10. PRAIAS DA CAÇANDÓCA E CAÇANDOQUINHA
Localização
A praia da Caçandoca e a Caçandoquinha localizam-se ao sul, a 30 km do centro de Ubatuba. Geograficamente, Caçandoca está entre a Caçandoquinha e a praia do Pulso, e a Caçandoquinha entre a praia da Raposa e Caçandoca.
Acesso
O acesso de carro às praias da Caçandoca e Caçandoquinha é pela rodovia Rio – Santos, exatamente no Km 78 da Br 101. Uma estrada, a partir da rodovia principal de 3 km de percurso, leva à Caçandoca, onde ao lado direito dessa, por uma trilha curta, chega-se à praia da Caçandoquinha. O acesso de ônibus para ambas é pela rodovia, por meio da empresa Atlântico que faz a linha Ubatuba–Caraguatatuba– Ubatuba. O ônibus não entra pela estrada de terra até a praia, e o restante do caminho tem que ser feito a pé.
Visão
Tanto Caçandoca como Caçandoquinha são praias com uma vegetação variada da Mata Atlântica, e suas águas, são de um azul intenso, com poucas ondas. Na Caçandoquinha há areia monazítica, ideal para tratamento medicinal. Laranjeiras, coqueiros, amendoeiras, caraguatás fazem atraem arapongas, baitacas, periquitos, sabiás, tucanos e pica-paus.
Como tantas outras praias de Ubatuba, Caçandoca e Caçandoquinha guardam, além da beleza natural e exuberante, histórias dos negros quilombolas de Ubatuba. Caçandoca e Caçandoquinha abrigam famílias, moradores que são descendentes dos quilombolas. A colonização desse trecho foi feita por José Antonio de Sá, que tinha o monopólio de Caçandoca em 1881. As terras foram deixadas, depois, como herança a seus filhos.
Caçandoca e Caçandoquinha não têm infra-estrutura turística, e o visitante deve encontrar pousadas e hotéis nas praias próximas.
Demanda Turística
As duas praias são procuradas por excursionistas e adeptos de aventuras, instigados pelas belezas naturais da paisagem que desafia. O longo caminho de terra até suas areias e as trilhas fabulosas e históricas, longe do movimento de multidão, impressiona o turista que acha neste recanto da natureza selvagem um saudosismo de origem africano que paira por essas redondezas.
ITINERÁRIO DO OLHAR
1. A PRAIA DO BONETE
Localização
A praia do Bonete está localizada a 31 quilômetros ao sul do centro de Ubatuba, e é também conhecida como “Bonetinho”, em relação à Praia Grande do Bonete que fica a 33 quilômetros do centro urbano. Ambas as praias são vizinhas da Lagoinha e da Fortaleza.
Acesso
O acesso à praia do Bonete e do Bonete grande pode ser feito por trilhas ou de barco. É possível ir de carro até o condomínio da praia da Lagoinha e seguir a pé por uma trilha, ou também pela praia da Fortaleza, trilha de 30 minutos de subida íngreme de um morro. Há barcos que saem da praia da Lagoinha e levam turistas para qualquer uma dessas praias.
Olhar
A praia do Bonete é de uso público, e conservada por um caseiro, responsável pela limpeza da mata ao redor da casa, e nas imediações da trilha de acesso. A areia é semi-branca e de granulométrica média. A água do mar é semiturva e esverdeada, com vegetação considerável de abricoteiros – este tipo de árvore se apresenta em quase toda a extensão litorânea de Ubatuba, e o fruto, é uma espécie de pêssego menor que um damasco. É interessante notar a semelhança do nome dessa fruta com o termo apricot, que significa damasco, em francês.
O Bonete apresenta mar de tombo. Não existem degradações nem impactos visíveis na praia, pelo fato de o acesso ser restrito, tornando-a um local singular e selvagem.
A praia não tem infra–estrutura de hospedagem e a alimentação é restrita a um pequeno bar improvisado. Não há visitas guiadas no lugar nem se paga taxa de visitação. Ela é propícia para excursionistas que a visitam de preferência nos meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro.
O Bonete foi um local que serviu de moradia para os escravos das fazendas da região. Uma vez por ano esses escravos se juntavam aos moradores da remanescente quilombada da Caçandoca para festejar e realizar manifestações populares de caráter religioso. A atividade enconômica principal da região é a pesca.
Em contrapartida a este recanto do Bonete, existe a praia grande do Bonete, que também apresenta uma bela paisagem de dois quilômetros de extensão da orla marítima. Existem alguns bares na região central e uma porção de casas de veraneio, mas nehum hotel, nem restaurante, nem mesmo áreas de camping, atividade proibida, mas praticada com certa frequência. Existe um pequeno vilarejo de pescadores na localidade.
