domingo, 4 de fevereiro de 2024

Lixo nas praias gera queixas sobre taxa ambiental cobrada de turistas em Ubatuba

 

Um dos destinos dos recursos obtidos através da cobrança da Taxa de Preservação Ambiental (TPA) em Ubatuba, segundo a legislação, é a contratação de “serviço de limpeza das praias e manejo dos resíduos sólidos produzidos”. Mas turistas e moradores reclamam que, apesar da cobrança da TPA ter começado na temporada do ano passado (fevereiro de 2023), e da cidade já ter arrecadado R$ 18,7 milhões com a taxa, as praias continuam repletas de lixo.

De acordo com a prefeitura, no momento a limpeza das praias de Ubatuba é realizada pelos garis da própria prefeitura que trabalham na área de varrição. Porém, está em fase de contratação uma empresa especializada que irá executar esse trabalho, financiado pelos recursos da TPA. O serviço será realizado nas praias e também em cachoeiras e trilhas da cidade.

A TPA foi criada para financiar ações de proteção, preservação e conservação do meio ambiente no território de Ubatuba. O primeiro projeto custeado por meio dos valores arrecadados pela TPA foi o contrato com a Cooperativa de Catadores Coco&Cia para a realização da coleta seletiva.

Conforme a Secretaria de Meio Ambiente, a ECOUBATUBA, empresa responsável pela gestão da arrecadação da TPA, fecha o balanço em regime de fluxo de caixa e a referência é sempre de um mês anterior. As arrecadações podem ser conferidas em https://www.ubatuba.sp.gov.br/tpa/

Todas as ações que utilizam a Taxa são decididas de forma coletiva durante as reuniões do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA), órgão deliberativo, parte integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente, e de assessoramento do Poder Executivo. As atas e todos os assuntos abordados, bem como as deliberações, podem ser consultadas no link https://conselhos.ubatuba.sp.gov.br/cmma/

Além do lixo nas praias, as caçambas de lixo próximas às orlas nem sempre são suficientes para comportar todos os resíduos gerados, especialmente durante os meses de verão, levando ao transbordamento. Ou seja, ficam cheias e o lixo acaba se acumulando ao redor delas, causando um aspecto visual desagradável e podendo gerar problemas de higiene e saúde pública.

Segundo a prefeitura, a SANEPAV é a responsável por realizar o recolhimento dos resíduos depositados nas caçambas das praias durante todo o ano, especialmente durante a alta temporada. A prefeitura afirma que durante a temporada é redobrada a frequência dos caminhões nas orlas das praias, levando a SANEPAV a fazer a contratação de novos funcionários.

Praia do Tenório

A prefeitura diz estar consciente do problema do acúmulo de lixo, e que vem buscando soluções para lidar com o aumento sazonal da quantidade de resíduos nas praias. Como exemplo dessas iniciativas, cita a instalação de placas de conscientização em locais estratégicos, visando informar aos frequentadores sobre a importância do descarte adequado dos resíduos. “Essas placas contêm mensagens educativas e orientações sobre a separação do lixo, o uso de sacolas plásticas próprias para o descarte e o uso correto das caçambas disponibilizadas”, afirma a prefeitura.

Outro desafio que a cidade enfrenta é a poluição das águas dos rios e do mar, seja pelo despejo de lixo ou de esgoto. Em 2023, segundo a qualificação anual das praias feita pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), as praias do Itaguá e do Perequê-Mirim receberam a classificação “péssima”. Cinco locais receberam a qualificação “ruim”: as praias da Picinguaba, do Lázaro e da Fortaleza, além da Lagoa do Prumirim e Rio Itamambuca. Apenas três praias obtiveram a classificação “ótima”: Prumirim, Vermelha do Norte e Pulso. As demais praias analisadas receberam classificação “boa”: Félix, Itamambuca, Perequê-Açú, Iperoig, Enseada, Santa Rita e praia Dura.

Redação / Tamoios News


FONTE :  https://www.tamoiosnews.com.br/noticias/cidades/lixo-nas-praias-gera-queixas-sobre-taxa-ambiental-cobrada-de-turistas-em-ubatuba/

Praias indo pro beleléu

 

Faixa de areia da Praia do Cruzeiro (Iperoig), próxima da desembocadura do Rio Grande, Ubatuba (Litoral Norte do Estado de São Paulo), com restos de folhas e de galhos de árvores associado ao lixo urbano variado. Data: 30/01/2024.  Foto: Heraldo Campos

Praias indo pro beleléu

por Heraldo Campos

Existe um provérbio popular que diz “curva de rio sujo só junta tranqueira”.

É verdade o que diz esse provérbio, principalmente se estivermos falando de tranqueira produzida pelos seres humanos como garrafas pet, sacos plásticos, pneus, latas, embalagens tetra brik, pedaços de madeira, entre outras coisas, que vão sendo lançadas nos corpos d’água e acabam parando numa curva de rio. Além da conhecida contaminação das águas superficiais que esse tipo de “entulho” provoca, o seu acúmulo colabora com o aumento das enchentes em vários trechos das zonas rurais e urbanas.” [1].

