domingo, 18 de janeiro de 2009

LIVRO : Ubatuba, espaço , memória e cultura...

Ubatuba – espaço, memória e cultura é uma obra que se origina de uma amizade entre um habitante da cidade e um estrangeiro, para situar-se como um projeto de sistematização regional, visto na perspectiva do turismo, da história e da cultura local.


A cidade de Ubatuba como destino turístico constitui o ponto de partida para dois itinerários diferentes que se fundem para mostrar, conjuntamente, o lado perceptivo daquele que mora na cidade de Ubatuba, e o lado reflexivo do turista que interpreta os efeitos da paisagem e da história com a qual se reveste a cidade ao longo da escrita.


Trata-se de um tipo de construção teórica importante, no sentido de oferecer dados para toda e qualquer pesquisa que se venha a fazer sobre a região. Uma das maiores dificuldades que enfrentamos, uma vez que decidimos fazer frente à esta aventura foi justamente a falta de registro escrito das tradições orais de Ubatuba. Esta questão conferiu a nossa obra um caráter inter e multidisciplinar, desafiando-nos o tempo todo a criar interstícios com as teorias do turismo, com a história do Brasil e, sobretudo, com a fenomenologia do espaço inscrita no imaginário cultural dos habitantes de Ubatuba. Acreditamos que do resultado deste refrescante mergulho, a imagem da cidade possa sair beneficiada plenamente, da mesma maneira que saímos nós uma vez que empreendemos esta travessia e que hoje apresentamos seu resultado.


Há, entretanto, alguns pontos que queremos advertir logo de entrada sobre nosso livro. Em primeiro lugar, o desafio do turismo em Ubatuba às políticas públicas e à iniciativa privada no sentido de investir na cultura local como fonte de conhecimento e progresso; em segundo lugar, reivindicar o valor identitário da cultura tupi no seu viés tamoio para reconhecer um traço importante do caráter brasileiro; e, finalmente, lançar uma proposta à universidade, responsável pela articulação institucional, mais do que necessária dos componentes humanos, que configuram a vida social de uma cidade que tanto tem a oferecer ao desenvolvimento cultural do país. Por esta razão, acreditamos que este seja só um passo de um projeto maior que se desdobrará em futuras publicações, pois o nosso desejo é comunicar um saber fruto da experiência e reivindicar o espaço físico e humano no qual a cultura se insere e se projeta no cenário nacional.


Desta forma, a estrutura do livro é também uma proposta de travessia, um roteiro turístico que se inicia pelo reconhecimento do espaço e do tempo passado, presente e futuro de Ubatuba.


No primeiro capítulo trataremos Ubatuba como um destino turístico, caracterizando os principais atrativos naturais e culturais que fazem do turismo e da pesca os principais eixos de sustentação econômica do município.


No segundo capítulo, apresentaremos um panorama histórico de Ubatuba, outrora conhecida como aldeia de Iperoig, habitada pelos mais aguerridos índios de raiz tupi, os tamoios – que preferiam ser chamados de tupinambás - cuja saga em prol de seus valores ancestrais formou um dos episódios mais originais da história do Brasil, traçando os moldes de uma identidade litorânea1.


No último capítulo, desenharemos o quadro da atual configuração da cultura ubatubense delineada no progresso de suas instituições, modelada na imagem veiculada pela mídia e assumida pela universidade como missão a favor da pesquisa e da produção de conhecimento.


Convidamos a nossos leitores, habitantes de Ubatuba em primeiro lugar, turistas, comunicadores e interessados na cultura de modo geral, a percorrer o itinerário para redescobrir as encenações de uma cidade encantada de chuva e de sol.





Capítulo I


UBATUBA, O PRIMEIRO SOL DO VERÃO.


Quem acompanhar a trajetória do Trópico de Capricórnio2 no mapa, verá que ele se encontra, em sua rota imaginária ao redor do globo, com a cidade Ubatuba, localizada ao norte do litoral de São Paulo. E todos os anos, em 22 de dezembro, suas praias recebem os primeiros raios de sol do hemisfério sul, consagrando o início do verão. Essa metáfora espacial serve como ponto de partida para abordar a cidade desde uma perspectiva turística, uma das principais fontes de reconhecimento que se faz desta região do litoral norte de São Paulo.


Apesar de o Trópico de Capricórnio não ser conhecido como uma referência geográfica importante pelos meios de comunicação de massa e pelo público em geral, ele determina um dos motivos pelos quais Ubatuba é, em uma das estações do ano, a primeira a desfrutar do solstício de verão. O calor, a qualidade do clima e das águas coloca Ubatuba como um dos mais importantes recursos turísticos do litoral norte de São Paulo. As pessoas vão ao lugar em férias, pois o clima ameno atrai um fluxo turístico considerável à procura do sol e da Serra do Mar.


