Almada. O nome se deve ao mar grande, de ondas fortes, procurado especialmente por surfistas. A praia Brava é deserta e limpíssima, só o que se escuta é o barulho das águas, a mais encantadora canção que se pode ouvir naquele lugar repleto da mais pura energia que emana da natureza. O caminho que sai da Rio-Santos e leva até a Almada é um espetáculo à parte; uma estrada sinuosa e asfaltada contorna o morro que a separa da enorme Praia Ubatumirim; a vista do alto é maravilhosa.


Existem outras vilas de pescadores em Ubatuba, uma das mais tradicionais é a Picinguaba, tombada pelo Condephaat em 1983 e que faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar no único ponto em que ele atinge a orla marítima. A região foi ocupada no passado por uma fazenda que hoje é dividida ao meio pela rodovia. Do lado direito para quem segue em direção ao Rio de Janeiro, fica a sede do Núcleo Picinguaba, que engloba também a Praia da Fazenda, e onde fica o centro de visitantes, que disponibiliza informações sobre o local e guias para as trilhas. Do lado esquerdo, no sertão, fica Casa da Farinha, que dá início à trilha do Corisco, de cerca de seis horas de caminhada por uma fazenda abandonada e cachoeiras belíssimas.


Para quem gosta de lugares mais movimentados, a praia do Félix, de paisagem rústica, é uma opção. No canto direito (para quem olha o oceano), o mar é mais calmo e encontra um rio de água limpa e cheia de crianças na temporada de verão. A praia seguinte, em direção ao centro da cidade, é Itamambuca, o paraíso dos praticantes do surfe; lá a cadência ritmada de ondas perfeitas causa admiração até mesmo em quem só gosta de ficar na areia, espiando o mar. Ubatuba é assim, cheia de caminhos que levam a tantos lugares bonitos, nenhum igual ao outro, cada um com seu jeito, com seu cheiro, com seus peixes e bromélias.


O colorido de Ubatuba desponta em cada trilha como um bálsamo para aliviar a alma de todos os dissabores. Quem já visitou a praia do Cedro, próxima ao centro, sabe disso. Esta pequena praia fica escondida e só se chega lá por trilha. Fora da temporada, a praia do Cedro fica praticamente deserta e não raro dá para flagrar esquilos e pássaros passeando a vontade. A natureza não poderia ser mais bela numa faixa de litoral que guarda mangues, restingas, rios e cachoeiras que ainda restam praticamente intocados.


E ainda há as ilhas, que não podem deixar de ser apreciadas. Para se chegar até elas, existem duas opções, alugar barcos de pescadores ou comprar os passeios de uma das operadoras de turismo. As opções são variadas: na Ilha Anchieta, fica uma base do Projeto Tamar, de preservação das tartarugas marinhas, e as ruínas do antigo Presídio Estadual; na Ilha do Promirim, dá para aproveitar a tranqüilidade de um pedaço de terra inexplorado perdido no mar; na Ilha da Rapada, águas límpidas transparentes e de ótima visibilidade são um convite irrecusável ao mergulho. Muitas outras ilhas, muitas outras trilhas e muitas outras praias compõem Ubatuba. Por onde se anda, a Mata Atlântica está viva e parece sorrir para todos os visitantes que sabem apreciar e valorizar o contato inspirador com o meio ambiente. O contato com a simplicidade do cotidiano dos caiçaras, a culinária típica do peixe Azul Marinho – delicioso peixe ensopado com banana – o ar puro e leve, o pôr-do-sol alaranjado e as árvores floridas que colorem os morros, tudo em Ubatuba é motivo de prazer e adoração.

Texto: Danielle Arantes Giannini -

Foto: William Silveira

FONTE : www.lugaresdomundo.com

FOLCLORE Praia da Sununga – Ubatuba/SP


Mar de muitos recortes, areia de múltiplos tons, abricoeiros e jundus compõem a paisagens de um pedaço singular o Litoral Norte de São Paulo. Ubatuba tem dezenas de praias e um sem número de histórias, algumas verdadeiras, outras nem tanto. As lendas já passaram de boca em boca na prosa diária dos caiçaras de antigamente, hoje estão quase perdidas, mas resistem precariamente ao tempo e ao progresso. Quem circula pelas ruas e praias de Ubatuba não imagina que lugar é aquele, tampouco sabe dos seus mistérios.Para que as histórias de Ubatuba não se apaguem de vez, parcos esforços têm sido observados, sobretudo após o recente falecimento de Seu Filhinho, o mais antigo historiador local. Por isso lugaresdomundo.com conta uma das belas lendas que traduzem o espírito ubatubense.