O local possui alguns bares que, durante a alta temporada funcionam no periodo noturno, com alguns atrativos, como música ao vivo. A praia grande do Bonete é considerada uma praia de tombo, com areia semibranca e de granulometria média, pedras médias e grandes na parte lateral da descida da trilha. O mar e a vegetação têm as mesmas características que as de sua irmã menor, um convite ao deleite dos sentidos, principalmente do olhar.
Na praia grande do Bonete levam-se a efeito duas celebrações consideradas manifestações populares, ambas de caráter religioso. A primeira delas, Festa de São Sebastião, é organizada por moradores e o padre da igreja de Maranduba, que vai esporadicamente até o local para a celebração da missa. Essa comemoração começa na praia com uma corrida de canoas: primeiro os homens, depois as mulheres, com percurso desde a praia grande do Bonete até a plantação de mariscos na praia do Bonetinho. Após a competição, há uma procissão na qual São sebastião é levado em uma grade canoa enfeitada com fitas multicoloridas. Logo após a procissão, todos se reúnem na igreja para celebração da missa, seguida por uma festa, que dura todo um dia.
Outra festividade religiosa é a de Santana, que acontece em 25 de julho, e tem a mesma programação.
Demanda turística
Os visitantes da praia do Bonete são, em sua maioria, provenientes de São Paulo, Caraguatatuba e arredores. Praia afastada, não registra o chamado turismo de massa, e por isso há pouca infra-estrutura para turistas.
Continua....Próxima atualização - 15/01/2008
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS : caiçara e tarrafa
CAIÇARA
Caiçara é a denominação dos habitantes do litoral do Estado de São Paulo. Etimologicamente, a palavra caiçara provém de caá – icara, o cercado de paus a pique, defesa da taba, segundo o Vocabulário Geral – tupi – guarani de Silveira Bueno (1998:87). Provavelmente esta designação responda a um modo particular de pesca que esses habitantes do litoral praticavam em função de interesses alimentares.
TARRAFA
Tarrafa é uma espécie de rede em forma de funil com chumbo nas suas bordas, que ao ser lançada na água se abre em um raio de extensão considerável, afundando com o peso no sentido para baixo propiciando a captura dos peixes.
DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA "
Caiçara é a denominação dos habitantes do litoral do Estado de São Paulo. Etimologicamente, a palavra caiçara provém de caá – icara, o cercado de paus a pique, defesa da taba, segundo o Vocabulário Geral – tupi – guarani de Silveira Bueno (1998:87). Provavelmente esta designação responda a um modo particular de pesca que esses habitantes do litoral praticavam em função de interesses alimentares.
TARRAFA
Tarrafa é uma espécie de rede em forma de funil com chumbo nas suas bordas, que ao ser lançada na água se abre em um raio de extensão considerável, afundando com o peso no sentido para baixo propiciando a captura dos peixes.
DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA "
dO liVRO "UBATUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " Genézio dos Santos , caiçara sim senhor...
O exame atento da realidade caiçara nos levou à praia do Camburi para entrevistar a um ícone desta cultura, Genézio dos Santos de 73 anos cuja sabedoria e vivência são sinônimos dos descendentes de quilombolas. Nascido e criado no Camburi, homem de muitas vidas, sobreviveu a um naufrágio com seus 17 anos durante um dia inteiro, sendo levado pela correnteza contra a costeira, superou a nove internações e uma pneumonia. Mas nada disso impede do homem que tem sede e fome da sua bandeira brasileira, de palestrar a todos os que o procuram para relatar tudo que os seus olhos já viram...
Procurado por grupos de historiadores, turistas, escritores e repórter de lugares diversos, senhor Genézio é reconhecido no exterior. Já esteve até no senado em Brasília, acompanhado pelo senhor Inglês de 65 anos - também caiçara, morador do bairro- através do Projeto Martim Pescador. Descendente do mestre Basílio, quilombola, senhor Genézio diz ter nascido em berço de ouro, pois a fartura que a mãe terra oferecia na hora da colheita, era a maior riqueza que um homem poderia almejar. Plantava-se banana, batata doce, mandioca doce, inhame, taiova, milho, cana, que era usado tanto para consumo próprio quanto na alimentação dos animais domésticos como, porcos e galinhas.
