quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A HISTORIA DA CANOA " MARIA COMPRIDA "...




A canoa, feita de um tronco só, Maria Comprida, foi construída especialmente para as competições, (corrida de canoas), entre as cidades de Ubatuba e São Sebastião, na categoria cinco remadores. Essa canoa foi construída pelo Sr. Agrício do Sertão do Ubatumirim, mestre nessa arte, e seu filho Benedito. Foram 20 dias de trabalho dentro da mata.

A canoa foi feita do tronco de uma árvore - um Louro, encontrada na Curva da Batata na Rodovia Oswaldo Cruz que liga Taubaté à Ubatuba na Serra do Mar, pelo caçador Vergílio Alexandre. O acabamento e a pintura da canoa foram feitos pelo Sr. Dito Balbino, do bairro da Estufa.

A Maria Comprida tem 9,20 metros de comprimento, apenas 82 cm de "boca", pesa aproximadamente 200 quilos e participou de várias competições, sempre vencedora.

Desde 1957, já existia a Prova de Canoas Nossa Senhora das Dores, cujo maior incentivador era o professor Joaquim Lauro Monte Claro Neto. Essa prova era realizada em diversas categorias em percursos não muito longos.

Em 1973, no dia 1º de junho, pela primeira vez aconteceu a "Jornada Marítima Ubatuba-Santos", uma prova com percurso longo, com cinco remadores, porém sem caráter de competição. Mais uma vez, o grande incentivador foi o professor Joaquim Lauro. Comandada por Artur Alexandrino dos Santos, a Maria Comprida foi rasgando as águas com os remos de Carlos Alves de Morais (Carrinho), João Correa Leite (Jango), Antonio Barroso Filho (Barrosinho) e Nilo Vieira, rumo à Santos. Os cinco remadores faziam parte do Esporte Clube Itaguá.

Percurso, de aproximadamente 215 quilômetros em linha reta, idealizado para lembrar um fato da história do Brasil, a Paz de Iperoig, assinada em 14 de setembro de 1563. Antes de ser estabelecida a paz entre os índios e os portugueses, os índios de nossa região se uniram para combater os portugueses no que foi denominado "Confederação dos Tamoios", quando então, comandados por Cunhambebe, se deslocavam principalmente até Bertioga nesse tipo de canoa. Em comemoração aos 410 anos da Paz de Iperoig, foi realizada a viagem da canoa Maria Comprida de Ubatuba a Santos.

A saída da Maria Comprida foi no dia 1º de junho, às 4h 45min, tripulada pelos cinco remadores, em frente à Capela Nossa Senhora das Dores no Itaguá, chegando em São Sebastião às 13h05 do mesmo dia. De lá saíram às 04h15, chegando em Bertioga às 14h45 do dia 2 de junho. De Bertioga continuaram a viagem, saindo às 06h30 e chegando finalmente à Santos às 10h15 do dia 3 de junho, atracando na Ponta da Praia, em frente ao Clube de Regatas Saldanha da Gama.

Em 1975, a Maria Comprida volta ao mar para fazer a trajetória Ubatuba-Parati, cidade sul fluminense, com o objetivo de incentivar remadores da região para participarem das corridas de canoa realizadas em Ubatuba. Tripulada por Artur, Carrinho, Salvador Mesquita dos Santos, Barrosinho e João Grande, Maria Comprida deixou a cidade às 05h35 e às 17h15 estava atracando em um pequeno porto ao lado da Igreja Matriz de Parati.

Anos mais tarde, o Tamoios Iate Clube adquiriu a canoa, já bastante danificada, e posteriormente o Comodoro José de Magalhães Netto cedeu a Maria Comprida à FUNDART. Em agosto de 1997, a canoa finalmente foi restaurada e no dia 15 do mesmo mês a doação foi oficializada, ficando a Maria Comprida em exposição no Centro de Informações Turísticas na Avenida Iperoig. Nesse mesmo dia, os remadores foram homenageados pela FUNDART e pela Prefeitura Municipal de Ubatuba.

FONTE
Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - FUNDART

CECILIO MATARAZZO E UBATUBA...