Sununga...Lenda da Gruta que Chora

Contam lá nas bandas da Sununga que há bastante tempo um moça muito bonita, de nome Marcelina, vivia com sua mãe na mais completa alegria. A jovem tinha a pele suavemente morena, olhos claros e cabelos negros, era belíssimo seu corpo de menina nova, graciosa como o quê. De uma hora para outra, sem que nada acontecesse, Marcelina deixou-se cair prostrada em sua cama simples, sem vontade nenhuma, nem sorrir a bela moça queria. Sua mãe, Sinhá Anália, já havia percebido, não sem preocupação, que a menina estava diferente e parecia piorar conforme os dias se sucediam. Tentou de tudo, chás de ervas, banhos de folhas e flores, mas nada fazia efeito.Sinhá Anália contava para as comadres o que estava acontecendo com sua menina e todos diziam que era problema de idade. Inconformada, perguntava à filha o que estava acontecendo, mas a menina era categórica, jurava que nada havia de errado e que comia pouco ou quase nada para não ficar gorda como umas mulheres que vira na cidade certa vez.Não podia ser normal aquilo, Sinha Anália bem o sabia, ainda mais depois que virou rotina acordar durante a madrugada com os soluços da filha. Como pensasse que era tristeza, conteve ao máximo seu ímpeto de correr ao quarto de Marcelina para saber o que se passava. Até que não resistiu e surpreendeu a moça soluçando palavras desconexas, como se pedisse para alguém não partir. A garota estava sozinha no quarto!

Depois de ser flagrada pela mãe, não restou alternativa a não ser contar a verdade. Foi com perplexidade que a mulher ouviu palavra por palavra, tudo meio sem nexo, sobre a história do dragão que morava na Toca da Sununga. Todo mundo conhecia o caso na região e até mesmo evitava passar por aquelas bandas. Os pescadores nem se atreviam a chegar perto porque as ondas gigantes engoliam canoa, rede, tudo. As pessoas sabiam que o tal monstro existia, mas só Seu Antero tinha visto. Era um bicho horroroso, tinha metade do corpo de dragão e a outra metade era roliça, como uma cobra, e se rastejava no chão. Pois bem, desde que Seu Antero falou do dragão que vivia na gruta, Marcelina não parou de pensar nele, com um misto de medo e curiosidade. Contou à mãe que de tanto pensar no bicho, ele foi lá ter com ela, entrou no quarto no meio da madrugada. Vendo o assombro de Sinhá Anália, tentou acalmar a mãe, já idosa, dizendo que ele ficou encolhido, tão pequeno, que parecia não fazer mal a ninguém, até que virou um homem. A mulher não podia crer no que estava ouvindo, era loucura da sua filha, teria que chamar um doutor, aquilo de mostro virar homem não era certo, ainda mais dentro de sua própria casa. Depois falou que tinha passado a noite embalada nos braços daquele lindo moço de olhos claros. Mesmo depois de uma noite tão especial, a garota sentiu-se infeliz porque o moço partiu logo ao amanhecer, quando o galo cantou três vezes. Ela ficou no quarto chorando, sem disposição para nada, só pensava em esperar a noite chegar para receber a visita do amado. Agoniada, a mãe da jovem, só podia rezar para todos os santos que conhecia, até promessa fez.
Demorou muito tempo para aparecer um velho pobre, andarilho, batendo à porta de Sinha Anália em busca de um prato de comida. Ao entrar na casa, como faltasse assunto, a mulher foi logo narrando o drama de sua filha. Ouviu calado, inexpressivo, e ao fim do relato, disse já ter ouvido, bem longe dali, falar do monstro que atormentava a população daquele bairro. Por tal motivo ele estava lá, para expulsar aquela criatura do mal. Era uma espécie de mago e sabia como fazer isto.Logo o bairro todo estava sabendo da vinda do ancião e na manhã seguinte todos se acotovelavam em frente à Toca da Sununga. Já no local, o pobre monge ergueu os braços e fez o sinal da cruz, acompanhado de todos que estavam lá, fez uma prece ao Senhor e espargiu sobre a pedra que forma a toca um pouco da água que carregava consigo. Para espanto dos presentes, imediatamente um trovão violento fez estremecer a terra, e o mar se agitou violentamente, avançando sobre a praia, chegando a bater nas rochas. Depois as águas recuaram e o mar abriu-se ao meio, bem em frente à toca, por onde o mostro passou, horripilante, rugindo, para se esconder definitivamente nas profundezas do oceano.Ninguém mais até hora ouviu falar do dragão. Dizem que Marcelina viveu por muito tempo, acanhada e triste, porém bela como sempre fora!
“Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão.Dizem alguns que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem a fim de que o dragão jamais possa voltar.Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse para ficar com ela a noite inteira até os albores da manhã!”in: Ubatuba, lendas & outras histórias

