sexta-feira, 30 de abril de 2010

UBATUBA 2004 : Encerramento do 1º Festival Gastronômico e Cultural de Ubatuba


litoral virtual-Segunda-feira, 30 de agosto de 2004 - Nº 1108
Com saldo positivo, o 1º Festival Gastronômico e Cultural de Ubatuba teve seu encerramento ontem, na Fundart, com apresentação do "Quarteto da Camerata Zajdenbaun", composta pelos músicos Denis Pinheiro (violino 1), Rodrigo Braga (violino 2), Jader da Cruz (viola) e Renata Cristina (violoncelo). A apresentação contou com obras de compositores como Haendel, Vivaldi, Mozart, Villa Lobos, entre outros. Contou ainda com uma breve apresentação de malabarismo, e show dos sombras.


O último final de semana do festival foi bem movimentado, contando com as oficinas gastronômicas realizadas na Unitau. O destaque ficou por conta da oficina do restaurante Peixe com Banana (manhã), onde seu proprietário, Ademir Perez, deu uma verdadeira aula do cotidiano caiçara. Perez apresentou os vários ingredientes utilizados pelos antigos caiçaras em seu dia-a-dia: peixe seco, farinha de mandioca, coco brejaúva, banana verde, mamão, pinga (uma garrafa da saudosa "Ubatubana", lacrada!), palmito e garapa. Enquanto preparava os pratos principais (carne seca com mamão e peixe seco com banana verde), os participantes puderam saborear um café feito com garapa de cana, pois segundo Perez, o açúcar era raro aqui na região. Sem sobra de dúvida, uma das mais interessantes e divertidas oficinas deste festival.

A tarde foi a vez do restaurante Giorgio apresentar o prato "Peixe na Telha", muito apreciado pelos presentes.

No domingo pela manhã a atração foi à corrida de garçons na Avenida Iperoig, vencida

A classificação foi a seguinte:



Feminino:

1° Vanda Ferreira Galvão, 40 Anos

Pizzaria Bucaneiros

2° Juliana Marques Ferreira,23 Anos

Window`s Café

3° Valquiria Moreira,18 Anos

Window`s Café



Masculino:

1° Nilson Guilherme Brandão de Carvalho, 22 Anos

Picanha na Tábua

2° Luiz Carlos Souza Silva, 35 Anos

Restaurante e Pizzaria Perequim

3° Lugar: Jonas De Moraes, 20 Anos

Restaurante Giorgio



Especiais:

Mais Engraçado: Valquiria Moreira – 18 anos

Mais Idoso: Sueli Lopes Neves – 47 anos



Patrocínio: Visa - Apoio: Sec. de Esporte – Prefeitura Municipal de Ubatuba, Comtur – Companhia Municipal de Turismo, Sesc São José dos Campos – Representante: Olímpo, Supermercado Paulista e Litoral Virtual.



Restaurante Peixe com Banana

Av. Guarani, 255 - Centro

Em frente ao Aeroporto

UBATUBA 2009 : Homenagem ACIU - Artistas plásticos Bigode, Jacó e Da Motta

Da Motta (de pé) Bigode (à esq.) Jacó (à dir.)


Por Celso Teixeira Leite-------Da Motta: fusão da escultura com a pintura......“Saúde e paz” são as primeiras palavras ao cumprimentar amigos e conhecidos. Transmite uma tranqüilidade de quem já esteve em muitos lugares desta vida e, aos 75 anos, diz que estas são duas palavras fortes que resumem tudo o que o homem precisa. José Vicente Doria da Motta Macedo, casado com Izabel e pai de Sergio, Antonio Augusto, Lavinia, Daniel, Maria Lucia e Paulo, com 20 netos e 14 bisnetos é um artista plástico que conseguiu fundir a vocação de escultor com a de pintor resultando em obras de arte que ganharam projeção internacional. De sua oficina no Perequê-Açu, freqüentada por rolinhas que não se intimidam com a presença de estranhos e permanecem ciscando, são produzidas pinturas no entalhe encomendadas por clientes de todo o Brasil e do exterior.