40 anos em 4 anos". Com esse pensamento Ubatuba viveu o gosto do desenvolvimento pelas mãos do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, o Cicillo Matarazzo. Prefeito pelo partido Social Progressista (PSP), Cicillo governou Ubatuba de 1964 a 1969 com assessores e secretários como, Nadim Kayat (Jurídico), Luiz Ernesto Kawall (Imprensa), entre outros. Empresário das Indústrias Matarazzo, era uma pessoa reservada, que até então nunca havia participado da vida política. Sua candidatura foi uma surpresa para todos. As forças políticas da cidade se uniram em torno de sua candidatura para impedir que João Coutinho (PTB), oposição, vencesse. Cicillo Matarazzo foi eleito prefeito de Ubatuba, com Dr. Altivo Simonetti seu vice.
A Administração Matarazzo foi a semente para tirar Ubatuba da estagnação. A Prefeitura ganhou nova estrutura, com uma burocracia modernizada para melhor atender a população. Criou o código tributário e de obras; regularizou a lei do funcionalismo; fez o levantamento aerofotográfico da cidade; construiu a primeira rede de esgoto do centro; iniciou a obra do estádio de futebol do Perequê-Açú, que hoje leva o seu nome; construiu o Coreto da Praça Matriz; trouxe carros de fumacê no combate ao borrachudo; ampliou o Aeroporto; incentivou ainda a educação. O primeiro asfalto do novo traçado da estrada que liga Ubatuba a São Luiz do Paraitinga, foi Matarazzo que conseguiu. Criou o matadouro e abriu a estrada ligando o Rio Escuro ao Monte Valério. Além disso, incentivou o turismo dando condições e descentralizando as decisões.
Cicillo residia no Morro da Prainha. Lá fazia reuniões com governadores, autoridades nacionais, internacionais e lideranças locais.
IMPEACHMENT
Cicillo passou por dois processos de cassação. O primeiro deu-se por sua saída do país sem autorização do Legislativo. Como era presidente da Bienal de Arte e Cultura de São Paulo, eram constantes suas viagens para o exterior, onde representava o país e divulgava Ubatuba. Denúncias de irregularidades moveram o segundo processo de cassação, ambos sem êxito mantendo Cicillo a frente da Prefeitura.
Após esse desgaste político, em 1967, Cicillo se considera mais útil em São Paulo, onde poderia buscar recursos para o município. Solicita afastamento, mas seu vice se recusa a assumir. Passa a ocupar o cargo de prefeito o presidente da Câmara, Fiovo Fredianni, que por dois meses consecutivos não deixou Ubatuba parar.
Após dois meses de afastamento Cicillo retorna a Prefeitura. As arestas com o Legislativo já haviam sido aparadas. Os ventos do progresso voltam a soprar em Ubatuba. Cicillo concluiu o Estádio Municipal; abriu novas estradas; o setor de obras gerou a todo vapor e o turismo deslanchou como nunca.
Após o cumprimento de seu mandato, Cicillo vai para São Paulo e retoma a dedicação de seus próprios negócios.
Francisco Matarazzo Sobrinho, nasceu em São Paulo em 1898. Diretor de empresas de diversos ramos em São Paulo, foi grande incentivador das artes plásticas. Fundou, em 1946, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e, em 1951, a Bienal de São Paulo, entidade que presidiu até a data de sua morte (1977).
FONTE
Jornal de Bolso - Ano 2 - nº 12 - Junho de 1998 - Comunicação Versátil

CARTA
Em uma carta escrita no dia 09 de junho de 1964, enviada ao vereador Washington de Oliveira, o "Seu Filhinho", Francisco Matarazzo Sobrinho dizia:
"Prezado amigo Filhinho. Antes de embarcar para a Europa, onde vou a serviço das boas relações culturais do nosso país, escrevo-lhe esta, pedindo-lhe que aproveite a minha ausência para meditar sobre o que lhe vou expor. Como o amigo sabe, aceitei o cargo de Prefeito Municipal apenas por amor a Ubatuba, terra onde pretendo, se Deus quiser, ver passar a minha velhice. Não houve nenhum outro motivo para a minha decisão. Quis por à disposição do povo de Ubatuba os conhecimentos e a experiência que fui adquirindo durante a vida, quer como homem de indústria, quer como membro de várias comissões de serviços públicos, quer como viajante que teve a oportunidade de conhecer grande parte do mundo civilizado. Comecei a trabalhar com muito entusiasmo e esse entusiasmo ainda permanece inalterado, não obstante algumas divergências com a Câmara Municipal, divergências das quais penso que a responsabilidade cabe mais a mim do que à Câmara. Espero, daqui por diante, conhecendo melhor o pensamento dos senhores vereadores, fazer com que eles também compreendam melhor os meus objetivos, para que as divergências desapareçam e surja um esforço conjunto que venha a beneficiar ainda mais o povo ubatubense. Chamei para colaborar comigo elementos da minha confiança, mas todos com suficientes títulos de serviços públicos para justificar esta minha preferência. Não me preocupei com intrigas; fiquei e estou acima de qualquer preferência política; estou certo de possuir a serenidade necessária para levar avante o programa que estou idealizando. E é para esse programa que desejo chamar a atenção de uma pessoa como o ilustre amigo, cuja experiência e sinceridade quero também aproveitar a serviço de um objetivo comum. Eu desejaria, ao terminar o meu mandato de Prefeito, ter deixado lançada as bases de uma administração municipal perfeita, tanto do ponto de vista administrativo, quanto burocrático, que funcione sempre sem qualquer influência pessoal ou política. Queria deixar montada uma máquina com todas as engrenagens em ordem, capaz de realizar e manter em dia um cadastro de todas as propriedades imobiliárias do município com os seus valores exatos; de fiscalizar permanentemente todos os loteamentos; de dar assistência ao povo, de organizar e manter em funcionamento hospitais e escolas; de organizar e manter dinâmico um plano diretor que oriente e discipline o crescimento harmônico da cidade; de criar condições para o aproveitamento racional e saudável das nossas belíssimas praias, fazendo de Ubatuba o centro turístico que o Estado de São Paulo ainda não possui. Para atender a esse desenvolvimento imediato e mediato de Ubatuba, em todos os setores, é absolutamente necessário a colaboração de outros elementos técnicos e administrativos: nós precisamos de mais engenheiros, como precisamos de mais médicos, de mais advogados e mais elementos técnicos. É indispensável estudar isso com profunda frieza, levando em conta as despesas inevitáveis que no começo podem parecer excessivas. Não apenas isso, mas também ter a coragem de enfrentar estes problemas com os nossos próprios recursos, porque não podemos ficar apenas na dependência dos auxílios dos Governos Estadual e Federal, a despeito da boa vontade do nosso governador e dos nossos amigos com influências no Governo da República. Se ficássemos esperando sempre a ajuda de fora, poderíamos perder anos preciosos, quando não a oportunidade de fazer de Ubatuba aquilo com que sonhamos, assegurando-lhe a continuação do desenvolvimento que merece ter. Peço ao prezado amigo para meditar sobre tudo isso que lhe estou dizendo de forma simples, despreocupado de ambições pessoais e sem ver nesta qualquer desejo de observação ao seu modo de pensar e de encarar os problemas da nossa querida cidade. Deixo-lhe um grande abraço ... assinado - Francisco Matarazzo Sobrinho."
Esta carta foi lida em plenário pelo vereador Washington de Oliveira, na sessão do dia 27 de junho de 1964.
FONTE
Câmara Municipal de Ubatuba