A linha imaginária que atravessa Ubatuba passa pela praia do Cruzeiro, próxima ao campo de aviação Gastão Madeira. Um símbolo concreto desse cruzamento é um globo de metal, sobre uma estrela dos ventos, localizado em uma das praças que hoje serve de marco de referência para o lazer e a recreação dos habitantes de Ubatuba. A função simbólica deste lugar convencionado para este fim reveste, o mesmo de um valor ímpar em termos de localização espacial.


Assim, o sol oferece em Ubatuba um espetáculo privilegiado, um dos cenários mais primorosos da aurora do verão de nosso país tropical. Tal explosão de beleza desenha o visual colorido do Cruzeiro e, junto às águas que banham a baía do centro, desenham um belíssimo cartão postal de Ubatuba.


“O primeiro sol do verão brilha aqui”. Foi esse um dos slogans usados pela mídia na divulgação das imagens da cidade, que teve o objetivo de atrair turistas e visitantes. Talvez essa tenha sido a única investida feita na tentativa de explorar turisticamente o potencial do fenômeno imaginário, expresso no visual real da paisagem “deslumbrante” de Ubatuba.


O turismo é uma força motriz da economia mundial nos dias de hoje, uma atividade de importância política, social e cultural. Uma atividade de impacto significativo, que merece a nossa atenção e que compromete o percurso da nossa travessia por eixos do turismo como a geografia, a história e a cultura.


O turismo é, na atualidade, um campo de estudos que, segundo Chris Cooper, em Turismo, princípios e prática (2001), ainda carece de base teórica para tornar-se uma disciplina. Apesar dos vários indicadores atuais que apontam para uma crescente profissionalização do turismo, tanto em termos de atividade prática como teórica, nessa obra, o conceito faz referência ao fenômeno social, impulsionado por motivações de caráter social, em primeiro lugar.


Este trabalho se concentra em torno de uma localidade, pois a intenção é demonstrar a possibilidade de se estabelecer categorias de análise que perfazem a práxis do turismo, como o mapeamento dos recursos turísticos, e a reconstrução da história, imagens, tradições, costumes e folclore.


As abordagens tradicionais operacionalizam e reduzem o turismo a um conjunto de atividades ou transações econômicas – afirma Cooper -, enquanto autores mais recentes têm criticado esse “reducionismo”, enfatizando estruturas pós–modernas, que analisam o significado e o conteúdo do turismo na mira dos fenômenos interativos e artísticos.


A nossa proposta consiste de um estudo regional, localizado e bem definido. A cidade de Ubatuba está carente de um resgate cultural em termos de registro, capaz de oferecer-lhe o frescor do amanhecer e o despertar da consciência de seus habitantes para aspectos sobre seu entorno, sobre sua identidade e sobre as possibilidades de um presente reconhecido pelo valor de suas tradições ancestrais, e pelo poder transformador das instituições sociais que atuam na cidade.


Os eixos mais importantes do livro que apresentamos serão o espaço, a memória e a cultura nativos, que comprometem a apreensão dos sentidos e o olhar, sendo este último o epicentro de toda atividade crítica na produção de conhecimento. E não há nada mais apropriado para esse propósito que o ponto de vista de um nativo nascido em Ubatuba e de um estrangeiro considerado, em última instância, um turista que foi literalmente fisgado pela beleza física e humana de uma cidade que o cativou.


Neste primeiro capítulo, trataremos Ubatuba como um destino turístico inscrito no mapa do mundo, operando uma escolha das 20 praias que definiram dois roteiros e que representam o interesse para o entendimento da ação turística no local, caracterizando os principais atrativos naturais e culturais que fazem desta atividade e da pesca os principais eixos de sustentação econômica do município.





1. ITINERÁRIO DA VIAGEM POR ALGUMAS PRAIAS DE UBATUBA


Ao longo dessa obra, vamos percorrer um itinerário de viagem, uma proposta de trajetória pelos principais atrativos de Ubatuba. Para compor nosso roteiro, usamos dados recolhidos pelos alunos de turismo da Faculdade Anhembi Morumbi de São Paulo no Plano de Desenvolvimento Turístico do Município de Ubatuba (2004), coordenados pela professora Vanessa Pinheiro Dantas.


