sábado, 25 de novembro de 2023

Silício? Fragmentos de OVNIs de Ubatuba e Socorro analisados por Garry Nolan

 Detalhe de fragmentos supostamente relacionados ao avistamento de ovnis em Ubatuba


Em uma apresentação recente na Fundação SOL, o renomado pesquisador Dr. Garry Nolan compartilhou descobertas intrigantes sobre fragmentos anômalos, compostos por silício quase puro, supostamente encontrados nos locais de avistamentos de OVNIs em Ubatuba (SP, Brasil) e Socorro (Novo México, EUA). Os materiais foram obtidos pelo pesquisador Jacques Vallée e analisados por Nolan. Em ambos os casos, o cientista garante ter conseguido evidências de processos de produção não naturais e amostras de silício de alta pureza, e ambos seriam fatores improváveis para os processos de fabricação da época.
Garry Nolan - www.youtube.com
Garry Nolan: silício quase puro em fragmentos atribuídos a OVNIs – www.youtube.com

Dr. Garry Nolan é um imunologista, acadêmico, inventor e executivo de negócios americano. Ele ocupa a Cátedra Dotada Rachford e Carlota A. Harris no Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford. Nolan é conhecido por sua pesquisa em áreas como terapia gênica, HIV, imunologia e outros tópicos padrão de seu campo. No entanto, por mais de uma década, ele também vem se aventurando em um assunto mais controverso — os alienígenas, incluindo como encontrá-los.

Em 2012, Nolan fez uma análise no esqueleto de Atacama, um suposto cadáver alienígena do Chile, que ele mais tarde revelou ser um natimorto humano mumificado com defeitos ósseos genéticos e mutação genética causando deformidade.

Em sua pesquisa mais recente, ainda não publicada em forma de artigo científico — o que Nolan já declarou que pretende fazer logo, para que possa passar por revisão dos pares — o cientista vem estudando a composição de destroços atribuídos a locais de acidentes envolvendo óvnis. Os fragmentos que analisou agora referem-se a dois incidentes ocorridos no Brasil, em Ubatuba, e em Socorro, nos EUA.

As análises foram financiadas pela Fundação SOL (da qual Nolan é um dos fundadores), que reúne especialistas da academia e do governo para abordar os problemas filosóficos, políticos e científicos levantados pela provável presença na Terra de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs). A fundação busca trazer clareza para a compreensão desses fenômenos através de pesquisas sérias, bem financiadas e de ponta.

Nos dois casos, em entrevistas anteriores, Garry Nolan já mencionou que tem grande confiança na “cadeia de fornecimento” dos destroços obtidos por Vallée, sugerindo que há um processo rigoroso para rastrear a proveniência desses materiais.

O Incidente de Ubatuba de 1957

O Dr. Nolan fez várias observações chave sobre o incidente de Ubatuba em 1957. Ele sugeriu que, enquanto os humanos manipulam elementos, “parece haver manipulação de isótopos” por “alguém”, “talvez NHI” (sigla em inglês de Non Human Intelligence, ou para “Inteligência Não Humana”). Os materiais não “apresentaram evidências de origem tecnológica”, mas foram “claramente produzidos através de um processo industrial”. Uma característica notável foi a presença de silício altamente puro com alguns contaminantes, levantando questões sobre seu propósito.

O Portal Vigília perguntou a Nolan via X (antigo Twitter) se as afirmações de que os materiais “não apresentam origem tecnológica” e “foram claramente produzidos através de um processo industrial” não eram contraditórias. O pesquisador esclareceu que a intenção da primeira afirmação era negar que o fragmento tivesse um propósito tecnológico evidente, ou seja, uso em algum mecanismo óbvio, o que não invalidaria o fato de não ser produzido por vias naturais.

O incidente em questão ocorreu em 1957, quando vários banhistas observaram um objeto voador não identificado se aproximar da Praia das Toninhas, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. O objeto estava se movendo a uma velocidade incrível e, quando estava prestes a se chocar contra a água, mudou de direção e subiu, explodindo em chamas e fragmentos sobre o mar, próximo aos banhistas. Já na época alguns dos fragmentos do objeto foram coletados e enviados para análise em laboratórios especializados. E aqui aparecem as contradições.

OVNI de Ubatuba: afinal, fragmentos de silício ou magnésio?

A investida de Nolan não foi a primeira vez que supostos fragmentos de Ubatuba foram analisados. Ainda em 1960, o pesquisador brasileiro Olavo Fontes obteve amostras que foram enviadas para o Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério da Agricultura. Lá os exames de espectrografia indicaram alta concentração de magnésio (Mg) e ausência de outros elementos metálicos nas amostras.

Um dos fragmentos atribuídos ao caso Ubatuba
Um dos fragmentos atribuídos à aparição de ovnis em Ubatuba

Em 2016, dois ufólogos brasileiros lançaram duas campanhas de financiamento coletivo na tentativa de fazer uma análise mais aprofundada de materiais que teriam se originado no incidente. Josef Prado e Edison Boaventura Jr. lançaram a primeira campanha para a análise qualitativa das amostras de Ubatuba. A análise foi feita por espectrografia de massa por fluorescência de raios X, um exame não destrutivo que identifica os componentes do material.

O teste foi realizado no Laboratório de Análises Químicas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na Universidade de São Paulo (USP). Diferentemente das análises de Nolan, na época os pesquisadores brasileiros de ovnis identificaram em seus fragmentos a preponderância de magnésio e apenas traços de silício, alumínio, cálcio, potássio e enxofre. O método utilizado, no entanto, não conseguia detectar alguns outros elementos como hidrogênio, hélio, lítio, berílio, boro, carbono, nitrogênio e oxigênio (importante lembrar que as análises de 1957 não identificaram outros componentes metálicos, ou por diferença do material ou por imprecisão da tecnologia de espectrografia de então).

