segunda-feira, 5 de julho de 2010

ESPECIAL " Livro UBATUBA, ESPAÇO,MEMÓRIA E CULTURA" - PARTE 3

ITINERÁRIO DA VIAGEM POR ALGUMAS PRAIAS DE UBATUBA




Ao longo dessa obra, vamos percorrer um itinerário de viagem, uma proposta de trajetória pelos principais atrativos de Ubatuba. Para compor nosso roteiro, usamos dados recolhidos pelos alunos de turismo da Faculdade Anhembi Morumbi de São Paulo no Plano de Desenvolvimento Turístico do Município de Ubatuba (2004), coordenados pela professora Vanessa Pinheiro Dantas.



O roteiro produzido tem como foco as praias do litoral de Ubatuba em termos de localização, acesso, visão – olhar e demanda turística. A localização refere-se à posição geográfica na qual a praia escolhida pode ser encontrada no mapa. O acesso constitui o modo de chegar ao destino, um indicador para o turista e para todos aqueles que desejam visitar a praia em questão. A visão, ou o olhar, é a alternância da nossa percepção estética da praia escolhida e um recorte ilustrativo. Finalmente, a demanda turística corresponde ao efeito que estas praias selecionadas são capazes de produzir em termos de recepção turística . Desta forma, Ubatuba de modo geral nos servirá como exemplo na aplicação destas categorias enunciadas. A seguir, as praias escolhidas de modo particular, ilustraram a vocação turística de uma cidade marítima.





Destino praias de Ubatuba :



Localização



Ubatuba está situada na zona do Litoral Norte de São Sebastião, no nordeste da costa Atlântica, nas seguintes coordenadas geográficas: 23º 26’ 14 “latitude sul e 45º 05’ 09” de longitude oeste do meridiano de Greenwich, a 16 quilômetros em linha reta da capital do Estado de São Paulo.



Os limites municipais de Ubatuba foram traçados na época do Império, datados de 20 de abril de 1865 e 22 de março de 1870. Ao norte, a cidade de Ubatuba faz limite com o município de Cunha, pela Serra do Mar; ao sul, sudeste e leste com o Oceano Atlântico; ao nordeste com Parati (RJ), pela Serra do Corisco, contraforte da Serra do Mar e pela Cachoeira da Escada, que vai terminar na Ponta da Trindade; ao sudeste, com Caraguatatuba pelo rio Tabatinga; ao oeste, com os municípios de Natividade da Serra e São Luiz do Paraitinga pelas vertentes da Serra do Mar (Florençano, 1951: s/p; De Oliveira, 1977:43; Alves F. de Camargo, 1994: 17) .







Acesso



A partir de São Paulo, existem dois caminhos para chegar até as praias de Ubatuba. O mais curto é utilizar o acesso da marginal Tietê à via Dutra (SP 070), no km 17, seguindo até a cidade de São José dos Campos. Depois, o caminho segue pela rodovia dos Tamoios (SP 099) até Caraguatatuba. Dali, o motorista pode utilizar a rodovia Dr. Manuel Hipólito do Rego (SP 055) ou BR 101 – até a cidade de Ubatuba.



Outro caminho, sete quilômetros mais longo, é pela antiga rodovia dos Trabalhadores, atualmente chamada de Ayrton Senna. A partir do km 22 da Marginal Tietê, é possível entrar na rodovia Carvalho Pinto no trecho Guararema–Taubaté. Nesse trecho de Taubaté, existem indicações rumo ao litoral pela rodovia Oswaldo Cruz (SP 125), em um percurso de 94 km que inclui a impressionante descida da Serra do Mar.



As empresas rodoviárias que operam no circuito das praias de Ubatuba são a Litorânea e a Cidade Ubatuba. O acesso aéreo é pelo aeroporto Estadual Gastão Madeira, mas o avião só opera com transporte de cargas. O acesso marítimo se dá pela marina do Saco da Ribeira que movimenta cerca de 2.000 embarcações com aproximadamente de 15 a 20 garagens náuticas. O Saco da Ribeira é a maior marina fluvial do litoral norte em Ubatuba.