O roteiro produzido tem como foco as praias do litoral de Ubatuba em termos de localização, acesso, visão – olhar e demanda turística. A localização refere-se à posição geográfica na qual a praia escolhida pode ser encontrada no mapa. O acesso constitui o modo de chegar ao destino, um indicador para o turista e para todos aqueles que desejam visitar a praia em questão. A visão, ou o olhar, é a alternância da nossa percepção estética da praia escolhida e um recorte ilustrativo. Finalmente, a demanda turística corresponde ao efeito que estas praias selecionadas são capazes de produzir em termos de recepção turística3. Desta forma, Ubatuba de modo geral nos servirá como exemplo na aplicação destas categorias enunciadas. A seguir, as praias escolhidas de modo particular, ilustraram a vocação turística de uma cidade marítima.



Destino praias de Ubatuba4:


Localização


Ubatuba está situada na zona do Litoral Norte de São Sebastião, no nordeste da costa Atlântica, nas seguintes coordenadas geográficas: 23º 26’ 14 “latitude sul e 45º 05’ 09” de longitude oeste do meridiano de Greenwich, a 16 quilômetros em linha reta da capital do Estado de São Paulo.


Os limites municipais de Ubatuba foram traçados na época do Império, datados de 20 de abril de 1865 e 22 de março de 1870. Ao norte, a cidade de Ubatuba faz limite com o município de Cunha, pela Serra do Mar; ao sul, sudeste e leste com o Oceano Atlântico; ao nordeste com Parati (RJ), pela Serra do Corisco, contraforte da Serra do Mar e pela Cachoeira da Escada, que vai terminar na Ponta da Trindade; ao sudeste, com Caraguatatuba pelo rio Tabatinga; ao oeste, com os municípios de Natividade da Serra e São Luiz do Paraitinga pelas vertentes da Serra do Mar (Florençano, 1951: s/p; De Oliveira, 1977:43; Alves F. de Camargo, 1994: 17)5.




Acesso


A partir de São Paulo, existem dois caminhos para chegar até as praias de Ubatuba. O mais curto é utilizar o acesso da marginal Tietê à via Dutra (SP 070), no km 17, seguindo até a cidade de São José dos Campos. Depois, o caminho segue pela rodovia dos Tamoios (SP 099) até Caraguatatuba. Dali, o motorista pode utilizar a rodovia Dr. Manuel Hipólito do Rego (SP 055) ou BR 101 – até a cidade de Ubatuba.


Outro caminho, sete quilômetros mais longo, é pela antiga rodovia dos Trabalhadores, atualmente chamada de Ayrton Senna. A partir do km 22 da Marginal Tietê, é possível entrar na rodovia Carvalho Pinto no trecho Guararema–Taubaté. Nesse trecho de Taubaté, existem indicações rumo ao litoral pela rodovia Oswaldo Cruz (SP 125), em um percurso de 94 km que inclui a impressionante descida da Serra do Mar.


As empresas rodoviárias que operam no circuito das praias de Ubatuba são a Litorânea e a Cidade Ubatuba. O acesso aéreo é pelo aeroporto Estadual Gastão Madeira, mas o avião só opera com transporte de cargas. O acesso marítimo se dá pela marina do Saco da Ribeira que movimenta cerca de 2.000 embarcações com aproximadamente de 15 a 20 garagens náuticas. O Saco da Ribeira é a maior marina fluvial do litoral norte em Ubatuba.


Visão – Olhar


A nossa proposta de análise das praias escolhidas se declinará conforme a descrição, a análise e a interpretação do atrativo turístico natural, seguindo o movimento ou deslocamento próprio da viagem e baseados na demanda motivacional de assuntos próprios da natureza geográfica de Ubatuba. A visão nativa da percepção imediata e a reflexão crítica do estrangeiro recriaram de modo descritivo praias, enseadas e serras.


O critério de escolha foi orientado basicamente pela visão dos autores, já que o grau estético excepcional que o produto, bem ou serviço turístico pode vir a oferecer - segundo Américo Pelegrini, em Ecologia, Cultura e Turismo (1999) - dependerá única e exclusivamente da visão e do olhar daquele que faz a experiência.



Uma das grandes dificuldades apontadas por Pellegrini, na tentativa de distinguir atrativos naturais e culturais, relaciona-se com o possível inventário dos recursos naturais adequados à demanda turística que é semelhante à dos recursos culturais. Apesar do número importante de recursos naturais existentes em Ubatuba, escolhemos as praias por serem a “isca turística” que movimenta o litoral na chamada “alta temporada” e o ano todo, construindo uma imagem da cidade projetada em todos os âmbitos da sociedade e da cultura brasileiras. Cientes da impossibilidade de inventariar todas essas praias, selecionamos algumas que pudessem ilustrar os conceitos que trazemos à tona na aplicabilidade do turismo ao estudo regional, e a partir disso, é possível abranger outros segmentos do entorno imaginário que nos interessa resgatar.


