sábado, 4 de junho de 2011

FALA CAIÇARA....Lembranças dos tempos d’antes



“Bem piquininho eu já ia com o papai pescá. E não tinha percisão de í muito longe pra mode pegá pexe. A maió lonjura que trago na lembrança é da Ilha Anchieta, da época que ainda se chamava de Ilha dos Porcos, quando nem tinha serventia de prisão.

Não sei quanta casa egistia, mais era bastante. Moravam iguar os do Búzo, sem medo de morro caí na cabeça. Arguma casa já era de telha.

Morava muita gente naquelas banda. Os mais velho ripitia sempre que vivê em ilha tinha arguns ganho. Lá não tinha saúba pra mode istragá mandioca. A terra era boa e dava de tudo. Purisso não era desperdiçada nenhuma badeja. Me alembro que de longe se avistava as coivara.

FALA CAIÇARA NENE VELOSO...Construindo o passado IV - Anjos da saúde - 07

Em 1936 aconteceu a implantação precária do posto de saúde de Ubatuba
Arquivo Nenê Velloso 
Lei n° 1, de 12 de agosto de 1936. - Imagem: © Arquivo Nenê Velloso
Lei n° 1, de 12 de agosto de 1936.

Em março de 1936 foi instalado precariamente o Posto de Saúde de Ubatuba, em uma sala do prédio da Santa Casa, na rua Conceição nº 135, sendo o provedor daquela época o Sr. Ernesto Gomes de Oliveira, pai do Seu Filhinho. O governador SALES, enviou para cá, o médico Dr. João Carlos Miranda, para assumir o comando do Posto de Saúde e o prefeito José Fernandes contratou o ubatubano da gema e do Centro Sr. João Costa Ferreira, na função de servente do Posto. É claro que não se podia chamar isso de Posto de Saúde era apenas um médico e um servente, dentro de uma saleta da Santa Casa. Com a instalação do Posto de Saúde e a nomeação do comerciante José Fernandes a prefeito de Ubatuba, Seu Filhinho se declara contra o governador de São Paulo, Dr. Armando de Sales Oliveira (PC Paulista). E, em julho de 1936, o farmacêutico Washington de Oliveira (Seu Filhinho), apoiado pelo PRP do presidente Vargas, em uma eleição indireta, foi conduzido a prefeito de Ubatuba pelo PRP “Partido Republicano Paulista”, desbancando o prefeito José Fernandes, e o próprio governador Armando Sales.
Seu Filhinho relatou no seu livro “A Farmácia do Filhinho”, na página nº 108, que foi um pleito ferrenho, acirrado, mas o meu grupo venceu galhardamente, elegendo cinco dos sete vereadores de que se comporia a Câmara. E disse mais - Que o PC local não se conformou com a derrota e, exigiu do governo paulista a vinda de um médico, decidido a “quebrar a crista do boticário vitorioso”.