Mas, não nos esqueçamos, que os rios interiores não estão sozinhos nesse triste cenário. O mar e as praias também sofrem muito com esse tipo de “abuso”. Há pouco mais de duas décadas, os indicativos desse “abuso” vinham sendo alertados. 

Por exemplo, o “Guia de Praias Quatro Rodas”, de 1998, informava ao leitor que as praias do Perequê Açu e da Barra Seca, localizadas em Ubatuba, “Ficam numa enseada de água mansa, rasa, com terminal turístico (para ônibus de excursões). Na temporada aumenta a poluição na desembocadura do Rio Indaiá. Barra Seca é um trecho selvagem depois do Rio Indaiá.”, em trecho citado no artigo “Praia largada” [2].

Porém, mais de 20 anos depois, um pouco antes do inicio da pandemia do coronavírus em território brasileiro, “(…) na temporada do verão de 2020, durante os meses de janeiro e fevereiro, foram observados nessa faixa de areia: vários tipos de resíduos plásticos distribuídos de forma difusa; peixes mortos junto a restos de algas; depósitos de lixos a céu aberto próximo de quiosques; espuma de origem desconhecida acumulada na saída de galeria de águas pluviais; presença de cães na praia (com seus respectivos proprietários); espalhamento de objetos de oferenda religiosa, além da presença de frequentadores, utilizando bombas de sucção para a retirada do crustáceo corrupto (crustáceo cavador Callichirus major), geralmente utilizado como isca para peixes nas pescarias.” [3].

O quadro não é muito diferente nos dias de hoje. Observa-se com certa frequência, restos de folhas e de galhos de árvores associado ao lixo urbano variado, composto de pneus, calotas de automóveis, garrafas pet, latas de cerveja, sacos plásticos, entre outros materiais, que podem ter sido muito bem lançados diretamente na praia pelas pessoas ou nas suas proximidades, ou jogados no Rio Grande, por exemplo, localizado na parte central da cidade de Ubatuba, e terminando com a “devolução” pelo próprio mar, para formar um cordão de resíduos, no decorrer das suas variações de níveis de marés.

Com as chuvas intensas de verão, o volume desse tipo de material tende a aumentar provocando o entulhamento das calhas dos rios sejam eles de pequeno porte ou de grande porte, aumentando, sensivelmente, o risco para as inundações e os alagamentos urbanos. Vários bairros de munícipios do Litoral Norte do Estado de São Paulo sofrem com esse tipo de transtorno há décadas. A impermeabilização do solo pelo asfalto viário, o avanço de condomínios residenciais em áreas da orla marítima que não deveriam ser ocupadas, a ausência de sistema de drenagem urbana compatível com o volume de água de chuvas excepcionais, são alguns dos fatores que colaboram com esse tipo de situação, fazendo com que muitas praias acabem indo para o beleléu.

A pergunta que fica é: será que estamos num ponto sem volta e o conformismo nos leva a ter que conviver com esse tipo problema recorrente, consolidando um triste retrato 3×4 de várias cidades litorâneas brasileiras?

Fontes

[1] “Tranqueira” artigo de 17/02/2021.

http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2021/02/tranqueira.html?view=magazine

[2] “Praia largada” de 18/12/2022.

http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2022/12/praia-largada.html?view=magazine

[3] “Praia sem coronavírus!” de 14/04/2020.

http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/04/a-praia-semcoronavirus-cronica-de.html?view=magazine

Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976), mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).

FONTE ORIGINAL  / MATÉRIA :

https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/praias-indo-pro-beleleu-por-heraldo-campos/

A Paz de Iperoig ou Armísticio de Iperoig - Ano 1563

 