De acordo com a classificação idealizada por Mario Carlos Beni em Análise Estrutural do Turismo (1998), os atrativos que vem a calhar neste trabalho se enquadram nas seguintes definições: 1) O atrativo turístico é todo lugar, objeto ou acontecimento de interesse turístico que motiva o deslocamento de grupos humanos para conhecê-los. 2) Atrativos naturais são elementos do espaço geográfico que constituem a paisagem – recurso turístico importante – e serão indicadores neste trabalho no itinerário por sua importância e uso turístico. 3) As praias que são costas baixas resultantes da acumulação de areias que podem ser finas ou grossas, apresentando aspectos diversos e podendo situar-se em áreas urbanas, localidades menores ou em lugares isolados.

O livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura ", foi escrito por Juan Droguet e Jorge Otávio Fonseca, o primeiro Professor e escrito renomado, o segundo caiçara, hoje formado em Administração e Turismo pela UNITAU - Campus de Ubatuba-SP, o livro que trata de contar a verdadeira historia de Ubatuba-SP, foi lançado em 2005.

CONTINUA................

CONHEÇA A LETRA DO HINO DE UBATUBA - SP

HINO DE UBATUBA


UBATUBA, SIM!
UBATUBA, Sim, Sim, Sim!
ela tem lindas praias de areia dourada!
Ubatuba, sim, sim, sim!
Viver no Perequê, no Itaguá, na Enseada!
Ubatuba, sim, sim, sim!
Horizontes de mar e de montes sem fim
seu céu estrelado
de azul anilado
suas matas, seus rios,
seu Povo abençoado!
Eu amo Ubatuba
assim como ela é
sozinha, isolada,
Só com sua Fé.
Conquanto ela suba
ao progresso que vem,
que fique guardada
com tudo quanto tem!
UBATUBA, sim, sim, sim!
ela tem lindas praias de areia dourada!
Ubatuba, sim, sim, sim!
Da PICINGUABA extrema até a MARANDUBA
Ubatuba, sim, sim, sim!
Horizontes de mar e de montes sem fim
E o céu estrelado
De azul anilado
Da "TERRA ENCANTADA"
que a nossa alma derruba.


Fonte: Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - FUNDART

"UBATUBA" Antiga Aldeia de Iperoig

Ubatuba é considerada o paraíso ecológico do Litoral Norte paulista, pois nos encanta com suas riquezas naturais e sua gente simples, carismática e cheia de histórias surpreendentes.

Os índios Tupinambás foram os primeiros habitantes da região de Ubatuba. Eram excelentes canoeiros e viviam em paz com os índios do planalto, até a chegada dos portugueses e franceses, que tentaram escravizar os índios, com o intuito de colonização.

Naquela época Ubatuba era conhecida como Aldeia de Iperoig e passou a categoria de vila somente em 1554. Travou-se uma batalha diplomática fundamental para se decidir o futuro do Brasil, pois os portugueses e franceses disputavam essa região. Os franceses eram apoiados pelo seu Rei Henrique II e pelos índios Tupinambás, sendo que para conquistar essas terras, precisavam enfrentar o poderio militar português, que na época era muito forte.

Os portugueses mantinham relações de amizade com os Tupiniquins e com a prisão do chefe Tupinambá Aimberê, que depois de ter sido condenado à morte conseguiu escapar, tornou-se um dos maiores inimigos da Coroa. Os Tupinambás, sob o comando de Cunhambebe, fizeram aliança com outras tribos, de Bertioga a Cabo Frio, para lutar contra o domínio lusitano.

Os Tupinambás e Tupiniquins organizaram-se, formando a “Confederação dos Tamoios” e passaram a enfrentar os portugueses (Tamoio é uma palavra da língua falada pelos Tupinambás, que significa “o mais antigo, o dono da terra”, portanto a Confederação era a união dos índios, verdadeiros donos da terra). Para evitar o conflito, os portugueses convocaram, em 1563, uma dupla de negociadores, os Jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta.