Visão – Olhar



A nossa proposta de análise das praias escolhidas se declinará conforme a descrição, a análise e a interpretação do atrativo turístico natural, seguindo o movimento ou deslocamento próprio da viagem e baseados na demanda motivacional de assuntos próprios da natureza geográfica de Ubatuba. A visão nativa da percepção imediata e a reflexão crítica do estrangeiro recriaram de modo descritivo praias, enseadas e serras.



O critério de escolha foi orientado basicamente pela visão dos autores, já que o grau estético excepcional que o produto, bem ou serviço turístico pode vir a oferecer - segundo Américo Pelegrini, em Ecologia, Cultura e Turismo (1999) - dependerá única e exclusivamente da visão e do olhar daquele que faz a experiência.



Uma das grandes dificuldades apontadas por Pellegrini, na tentativa de distinguir atrativos naturais e culturais, relaciona-se com o possível inventário dos recursos naturais adequados à demanda turística que é semelhante à dos recursos culturais. Apesar do número importante de recursos naturais existentes em Ubatuba, escolhemos as praias por serem a “isca turística” que movimenta o litoral na chamada “alta temporada” e o ano todo, construindo uma imagem da cidade projetada em todos os âmbitos da sociedade e da cultura brasileiras. Cientes da impossibilidade de inventariar todas essas praias, selecionamos algumas que pudessem ilustrar os conceitos que trazemos à tona na aplicabilidade do turismo ao estudo regional, e a partir disso, é possível abranger outros segmentos do entorno imaginário que nos interessa resgatar.



De acordo com a classificação idealizada por Mario Carlos Beni em Análise Estrutural do Turismo (1998), os atrativos que vem a calhar neste trabalho se enquadram nas seguintes definições: 1) O atrativo turístico é todo lugar, objeto ou acontecimento de interesse turístico que motiva o deslocamento de grupos humanos para conhecê-los. 2) Atrativos naturais são elementos do espaço geográfico que constituem a paisagem – recurso turístico importante – e serão indicadores neste trabalho no itinerário por sua importância e uso turístico. 3) As praias que são costas baixas resultantes da acumulação de areias que podem ser finas ou grossas, apresentando aspectos diversos e podendo situar-se em áreas urbanas, localidades menores ou em lugares isolados.



Demanda Turística



A demanda turística varia de acordo com o ponto de vista a ser considerado, uma vez que Ubatuba é, como já mencionamos, um destino turístico, e isso define toda e qualquer praia como um recurso natural de interesse, demanda e desejo por parte do turista. Na economia, a demanda turística está atrelada à relação de quantidade de qualquer produto, bem ou serviço que o público em geral queira e possa comprar por um preço específico, dentro de um conjunto de preços possíveis em um tempo determinado.



A demanda turística anual, segundo pesquisas realizadas pela Secretaria de Turismo de Ubatuba SETUR, a COMTUR e a empresa MEDIMIX em janeiro de 2004, referem que o período considerado “alta temporada” vá do dia 26 de dezembro até o 31 de janeiro Também são considerados Carnaval, Semana Santa e os feriados prolongados tradicionais como 7 de setembro, 12 de outubro e Finados, em 1 e 2 de novembro. A baixa temporada, que vai de março a dezembro, registra movimento médio de 20% a 40% do fluxo turístico. O mês de julho, considerado de baixa temporada, tem aumento de 40 a 60% populacional, devido à visita dos turistas. A população flutuante na alta temporada mantém a média –de 300 mil turistas com permanência média de sete a dez dias, chegando a picos de 800 mil no Réveillon e Carnaval. Em geral, o turista busca lazer (94,6%), um número menor encara a viagem como de “caráter familiar (4,2%), outros dão preferência à prática de esportes (2,4%), e apenas 1% têm interesse ecológico ou paisagístico”. O restante (4,2%) vai à cidade em viagens de negócios, ou tratamento de saúde, entre outros.



As pesquisas também mostram que o mais desagradável para os turistas é a falta de infra–estrutura local, não adequada para recebê-los. Os documentos também citam a falta de planejamento na recepção, até mesmo a “impressão”, mantida por alguns visitantes, de Ubatuba ser uma cidade “abandonada”.