Washington de Oliveira

BUSTO DE CICILLIO MATARAZZO

Um busto de Ciccillo Matarazzo está localizado no novo memorial que fica na Biblioteca Municipal. O memorial é composto por uma galeria de 11 ex-prefeitos eleitos de Ubatuba, a partir de 1948, os quadros foram produzidos pelo pintor Rogério Contrera Ramos, vencedor do 5ª Salão Nacional de Belas Artes de Ubatuba. Existe ainda um terminal digital onde pode ser consultado o histórico de cada prefeito. O prédio onde se localiza atualmente a biblioteca e o memorial foi construído em 1967 pelo renomado arquiteto Oswaldo Arthur Bratke para ser a sede da Prefeitura de Ubatuba. Ciccillo Matarazzo foi prefeito de Ubatuba de 1964 a 1969. Além da vida e trajetória de Ciccillo, o memorial também conta fatos da história política de Ubatuba.
Texto de Ana Pavão

Banda Lira padre Anchieta – 48 anos de cultura

No mesmo ano que Juscelino Kubitschek inaugurava Brasília, nascia em Ubatuba a Lira Padre Anchieta.
A Banda Lira Padre Anchieta, fundada em 11 de outubro de 1960 pelo Oficial de Justiça João Clemente Barbosa e o maestro Herculano Barros Pinto, hoje sob a regência de Valdecy dos Santos e Amarildo da Hora, é um dos projetos culturais mais bem sucedidos da cidade.

A trajetória da Lira durante os quase 50 anos de vida, é exemplo a ser seguido em Ubatuba, pois foi com muita força de vontade e amor a música que a maior parte dos atuais 32 integrantes já se profissionalizaram junto aos principais músicos instrumentais do Brasil, cursando inclusive o Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, a “Universidade Livre de Música”.
Com o apoio da Fundart e da Prefeitura, a Sociedade Lira Padre Anchieta, alem da Banda Sinfônica, vem mantendo oficinas e grupos com menor formação, como o Coral adulto “In Cantus”, Coral Lirinha, Lira do amanhã, Retreta Maestro Pedrinho, Quarteto Saia Justa, Sexteto Caiçara, Solstício Maior e Tupinambras.
As apresentações são sempre da melhor qualidade, que variam de acordo com o grupo e atendem todos os gostos musicais. O grupo Saia Justa, por exemplo, é especializado em musica erudita, o Tupinambrás toca música brasileira com ênfase em choro e bossa nova. Já o grupo Solstício Maior abrange vários gêneros, desde cirandas infantis e folclore, até música popular, misturando música, teatro e poesia. A Banda Sinfônica, além das músicas clássicas, tem em seu repertório sucessos de cinema, mpb, jazz e rock.
Segundo Amarildo da Hora (regente e diretor artístico), a Lira Padre Anchieta tornou-se símbolo de projeto cultural vitorioso, formando uma cadeia de produção musical que vai da formação musical até o palco. Ele ressalta que este ano a banda sinfônica foi convidada para diversos concertos fora de Ubatuba, com destaque para a participação no festival “Ars nova” na cidade de Serra Negra e para o concerto á se realizar no dia 12 do dezembro na cidade de São Paulo que também será gravado pela rede vida de televisão.
Neste verão, você poderá conferir diversas apresentações dos grupos musicais da Lira, veja a programação completa no site da Fundart www.fundart.com.br.
Vale a pena prestigiar, afinal são quase 50 anos de dedicação em prol da cultura e da boa música na cidade. Compre uma pipoca, arrume um cantinho nos bancos da Praça Exaltação a Santa Cruz (aquela da igreja matriz) e boa diversão!

Texto : Luiz Pavao

FONTE : www.ubatubaemrevista.com.br