quarta-feira, 20 de outubro de 2021

A história de Ubatuba está morrendo, diz escritora caiçara

 

Ela Foi a entrevistada dessa quarta, 13 de outubro no Balaio Caiçara

Aos 77 anos, a poeta, artista plástica, fitoterapeuta caiçara de Ubatuba, Thetis Alves da Rocha é uma das memórias viva da cidade. Por razões pessoais e profissionais, ela teve que sair da cidade e morou muito tempo fora. Aposentada voltou para cidade que ele já não mais reconhece. “Mudaram o hino da cidade. Nem o padre sabe o nome da verdadeira padroeira de Ubatuba, reclama.

ALA , a escola que marcou a história de Ubatuba por sua ação social

 

Fonte original....https://www.cancionerocaicara.com.br/

Texto  Aninha  Fernandes

Fotos arquivo pessoa da Aninha

 

Já que estamos falando do aniversário da cidade da nossa Ubatuba,  é bom lembrar o quanto foi importante o colégio que existiu aqui, no centro,   na rua Gastão Madeira ,  é que era dirigido pelas freiras agostinianas. As primeiras irmãs dessa congregação  que vieram para Ubatuba  foram  Madre  Petrina e a  Madre Maria da Glória.

Essa escola,   que tinha o nome de ALA  “ Assistência ao Litoral de Anchieta” , .funcionava  tanto como internato quanto como  externato.  As jovens alunas moradoras das praias distantes e  as vindas de outras cidades,  moravam e estudavam no prédio residencial  ALA. . Como o prédio,  onde é hoje a escola Professora Olga Gil , pertencia a ALA, então era só atravessar o jardim e aluna já  estava na sala de aulas. Quem morava na região central  cidade só ia assistia  aulas mesmo, eram alunas externas.

Dificil haver uma  jovem ubatubana das décadas de 60, 70 e até 80,  que não passou pela ALA.  Além da escola de formação elementar,   na ALA se aprendia  serviços domésticos, se ensinava música, artesanato, culinária,  tapeçaria.   Nesse curso trabalhava-se  com tranças de imbira,  fazendo as alunas belíssimos tapetes e outros artesanatos, inclusive com uso de  tear .

   Educação sanitária e saúde pública aos carentes

As alunas  visitavam também as praias distantes para ensinar educação sanitária aos caiçaras . Havia muitas mortes de crianças por verminose, então orientava se o caiçara a fazer  ” casinhas”  para usar de banheiro, porque na verdade o  pessoal das praias  e do sertão, gostava e era a acostumado a usar as bananeiras para as sauas necessidades fisiológicas. Isso espalhava as verminoses, principalmente as lombrigas e o amarelão que causavam muitas mortes , principalmente nas crianças caiçaras. Na época também, década de 60 a 70, as caiçaras mais humildes não conheciam o leite em pó, então as meninas alunas as  ensinavam  até  como  se usar a alguma   mãe que precisasse fazer uso de um substituto para o leite materno. Naquela tempo não havia SUS e assitêsncia à saude era muito difícil, principalmente para os mais pobres

Aninha, com lenço na cabeça,  junto com as irmãs de caridade Marta e Lenita e com Frei Francisco Calderoni, atendendo na praia de Fortaleza

Para mim, a  escola ALA foi a sementeira da enfermagem em Ubatuba , pois a grande preocupação das irmãs era preparar as moças que moravam nas praias distantes,  para aplicação de cuidados  elementares de enfermagem nos seus vizinhos, como  aplicar uma injeção, administrar  um medicamento, fazer curativos e até mesmo parto, auxiliando ou substituindo as parteiras , quando necessário.

Desfiles cívicos e eventos

Grandes mestras foram as Irmãs,  Sofia, Irmã Margarida, irmã Maria do Belém, Irmã Marta e a maravilhosa Irmã Maria da Gloria.  Gloria ,  uma das pioneiras na cidade, era uma grande artista e  ensinava tudo que sabia de artes.  Do piano à escultura na areia.

Mesmo quando foi deixando de ser uma escola, a ALA continuou a acolher quem vinha de longe para estudar e não tinha onde ficar .  Eu fui uma dessas meninas .Como morava longe do centro,  eu era interna lá,   lá mas estudava no Colégio Capitão Deolindo.de Oliveira. E os desfiles ?  Quem viu  jamais vai esquecer dos desfiles cívicos  onde as  belas moças  caiçaras  da Ala ,  com seu uniforme azul claro e blusas brancas. eram esperadas, com ansiedade pela plateia.

Ana sempre de lenço branco, e a turma da ala,

Havia ainda outras atividades e eventos , que chamavam atenção de todos,   como:   apresentação de ginástica rítmica pelas moças,  a famosa quadrilha de São João, marcada por seu Barbosa , que depois foi substituído pelo Mestre Altamiro e  organizada pela, Irmã Sofia no bairro do Ipiranguinha .

A ALA marcou época na vida da cidade é das pessoas. Pena que as irmãs entregram o prédio de volta à Prefeitura e acabaram se mudando para uma casa comum , até irem embora de vez..  E daquelas irmãs –  creio que todas já são falecidas- , me lembro com carinho da Irmã Laura de Lima, da  Margarida que me colocou no serviço de enfermagem do recém aberto asilo para idosos o  Lar Vicentino de Ubatuba.  Lembro- me ainda das  Irmãs  Sofia e Otília que sempre   visitava me  em casa. . No meu ponto vista a missão  social e educacional  da ALA  foi cumprida e nós suas ex-alunas,  estamos aqui para provar toda esse trabalho de dedicação  e amor a Ubatuba, através do verdadeiro exemplo de cristianismo.

 

Quem é Aninha?

Técnica em enfermagem aposentada, Ana Maria Fernandes é apaixonada pelo folclore caiçara de Ubatuba, onde vive há mais de 60 anos, e contadora de causos Integrou vários grupos folclóricos. É colunista da Revista Cancioneiro Caiçara e apresentadora de programas da RCC no Facebook

HOTEL TINOCO.......DÉCADA DE 20

 


Hotel Tinoco, ficava onde hoje é o Hotel São Charbel esquina da rua Maria Alves, antiga Rua do Comercio com a  atual Rua Cel . Domiciano......Foto segundo informações da   década de 20.

O LATIM DE PADRE MALAQUIAS....

 


CAUSOS CAIÇARA de Julinho Mendes
O LATIM DE Pe. MALAQUIAS
Tio José era um caiçara católico, mas daqueles “malemá” que, por motivo de trabalho dizia não ter muito tempo para a religião. Ele pescava, trabalhava na roça, plantava bananeira, arrancava mandioca... No domingo, único dia de folga, ele tinha que defender a misturinha da semana, indo caçar nas matas das redondezas; sua espingarda era do tipo punheteira de carregar pela boca, que exigia um saco de chumbo, pólvora e espoletas.