quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CANOAS?


Muitas são as pessoas que vêm morar em Ubatuba, provenientes de tantas cidades do nosso Estado ou regiões mais distantes ainda. Trabalho ou motivos emocionais – já que estamos falando de um dos lugares de Natureza das mais apaixonantes do planeta – trazem os imigrantes ao convívio constante com a proximidade do mar.


Quem caminha pelo centro comercial da cidade, vendo as agências bancárias, os restaurantes e a boa quantidade de veículos motorizados que por aqui circulam não pode imaginar que Ubatuba, durante mais de 80 anos – entre 1870 e 1952 – ficou praticamente isolada da dinâmica da vida comercial do Brasil.

Ela que outrora fora um importante porto de comercialização de produtos entre nosso país e a Europa – produtos estes que passavam pelo Sobradão do Porto (atualmente, Fundart) – quando da criação do porto de Santos e da construção de estradas de ferro ligando o novo porto a cidades do interior paulista, perdeu sua marca de entreposto comercial.

A partir daí, Ubatuba foi ficando esquecida e isolada, para só ter retomado seu contato maior com o mundo exterior, depois da construção da Rodovia SP-125 (Oswaldo Cruz). Nesse período sem estradas, o único meio de transporte e acesso a outras localidades era a canoa. Esse artefato de origem indígena tão bem assimilado pelos seus descendentes, miscigenados com portugueses e negros, fora utilizado para transportar e negociar mercadorias produzidas aqui, no sertão ou tiradas do mar – banana, farinha de mandioca, peixe salgado, pé-de-moleque (que para o caiçara, não é feito com amendoim, mas com farinha e gengibre), pinga.

As canoas maiores eram chamadas de “canoas de voga” e muitas eram providas de “traquete”, uma espécie de pequena vela que ajudava no impulso da embarcação. Mas, em muitas situações, era nos remos conduzidos à força de muitos braços que as canoas atingiam seus destinos. É, portanto, com muita razão e bons motivos que o caiçara se orgulha e se emociona ao ver canoas de valor histórico, como a “Maria Comprida” (hoje patrimônio da Fundart) sendo preservadas e valorizadas.

Deixa o mundo ir, sem saber prá onde, com pressa. Ubatuba vai de canoa...



Escrito por Heyttor Barsalini - Foto: Ana Maria Pavaão
Matéria Publicada na Ubatuba em Revista Semanal #11

Uma bebida genuinamente Brasileira



Alambique Murykana -Paraty( imagem Ilustrativa)

Escrito por Claudia de Oliveira


A cana originou-se no sul da Ásia, mais foi no Brasil, que se descobriu a cachaça. Também já foi pinga e aguardente. Nas senzalas os negros mexiam o caldo-de-cana para fazer o melado, um dia cansados pararam de mexer, e caldo desandou. Esconderam o tacho, que no dia seguinte azedou e fermentou (virando álcool). Para disfarçar misturaram ao novo melado, e o álcool evaporou, já em forma de cachaça. As goteiras pingavam, e daí vem o nome de pinga, mas ao cair nas feridas dos negros ardia, e passaram então a chamar de aguardente.


Em dias difíceis perceberam que aquilo lhes deixam alegres e repetiam o processo. Isso aconteceu em meados do séc. XVI, naquela época o caldo de cana-de-açúcar era conhecido como Cagaça, com o passar do tempo a aguardente foi caindo nas graças do fazendeiro que desenvolveu o processo de destilação e passou a chamar a bebida de Cachaça. O paladar encorpado ganhou as mesas da corte e em pouco tempo tornou-se moeda corrente na compra de escravos na África.

Com o passar dos tempos foi esquecida e na “Semana de Arte Moderna”, 1922, com o modismo de resgatar a brasilidade que ela retorna as mesas mais requintadas do país, um sabor refinado e indiscutível que hoje ganhou terras internacionais e até espaço no Guiness Book, o sabor genuinamente brasileiro com o colecionador de 3.992 garrafas. Nas Minas Gerais e Pernambuco ela tem até dia para se comemorar, 21 de maio. Hoje faz parte dos paladares mais exigentes. Cachaçarias brindam por todo o globo, cidades incorporaram a sua cultura como a vizinha Paraty. Em Ubatuba também tivemos boas e famosas cachaças: pinga Iperoig, do Sr. Toledo Pizza, a Ubatubana, dos irmão Chieus e a Jacaré do Sr. Leovigildo Dias Vieira. Um brinde a nossa bebida Brasileira.



Matéria Publicada na Ubatuba em Revista Semanal #11

Paz de Iperoig?


Há muito tempo, um tempão, aqui mesmo nas terras de Iperoig (baia de tubarões) hoje chamada Ubatuba, aconteceu o primeiro Tratado da Paz da América Latina. Em todos os livros de história, está registrado como ‘A Paz de Iperoig’. Porém paz mesmo só quando os índios eram donos dessa terra. Sim, os índios foram os ‘primeiros moradores’ daqui, por isso todos os chamavam de tamoio.


Naquela época tudo era cantos e encantos, harmonia e felicidade, toda a natureza era rica em mata, fauna e flora, nem se ouvia falar da palavra extinção, doença muito menos. Isso era coisa dos pele vestida, uma gente que chegou aqui pelos mares em grandes naus, gente com uma pele branquinha igual às areias das praias. Eles chegaram aqui sem pedir licença, só trazendo enormes baús com presentes: espelhos, pentes, facas, roupas e outras curiosidades que usavam para presentear os índios que aqui moravam, os tupinambás. Faziam isso em troca da preciosa e cara madeira chamada de pau-brasil.


Sem saber o valor do que possuíam, os índios não se importavam na troca. Só que esta gente que vinha do país de Portugal, não se contentou só com as madeiras. Queriam também os animais e o ouro. Quiseram também a terra, quiseram também a gente que aqui morava. Foi então que invadiram, como se pudessem tomar posse de um lugar desprezando os qual ali já habitavam. E assim foi datada, como descoberta de um país, a data de uma invasão.


Colonizaram por todo o litoral brasileiro, plantaram a cana e construíram engenhos de açúcar, escravizaram o índio com seus filhos e mulheres. E enquanto isso, noticiava em Portugal, que os selvagens eram os índios.


Continua na próxima edição.
Matéria Publicada na Ubatuba em Revista Semanal #10