Análise qualitativa no Instituto de Pesquisas Tecnológicas: magnésio (e não silício) preponderante, mas presença de outros componentes metálicos em supostos fragmentos de OVNIs. (Fonte: Portal Burn)

Na segunda e derradeira campanha, os pesquisadores levantaram recursos para uma análise quantitativa. Dessa vez os resultados mostraram uma presença de 99,3% de magnésio puro nas amostras. Portanto, os dados foram completamente diferentes da composição predominantemente de silício alegada por Nolan nos supostos fragmentos de OVNIs que analisou.

Além disso, nenhuma das análises — nem de brasileiros, nem de Nolan — abordaram uma questão fundamental: a composição isotópica dos elementos. Nolan menciona apenas tangencialmente o assunto sem elucidar claramente seus achados, numa questão que é crucial para estabelecer se de fato os materiais têm origem na Terra ou não.

O incidente em Socorro, em 1964

Em relação ao incidente de Socorro,a análise do Dr. Nolan forneceu mais insights. Ele próprio destacou que havia alguma incerteza sobre a origem específica do material em relação à suposta nave, sua eventual procedência extraterrestre ou confirmação outras fontes, a despeito de sua associação com a pesquisa de Jacques Vallée. Mesmo assim o material mostrou sinais óbvios de ter sido projetado. Segundo Nolan, ficou evidente havia sido produzido industrialmente. Semelhante aos fragmentos de Ubatuba, a suposta amostra relacionada ao ovni também mostrou um alto nível de silício puro com contaminantes.

Apesar disso, Nolan escreveu que “embora os resultados no caso Socorro pareçam que alguém usinou algo propositalmente, não há ordenação de átomos que sugira coisas como portas lógicas ou algo assim”.

incidente de Socorro ocorreu em 24 de abril de 1964, perto de Socorro, Novo México. O policial local Lonnie Zamora afirmou ter visto duas pessoas ao lado de um objeto brilhante que depois subiu no ar acompanhado por uma chama rugindo. Zamora disse às autoridades que estava perseguindo um carro em alta velocidade ao sul de Socorro naquele momento. Acreditando que um barracão de dinamite poderia ter explodido, Zamora disse que interrompeu a perseguição e investigou o possível acidente. O policial afirmou ter observado o objeto brilhante a cerca de 140 a 180m, tendo tempo de distinguir duas formas humanoides ao lado dele antes de o ovni disparar ao céu.

Em nenhum registro conhecido do caso houve menção à coleta de quaisquer fragmentos no local. Das reportagens à época apura-se apenas que a análise do solo coletado de um provável pouso concluiu que ‘não havia resíduo alienígena’. No ponto do avistamento foram encontrados quatro buracos rasos onde o objeto aparentemente pousou em suas “pernas”, além de arbustos queimados e tufos de grama chamuscados. No entanto, o Dr. Garry Nolan parece ter tido acesso a algum material associado a este incidente para sua pesquisa. Infelizmente, os detalhes específicos de como e onde esse material foi obtido não estão claros com base nas informações disponibilizadas pelo próprio Nolan.

Além disso, o caso em si é controverso. De 1968 até hoje surgiram vários questionamentos de céticos e algumas evidências indicando a possibilidade de ter se tratado de uma fraude elaborada, ao que tudo indica por alunos do Instituto de Tecnologia do Novo México.

Abordagem científica na pesquisa ufológica

Apesar de todas as dúvidas acerca das origens dos fragmentos e divergências quanto à sua composição (no caso específico de Ubatuba), é salutar que a pesquisa sobre o tema UAP/óvni esteja começando ganhar espaço junto a nomes proeminentes da ciência convencional.

Depois de Jacques Vallée, figura já bastante conhecida e respeitada por transitar entre ciência e Ufologia — embora com uma abordagem mais filosófica que prática — pesquisadores conceituados na vida acadêmica como Garry Nolan e o astrofísico Avi Loeb aparentemente assumiram para si a tarefa de desbravarem o campo do insólito relacionado à perspectiva de uma suposta visitação alienígena.

Contudo, o Departamento de Defesa, os militares norte-americanos e a NASA, inclusive, de alguma forma parecem ter relação com essa mudança de paradigma, desde que adotaram o termo UAP e recentemente passaram a criar estratégias públicas com o propósito de investigar os óvnis.

Nolan é o autor principal do primeiro estudo publicado em uma revista revisada por pares sobre materiais anômalos associados a OVNIs. O artigo revisa procedimentos analíticos modernos, incluindo espectrometria de massa, para caracterização, análise e identificação de materiais desconhecidos e avalia como tais foram aplicados até agora para estudar materiais que, de acordo com testemunhas, caíram de OVNIs pairando, como materiais do incidente de Council Bluffs, de 1977.

Desde a formação da Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não Identificados do Pentágono, em 2020, várias publicações associam (sem confirmação do pesquisador ou do governo) o envolvimento de Nolan com o Pentágono e a CIA, investigando amostras de materiais supostamente ejetados em locais de avistamentos de óvnis.


Por: Jeferson Martinho

FONTE :  https://www.vigilia.com.br/silicio-quase-puro-fragmentos-de-ovnis-de-ubatuba-e-socorro-analisados-por-garry-nolan/