sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " 8 ª Parte.

9. PRAIA DA MARANDUBA

Localização


A Praia da Maranduba localiza-se ao sul, a 28 km do centro de Ubatuba sendo o penúltimo bairro do município. Sua localização geográfica fica entre as praias do Pulso e Sapé, esta última é continuação na mesma faixa de praia da Maranduba.

Acesso

Assim como tantas praias de Ubatuba, Maranduba é em toda sua extensão margeada pela rodovia Rio – Santos, BR-101, sendo esta o único acesso principal vindo do sul – Caraguatatuba, ou, do Norte, centro de Ubatuba. As linhas de ônibus da empresa Cidade de Ubatuba oferecem vários horários, a empresa Litorânea que faz a linha Ubatuba - Caraguatatuba – Ubatuba, oferece a toda hora o transporte coletivo.

Visão
Maranduba, grande em sua extensão, bela em sua paisagem nos faz lembrar um pouco a praia Grande com seus quiosques e muita gente bonita à beira mar. Praia de ondas não tão grandes que agrada a todos, famílias e alguns surfistas principiantes. Possui poucas árvores e algumas casas ou pousadas. Faz divisa com a praia do Sapé, onde em uma única faixa de praia formam um trio: Lagoinha, Sapé e Maranduba. Logo à frente da praia podemos visualizar uma ilha muito próxima com o mesmo nome, Maranduba, ou Ilha do Tarmerão.

As opções para lazer, além de suas águas podem ser os passeios de escuna na baía seguindo até a ilha da frente ou até a praia Grande do Bonete, outro lugar incrível, correndo o risco de ver os graciosos golfinhos e até baleias em determinada época do ano. Uma das atrações principais é o tobo àgua, ou tobocean que fica flutuando em alto mar, e também se divertir com caiaques e banana boalt disponível para aluguel.

Para quem gosta de praticar traiking, mais conhecida como caminhada, no final da mesma faixa longa das três praias, saindo da Maranduba, passando pelo Sapé e finalizando na Lagoinha, bem no canto começa uma trilha de no máximo 40 minutos, passando pelas praias do Perez, do Bonete, Grande do Bonete até a do Deserto. Uma trilha fácil de fazer e ideal para principiantes nesta prática com um visual de mar e mata fantástico.

Maranduba também tem algumas histórias: em 1827, o Sr. João Agostinho Stevemé foi dono de quase toda a área plana e de plantações próxima à faixa costeira do bairro. Próximo desta praia, na Fazenda Bom Retiro, localizadas hoje as Ruínas da Lagoinha, utilizava-se o atracadouro de Maranduba para assim transportar a pinga fabricada neste lugar na época do Império, no auge da cana de açúcar.

Curiosidades à parte, a palavra Maranduba, era a denominação Brajahimerinduba, supõe-se que esta estranha palavra tenha sido uma junção de Brejaúva4 e Maçaranduba5. Também Maranduba que em língua indígena quer dizer conjunto de histórias bonitas refere-se ao relato das gerações que são contadas onde os valores e cultura, conquistas e atos de heroísmo atravessam o tempo e permanecem vivas nas memórias do presente de um povo.

Maranduba é cercada pela Mata Atlântica, fazendo com que a imagem do local seja de uma região interiorana. Dali, próximo, existe uma estrada que leva em questão de minutos ao Sertão da Quina, um bairro grudado com a Maranduba que é uma opção diferente com esse ar interiorano para àqueles que se cansam do mar. Lá dentro é possível desfrutar de um conjunto de maravilhosas cachoeiras, onde a mais famosa é a da Renata, tendo como opções de hospedagens ótimas posadas e chalés. A paisagem que pode ser vista de alguns pontos da região é linda. Mas, Maranduba desenvolveu sua independência por conta da distância, quase 30 km do centro de Ubatuba. Tanto que possui um mini centro comercial com lojas, farmácia, supermercado, posto de atendimento médico, inclusive uma subprefeitura regional dando assistência a uma espécie de desenvolvimento social na região.

Uma rede hoteleira razoável que atende a grande demanda de visitantes e turistas freqüentadores assíduos da região sul, existe com muitas pousadas e chalés e também para àqueles que procuram algo mais simples existem campings bem próximos da praia.

