Ao ser chamado o netinho corre de braços abertos para abraçar a vovó Clotilde Garroux ou vovó Clô
As teorias , algumas não passam de meros palpites sobre a vinda dos franceses para Ubatuba são as mais variadas. Dizem que eles fazem parte de Villegaignon, outros afirmam que houve imigração organizada no inicio do século XIX, e outros dizem que a maior parte das famílias era de refugiados politicos, envolvidos no velho continente , na guerra franco- prussiana . Esses são os que estão mais perto da verdade. Os historiadores mais serenos , porém , informam que o principal motivo de atração dos capitalistas franceses no começo do século foi o progresso de Ubatuba que canalizava a riqueza da mineração e produção do Sul de Minas e de todo Vale do Paraiba, através da ligação com Taubaté. Chegavam a Ubatuba navios franceses e havia uma companhia com sede na França que explorava madeiras exóticas do litoral brasileiro. Os Marigny trouxeram mais colonos para sua fazenda de café, nos anos que se seguiram à primeira imigração. Atrás desses colonos vieram outras familias, algumas abastadas. E já havia radicados no lugar, alguns marinheiros de um navio que naufragara ali perto, no final do século XVIII.
No cartório de registro civil, nos correios e telegráfos, na coletoria, no cemitério ou nas notas fiscais do comércio de Ubatuba , encontram -se muitos sobrenomes franceses. Washington de oliveira Giraud, é o farmacêutico "Filhinho " , que foi candidato a prefeito nas últimas eleições e quase ganhou; descende ,pelo lado materno pelos , dos Giraud, que eram agricultores abastados e fabricantes de pinga no passado e estão hoje representados em Dna Amada Felisbina Lopes Giraud e alguns caiçaras pescadores ; Sebastião na Enseada; João Giraud e seus filhos, na Maranduba e Caçandoca. Depois dos Marigny, cujo tataravô foi Vice - Consul da França em Ubatuba e líder da colonia,a família mais numerosa é dos Vigneron, ex - oficial da marinha francesa , que se dedicou primeiro ao comércio de escravos e depois a lavoura, em Ubatuba, e deixou um tratado sobre agricultura tropical. Um de seus netos é coletor em Ubatuba, outro é comerciante no Itaguá. Os demais exercem diversas profissões e possuem numerosos filhos.
Os Bruiller, que acabaram abrasileirando o nome para Brulher, já se conta nos dedos; no caminho da Lagoinha há dois caiçaras de pele escura, queimada de sol, que se chama Jean e Camille Paviol, na Barra Seca os Souret viraram mestiços avermellhados , de olhos claros e traços fisionômicos de branco. Os Arnois - Savoy estão desaparecidos de Ubatuba, devem ter tomado o caminho da Serra acima, como os Charleaux, os Billard e o casal Soares Bruyer. Dos Milany ,as pessoas mais antigas de Ubatuba recordam a figura pitoresca de Manéco Milany, conversador, pouco amante do trabalho, descedente de fazendeiro abastado, e que se consumiu em libações alcoolicas. Manéco Milany era tido como o maior mentiroso da região, mas dizem que contava muitas estórias imaginosass e de grande beleza.
Para além da praia do Itaguá, vive o vovô Sebastião Bourget, de 74 anos de idade, filho do frances Antonio Francisco Bourget, proprietario d euma fabrica de charutos em Ubatuba no século passado, Sebastião tem 10 filhos , os quais já lhe deram 40 netos, é um homem de poucas lembranças, fala dos eu pai e do avô com pouco entusiasmo, enquanto acaricia um de seus netos, de olhos azuis, cabelos de fogo, com pintinhas de sardas no rosto.
Dona Clotilde Garroux mora na Estrada do Mato Dentro, com seus filhos , netos e acharques., ela nasceu no final do período áureo de Ubatuba , qunado os filhos das familias ricas começarama tomar o caminho de Taubaté, Pinda e São Paulo.
A figura mais mais impressionante dos descendentes franceses é Maria Jean ou Maria Vitó, filha de Michel Cotté Pierrod e Antoinette Cotté, que foram trazidos de Friburgo pelos Marigny, Maria Jean já está muito velha. Seu rosto já não comporta mais as rugas que descem em camadas para o queijo curto, suas mãos rústicas , quase em garras , denuncia seus 94 anos que ela diminuiu para 48 . maria Vitó fez a menos de 2 anos um casamento desastrado com um mulato que lhe roubou as últimas economias da Caixa Econômica, velhos cordões de ouro, herança do pai frances e alguns terrenos que havia passado para o nome do "marido". Apesar das adversidades, Maria Vitó é alegre, sua fisionomia de india velha ilumina se em sorrisos constantes. Também tem queixas : " Não gostava de haver nascido aqui, se meus pais tivessem cuidado de me haver na Fr ança , teria sido mais feliz - diz ela....
Continua...................Na terceira e última parte... Em 1885, o Rei café começou a estender seu dominios para o interior do Estado e o declínio da economia ubatubense
Observação ......O texto acima é um resumo livre de uma matéria sobre os franceses em Ubatuba , a qual eu pesquisei e encontrei via internet na Revista A Cigarra SP, editada entre 1917 e 1975,....A matéria que pesquisei é de uma edição da revista de 1961....