HISTORIA DO BLOCO DA CAXORRADA COM " X "




Caxorrada com X!

Pois é isso mesmo, e sabe porque?
Em 1976 foi fundada em Ubatuba uma escola de samba que tinha tudo para ser a melhor se não fosse a parcialidade de alguns "ditos conhecedores" que foram escolhidos para formar a comissão julgadora do Carnaval de Ubatuba do ano seguinte.
As escolas desfilaram frente ao palanque da comissão, mostraram suas comissões de frente, seus abre alas, suas alas, seus passistas, seus carros alegóricos, a rainha da bateria e a bateria.
Algumas diferenças eram visíveis, para qualquer leigo. Enquanto uma escola desfilava com camiseta Hering, outra mostrava plumas, penas de pavão, brocais, miçangas e paetês. Mas para os "ditos conhecedores" isso não bastava e as notas foram dadas. Para a HERING nota 10 e para o resto nota 7. Que CACHORRADA.
Daí surgiu a CAXORRADA. Fundada, em 1977, por pessoas conhecidas em Ubatuba (Richard, Nenê, Vital, Toninho Gomes, Toninho Sapo, Gino, Orlando Araca, Carlito, Daíco, Sérgio Epifânio, Aladinho, Augostinho, Zé Cruz, Ermelinda, Dona Elisa, Seu Dirvanil, Íte, Cajú, Geraldinho, Pico e Giba), que para mostrar seu descontentamento saiu no ano seguinte (1978) com o nome de CAXORRADA, com fantasias bem escrachadas, com uma nota 10 no peito, onde os homens saiam vestidos de mulher e as mulheres vestidas de homem.
O que nunca se pensou é que aquela iniciativa teria tamanha aceitação a ponto de durar até os dias de hoje.
Daí para frente foi instituído o mascote do Bloco que não poderia ser outro senão um cachorro, que era montado em cima de um Fusca, lá na oficina do Meirimar e do Zézinho, com a colaboração do Marci, Bioco, Zezinho, Ideo, Meirimar, Donizete, Pintado, Baquinha, Carlinhos, todo em estopa branca com manchas pretas.
Ano a ano ele recebia nomes de acordo com situações do momento, tais como O CÃOJUNTIVITE, inspirado na praga da conjuntivite, O ROKÃO ( ano do ROCK IN RIO), O CÃODIDATO (nas eleições das Diretas), O BIONICÃO (candidato Biônico), O CÃOMISINHA (quando da campanha contra a AIDS), CÃOLORIDO (Collor de Melo), REICÃO e outros mais.
Além disso o Bloco contava com uma letra própria, que se tornou o hino para todos os carnavais :


Na CAXORRADA cada um é o que é
Na CAXORRADA ela é homem ele é mulher
Na cachorrada cada um faz o que quer
É, CAXORRADA assim não dá mais pé
Cachorro velho, cachorro novo
Cachorro pobre, cachorro rico
Tem perdigueiro, tem papa-ovo
O bom cachorro se conhece pelo grito.

UBAWEB......15/02/1998