Corrida de Canoas Caiçaras -Praia da Enseada em Ubatuba- Inagem
apenas ilustrativa - não faz parte do livro
O primeiro passo neste processo de
aculturação em Ubatuba, foi entender o espírito caiçara[1]. Claudia de Oliveira, que
se auto-reconhece como caiçara, nos oferece um belíssimo depoimento do que é
ser caiçara, atrelado à forma simbólica de representação do mundo.
Eu, caiçara... uma mistura de gente de toda gente!
Cheiros, formas e cores... diferentes! Ingleses, bugres, alemães, portugueses e
tantos outros que por aqui passaram; sem contar o sangue que corre nas veias,
herança tupinambá. Este povo que guerreou até o fim, lutando pela terra da qual
eram donos por direito, pois ‘eram os primeiros’ (os denominados tamoio). Da
fusão das etnias surgiram os caiçaras, moradores à beira-mar, os também
conhecidos como barriga-verde (devido ao fato de alimentar-se do peixe cozido
com a banana verde).
Nós
também somos um povo guerreiro que luta pela sobrevivência de nossa infinita e
rica cultura, que percorre os mares e ilhas, alojasse nos mangues, brinca nas
ondas do mar, caminha pela sombra do chapéu de sol, canta suas tristezas, conta
em verso suas alegrias, trilha pelas colinas, banha-se nas cachoeiras...