Chegou em Ubatuba em 1967, teve uma convivência muito estreita com a escritora Idalina Graça, de quem foi hóspede, sua mãe espiritual e avó de seus filhos. “Provocou em mim uma evolução mental permitindo o encontro comigo mesmo”, diz

Freqüentou curso com Collete Pujol, pintora de grande prestígio premiada pela Associação Paulista de Belas Artes e recebeu convite do prefeito Ciccilo Matarazzo para montar o museu pedagógico de Ubatuba. Define-se como um neo-acadêmico, mais folclorista do que religioso. As estátuas de santos estão espalhadas pelas igrejas da Ilha Anchieta (Bom Jesus), São Francisco (Ipiranguinha), São Pedro Pescador (Matriz), Santa Isabel (Ubatumirim). Sua produção é eclética e não tem idéia do número de entalhes e esculturas que já entregou, pois atende encomendas que vão desde paisagens simples da vida caiçara até santos chineses. Marca presença em Ubatuba há mais de 43 anos com sua arte exportada para Rússia, Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos e Argentina, além de muitas regiões do Brasil. Defende a manutenção da nossa história e a preservação das origens na roça e não só do centro da cidade. Sua avaliação do mundo:

“Nasci católico, freqüentei umbanda e cultos evangélicos, agora sou um terráqueo. Aprendi a conhecer o ser humano, resume Da Motta.


Jacob: a arte de mil maneiras


A dificuldade para conversar é grande, daí seu desespero. Imita instrumentos, lembra dobrados e outro gêneros, além de batidas na mesa para se comunicar, mas não desiste de contar sua história. A doença cobrou seu preço. Jacob, 75 anos, mais conhecido pela sua obra como artesão é na verdade um fanático por música desde a infância. “ Sou um misto de escultor, músico e poeta”, diz.

Morador do Perequê-Açu desde que chegou em Ubatuba na década de 60 , tem 4 filhos ( Luiz, José, Denise e Cláudio), 8 netos e 2 bisnetos, tornou-se um artista da terra ao registrar costumes locais, o índio e o caiçara . Defensor ardoroso da natureza utilizou a madeira e suas formas, cores e desenhos para compor uma figura real ou abstrata. Tem um carinho especial pela figura de “ A caiçara”, uma escultura que se olhada de lado é uma mulher e de outro um homem . O preto velho e o cachimbo, um robô de um metro de altura, o cachorro bassê de maçaneta e o pernilongo fazem parte de uma segunda fase da produção marcada pelo aproveitamento de sucata. Algumas das peças ainda estão em seu poder, mas a maioria acha-se exposta em residências dos Estados Unidos, Portugal, Japão ou Itália. A falta de reconhecimento pelo seu artesanato nos últimos anos levou Jacó a optar pela marcenaria pois não concordava em fazer qualquer coisa só para sobreviver.

Natural de Embu das Artes, aos 8 anos já expunha na Praça da República e ajudava o pai na mercearia com o aproveitamento das tábuas das caixas de madeira para consertar móveis. Daí surgiram os pedidos para andores e esplendores do Divino e para mobiliar casas inteiras. Sua paixão pela música o acompanha desde cedo e foi passada para os filhos. Recentemente deu uma flauta japonesa para um dos netos.” Fiz parte da Banda de Embu e toquei sob a regência do maestro Antenor Carlos Vaz “, afirma com orgulho.

Sua vida de cigano fez com que morasse em Gonçalves, MG e Campos de Jordão e expor sua arte em Santos, Guaratinguetá e Taubaté, para finalmente, se fixar em Ubatuba. Foi um dos defensores do autêntico artesanato caiçara participando da montagem da Feira de Arte e Artesanato, montada em 1971 na Praça Nóbrega mais tarde transferida para a Praia do Cruzeiro e da criação da Casa do Artista, na avenida Iperoig, que despertou muita polêmica com os comerciantes locais.

João Teixeira Leite, pintor primitivista, lembra do episódio do Boi Natureza que desfilou no carnaval de 1983: “ Jacob pegou na praia um tronco de madeira parecido com um boi, adaptou um tonel que encheu de vinho, colocou as rodinhas e entrou na avenida para alegria dos foliões que tinham bebida de graça. E ainda teve a marchinha para animar a festa”, diz .

