quinta-feira, 18 de outubro de 2007

NASCE A 2 ª RÁDIO DE UBATUBA - Rádio Costa Azul AM Ltda.

Foram quase duas décadas de participação da Rádio Iperoig na história cívica ubatubense. Contudo, a trajetória da primeira rádio de Ubatuba finalizou por volta dos anos 1975/1976. Em seus últimos anos de vida, um locutor, José Benedito Rodrigues (JB), hoje locutor da Rádio Costa Azul, também nos forneceu algumas informações sobre o fechamento da rádio Iperoig. Segundo JB, em 1974 a rádio Iperoig estava arrendada pelo empresário de comunicações Douglas Melhen, que era sócio proprietário da rede de Piratininga de Rádio. A emissora de Ubatuba havia sido dirigida por Alfredo Breneizer, depois substituído pelo senhor Otávio Ceschi, que é pai do apresentador da Rede Bandeirantes de Televisão: Otávio Ceschi Júnior. Com a cassação da Rádio Piratininga pelo AI-5 - um Ato Institucional do governo federal da época, o arrendatário perdeu o interesse pelas afiliadas, abandonando completamente o contrato em vigor. Assim, o proprietário da Rádio Iperoig, o senhor Topedini Pagâno, não se interessou em retomar a direção da mesma, que já passava por sérios problemas de ordem financeira e documental. O pedido de renovação de autorização para o funcionamento da rádio junto ao Ministério das Comunicações não foi efetuado, levando a sua concessão a ser cassada por volta do ano de 1976.

Logo, no decorrer dos próximos 6 anos, um grupo de empresários da cidade de Ubatuba, interessados na manutenção de um veículo de comunicação para o município, foram à Brasília, no Ministério das Comunicações. Este grupo era formado por: José Benedito Rodrigues (JB), César Luís Fonseca, Elídio José Filho (Ditinho Jaty), Herculano Barros Pinto (Maestro). E, em Brasília, conversaram com o Dr. Domingos Chabaldi Poti, assessor especial do Ministro Euclides Quandt de Oliveira, que os orientou a oficializarem a sociedade e que entrassem com o pedido de Abertura de Concorrência Pública. Foi o que fizeram, entregando pessoalmente ao Ministro das Comunicações presente em Ubatuba, para a inauguração do sistema de DDD para o município. A partir daí outros grupos se formaram com a mesma idéia da concessão de uma rádio, nesta disputa saiu vencedor o grupo da Rádio Costa Azul, no ano de 1981 .

De acordo com informações dadas pelo senhor Ari Mattos, locutor da Rádio Costa Azul, desde a sua fundação, a segunda e atual emissora da cidade foi criada e fundada em 23 de fevereiro de 1981, por Benedito Góes Filho, Benedito Lourenço dos Santos, Dr. José Nélio de Carvalho e Celso Teixeira Leite. Sua primeira sede localizava-se no bairro da Praia Grande, Jardim Praia do Sol. Depois, mudou-se para o centro na Rua Dona Maria Alves, e a seguir para a Rua Dr. Esteves da Silva. Seu atual endereço fica no bairro do Itaguá, na Av. Bernardino Querido, 546. A torre de transmissão tem 73 metros de altura e continua no mesmo lugar da primeira instalação. No início, o alcance das ondas era de 1000 watts, hoje tem uma capacidade de 5000 watts pegando toda a região e algumas cidades do interior. A primeira equipe técnica foi constituída por: Idomíneo Soares Neto, Rinaldo Rofino, Vital Moreira, Felipe Monteiro, Isac Costa e Marco Antonio Jordão. Os locutores eram: Ary Mattos, Odair Rofino, Clodoaldo Natanael, Tadeu Gilberto Serpa, Luiz Alberto Serpa, Paulo Ribeiro, Nelson Delfino e Augusto César Guará.

A Rádio Costa Azul já completou 24 anos de vida, mantendo uma trajetória impecável na radiodifusão local, ao acompanhar mais de duas décadas de história e desenvolvimento da cidade de Ubatuba. Vão ao ar acontecimentos da vida cívica, política, econômica e cultural da cidade, levando a informação e a prestação de serviços à comunidade, mantendo aos ouvintes informados das últimas notícias. A rádio tem na sua programação diária, uma variedade de programas, entre eles: os de cunho jornalístico, esportivo, programas de música sertaneja, MPB e Gospel. Sua atual equipe é formada por: Ari Mattos, Darbelli Delline, Luiz Alberto Serpa, Ari de Mattos Neto, Vine Luiz, Anna Lúcia Monti Mariotto, Felipe Monteiro, Edvaldo Prado, Luiz Carlos Frade, Aleíne Rodrigues, José Benedito Rodrigues (JB) entre outros.

Fonte : Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura " , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005 ( Este livro você poderá encontrar na Biblioteca Municipal " Atheneu Ubatubense" , localizada na Praça 13 de Maio , centro - Ubatuba-SP

SÉRIE " JORGE FONSECA, 100% CAIÇARA

Copilado do Livro " Ubatuba, espaço , memória e cultura "
dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, mostrarei para vocês o resumo da história de um caiçara nato, Jorge Fonseca (meu paai) 100% caiçara....