A Paz de Iperoig ou Armísticio de Iperoig foi um tratado de paz efetuado entre os portugueses e os índios tamoios em 1563.
"Iperoig" é um termo derivado da língua tupi antiga: significa "rio dos tubarões", através da junção de iperó (tubarão) e 'y (rio). Era o nome da localidade onde Manuel da Nóbrega e José de Anchieta ficaram reféns dos tamoios em 1562-1563.
Após a queda do forte francês Coligny, na Baía de Guanabara, restaram poucos franceses que, aliados dos tamoios, combatiam os portugueses na região costeira da América. Com a precariedade de aliados, os tamoios decidiram formar uma grande aliança com outros nativos da Capitania de São Vicente, que ficou conhecida como Confederação dos Tamoios. Dela, participavam também algumas tribos tupinambás, tupiniquins, carajás, goitacazes e aimorés, que assaltavam rotas e vilas portuguesas, como a de Piratininga. Era uma tentativa de dar um fim à guerra estabelecida na metade do século XVI entre europeus e indígenas.
AO GERAL DIOGO LAINEZ, DE SÃO VICENTE, JANEIRO DE 1565
Movido pois com tantas e tão justas causas, e confiando em a virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo, que das pedras duras tira abundantes rios d'água, empreendeu este caminho, determinado de se partir em dois navios bem aparelhados á terra dos contrários, e depois de renovados os votos á primeira oitava da Páscoa do ano passado de 1563 nos partimos antes que os navios, e eu indo-os esperar a uma fortaleza daqui a quatro léguas chamada Beriguioca, em uma canoa, onde logo começámos a experimentar a doçura da Divina Misericórdia e Providência, á qual totalmente nos havíamos entregado e foi que, havendo nós outros chegado á terra, e desembarcado, veiu tã o grande tempestade de vento ec huva, que se nos tomara em mar, como a canoa era pequena, teríamos grande perigo de nos perder, a salvo conduziu-nos; bendito seja o Senhor doador de todo bem.
Esperando pois por bom tempo nos embarcamos o dia da Exaltação da Santa Cruz, em sua canoa, feita de uma cortiça de pau, e éramos 20 por todos, e viemos aquele dia com bom tempo ao primeiro porto, onde para maior prova de Cunhambeba achámos uma canoa dos do Rio, que se tornava de cá, os quais lhe contaram logo muitas mentiras, dizendo que os índios de Piratininga lhes haviam morto um dos seus e que os Cristãos foram correndo de trás deles, tirando-lhes para os matar, com outras cousas, que puderam facilmente mover a constância de qualquer dêstes, que não é muita. Mas o Cunhambeba depois de lhes ouvir lhes disse:"Bem sei que os Cristãos são bons e tratam verdade, vós outros farieis por onde vos tratassem assim"; e nem ele nem nenhum dos seus dando crédito ás suas palavras, nos embarcamos ao outro dia e viemos outras duas jornadas, com algumas tormentas, e enfim, pela misericórdia do Senhor chegamos dia de S . Mateus Apóstolo á Beriquioca, mas não foi muito a nosso salvo, porque ao dobrar de uma ponta nos deutão grande tempestade de vento que estivemos meio afogados, ao menos eu nunca tive por tão certa morte em todos os transes passados com o ali, e ainda agora me espanto como foi possível passar por ali uma só cortiça de um pau por onde um navio tivera muito perigo e trabalho em passar; contudo os índios esforçavam a mim e assim remando com grande impeto e dizendo-me que não hou-se medo, que eles me tirariam fora a nado, mas eu em al tinha posta minha confiança e tinha-me com Cunhambeba, o qual ia dizendo:"Padre Deus, oh Senhor Deus, amanse-se o mar." Ouviu-o o Senhor, e ainda que não se amansou o mar, passámos seguros e acolhemo-nos á terra antes de chegar a povoado com a água que nos dava pela cara e boca já coalhada e feita de sal. Ao outro dia se tornaram a embarcar para entrar na fortaleza, que seria pouco mais de meia légua, e eu me fui pola praia com dois ou três deles e tivemos tanta chuva todo o caminho que me passou e esfriou todo, e segundo a fraqueza que eu trazia, se um pouco mais longe estiveram as casas passára muita pena; assim chegámos a estas vilas, vencidos tantos encontros, e com minha vinda houveram todos muita alegria, como com pessoa que saía de um cativeiro, do qual não esperava outro fim se não a morte. Bemdito seja o Senhor todo poderoso qui mortificat et vivificat. Este foi o fim da minha peregrinação, a qual prouvéra ao bom Jesus que por outra mão fôra escrita e a minha, por amor de seu nome, estivera suspensa ao sumo em Iperuig, ec erto que se não pensasse tudo isto haver sido ordenado pola suma e divina disposição e vontade da obediência, que me arrependeria de haver-me de lá vindo e ainda com tudo isto me arrependo e pesa, não porque vim, mas porque não foi digna minha vida que eu desejava de pôr por meu Senhor Jesus Cristo, de ser aceita de Sua Divina Magestade; mas, por que meu pai celestial é mui rico para todos os que o invocam e tem muitas bênçãos que dar, ainda não desespero de alcançar esta de sua mão onipotente, confiando que primeiro me faria martir, no cumprimento de meus votos e de toda virtude e depois s e dignaria aceitar meu sangue derramado por sua glória em holocausto e odor de suavidade, o qual eu peço humilde e entranhavelmente a todos os Padres e Irmãos, maximè a V.R.P., me alcancem do Senhor.
Deste Colégio de Jesus de S. Vicente, em 8 de Janeiro de 1565 anos.
Minimus Societatis Jesu.
JOSEPH DE ANCHIETA
E assim nasceu o Brasil!
A obra baseia-se em fatos históricos reais e fatos novos, o autor Detlef Günter Thiel realizou uma pesquisa completa sobre Hans Staden, um lansquenete espingardeiro alemão, em todo lugar onde esteve: no Norte de Hessen/Alemanha, em Portugal e no Brasil. Ele conhece a época das descobertas e utiliza os eventos históricos relevantes como fundo para uma descrição meticulosamente detalhada de todas as ocorrências. Deste romance histórico e seu tempo, poderão entender os hábitos das pessoas, e também o seu sofrimento naquela época, no Renascimento.



FONTE :