O armazém de secos e molhados do Jacob na av. Padre Manoel da Nóbrega, no Perequê-Açu, além de servir a famosa caninha “Ubatubana” produzida pelos Irmãos Chieus, era a oficina onde o visitante podia também conhecer o mais legítimo e criativo artesanato caiçara.


Bigode: o humilde e sua arte fantástica


Suas mãos não permitem mais esculpir e colocar na madeira a idéia que vai à cabeça. O glaucoma e o reumatismo não deixam, mas o cérebro continua ativo e a passar instruções aos filhos de como lidar com a madeira, a escolha, o corte, a conservação e o instrumento de trabalho. Só não consegue repassar seu dom divino: a arteEm uma casa humilde, no Perequê-Açu, mora Antonio Theodoro da Silva, mais conhecido como mestre Bigode, com sua Joana com quem teve 20 filhos, dos quais 14 vivos, 43 netos e um bisneto. O burburinho na casa é permanente e na hora do almoço o cheiro forte de sardinha frita invade o ambiente. Um cenário tipicamente caiçara.

Aos 76 anos, o artesão Bigode é uma das referências mais fortes de Ubatuba com milhares de trabalhos que vão de uma minúscula figa ou de São Francisco, do tamanho de um palito de fósforo, até a estátua da Igreja da Imaculada Conceição, no Perequê-Açu, com mais de 1,70 m. Teve bronquite aos 13 anos que foi curada pulando 9 ondas, se enrolando na areia quente da praia para depois cair na água fria do mar novamente. Receita dos antigos que deu certo, diz Bigode. A doença o impediu de freqüentar a escola e, até hoje, não sabe ler nem escrever. Despertou cedo para a arte do entalhe e os pedaços de guairana, urucana, caixeta e cedro viravam bodoques, piões, revolveres,máscaras de carnaval e, mais tarde com a bronca do pai, mudou para canoas , santos e rabecas ajudando no sustento da família.Durante 20 anos participou da Corrida de São Silvestre chegando em 34º lugar em 1972 competindo pelo E.C.Itaguá. Era presença obrigatória nas corridas da cidade. O ambiente católico de sua formação foi responsável pela maioria dos trabalhos. Cita com orgulho a escultura do rosto de Jesus Cristo exposta no Vaticano e os 4 santos na Igreja do Pilar, em Taubaté ( São José, Santo Antonio, São Francisco e São Jorge). Alguns dos filhos trabalham com a parte do acabamento de suas obras ou fabricação de móveis rústicos.Seu realismo fantástico ganha de histórias de pescador e divertem. São situações absurdas inventadas na hora, na certa uma prática herdada do tempo das assombrações. Fala da bicicleta grávida que comprou no Rui e pariu duas bicicletinhas; a briga com o lobisomem quando foi obrigado a segura-lo pelas duas orelhas; do mosquito da dengue com 1 m de altura encontrado no Itamambuca e do caso do revólver de ouro que jogou no mar e foi engolido por uma garoupa, até hoje procurada pelos pescadores da barra.O trabalho de Bigode como escultor é uma das principais referências da história do nosso artesanato e motivo de orgulho da comunidade caiçara.

(Fonte: ACIU)

UBATUBA 1562 : PADRES SÃO REFÉNS EM IPEROIG



(do livro "Aconteceu no Velho São Paulo, de

Raimundo de Menezes, Coleção Saraiva, 1954)

Bem ásperos foram os primeiros tempos de São Paulo de Piratininga. Os Jesuítas sofreram os maiores sobressaltos. Viviam a todo momento receosos de mais um ataque dos índios. As notícias eram alarmantíssimas. Somente a fé e o ideal da catequese ainda os animava. Do contrário... Isto por aqui era de amargar! Uma vez (estávamos a 10 de julho de 1562), o povoado amanheceu em pé de guerra. Logo de madrugada, gritos lancinantes encheram os céus, ecoando, de quebrada em quebrada. Não houve quem não estremecesse de susto. Todos previram o que iria acontecer. Era mais um assalto dos temíveis tamoios, desta vez comandados por Jagoanharo, o valoroso chefe guerreiro. Entraram de surpresa, atacando antes do nascer do sol, numa investida brutal e violenta, colhendo portugueses e mamelucos, quando, despreocupadamente, dormiam. E foi uma carnificina medonha. O troar das inúbias [trombetas] de guerra tornava mais alucinante o ambiente da luta. Os tacapes vibravam tumultuosamente, derrubando gente a torto e a direito. As flechas navalhavam os ares, e um ulular febril brotava do choque terrível.