A alimentação pode ser bem diversificada a gosto do cliente. Além dos quiosques com drinks gelados que acompanham sabores exóticos dos pratos de frutos do mar, existem restaurantes e lanchonetes no seu mini centro comercial, e também mercados com variedades em alimentos.

Demanda Turística
Sua demanda é bem variada, recebendo todo tipo de turistas ou excursionistas, são na maioria de classe média. Por sua fácil localização e acesso, Maranduba tem um grande movimento mesmo fora de temporada, e na “alta temporada” chegando a dobrar, principalmente porque atende a uma demanda de turistas e visitantes da cidade vizinha, Caraguatatuba.





10. PRAIAS DA CAÇANDÓCA E CAÇANDOQUINHA

Localização


A praia da Caçandoca e a Caçandoquinha localizam-se ao sul, a 30 km do centro de Ubatuba. Geograficamente, Caçandoca está entre a Caçandoquinha e a praia do Pulso, e a Caçandoquinha entre a praia da Raposa e Caçandoca.

Acesso


O acesso de carro às praias da Caçandoca e Caçandoquinha é pela rodovia Rio – Santos, exatamente no Km 78 da Br 101. Uma estrada, a partir da rodovia principal de 3 km de percurso, leva à Caçandoca, onde ao lado direito dessa, por uma trilha curta, chega-se à praia da Caçandoquinha. O acesso de ônibus para ambas é pela rodovia, por meio da empresa Atlântico que faz a linha Ubatuba–Caraguatatuba– Ubatuba. O ônibus não entra pela estrada de terra até a praia, e o restante do caminho tem que ser feito a pé.

Visão

Tanto Caçandoca como Caçandoquinha são praias com uma vegetação variada da Mata Atlântica, e suas águas, são de um azul intenso, com poucas ondas. Na Caçandoquinha há areia monazítica, ideal para tratamento medicinal. Laranjeiras, coqueiros, amendoeiras, caraguatás fazem atraem arapongas, baitacas, periquitos, sabiás, tucanos e pica-paus.

Como tantas outras praias de Ubatuba, Caçandoca e Caçandoquinha guardam, além da beleza natural e exuberante, histórias dos negros quilombolas de Ubatuba. Caçandoca e Caçandoquinha abrigam famílias, moradores que são descendentes dos quilombolas. A colonização desse trecho foi feita por José Antonio de Sá, que tinha o monopólio de Caçandoca em 1881. As terras foram deixadas, depois, como herança a seus filhos.

Caçandoca e Caçandoquinha não têm infra-estrutura turística, e o visitante deve encontrar pousadas e hotéis nas praias próximas.

Demanda Turística

As duas praias são procuradas por excursionistas e adeptos de aventuras, instigados pelas belezas naturais da paisagem que desafia. O longo caminho de terra até suas areias e as trilhas fabulosas e históricas, longe do movimento de multidão, impressiona o turista que acha neste recanto da natureza selvagem um saudosismo de origem africano que paira por essas redondezas.


CONTINUA.......

A PAZ DE IPEROIG " 2 ª Parte " Segundo o livro " Ubatuba, espaço,memória e cultura"

Por estas e outras razões, Aimberé não confiava nos padres intercessores da paz, que deveria ser selada na aldeia de Iperoig. Anchieta sabia que o líder da Confederação estava à par do seu jogo e temia a fúria daqueles chefes índios que os haviam deixado em cativeiro.

A primeira assembléia da Confederação foi tumultuada, as queixas contra os portugueses eram: atrocidades, traições, incêndios, intrigas e capturas de índios tratados a ferro de escravos. A voz de Aimberé fez se ouvir em toda a aldeia de Iperoig: “A libertação de todos os Tamoio escravizados e a entrega dos caciques que se haviam unido com os inimigos”. Os jesuítas não aceitaram a proposta e Aimberé os ameaçou com o seu “tacape”. Segurado pelo braço, o grande chefe Aimberé, tumultuou a sessão que encerrou sem nenhum acordo de paz. Nóbrega propõem uma nova assembléia, mas os índios encontravam-se divididos: uns queriam a paz, outros a continuidade da guerra que começaria com a morte dos padres.

