quinta-feira, 2 de novembro de 2023

A 2ª farmácia homeopática, a “Botica” do Sr. José Egydio da Costa Ferreira, o Tio Juquinha - Anjos da Saúde - Parte 3.

                    


A 2ª farmácia homeopática, a “Botica” do Sr. José Egydio da Costa Ferreira, o Tio Juquinha, na rua do Comércio nº 374, hoje Calçadão da avenida Dona Maria Alves, que se tornou o mais conhecido e o mais respeitado pela população, com suas doses homeopáticas milagrosas. Ele dominava com competência a técnica do sistema terapêutico criado por Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 – 1843), a homeopatia. Muitas histórias foram relatadas sobre o legendário Tio Juquinha, veja esta:

Relatou-me um morador do sul do município, bairro da Praia Dura, da família Prado, que certo dia o seu pai se encontrava muito enfermo, então mandou o filho a cidade, buscar um vidro de remédio (Nosvómica) na Botica do Tio Juquinha. Naquela época este trajeto de ida e volta era de 40 km mais ou menos, percorridos por uma trilha, a pé ou a cavalo, mas ao atravessar um córrego, na praia Grande, escorregou e o vidro de remédio bateu em uma pedra e quebrou. E agora? Seguiu em frente até encontrar o primeiro morador, relatou o fato, e conseguiu outro vidro, encheu de água da cachoeira, e seguiu em frente, chegando em casa, entregou o remédio e disse:

- O Tio Juquinha mandou tomar uma colher das de sopa de hora em hora até terminar.

Após tomar a metade do remédio, o enfermo já estava de pé. Tio Juquinha, não falha nunca! Vale mais a fé do que o pau da barca.

Fato idêntico aconteceu ao norte do município, na praia da Justa, no bairro do Ubatumirim.

Arquivo Nenê Velloso

O remédio que curava todos os males chamava-se Nosvómica, já o Alho Sativa, era para curar resfriado, então ele receitava:

- Tomar uma colher de sopa de Nosvómica, ou de Alho Sativa, de hora em hora, a partir do apagar das luzes das 10 horas, durante uma semana.

Como a luz elétrica funcionava em situação precária, a luz da rua era desligada todos os dias às 10 horas, pelo Sr. Batista de Oliveira, funcionário da Cia. Taubaté Industrial (C.T.I.), de propriedade da família Guisard, da cidade de Taubaté - SP. Para aqueles que não tinham relógio, Tio Juquinha usava como ponto de referência para início das doses, o desligamento da iluminação pública.

- Tomar uma colher de sopa, de hora em hora, a partir do apagar das luzes, às 10 horas.

E as doses seguintes, ficava por conta do doente. O sujeito sarava, mesmo. Esta receita tornou-se folclórica na cidade, ninguém podia dar um espirro, que a receita do Tio Juquinha era imediatamente citada. Tio Juquinha era também meteorologista nato, fazia a previsão do tempo todos os dias e acertava todas, dia e hora, no verão, acertava até o primeiro aguaceiro. Quem duvidava... apostava uma caixa de cerveja e o Tio Juquinha ganhava todas, mas como não bebia, distribuía aos ali presentes, era aquela farra!

Tio Juquinha era também ourives e fogueteiro, fabricava bomba de impacto, por esse invento quase foi preso, mas isso é história para outro dia.

[Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado IV - Anjos da saúde.]


Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.

FONTE >    www.ubaweb.com  - Colunista Nenê Veloso

Últimos dias de inscrição para o Concurso Literário 2023 de Ubatuba


Últimos dias de inscrição para o Concurso Literário 2023 de Ubatuba

As inscrições para o Concurso Literário 2023, realizado pela Prefeitura de Ubatuba, por meio da Fundação de Arte e Cultura (Fundart), terminam nesta sexta-feira, dia 3 de novembro. O tradicional concurso premia contos, crônicas, poesias e textos de teatro.

Com inscrições gratuitas, os interessados devem comparecer à recepção da Fundart, localizada na Praça Nóbrega, 54 - centro, ou enviar o material pelo e-mail institucional: fundart@fundart.com.br, com o preenchimento da ficha de inscrição (anexa ao edital) acompanhada de uma cópia legível e recente do RG, CPF e comprovante de endereço. Para menores de 18 anos, a participação deve ser autorizada pelos pais ou responsáveis, devendo neste caso também constar o RG, CPF e número da conta bancária do representante legal.