Os jesuítas, assim que se viram assediados, cercados por todos os lados, quase entregues à sanha dos silvícolas irados, trataram de pedir socorro ao seu amigo, o cacique Tibiriçá, ali pertinho, morando com sua gente, numa choupana humilde, exatamente onde hoje fica o largo de São Bento. Tibiriçá veio correndo com seus guerreiros. A escaramuça foi das que não se descreve. Colheu-os quando tentavam forçar a porta da igrejinha, onde estavam homiziadas as mulheres. (...) O primeiro que caiu, mortalmente ferido, foi o próprio Jagoanharo. E aquilo foi água na fervura. Os outros índios, vendo o chefe agonizando, desandaram a fugir. E a debandada generalizou-se. Não ficou nenhum para contar a história... Apenas os prisioneiros, e os prisioneiros eram numerosos. Quanto a estes, Tibiriçá, selvagem como os vencidos, embora já domesticado, portou-se como manda a lei da selva: julgou-os sumariamente. Trucidou-os, um por um. Aquilo não podia agradar, como não agradou. Do embate tremendo entre tamoios e guerreiros de Piratininga, naquele famoso dia 10 de julho, além da morte de Jagoanharo, resultaram ferimentos graves no chefe Tibiriçá. A notícia da derrota dos invasores correu mundo. Correu de taba em taba.

Confederação dos Tamoio

O que, porém, mais irritou os vencidos, foi o trucidamento sumário dos prisioneiros. Aquilo os tornou mais rancorosos ainda. Juraram vingança. Seria uma vingança que passaria para a história. Insuflados pelos franceses no Rio de Janeiro, que chegaram até a armá-los, os indíginas trataram de reunir-se numa confederação, que ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. Chefiavam-nos os velhos maiorais da tribo: Coaquira e Pindobuçu, valentes como nenhum outro, auxiliados por Aimbiré e Cunhambebe. Veio índio de todos os lados, de toda a parte. O intuito era um só: arrasar não só São Paulo de Piratininga, como também São Vicente e Santos. Não deixar pedra sobre pedra.

Conseguiram arregimentar mais de cem mil homens, muito bem armados, armados até os dentes, dispostos a tudo, ao que desse e viesse. Seria uma guerra de que se falaria para todo o sempre... E começaram as escaramuças, aqui e ali. Numa delas, o ferocíssimo Aimbiré caiu prisioneiro nas mãos dos lusitanos. Como era perigosíssimo, qual novo Sansão, acorrentaram-no fortemente e atiraram-no no porão de uma sumaca [barco de duas velas]. Pois bem, enrodilhado nos ferros, enroscado solidamente, ainda assim, rebentando as cadeias, logrou desvencilhar-se em meio da viagem e jogar-se ao mar. Na fuga espetacular, saiu nadando como um doido. E, nadando como um doido, foi ter à praia e percorreu taba por taba, núcleo por núcleo, espalhando a revolta, pregando a rebelião, disseminando a insurreição.

Tão bravio quando Aimbiré era seu companheiro Cunhambebe. Em Cunhambebe, o ódio pelos portugueses ainda era bem maior. Um ódio de morte! (...) Se aqueles cem mil indíginas ferocíssimos, com sede de vingança, doidos por uma vindita, alcançassem contra o indefeso povoado de São Paulo de Piratininga, não sobraria coisa alguma... E era preciso evitar aquilo, custasse o que custasse. Foi quando os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, assustados e impressionados com o rumo que iam seguindo as coisas, tomaram uma deliberação muito séria, que iria resultar num dos mais significativos serviços prestados ao Brasil. Resolveram intervir. Mas, intervir, como? Apaziguar os ânimos. Entrar em entendimentos com os chefes das tribos. Era, todavia, perigosíssima a missão. Iriam arriscar a vida, expor-se a mil ameaças. Mas aqueles padres tinham a fibra de heróis.