* * *



Ubatuba tem mais de 84 praias, ao longo de cem quilômetros de costa . Algumas ainda sofreram pouca interferência humana, enquanto outras localidades já abrigam uma ampla infra-estrutura para receber os turistas, com várias opções de atividades para lazer ou esportes.



Fazem parte do litoral sul de Ubatuba, as praias de Galhetas, Figueira, Ponta Aguda, Mansa, Lagoa, Frade, Saco da Banana, Raposa, Caçandoquinha, Caçandoca, Pulso, Maranduba, Barra/Palmira, Domingas Dias, Lázaro, Sununga, Sete Fontes, Flamenguinho, Flamengo, Ribeira, Saco da Ribeira, Lamberto, Perequê – Mirim, Santa Rita, Sapé, Lagoinha, Oeste, Peres, Bonete, Grande do Bonete, Deserto/Cedro do Sul, Fortaleza, Brava da Fortaleza, Costa, Vermelha do Sul, Dura, Enseada, Fora, Godoi, Toninhas, Grande, Tenório, Vermelha do Centro e Cedro.



No litoral central de Ubatuba encontramos as praias de Itaguá, Iperoig/Cruzeiro e Matarazzo.



O litoral norte de Ubatuba tem as praias de Perequê-Açú, Barra Seca, Saco da Mãe Maria, Vermelha do Norte, Alto, Itamambuca, Prainha, Félix, Lúcio/ Conchas, Prumirim, Camburi, Léo, Meio, Puruba, Justa, Ubatumirim. Almada, Brava do Norte, Fazenda, Picinguaba e Brava.



Portanto, em posse de todas estas coordenadas que nos servirão para percorrer o litoral de Ubatuba, sugerimos os dois itinerários a seguir, traçados de acordo com a divisão espacial do litoral. As dez primeiras praias escolhidas seguem o recorrido da visão: norte, centro e sul, as dez seguintes, o percurso do olhar: sul, centro e norte.



PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO :  12/julho/2010

DO LIVRO " UBATUBA , ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA "...O CORCOVADO, entre a terra e o céu de Ubatuba

JUAN DROGUETT e JORGE OTÁVIO FONSECA.....Apresentam :



LIVRO : U B A T U B A


E S P A Ç O, M E M Ó R I A E C U L T U R A




O CORCOVADO, ENTRE A TERRA E O CEU DE UBATUBA




Localização



O Corcovado de Ubatuba está localizado ao sul do município, no bairro do Sertão do Corcovado distando aproximadamente 23 km do centro Sua entrada para o sertão fica bem em frente a entrada do loteamento da praia Dura.



Acesso



O acesso é pela rodovia Rio – Santos, BR 101, no km 67 perto da Praia Dura. Sua entrada para o sertão está à direita da rodovia de quem vem do centro de Ubatuba,adentrando perto de 3 km,pela rodovia Yoshio Tosaki. Lá sob orientação de guias especializados pode-se iniciar a caminhada pela trilha , que dura, em média, 8 h até o topo do Pico do Corcovado.



De todos os atrativos natural ou histórico - culturais descritos neste livro, o Corcovado é o único cuja visão é alcançada em qualquer ponto da cidade. Em dias de céu azul é possível, além de enxergá-lo, ver todo seu contorno, seu desenho em formato de um degrau de escada ou como uma corcunda. O historiador da cidade Washington de Oliveira, “Seu Filhinho”, autor de UBATUBA, Lendas & Outras Histórias (1995) – em sua descrição diz a respeito do Corcovado: “- É uma formidável corcunda de pedra que se eleva de silhueta de Serra do Mar, da qual é, nestas redondezas, o ponto mais elevado, fazendo realçar essa giba desde Picinguaba até a ponta de Martim de Sá, nas proximidades de Caraguatatuba".



Mas quando saímos do centro de Ubatuba em direção ao sul do município pela rodovia Rio – Santos e passamos por algumas praias e nos aproximamos do bairro Sertão do Rio Escuro e da Praia Dura, ele parece nos acompanhar e nos observar. Sua visão vai se ampliando e suas formas montanhosas vão definindo melhor o pico e seu cume. Quando nos adentramos em direção ao sertão, seguindo a estrada, a paisagem é composta de matas abundantes da Serra do Mar. O pico do Corcovado se destaca magistralmente entre outras montanhas mais baixas, o monte de Ubatuba que une a terra e o céu inspirou as mais ancestrais lendas e ritos do imaginário cultural da cidade.