Podem se inscrever pessoas residentes ou domiciliadas no Litoral Norte e Vale do Paraíba, do Estado de São Paulo, com exceção dos empregados públicos da Fundart e membros da comissão julgadora. Cada participante pode inscrever até três obras por categoria.

Serão premiadas as três melhores produções de contos, crônicas, poesia estudantil (Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio) e textos de teatro, com as seguintes premiações:

1º Lugar – R$ 600,00 e 10 Antologia 2023;

2º Lugar – R$ 300,00 e 08 Antologia 2023;

3º Lugar – R$ 200,00 e 05 Antologia 2023.

O Concurso Literário 2023 é composto pelo 30º Concurso de Contos “Washington de Oliveira”; 9º Concurso de Crônicas “Profº. José Ronaldo dos Santos”; 35º Concurso de Poesia Estudantil “Idalina Graça”; 36º Concurso de Poesia “Idalina Graça”; e o 22º Concurso de Texto de Teatro “Tia Helô”.

O anúncio dos premiados, o lançamento do livro e a solenidade de premiação estão previstos para o dia 15 de dezembro de 2023, às 18h, na Biblioteca Pública Municipal Ateneu Ubatubense.

FONTE :  www.ln21.com.br

NOSSO LUGAR, NOSSAS RAIZES ...

  

Pedro Cabral Barbosa - Arquivo Vanessa

      Dias desses me deparei com uma linda imagem do saudoso Pedro Cabral, o Seo Pedro da minha infância na praia do Perequê-mirim, nos idos de 1970. Desde aquele tempo eu adorava me achegar perto dos mais velhos, escutar seus causos e dar risadas com a espiritualidade caiçara (religiosidade, técnicas, humor, sabedoria antiga etc.). Quem a compartilhou foi Vanessa, sua neta. “Mas quem é essa Vanessa?”. Logo li: filha da Nely. “Ah! É aquela menina que apenas vi quando criança, de pele rosada, sempre bem vestida. Lindinha mesmo!”. Então escrevi pedindo licença para reproduzir o texto e a imagem. Voltei no tempo, naquela rua escondidinha, ali no jundu, onde moravam Dona Ana e Seo Pedro. Vamos ao texto da Vanessa que auxilia na compreensão da imagem postada:

 

      Janeiro 1974. Perequê-Mirim. Rua Projetada sem saída. Na foto meu vô Pedro Cabral Barbosa sentado na frente da casa construída por ele mesmo. Nascido aos 5/out/1903, casou com minha vó Ana Henrique de Jesus (27/fev/1907) em 13 de Agosto de 1927. Ambos nascidos em Ubatuba, viveram a vida toda no mesmo bairro. Colonizaram o Perequê Mirim. Tiraram o sustento da pesca, da roça de mandioca, da plantação de banana, da criação de cabra. Meu vô foi também dono do armazém. Criaram os 11 filhos: (em ordem da mais velha p a caçula): Iracema (tia Cema), Miguel, Aurora (Lolinha), Maria (Mariquinha), Eunice (tia Nicinha), Aristides, Nilo, Izabel (tia Bezinha), Jurema, João (tio Jango) e Nely (minha mãe). Quando a gente sabe de onde vem, fica mais fácil de entender como a gente é.

       Dos filhos citados, estão vivos o meu tio Jango, minha tia Lolinha (mãe do Richardão) e minha mãe Nely. Ela tem o álbum da família e achei por bem postar todas as fotos com as histórias que minha mãe lembra. (Pode ter certeza que eu aguardo ansioso por isto).


      Cultivar a memória é se manter forte. Kaká Werá escreveu isto: “Uma memória pode ser conscientemente trazida para nos oferecer parâmetros e referências na meditação sobre o presente e na abertura de futuro próspero”. Está dentro de um provérbio africano: “Quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai”.  Me recordar do Seo Pedro e da Dona Ana é se manter ao fio da minha origem, é querer evoluir em consciência e humanidade. É crescer na cultura caiçara!

       Eu tive o privilégio de conhecer, de admirar essa família Cabral Barbosa. Tenho a honra de manter a amizade com a maioria dos descendentes desse casal (Ana/Pedro). Já escrevi a respeito de alguns deles em outros textos. Por isso estou feliz por ter reencontrado a Vanessa. É claro que pode me indicar para a equipe de podcast “Rádio Novelo Apresenta”! Gratidão mesmo!