O homem naquela época – explica o entrevistado - pescava seis meses, semeava e cultivava outros seis. A liberdade do homem era o trabalho, até onde o suor e a força braçal suportavam. Ele diz que o progresso é bom, mais tem um preço, pois o rio antes navegável onde servia de agasalho para os peixes, hoje com a Rodovia Rio Santos, virou um mangue pobre e assoreado. A natureza que tudo dava, hoje somente pode ser olhada e apreciada. Movido pela fé, ele acredita que há de chegar o dia em que os governantes hão de olhar para o Camburi, ponto final do estado de São Paulo, onde a luz elétrica, a estrada e tantas outras reivindicações são os maiores objetivos da comunidade. Acredita que com esta estrutura possa organizar melhor a vinda de turistas, que hoje usam a praia para acampar ao invés dos campings - na baixa estação- não pagando nada por isso. Ele e os outros moradores gostariam de uma orientação de quem tem o conhecimento de outras fontes de renda, porque com setenta e três anos não se tem mais a força de antes, e só de fé não consegue seu alimento, pois tudo que aprendeu durante toda sua vida foi naquela praia e que hoje só lhe serve para contar histórias. Senhor Genézio, fundou em 1967 o cemitério de Camburi, antes os corpos eram levados para o Ubatumirim. Ele fala que naquela época caixão era coisa raríssima, todos eram enterrados em redes a sete palmos da terra. Seus olhos também testemunharam e o fazem, os aparecimentos de diversos OVNIS - objetos voadores não identificados na região. Pai de sete filhos de criação, ele deixa uma mensagem aos jovens: “Que escutem o conselho e a obediência e sinceridade de todos os familiares, para que cresçam com a mensagem do bom caminho conseguindo na vida adulta o conforto da vida material e principalmente da vida espiritual ao lado de Deus quando perderem o fogo da vida aqui na face da terra”.
A entrevista realizada no Camburi nos permitiu, graças à ajuda de Claudia de Oliveira, observar com atenção as variantes da língua caiçara em uma transcrição quase literal do relato do entrevistado ante nossas perguntas.
Procurado por grupos de historiadores, turistas, escritores e repórter de lugares diversos, senhor Genézio é reconhecido no exterior. Já esteve até no senado em Brasília, acompanhado pelo senhor Inglês de 65 anos - também caiçara, morador do bairro- através do Projeto Martim Pescador. Descendente do mestre Basílio, quilombola, senhor Genézio diz ter nascido em berço de ouro, pois a fartura que a mãe terra oferecia na hora da colheita, era a maior riqueza que um homem poderia almejar. Plantava-se banana, batata doce, mandioca doce, inhame, taiova, milho, cana, que era usado tanto para consumo próprio quanto na alimentação dos animais domésticos como, porcos e galinhas.
O homem naquela época – explica o entrevistado - pescava seis meses, semeava e cultivava outros seis. A liberdade do homem era o trabalho, até onde o suor e a força braçal suportavam. Ele diz que o progresso é bom, mais tem um preço, pois o rio antes navegável onde servia de agasalho para os peixes, hoje com a Rodovia Rio Santos, virou um mangue pobre e assoreado. A natureza que tudo dava, hoje somente pode ser olhada e apreciada. Movido pela fé, ele acredita que há de chegar o dia em que os governantes hão de olhar para o Camburi, ponto final do estado de São Paulo, onde a luz elétrica, a estrada e tantas outras reivindicações são os maiores objetivos da comunidade. Acredita que com esta estrutura possa organizar melhor a vinda de turistas, que hoje usam a praia para acampar ao invés dos campings - na baixa estação- não pagando nada por isso. Ele e os outros moradores gostariam de uma orientação de quem tem o conhecimento de outras fontes de renda, porque com setenta e três anos não se tem mais a força de antes, e só de fé não consegue seu alimento, pois tudo que aprendeu durante toda sua vida foi naquela praia e que hoje só lhe serve para contar histórias. Senhor Genézio, fundou em 1967 o cemitério de Camburi, antes os corpos eram levados para o Ubatumirim. Ele fala que naquela época caixão era coisa raríssima, todos eram enterrados em redes a sete palmos da terra. Seus olhos também testemunharam e o fazem, os aparecimentos de diversos OVNIS - objetos voadores não identificados na região. Pai de sete filhos de criação, ele deixa uma mensagem aos jovens: “Que escutem o conselho e a obediência e sinceridade de todos os familiares, para que cresçam com a mensagem do bom caminho conseguindo na vida adulta o conforto da vida material e principalmente da vida espiritual ao lado de Deus quando perderem o fogo da vida aqui na face da terra”.
A entrevista realizada no Camburi nos permitiu, graças à ajuda de Claudia de Oliveira, observar com atenção as variantes da língua caiçara em uma transcrição quase literal do relato do entrevistado ante nossas perguntas.
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