A 2ª farmácia homeopática, a “Botica” do Sr. José Egydio da Costa Ferreira, o Tio Juquinha, na rua do Comércio nº 374, hoje Calçadão da avenida Dona Maria Alves, que se tornou o mais conhecido e o mais respeitado pela população, com suas doses homeopáticas milagrosas. Ele dominava com competência a técnica do sistema terapêutico criado por Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 – 1843), a homeopatia. Muitas histórias foram relatadas sobre o legendário Tio Juquinha, veja esta:
Relatou-me um morador do sul do município, bairro da Praia Dura, da família Prado, que certo dia o seu pai se encontrava muito enfermo, então mandou o filho a cidade, buscar um vidro de remédio (Nosvómica) na Botica do Tio Juquinha. Naquela época este trajeto de ida e volta era de 40 km mais ou menos, percorridos por uma trilha, a pé ou a cavalo, mas ao atravessar um córrego, na praia Grande, escorregou e o vidro de remédio bateu em uma pedra e quebrou. E agora? Seguiu em frente até encontrar o primeiro morador, relatou o fato, e conseguiu outro vidro, encheu de água da cachoeira, e seguiu em frente, chegando em casa, entregou o remédio e disse:
- O Tio Juquinha mandou tomar uma colher das de sopa de hora em hora até terminar.
Após tomar a metade do remédio, o enfermo já estava de pé. Tio Juquinha, não falha nunca! Vale mais a fé do que o pau da barca.
Fato idêntico aconteceu ao norte do município, na praia da Justa, no bairro do Ubatumirim.
Arquivo Nenê Velloso |
O remédio que curava todos os males chamava-se Nosvómica, já o Alho Sativa, era para curar resfriado, então ele receitava:
- Tomar uma colher de sopa de Nosvómica, ou de Alho Sativa, de hora em hora, a partir do apagar das luzes das 10 horas, durante uma semana.
Como a luz elétrica funcionava em situação precária, a luz da rua era desligada todos os dias às 10 horas, pelo Sr. Batista de Oliveira, funcionário da Cia. Taubaté Industrial (C.T.I.), de propriedade da família Guisard, da cidade de Taubaté - SP. Para aqueles que não tinham relógio, Tio Juquinha usava como ponto de referência para início das doses, o desligamento da iluminação pública.
- Tomar uma colher de sopa, de hora em hora, a partir do apagar das luzes, às 10 horas.
E as doses seguintes, ficava por conta do doente. O sujeito sarava, mesmo. Esta receita tornou-se folclórica na cidade, ninguém podia dar um espirro, que a receita do Tio Juquinha era imediatamente citada. Tio Juquinha era também meteorologista nato, fazia a previsão do tempo todos os dias e acertava todas, dia e hora, no verão, acertava até o primeiro aguaceiro. Quem duvidava... apostava uma caixa de cerveja e o Tio Juquinha ganhava todas, mas como não bebia, distribuía aos ali presentes, era aquela farra!
Tio Juquinha era também ourives e fogueteiro, fabricava bomba de impacto, por esse invento quase foi preso, mas isso é história para outro dia.
[Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado IV - Anjos da saúde.]
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.