Certo dia um jovem de Ubatuba tentou a vida na cidade de Santos. O jovem Caiçara queria ser Pescador Profissional como fora vosso pai, e assim desbravar os mares como um dia seu pai o fizera.
Foi a Paraty e tirou sua Carteira de Pesca, por lá era mais rápido e ganhava-se tempo, era só dizer que era filho de pescador e de tarde já tava de volta com a carteirinha no bolso. Juntou suas tralhas e partiu pra cidade de Santos a fim de encarar o desconhecido.
O barco chamava Soares 1º e tinha lugar para 11 tripulantes, só que apareceram 18 pessoas e uma parte já de inicio teria que voltar para casa, o jovem marinheiro sabia das consequências da falta de conhecimento, sabia que ali a disputa seria com "gente grande", e passou a olhar as ações dos mais “velhos” seguir seus passos e tentar executar o que eles faziam.
Ele ficou, venceu o primeiro desafio e foi encarar os desafios do mar.
Tudo era novo, desafiador e a falta do conhecimento não lhe permitia ter o devido medo da responsabilidade assumida.
Na disputa por espaço, todos fugiam da Carregadeira, pois era o local que corria o cabo da rede, e passava por uma anilha de metal, temida pelos pescadores, pois muita gente já tinha perdido a mão ou até o braço quando se enrolava o cabo nas mãos.
A operação da carregadeira na pesca era executada no escuro, para não afastar os peixes, o cabo corria pelas mãos e era conduzido pelo tato, tinha que estar tudo certinho, colocado de forma tal que você só poderia senti-lo e conduzi-lo, porém tudo no escuro.
Certo dia, ou melhor, noite, próximo de sua casa, porém longe de seu lar, o jovem marinheiro escutou o "grito " do Mestre Proeiro “prepara” e ai e um corre/corre onde cada um sabe a sua função e se distribui dentro do barco.
O jovem marinheiro foi pegar seu par de luvas, algo de estrema importância na proteção, pois o cabo passa quente pelas mãos e o náilon machuca só que as luvas haviam “sumido” alguém as havia surrupiado, o jovem marinheiro dirigiu-se ao Mestre e contou o fato, a resposta foi ríspida ‘si vira”.
Embora estivesse a poucos dias no mar, o instinto do perigo já se fazia presente, a razão se estabelecera, e os riscos já si percebera. Ele foi pro posto, sabia do perigo, tudo feito no escuro e pediu que Deus o protegesse, que o livrasse do perigo, suplicou ajuda divina. Aquela noite era pra ser como as demais, onde tudo ocorria como o desejado, cada um fazia a sua função de forma correta, porém naquela NOITE, a rede não saiu.
Um marinheiro “esquecera” de desamarra-la na popa do barco, o jovem marinheiro agradeceu em silencio a providencia divina.
A Fé ta dentro da gente, mas nós não a vemos. Deus esta do lado, mas não o enxergamos.
Esta história é real, aconteceu a aproximadamente 40 anos próximo da Ilha das Couves em Ubatuba.
O Marinheiro chamava-se Charles Medeiros, que na embarcação era carinhosamente chamado de "Ubatuba".
Texto e foto de Charles Medeiros via Pagina Pessoal no facebook