Enquanto esperava pelo desfecho de sua missão, Anchieta escreveu nas areias da praia de Iperoig, o célebre poema à Virgem Maria, segundo conta a lenda . Sentimentos e superstições, costumes e perfis indígenas são descritos em figuras e episódios nas Cartas de Iperuig, sob a forma de poema laudatório da Virgem - De Beata Virgine Dei Mater Maria, composição de 5.902 versos ou 2.950 e um dístico. A respeito da natureza desse poema, se foram efetivamente escritos na areia da praia, nos parece algo de menor importância, o relevante sim é a caracterização das circunstancia em que este foi concebido. O ritmo bárbaro da atmosfera do poema é um elemento de luta da inteligência e da fé sobre o instinto, transparecendo muitas vezes a angústia do conflito que motivava a narrativa do evangelizador.

O isolamento de Anchieta em Iperoig fez com que este prometesse à Virgem Maria, compor o poema de sua vida, com o fim de vencer as tentações da carne. Papel, tinta e pena, foram ministradas por José Adorno. Mas, nos momentos do cativeiro, o ambiente era tenso e inóspito para o religioso atormentado com os fantasmas da guerra .

Celso Vieira descreve que Anchieta sem buril concebeu no ermo, idealizando em versos latinos e elegíacos esse poema à Virgem para sobreviver ao instante genésico e fugaz do cativeiro, o apóstolo só contava, portanto, com a sua memória afetiva comprometida com os exercícios espirituais de sua Ordem. A lenda diz que não tinha mais do que a areia molhada pelas ondas, batidas pelo vento para escrever. Preferimos pensar que se trata de uma composição realizada com o tempo, nesse clima de cativeiro e que talvez as praias de Iperoig tivessem servido de esboço para esses rascunhos idealizados no retiro espiritual em que Anchieta se encontrava.

Junto do mar, um dia – conta Vieira -, ele traçou na fimbra espumante e arenosa o verso inicial do poema: “Eloquar? Na silean, sanctissima Mater Jesu?” Falar ou emudecer? Anchieta oscilava entre a ação ritual e a mística da fé que inspirava seu canto.

Tu mihi cum chara sis única Prole voluptas,
Tu desiderium cordis, amorque mei.

Desta forma, o jesuíta desdobra os motivos do primeiro canto que passaremos analisar, de acordo com o contexto no qual Anchieta está inserido: um cativeiro onde as lutas entre corpo e espírito, configuram a saga do desejo.

O primeiro canto leva o nome: De conceptione Virginis Mariae. A concepção de Maria antecede a modelagem da criação. É interessante mencionar aqui que o espírito mariano da maioria dos espanhóis encontra na figura feminina de Maria uma tabua de salvação .

Continua......

O ESPORTE MAIS POPULAR DE UBATUBA - SP É O SURFE



Não tem como negar, o esporte que mais destaca o nome " UBATUBA" na mídia é sem duvida o mais popular de Ubatuba.
O Surfe tranformou Ubatuba , na Capital do Surfe, isto a nível brasileiro.
Praia Grande e a Praia de Itamamcuca são os principais points do Surfe em Ubatuba, destaque também para a Praia do Félix e a do Perequê-Açu.
Visite Ubatuba o ano inteiro e comprove se Ubatuba é ou não a capital do Surfe....

ISTO É UBATUBA : Por do sol na Praia do Itamambuca

UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " Apresentação"

Ubatuba – espaço, memória e cultura é uma obra que se origina de uma amizade entre um habitante da cidade e um estrangeiro, para situar-se como um projeto de sistematização regional, visto na perspectiva do turismo, da história e da cultura local.
A cidade de Ubatuba como destino turístico constitui o ponto de partida para dois itinerários diferentes que se fundem para mostrar, conjuntamente, o lado perceptivo daquele que mora na cidade de Ubatuba, e o lado reflexivo do turista que interpreta os efeitos da paisagem e da história com a qual se reveste a cidade ao longo da escrita.

Trata-se de um tipo de construção teórica importante, no sentido de oferecer dados para toda e qualquer pesquisa que se venha a fazer sobre a região. Uma das maiores dificuldades que enfrentamos, uma vez que decidimos fazer frente à esta aventura foi justamente a falta de registro escrito das tradições orais de Ubatuba. Esta questão conferiu a nossa obra um caráter inter e multidisciplinar, desafiando-nos o tempo todo a criar interstícios com as teorias do turismo, com a história do Brasil e, sobretudo, com a fenomenologia do espaço inscrita no imaginário cultural dos habitantes de Ubatuba. Acreditamos que do resultado deste refrescante mergulho, a imagem da cidade possa sair beneficiada plenamente, da mesma maneira que saímos nós uma vez que empreendemos esta travessia e que hoje apresentamos seu resultado.