A viagem à toca da fera

Nóbrega e Anchieta partiram de São Vicente, numa manhã histórica, a 18 de abril de 1563. Não houve quem não arreceasse do destino dos dois audazes jesuítas. Foi um espanto geral. Aquela conversa com o morubixabas tamoios não daria grande resultado, era o que todos pensavam. Propôs-se a conduzí-los, num dos barcos, o fidalgo aventureiro Francisco Adorno, natural de Gênova, e que aqui, em terras brasileiras, ficara rico da noite para o dia, à custa do tráfico de índios. Uma das maiores fortunas da época. Viajaram durante vários dias. Passaram por Bertioga, pela ilha de São Sebastião e, a 5 de maio de 1563, aportaram a Iperoig [Ubatuba]. Ali estava localizada a aldeia do chefe Coaquira. A princípio, foram recebidos agressivamente. Várias canoas, cheias de índios, armados de arco e flechas, cercaram-nos. Queriam liquidá-los. A situação era das mais graves, das que não se descrevem.

Foi quando Anchieta, com aquela calma que o caracterizava, começou a falar-lhes na sua língua. Falou-lhes longamente. Uma fala suave, doce, piedosa... Dirigiu-se, de preferência, aos maiorais Coaquira e Pindobuçu. Eles ouviram religiosamente. Começou a desanuviar-se o ambiente, como por encanto. Era mais um milagre do abaré, cuja fama correra mundo. Dali a pouco, Coaquira e Pindobuçu trocavam com Anchieta e Nóbrega o cachimbo da paz. Quase a metade da missão estava cumprida. Faltava convencer os demais chefes. Partiram, imediatamente, emissários, a fim de convidá-los para uma reunião. Aquilo durou dias, dias longos, que pareciam não terminar nunca mais. Todas as manhãs, os padres diziam missa num altar improvisado na praia, pregavam aos silvícolas, cativavam-lhes a confiança. E um mês já tinha rolado. E nada.

A mão que estanca o tacape

Um dia, porém, aconteceu um fato desconcertante, que veio quebrar a monotonia daquela pasmaceira. Quando menos se esperava, eis que apareceu, na fímbria do horizonte, uma canoa. E dentro da canoa, veio vindo, fogoso, o jovem Paranaguaçu, filho de Pindobuçu, que andava ausente, sem saber de nada. Paranaguaçu era um guapo rapaz, bonito, vistoso, forte como um touro, temido de todos pelas suas estroinices. Tinha um ódio de morte dos portugueses e dos padres. Toda aldeia se movimentou para recebê-los. Ele, de longe, avistou os jesuítas na praia, e ficou enfezado. Armou o seu arco e a primeira flecha cortou os espaços, vindo sibilar aos pés de Nóbrega, sem atingi-lo. Logo, outra zumbiu no ar, vindo morrer bem pertinho de Anchieta. Os tamoios gritavam atemorizados: fujam, abarés, fujam, depressa!

Mas os padres mantinham-se firmes, sem nada recear. Em dado momento, porém, Paranaguaçu avançou, resoluto, na direção deles, empunhando a clava, ameaçadoramente. Os dois jesuítas não tiveram outro jeito senão sair em disparada, praia afora, tropeçando aqui, caindo acolá, equilibrando-se como podiam, numa corrida incrível. Careciam atingir, o quanto antes, a cabana do velho chefe Pindobuçu, que ficava atrás do alto do monte. Faltava, ainda, um bom trecho. Atravessaram, com açodo, o riacho. Ficaram totalmente molhados. Galgaram vertiginosamente o morro, ouriçado de matos espinhosos e, finalmente, refugiaram-se sob a proteção da casa do pai do brutal guerreiro. Pindobuçu andava fora, porém. Logo mais, chegava no seu encalço o temível perseguidor. Encontrou os padres ajoelhados, rezando. Alçou o tacape e, quando ia vibrá-lo, eis que Anchieta ergueu seus olhos, azuis como o mar. Era uma súplica terna e suave... Foi quanto bastou. A mão de Paranaguaçu caiu e a fúria do índio murchou. Depois, ele contava o que acontecera:

- "Eu vinha a fazer isto e aquilo, mas quando entrei a ver os padres e lhes falei, caiu-me o coração e fiquei todo mudado e fraco; eu não os matei, que vinha tão furioso, já nenhum os há de matar, ainda que todos os que vierem, hão de vir com o mesmo propósito e vontade." Era mais um milagre de Anchieta. Vencera pela bondade.