Outro de nossos entrevistados foi Jorge Fonseca, nascido e criado no litoral. Ele aprendeu a conhecer seu espaço e dele obter informações para garantir sua sobrevivência e de seus numerosos descendentes. Este depoimento nos mostra a força e a sabedoria do cotidiano de um caiçara.

Jorge Fonseca tem 81 anos, nascido em Ubatuba, é filho de Jesuíno Joaquim da Fonseca e Donária Maria da Conceição. Ele fala da origem de sua família e diz que seu avô, pai de Donária, era Antônio Lopes Guimarães - neto de francês, que juntamente com Dona Maria Alves, chegou ao município vindo de Rio de Janeiro. Antonio já estava viúvo, porém casou-se novamente com Izabel da Conceição, uma índia mestiça descendente de escravos. Antônio Lopes, avô de Jorge Fonseca adquiriu terras em Ubatuba de Dona Maria Alves, transformando-as em fazenda. Eram grandes áreas localizadas nas Toninhas, Casanga e Cedro, onde se cultivava plantações de fumo, café e cana, que depois transportavam à Santos em canoa de voga.

A família de Jorge Fonseca era formada por mais sete irmãos, eram eles: Hortência, Nestor, Maria, “Guaiá”, Luiz e “Biscoito”. Este último, tornou-se muito conhecido em Ubatuba pelo ofício de tintureiro. Biscoito, como era carinhosamente conhecido por todos, morava bem no centro de Ubatuba, nas proximidades onde hoje se encontra a casa lotérica, ao lado do Cartório Eleitoral. Biscoito passava roupas para os clientes da lavanderia de sua mulher: eram ternos, camisas e vestidos. Sua janela, que fazia frente à Rua Coronel Domiciano, era local conhecido por muitos ubatubenses, pois ao mesmo tempo em que Biscoito passava as roupas, sua televisão - a primeira de Ubatuba vivia ligada, servindo de passatempo para muitas pessoas que ali paravam para jogar uma conversa fora e assistir a programação diária.

Jorge morou até os 15 anos em uma área, onde hoje se encontra a Praça Treze de Maio, uma propriedade de seu pai Jesuíno Joaquim da Fonseca que plantava e criava animais, não só ali como também em áreas localizadas no Horto. Trabalhou de sol a sol até o final de sua vida, de forma trágica aos 86 anos. Segundo Jorge Fonseca, em um sábado de Aleluia, seu pai e mais dois irmãos foram à costeira, na praia do Perequê Açu para “catar” marisco e, na volta, no meio do caminho, seu Jesuíno decide apanhar mais um pouco, e estando de costas para o mar agachado, uma onda forte o derrubou e o arrastou para o fundo do mar. No dia seguinte, no domingo de Ramos acharam seu corpo com a cabeça ferida, na praia do Perequê Açu e ajudado pelo Félix Guisard, o levaram, na sua camionete, até a Santa Casa, mas sem vida. Já, Donária Maria da Conceição, mãe de Jorge Fonseca, era parteira muito conhecida em Ubatuba, era difícil encontrar algum cidadão que não houvesse nascido nas mãos de Donária. Ela, depois de muitos anos de Ubatuba, decidiu morar em Taubaté nos anos 40, retornando à Ubatuba onde veio a falecer anos depois.

DO LIVRO " Ubatuba, espaço, memória e cultura"

UBATUBA, O PRIMEIRO SOL DO VERÃO.

Quem acompanhar a trajetória do Trópico de Capricórnio no mapa, verá que ele se encontra, em sua rota imaginária ao redor do globo, com a cidade Ubatuba, localizada ao norte do litoral de São Paulo. E todos os anos, em 22 de dezembro, suas praias recebem os primeiros raios de sol do hemisfério sul, consagrando o início do verão. Essa metáfora espacial serve como ponto de partida para abordar a cidade desde uma perspectiva turística, uma das principais fontes de reconhecimento que se faz desta região do litoral norte de São Paulo.

Apesar de o Trópico de Capricórnio não ser conhecido como uma referência geográfica importante pelos meios de comunicação de massa e pelo público em geral, ele determina um dos motivos pelos quais Ubatuba é, em uma das estações do ano, a primeira a desfrutar do solstício de verão. O calor, a qualidade do clima e das águas coloca Ubatuba como um dos mais importantes recursos turísticos do litoral norte de São Paulo. As pessoas vão ao lugar em férias, pois o clima ameno atrai um fluxo turístico considerável à procura do sol e da Serra do Mar.

A linha imaginária que atravessa Ubatuba passa pela praia do Cruzeiro, próxima ao campo de aviação Gastão Madeira. Um símbolo concreto desse cruzamento é um globo de metal, sobre uma estrela dos ventos, localizado em uma das praças que hoje serve de marco de referência para o lazer e a recreação dos habitantes de Ubatuba. A função simbólica deste lugar convencionado para este fim reveste, o mesmo de um valor ímpar em termos de localização espacial.

Assim, o sol oferece em Ubatuba um espetáculo privilegiado, um dos cenários mais primorosos da aurora do verão de nosso país tropical. Tal explosão de beleza desenha o visual colorido do Cruzeiro e, junto às águas que banham a baía do centro, desenham um belíssimo cartão postal de Ubatuba.

O texto acima faz parte do 1 º Capitulo do livro : UBATUBA, ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA", dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, este último é caiçara nato , é irmão caçula do editor desta página e deste site.