A sua altura é contestada hoje, antes era considerado o ponto mais alto do município, a sua elevação chega a mais de 1.150 metros do nível do mar, mas sabe-se que não é o ponto mais alto da cadeia da Serra do Mar. Por este motivo, esta altura proporciona uma visão insuperável de toda a região que em dias limpos, sem nuvem no céu, lá de cima de seu cume pode-se ver desde Sul Fluminense até o final do Litoral Norte Paulista, o Vale Oeste como a Serra do Mar, a Bocaina e a Mantiqueira. Esta visão impressionante do alto da cidade de Ubatuba faz sentir, segundo aqueles que têm feito a experiência uma mistura de sensações sobre o infinito do firmamento. De braços abertos, o Corcovado é comparado com o Cristo Redentor de Rio de Janeiro, como se estivesse abraçando toda a beleza da cidade de Ubatuba, ou como se tivesse um poder sobre todos lá em baixo, ou ainda, como se fosse alçar vôo em direção ao horizonte, primeiro sobre um mar verde da Mata Atlântica e depois sobre o mar azul do Oceano Atlântico.



O Corcovado é famoso não tanto por seu sertão ou seu bairro com seus muito e antigos moradores, mas por ser um desafio de aventura. Uma trilha considerada das mais difíceis da região. Em um percurso de aproximadamente 8 h de caminhada, a trilha oferece uma excursão e tanto para aqueles amantes do esporte chamado de radical, o traiking. Rios, cachoeiras no meio da beleza tão presente no coração da Mata Atlântica, o Corcovado impressiona por sua variedade de plantas e árvores centenárias, bromélias e outras espécies raras da flora e também da fauna que acabam por aliviar o cansaço exaustivo da caminhada íngreme. Quando ao final do trajeto mais fácil da trilha, o aventureiro depara-se com um paredão rochoso de 700 metros considerado este ponto o momento mais complicado, torna-se necessário uma escalada. Por se tratar de uma trilha longa, demorada e difícil, aconselha-se pernoitar no alto do pico e fazer a volta no dia seguinte.



São três as possibilidades de percurso para fazer a trilha até o cume do Corcovado. A primeira é pelo sertão do Corcovado ao sul seguindo como se fosse à praia Dura, é a mais íngreme das subidas e quase uma escalada o tempo todo. Pelo lado Norte já é uma trilha mais fácil próxima do Horto Florestal, saindo da Cachoeira dos Macacos, porém esta opção é a mais longa e demorada. Ainda pela Serra existe uma outra chance de chegar às alturas, um caminho que é pouco explorado cuja via principal se dá pelo caminho que une Ubatuba e Taubaté. Vale lembrar que o roteiro desta trilha, por se tratar de um percurso difícil que adentra na mata atlântica, necessita sempre do acompanhamento de trilheiros especializados e credenciados nas agências existentes no município. A época ideal para fazer estas trilhas são as estações do outono e inverno, pois são épocas em que o índice de chuva é baixo e os dias de sol são mais freqüentes, proporcionando uma vista límpida e de céu azul.



Esse cenário, pela beleza e originalidade, já foi explorado pela mídia televisiva, sendo o lugar escolhido e servindo de pano de fundo na gravação do comercial para o lançamento de um modelo de carro da Chevrolet no ano de 1994. Em uma semana produziram-se as filmagens em uma verdadeira operação técnica que precisou além de um trilheiro bem experiente do grupo Guaynumbym, o uso de um helicóptero com cabos de aço para a locomoção da carcaça do veículo postando-o bem no cume do pico. O comercial ficou sendo vinculado por longo tempo em todas TVs brasileiras.



O Corcovado, tão misterioso e silencioso guarda uma porção de estórias, lendas de tesouros, romances e terror, mas nos parece um lugar de referência para o imaginário, onde se espelharam as mais ricas experiências culturais dos antepassados que viram neste lugar, um símbolo de união entre a terra e o céu de Ubatuba.