Nasce um poema

Nóbrega percebeu que as pazes com os índios dependiam de mais algumas demarches. Necessitava dar um pulo até São Vicente, a fim de acertar alguns pormenores. Os belicosos selvagens concordaram. Concordaram, porém, com uma condição. Precisavam que alguém ficasse como garantia. Foi quando Anchieta se propôs a permanecer como refém. Iria enfrentar não pequenos riscos, sozinho, no meio daquela indiada desenfreada, na solidão da selva inóspita. Mas não se intimidou. Contava com o auxílio da Virgem. Ela lhe daria forças. E ficou. E começou a luta. Uma luta diferente, tremenda. A luta da carne. Ele mesmo nos conta:

- "Tem grande honra [os índios], quando vão alguns cristãos a suas casas, dar-lhes suas filhas e irmãs para que fiquem por seus genros e cunhados. Quiseram-nos fazer a mesma honra, oferecendo-nos suas filhas e repetindo-o muitas vezes. Mas como lhes déssemos a entender que não somente aquilo que era ofensa a Deus, aborrecia-nos, mas ainda que nem éramos casados, nem tínhamos mulheres, ficaram espantados, assim eles como elas, como éramos tão sofridos e continentes, e tinham-nos maior crédito e reverência." E mostrava-lhes os cilícios [cintos com pregos, para auto-tortura] com que se torturava e falava-lhes nos jejuns a que se entregava.

Enquanto isso, corria em Piratininga a notícia de que os índios haviam devorado os dois corajosos jesuítas. Os trabalhos do armistício, entretanto, prosseguiam lentamente, discutidos por Nóbrega com os maiorais dos Tamoios. E Anchieta, para encher o tempo e fugir às tentações, lembrou-se de compor, como um voto à Virgem, um poema em seu louvor. Mas como escrevê-lo? Não tinha nem papel nem pena. Recorreu ao seu bordão. E passou a rascunhá-lo na areia das praias, todas as manhãs. À noite, repetia, de cor, os versos, para gravá-los melhor, limava-os, corrigia-os, estilizava-os.

"Foi depoimento comum dos índios - informa-nos Simão de Vasconcelos [contemporâneo e biógrafo de Anchieta] - que viram, por vezes, nesta praia, uma avezinha graciosamente pintada, a qual, com um brando vôo, andava como fazendo festa, enquanto José ia compondo e escrevendo, e lhe saltava, brincando, ora nos ombros, ora na cabeça, ou para mostrar a José o cuidado que o céu tinha deles, ou para mostrar aos índios o como haviam de respeitá-lo. E assim compôs ele, de memória, cada dia um pouco, o poema imortal "De Beata Virgine Dei Matre Maria", o tão decantado "Poema da Virgem", constituído em 4.172 versos, que perfazem o total de 2.086 dísticos [frases].

Finalmente, só em setembro, Anchieta lograva ser posto em liberdade. O armistício fora assentado. Concordaram os portugueses com as propostas dos índios, graças aos esforços dos dois valentes jesuítas. E voltou a reinar a paz nas terras de Piratininga. Anchieta, no verdor dos seus 29 anos, retornava ao Colégio de São Paulo, após quantos dissabores. Seu embarque foi um triunfo. Os tamoios choravam com saudade do bom padre-mestre. Vencera-os pela fé e pela bondade. É que a fé e a bondade removem montanhas... Tinham, assim, os dois padres, realizado uma das maiores obras em favor da São Paulo que nascia...

FONTE :
http://www.pitoresco.com/historia/rocha02b.htm

LENDAS UBATUBENSES : A LENDA DA MÃE DO OURO

Escrito por Eli Ane Oliveira

28 Agosto 2009



Houve um tempo em nossa cidade que as únicas luzes que “alumiavam” a nossa gente a noite era a da lua ou a do lampião a querosene. Contava meu avô que na Barra da Lagoa do Itaguá existia um mistério, a cada sete anos o rio recebia uma força desconhecida e mudava seu curso natural.

