quarta-feira, 5 de março de 2008

UBATUBA, ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA ....Confira a 15 ª Parte

2. CADEIA VELHA - MUSEU HISTÓRICO

Localização

O edifício da antiga Cadeia Velha e atual Museu Histórico de Ubatuba está localizado bem no centro da cidade, na Praça Nóbrega, próximo ao Municipal.

Horário de funcionamento

De terça à sexta-feira, das 9 às 12 h, e das 13 às 17 h. Aos sábados, das 11 às 17h.

A Cadeia Velha, hoje museu histórico de Ubatuba homenageia a um dos mais importantes historiadores da cidade, Washington de Oliveira . Por meio da Lei 2092 de 16/10/2001, na gestão do Prefeito Paulo Ramos, modifica-se o nome do museu em homenagem a este insigne escritor. Foi a primeira cadeia do município definida como um edifício público cujo objetivo é proteger a população local dos transgressores da lei que impedem o progresso e a evolução ética dos seus moradores.

O prédio da Cadeia Velha de Ubatuba guarda momentos importantes da história cívica da cidade, transformando-o em um patrimônio histórico cultural de importante grandeza a ser preservado.

Segundo as palavras de Washington de Oliveira, os elementos básicos para a promoção de uma pequena aldeia à categoria de Vila são: o recenseamento populacional, a construção de uma câmara, de uma cadeia e de uma Igreja. Tais quesitos transformaram a antiga Aldeia de Iperoig em Vila no ano de 1637, pelo governador geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, denominado-a “Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba”.

Assim, a história da Cadeia Velha iniciou-se com transformações importantes na utilização do seu espaço desde o primeiro momento, era para ser uma estação ferroviária que nunca foi utilizada.

A Cadeia Velha foi considerada a primeira construção de linhas modernas na cidade de Ubatuba, nos primórdios do século XX, iniciando-se a sua construção em 1901 e finalizado em 1902. O projeto de reforma foi realizado por Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, que além de engenheiro era militar, jornalista, escritor e autor de Os Sertões (1902), marco da literatura brasileira. A obra de construção foi executada pelo português Silva - primeiro nome desconhecido- construtor e por Manuel Sapão, mestre pedreiro.

Funcionando nas primeiras décadas do século XX, a Cadeia Velha alojava aqueles que transgrediam “as leis e a ordem” do local, caiçaras bêbados, brigões e presos que eram depois levados ao presídio da Ilha Anchieta. A Cadeia Velha funcionou até o ano de 1972, transferindo-se para uma nova sede, mais ampla, à Rua Professor Thomaz Galhardo devido ao aumento de delinqüentes e detentos no decorrer do progresso da cidade.

Novamente, a Cadeia Velha passa por mais uma reforma deixando de ser uma sede para cárceres, passando suas instalações a serem ocupados por órgãos e instituições como o Centro Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, entre os anos de 1977 e 1982. Pela Companhia Estadual de Tratamento de Esgoto e Saneamento Básico – SETESB, entre 1984 a 2000. Depois e até os dias de hoje passou então a sediar as dependências do atual Museu Histórico “Washington de Oliveira”.

Todo museu serve para manter viva a memória de uma cultura. Assim o atual museu, através de um acervo de peças indígenas, do período da colonização portuguesa, de imigração francesa e holandesa e do surgimento da cultura autóctone caiçara, além de apresentar objetos de produção artística, é um referencial de preservação da história local.

O primeiro Museu Regional de Ubatuba foi fundado pelo então prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, através do Decreto 25 de 23/11/1966. O historiador da época o senhor Paulo Camilher Florençano, e outros ilustres cidadãos de Ubatuba como Mello Garcia Migliani, Alcir José Quaglio, Luiz Ernesto Kawall e o artista plástico José Vicente Dória da Motta Macedo foram os gestores deste museu, montado nos porões da Câmara Municipal no ano de 1968.

Em 1987, as instalações do museu precisaram mudar de sede devido a má conservação do acervo museológico, o local era muito úmido gerando fungos, bactérias, cupins, comprometendo assim todo o acervo. Desta forma, o museu passou a ser abrigado no andar térreo do Sobradão do Porto – Fundação de Arte e Cultural de Ubatuba – FUNDART, um patrimônio histórico tombado pela superintendência do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN ou IPHAN e pelo CONDEPHAAT.