Há, entretanto, alguns pontos que queremos advertir logo de entrada sobre nosso livro. Em primeiro lugar, o desafio do turismo em Ubatuba às políticas públicas e à iniciativa privada no sentido de investir na cultura local como fonte de conhecimento e progresso; em segundo lugar, reivindicar o valor identitário da cultura tupi no seu viés tamoio para reconhecer um traço importante do caráter brasileiro; e, finalmente, lançar uma proposta à universidade, responsável pela articulação institucional, mais do que necessária dos componentes humanos, que configuram a vida social de uma cidade que tanto tem a oferecer ao desenvolvimento cultural do país. Por esta razão, acreditamos que este seja só um passo de um projeto maior que se desdobrará em futuras publicações, pois o nosso desejo é comunicar um saber fruto da experiência e reivindicar o espaço físico e humano no qual a cultura se insere e se projeta no cenário nacional.

Desta forma, a estrutura do livro é também uma proposta de travessia, um roteiro turístico que se inicia pelo reconhecimento do espaço e do tempo passado, presente e futuro de Ubatuba.

No primeiro capítulo trataremos Ubatuba como um destino turístico, caracterizando os principais atrativos naturais e culturais que fazem do turismo e da pesca os principais eixos de sustentação econômica do município.

No segundo capítulo, apresentaremos um panorama histórico de Ubatuba, outrora conhecida como aldeia de Iperoig, habitada pelos mais aguerridos índios de raiz tupi, os tamoios – que preferiam ser chamados de tupinambás - cuja saga em prol de seus valores ancestrais formou um dos episódios mais originais da história do Brasil, traçando os moldes de uma identidade litorânea .

No último capítulo, desenharemos o quadro da atual configuração da cultura ubatubense delineada no progresso de suas instituições, modelada na imagem veiculada pela mídia e assumida pela universidade como missão a favor da pesquisa e da produção de conhecimento.

Convidamos a nossos leitores, habitantes de Ubatuba em primeiro lugar, turistas, comunicadores e interessados na cultura de modo geral, a percorrer o itinerário para redescobrir as encenações de uma cidade encantada de chuva e de sol.


Texto extraído do Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", editado em 2005.

TUPÃ , O PRINCIPAL DEUS DOS INDIGENAS...

Tupã é outro herói civilizador do povo Tupinambá, o demônio do trovão. Cabe salientar que quando os missionários quiseram encontrar um correspondente a seu Deus, escolheram, ante a falta de expressão – diz Métraux – Tupã como o nome equivalente a “coisa sagrada e misteriosa”, no qual os Tupinambá viam a manifestação de um poder sobrenatural. Tupã é o autor do trovão e dos relâmpagos, sendo o criador do raio, tal onipresença celeste confere a este um poder significativo na mitologia Tupinambá. Para Thevet é só uma personagem secundária, quando os homens queimaram Irin – Pagé, provocou-se um milagre, abriu-se a cabeça deste com tal impetuosidade e tão horroroso estrondo que o estampido atingiu o céu, daí em diante Tupã virou trovões e relâmpagos, não tendo o relâmpago predecessor, o significado do fogo e isto é o que fica em maior evidência neste relato.

Dois fatos merecem a nossa atenção, a associação que a passagem estabelece entre Tupã e o trovão e, a relação existente entre o fenômeno e o incidente de vida de Irin – Pagé, um dos grandes heróis civilizadores. Portanto, Tupã foi criado logo após as metamorfoses sucessivas sofridas por um dos ancestrais Tupinambá.

A questão missionária parece estar ligada ao habitat celeste e ao poder sobre os elementos naturais, mais do que aos atributos divinos da onipotência, onisciência e onipresença. Esta questão reforça a nossa hipótese de como os Tupinambá se relacionavam com seu universo simbólico construído em função dos poderes e na força da natureza.

Fonte : do Livro "Ubatuba,Espaço,Memória e Cultura" , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca , editado em 2005.
Este livro pode ser encontrado na Biblioteca Municipal de Ubatuba, Praça 13 de Maio, centro