A história de Ubatuba começa em 1563, quando o Padre Anchieta promove junto aos índios liderados por Cunhambebe, a chamada Paz de Iperoig, que impediu os silvícolas de destruir as Vilas de São Paulo e São Vicente. Em 14 de setembro de 1563 foi assinado o tratado que para algumas tribos significou sua aniquilação. Os franceses foram expulsos e os índios pacificados. Eles partiram de São Vicente para a Aldeia de Iperoig e sua missão de paz foi lenta e difícil. Anchieta ficou prisioneiro durante aproximadamente quatro meses e nesse período escreveu vários poemas, dentre eles o célebre “Poema à Virgem” nas areias da praia do Cruzeiro, enquanto Manoel da Nóbrega voltava à Aldeia de São Paulo para concluir o Tratado da Paz de Iperoig; o primeiro tratado de paz das Américas.

Com a paz firmada, o Governador Geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, tomou providências para colonizar a região, enviando os primeiros moradores para garantir a posse da terra para a Coroa Portuguesa. O povoado conseguiu sua emancipação político-administrativa e foi elevado à categoria de Vila em 28 de Outubro de 1637, com o nome de Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, tendo como fundador Jordão Albernaz Homem da Costa, nobre português das ilhas dos Açores.

Os povoadores se instalaram ao longo da costa, utilizando o mar como meio de transporte. A pobreza enfrentada pelos primeiros povoadores da região permanece até o final do séc. XVIII, quando a plantação de cana-de-açúcar permite pela primeira vez que Ubatuba tenha uma economia significativa. Todavia, com o surgimento da economia do ouro, a região do Litoral Norte se transforma em produtora de aguardente e açúcar para o abastecimento das áreas de Minas Gerais, que experimentava um novo surto do progresso. A Vila de Ubatuba deixa de ter apenas a agricultura de subsistência.

Em 1787, o presidente da Província de São Paulo, Bernardo José de Lorena, decretou que todas as embarcações do litoral seriam obrigadas a se dirigir ao porto de Santos, onde os preços obtidos pelas mercadorias eram mais baixos. A partir dessa pressão do governo, Ubatuba entra em franca decadência e muitos produtores abandonaram os canaviais. Os que ficaram, passaram a cultivar apenas o necessário para a subsistência.

A situação só melhorou a partir de 1808 com a abertura dos portos. A medida beneficiou diretamente a então Vila de Ubatuba. O comércio ganha impulso inicialmente com o cultivo do café no próprio município, enviado para o Rio de Janeiro. Todavia, o café se expande para todo o Vale do Paraíba, e Ubatuba passa a ser o grande porto exportador, privilegiada mais ainda pela estrada Ubatuba - Taubaté. Ubatuba nessa época ocupava o primeiro lugar na renda municipal do Estado. Novas ruas são abertas, o urbanismo, no sentido moderno, alcança o município. São criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, chafariz com água encanada, mercado municipal e novas construções para abrigar a elite local, dentre as quais o sobrado de Manoel Baltazar da Costa Fortes, hoje sede da FUNDART.

É nesse apogeu que Ubatuba é elevada a categoria de cidade em 1855, e em 1872 foi elevada a comarca, juntamente com São José dos Campos. Nesse ano tinha 7.565 habitantes. As grandes construções datam desse período, o prédio da atual Câmara Municipal e a Igreja Matriz. Pouco mais tarde, a partir de 1854, iniciou-se a construção da Santa Casa da Irmandade do Senhor dos Passos de Ubatuba. A construção da ferrovia Santos-Jundiaí, aliada à economia cafeeira que, se por um lado permitiu que a Vila alcançasse o status de cidade, por outro, levou o município a seu declínio, quando o café deslocou-se para o Oeste Paulista, provocando a decadência econômica do Vale do Paraíba e consequentemente, de Ubatuba, porto de exportação.

De 1870 a 1932, Ubatuba ficou isolada e decadente, as terras desvalorizaram-se, as grandes residências transformaram-se em ruínas. Em 1940 Ubatuba se resumia a 3.227 habitantes. Depois de um longo período, após a Revolução Constitucionalista de 1932, com o objetivo de integrar a região, cujo isolamento ficou patente no conflito, o Governo Estadual promoveu melhorias na Rodovia Oswaldo Cruz (Ubatuba-Taubaté), passando a cidade a contar com uma ligação permanente com o Vale do Paraíba. Com a reabertura da estrada, inicia-se um novo desenvolvimento econômico: o turismo. No início da década de cinquenta, com a abertura da SP55, Ubatuba-Caraguatatuba, intensifica-se o turismo e a especulação imobiliária. Em 1967 Ubatuba é elevada a categoria de Estância Balneária e culmina com a abertura da Rodovia Rio-Santos em 1975, quando o turismo se torna a maior fonte de renda do município.


FONTE : http://www.ubatubaeaqui.com.br/historia.html