Não oficialmente, o museu passou a chamar-se Museu Hans Staden. Sua visitação foi suspensa depois de um ano por problemas, novamente estruturais do seu acervo e do próprio edifício da FUNDART que teve a sua restauração parada por motivos políticos e administrativos do governo federal da época, o que ocasionou a falta de verba.

Desde 24 de Julho de 2001, a cidade de Ubatuba tem seu museu histórico, montado e reestruturado na atual sede: a Cadeia Velha que passou definitivamente a sediar o Museu Histórico Washington de Oliveira.

Em seu acervo pré-colonial conserva vestígios do início da colonização no Brasil como a Confederação dos Tamoios e a Paz de Iperoig, que estaremos descrevendo detalhadamente no próximo capítulo deste livro. Este mesmo acervo, contém importantes peças arqueológicas dos sítios do Itaguá e Tenório, mostrando traços do antigo caiçara, costumes como a pesca, utensílios, objetos peculiares da época. A Fundação da Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba tem suas referências históricas lá inscritas, e também o museu mostra a história dos antigos fazendeiros, dos ciclos do café e da cana-de-açúcar, utensílios e vestígios das Ruínas da Lagoinha, documentos do início da imprensa no final do século XIX.

Homenagens a várias figuras importantes da história de Ubatuba são preservadas como: Manuel Baltazar de Cunha Fortes, Félix Guisard, Gastão Madeira, Idalina Graça, “Ciccillo” Matarazzo, entre outros, o acervo do historiador Washington de Oliveira é conservado na sua integridade. Foram pessoas estas que ajudaram a construir a história da cidade através da sua atuação que trouxe benefícios ao desenvolvimento econômico, político, social e artístico de Ubatuba.

Infelizmente, ainda nos dias de hoje, o Museu de Ubatuba passa por problemas de conservação dos seus acervos e do prédio por ser muito antigo. Como já descrito, o acervo museológico sempre se depara com problemas nas dependências que o abrigam e cabe às instâncias do governo e às instituições preocupadas com a cultura empenharem-se no exercício da função de reunir, processar e difundir este importante patrimônio cultural da cidade.

Ressaltamos que um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos e que está ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento. Por isso, nada mais justo em prol da preservação do patrimônio e da cultura local que a manutenção seja um compromisso de cidadania.

Um museu não é apenas uma instituição estática, parada no tempo, precisa continuamente ser reestruturado, reorganizado, ampliado. É como uma obra que nunca se acaba, um desafio do tempo que perpassa os limites também do espaço a ser modernizado, atualizado, acompanhando assim a evolução da história humana.

Preservar um patrimônio, e acima de tudo, os materiais expostos que representam a vida indígena e caiçara através dos tempos e das ações de civilidade é, sem dúvida, um ato de amor pelo patrimônio cultural de uma nação e de sua história. Uma paixão em materializar, reunir formas do mundo natural ou da cultura material criada pelo homem durante toda uma trajetória histórica sobre o planeta. Uma das funções mais importantes deste museu é a de conservar a produção dos antepassados, estes materiais ampliam potencialmente um enorme campo de atuação e implicam a proteção e se for preciso a restauração de obras originais, assim como a transferência de informação a outros suportes para salvaguardar o conteúdo intelectual. Neste sentido, deveria existir uma série de medidas encaminhadas pelas políticas públicas e a iniciativa privada, para a criação de condições ambientais idôneas para evitar o deterioro progressivo dos materiais e, por outro lado, a intervenção naqueles casos em que a deteriorização se tem produzido. Estas linhas de atuação, preservação e tratamento das obras do museu de Ubatuba apontam para o fim principal desta instituição na preservação da memória do tempo.


FONTE : Livro " Ubatuba, Espaço , memória e Cultura "
Editado em 2005 - Autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca
Pode ser encontrado na Biblioteca Municipal de Ubatuba,
Praça 13 de maio, 52 - Centro

Próximo capitulo : Dia 12/03/08