Na última semana este jornal informou que o prédio do antigo cinema “está livre novamente” (A SEMANA, 06.janeiro; Seção Arpoando).
Algumas pessoas interessadas nas questões culturais da cidade vêm, há algum tempo, discutindo a necessidade de revitalização do nosso Cine Iperoig, antigo e tradicional centro de atividades ligadas à Cultura, numa comunidade carente de tal tipo de espaço. Parece que é chegada a hora!
Inaugurado no início da década de 1950, em prédio especialmente construído, o antigo Cine Iperoig, por quase 40 anos, foi ponto obrigatório dos acontecimentos importantes na cidade de Ubatuba. Além das memoráveis sessões de cinema - as “fitas” ali projetadas tinham certeira clientela-; as maiores bilheterias ocorriam quando multidões de ubatu-benses se postavam em longas filas para assistir Mazzaropi. Os mais antigos ainda se lembram que em 1952/53 o filme “Sai da frente”, um dos maiores sucessos do artista taubateano, teve que ser reprisado por mais de três dias consecutivos, para atender à enorme demanda.
A molecada, nas saudosas matinês das tardes de domingo, delirava com os filmes de bang-bang, em concorridas sessões quase sempre seguidos dos seriados, geralmente abordando questões futuristas: Super-Homem, Homem-Morcego e o Dr. Silvana dividiam as preferências da platéia.
noites quentes, na sessão das 8, a pacata cidade era embalada pelas fitas românticas, ou heróicas, onde reinavam, absolutos, astros e estrelas de Hollywood; Lana Turner, Gregory Peck, Elizabeth Taylor ou Tyrone Power eram figuras mais que familiares.
Espetáculos teatrais, ou musicais, eram mais raros, mas comenta-se que Procópio Ferreira, ele próprio, ali teria apresentado o famoso monólogo “As mãos de Eurídice”. No palco do Iperoig, a cidade ainda teve oportunidade de assistir aos espetáculos de Ary Toledo, Jô Soares, Agui-naldo Rayol, e tantos outros.
Toda essa intensa atividade cultural viria, nos anos 80, sofrer um golpe de morte a massacrante e avassaladora presença da TV, que não admitia concorrências. A partir daquela data cinema foi rapidamente definhando, até quase desaparecer.
Em muitas cidades, as salas foram sendo retalhas, subdivididas e os filmes pornô passaram a ter sua vez. Outras foram transformadas em supermercados e lojas, ou simplesmente foram demolidas.
Aqui em Ubatuba, como em Taubaté, o espaço do cinema foi ocupado por um templo religioso, descaracterizando-se assim uma área de lazer de toda comunidade, pois passou a ter utilização restrita.
Há cerca de um mês, vem a (boa) notícia da liberação da área. Os sonhadores de sempre, que querem em Ubatuba a volta de um local onde, com dignidade, se possam assistir aos filmes que atualmente só são acessíveis aos moradores das grandes cidades - onde o cinema, diga-se de passagem, está novamente em grande moda. Além de filmes, nosso futuro Cine Theatro Iperoig (assim mesmo, com TH) poderia receber algumas companhias de teatro e outros espetáculos ao vivo, que hoje, dadas as facilidades de transporte, cruzam o Brasil de norte a sul. Certamente, não faltariam artistas interessados em se apresentar em Ubatuba.
A oportuna nota publicada na semana passada neste jornal, aliada ao interesse manifesto de personalidades da área cultural da cidade, mostram a premência com que o antigo Cine Iperoig deve voltar a ocupar o merecido e necessário espaço na vida inteligente de Ubatuba.
Manifestações como essas dão legitimidade ao projeto, se referendados pela população.
Se vier o apoio, o seguinte diálogo deixará de ser peça de ficção:
- “Que tal um cineminha esta noite?
- Onde?
- Ora, no Cine The-atro Iperoig, sessão das 8.”
Mãos à obra!
PS: Aos leitores que simpatizarem com a idéia do retorno do espaço-cinema em Ubatuba, pedimos que se manifestem, por escrito (carta, telegrama, fax, e-mail), junto a este jornal.
A nossa união será a nossa força. Participem!
JORNAL A SEMANA NA REDE
Janeiro de 2001
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