Há muitos anos atrás aonde hoje é a ponte, havia um córrego apenas, que desembocava no mar, de onde vinha esse córrego ninguém sabia ao certo, quem sabe lá de cima da serra.

Nessa época numa casinha de sapê e chão batido, morava Chico Cido, velho pescador da Vila Yperoig que sempre estava a pescar no rio.

Em uma tarde ele fisgou com seu anzol alguma coisa pesada, puxando para a margem do rio um cesto de junco cheio de ouro.

Chico Cido levou com cuidado para sua humilde casa aquele importante achado e foi logo avisando sua família que nas gerações seguintes, todos daquele sangue teriam a obrigação de cuidar de uma criança abandonada.

Mas toda pessoa beneficiada com aquele achado, não gozaria completamente dessa felicidade, pois essa herança pertencia ao rio, presente do “Gênio dos Quatro Ventos”, que profetiza assim: Se algum dia esse presente for pescado por um homem a “ Mãe do Ouro” que vive no grotão da serra viria em busca do que lhe era de direito.

E é por isso que a cada sete anos o rio muda seu curso natural. E dizem que é a ‘Mãe do Ouro” em busca da cesta de junco cheio de ouro, achada por Chico Cido velho pescador da Vila de Yperoig.



Matéria Publicada na Ubatuba em Revista Semanal #09 -

UFOs em Ubatuba?


Completa neste mês dois anos de um importante incidente envolvendo relatos de avistamento de Ufos na região de Ubatuba, onde mais 11 tripulantes do veleiro Montecristo avistaram um suporto OVNI por 2 dias seguidos em 27/10 e em 28/10, durante a Regata Santos-Rio 2007. Segundo o relato de Mário Barros: “O primeiro avistamento ocorreu por volta das 19:20 hs e estávamos na altura do litoral de Bertioga/São Sebastião rumando para Ilhabela, o objeto amarelo/alaranjado de formato lenticular (de redondo para oval) estava estático no ar e desaparecia e aparecia seguidamente, parecendo pulsar ou piscar no céu, até desaparecer e não voltar mais. Consegui capturar alguns segundos em vídeo deste avistamento. O segundo avistamento ocorreu por volta das 19:40 hs e estávamos cerca de 20 milhas fora da costa, na altura de Ubatuba/Paraty.

O objeto também era de cor amarela/alaranjada e de formato lenticular e apareceu no horizonte a Leste da embarcação seguindo direção Norte/Nordeste em velocidade moderada (mais rápido que um avião) em ângulo de mais ou menos 10-15 graus em relação ao horizonte e desacelerava e acelerava constantemente chegando quase a uma parada total, efetuou algumas subidas e descidas curtas e rápidas, quase como se fosse uma “vibração” e momentos antes de desaparecer emitiu um intenso “flash” de luz amarelo opaco, semelhante a luz de sódio, causando espanto e euforia em todos da tripulação, em seguida desapareceu totalmente para aparecer novamente alguns minutos depois em outra posição bem mais a esquerda da posição original, foi quando consegui capturar apenas alguns segundos em vídeo”. Foi utilizada uma câmera Sony HDR-HC7, que foi colocada no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=car-XetQMNM). Eu, Paulo Aníbal G. Mesquita, estou avaliando o vídeo da regata, é um caso interessante. Inclusive me chegou agora em “mãos” uma foto digital tirada recentemente por uma testemunha, uma moça de 30 anos que supostamente fotografou um “objeto” com uma intensa luz branca na rodovia Rio-Santos na altura de Ubatuba por volta das 22 hs, seguindo sentido Parati.

Mas não é de hoje que Ubatuba tem relatos de “discos voadores”, há 52 anos atrás, em setembro do ano de 1957 inúmeros banhistas avistaram um estranho objeto semelhante ao formato clássico de “disco voador” se aproximar da Praia das Toninhas, segundo relatos, o tal objeto estava em alta velocidade e quando estava prestes a se chocar contra a água, deu uma brusca guinada para cima. Este foi o momento que explodiu em chamas e originou vários fragmentos que caíram sobre o mar, inclusive na praia próximo aos banhistas.

Escrito por Paulo Aníbal G. Mesquita Ufólogo e Biólogo www.exo-x.com.br

02 Outubro 2009



FONTE : http://www.ubatubaemrevista.com.br/