quarta-feira, 2 de junho de 2010

UM POUCO SOBRE OS TUPINAMBÁS...




Por Marques, Marcio Renato[1]




Os tupinambás se distribuíam espacialmente desde o Nordeste até São Vicente e durante o século XVI foram desaparecendo gradativamente, após a chegada das epidemias trazidas pelos brancos e após as guerras promovidas pelos portugueses graças à aliança dos nativos com os franceses que culminara nas tentativas de ocupação no Rio de Janeiro e Maranhão.



Seu modo de vida mesmo sendo nômade continha complexa organização, devendo e muito a divisão do espaço para as diferentes tarefas realizadas na vida cotidiana. A divisão do espaço da aldeia comportava basicamente as malocas e o terreiro, tendo as moradias uma relação de certa autonomia para todo o grupo social.



A Organização da maloca



As malocas eram para a vida social e cultural dos tupinambás do Rio de Janeiro e São Vicente quinhentista um sistema de organização complexo, obedecendo às relações de parentesco entre os líderes locais e delimitando o espaço a ser ocupado pela população de determinado grupo.



Como definiu Florestan Fernandes as malocas (1963) eram unidades vicinais que obedeciam à lógica das "atividades econômicas", sendo responsáveis pela divisão do trabalho, sistematizando as atividades entre os pais de família, mulheres e agregados. (e por vezes cativos de guerra esperando sua execução)



Os cronistas do século XVI preocuparam-se com sua descrição física, reservando as relações sociais a Importância mínima, passando às vezes despercebida. Com base na primeira análise descritiva, a habitação dos tupinambás quanto ao tamanho é observada por Staden (1930) como uma construção com 14 pés de largura e 150 de comprimento; o calvinista Léry (1960) apenas afirma que possuem mais de 60 pés de comprimento, sendo de grande praticidade e mobilidade obedecendo à característica nômade dos grupos locais.



Aldeia de Ubatuba (grafada originalmente Uwatibi) (imagem digitalizada da pagina 130 da crônica de Staden: Viagem ao Brasil – Versão do texto de Marpurgo, de 1557. Rio de Janeiro: Officina Industrial Graphica, 1930)



O nomadismo observado por Léry aparece pela constatação de que vivem no máximo cinco meses no mesmo local, migrando em busca de "ares melhores", mostra de que a tradição parece ser muito mais presente do que os fatores ligados a subsistência do grupo. Levando em conta o conteúdo da crônica é possível analisar a passagem a seguir da fonte: (e depois observar o diálogo por um dos elementos definidos por Certeau (2000) como fundamentais a etnologia)



E se lhes perguntarmos por que mudam tão freqüentemente, respondem apenas que passam melhor trocando de ares e que se fizessem o contrário de seus avôs morriam depressa (Léry, 1960, p 208)



O elemento da inconsciência apontado por Certeau se enquadra na referida situação. Seria ela uma série de fenômenos coletivos cuja explicação não é clara, embasada no tempo da sociedade "selvagem", pois este é imemorial. Outro elemento do quadrilátero complementar da etnologia do século XVII é presente na passagem acima: a oralidade. O autor francês se apóia em Lévi-Stráuss: onde a linguagem da crônica é de cunho histórico, não etnográfico; tenta explicar por uma linguagem que está acostumada a abordar o consciente falando de relações do inconsciente; ou seja, a comunicação feita pela sociedade primitiva (a oralidade) é presente apenas dentro de sua própria cultura, reservando ao outro uma resposta bastante subjetiva, principalmente se tratando de um diálogo despretensioso do cotidiano.



A necessidade de tal nomadismo se aplicava, tanto com base em necessidade de subsistência quanto à tradição, exemplificada nos hábitos de coleta de penas de aves para utilizá-las em adornos durante os rituais. O aspecto relacionado à subsistência apontado por Fernandes (1963) segue a lógica de uma busca por boas áreas agrícolas, próximas a cursos de água doce e a bosques para coleta de frutas e caça. Staden no início do nono capítulo de sua crônica exemplifica a busca pelas penas utilizadas nos rituais:



Ao pé da ilha, na qual fui aprisionado, há uma outra ilha pequena, onde se aninham uns pássaros marítimos de nome Uwara (guará - mirim).Perguntaram-me os índios se os seus inimigos Tuppin Ikins tinham estado lá este anno,para apanharem os pássaros e os filhotes [...]estimam muito as pennas daquelles pássaros, porque todos os seus enfeites são geralmente de pennas. ( Staden , 1930 . p 62)



A busca por penas de pássaros juntamente com áreas de pesca estimulava o contato entre povos inimigos, criando áreas de litígio. Tais áreas tinham por característica peculiar tendo em vista a construção das aldeias, a utilização de caiçaras duplas, ausentes em áreas tidas como seguras. A aldeia de Ubatuba onde Staden esteve cativo serve como exemplo de grupo social encravado no limite com aldeias e povoações inimigas, tendo nas malocas populações predominantemente guerreiras em constante migração, ainda conservando o costume de depositar em suas paliçadas as cabeças dos inimigos decapitados.



Apesar do nomadismo e das diferenças com relação as áreas próximas ou não dos inimigos, as aldeias tupinambás procuravam se fixar em áreas amplas, com a distribuição das terras férteis acontecendo de maneira autônoma, onde cada pai de família recebia um pedaço de terra que variava para plantar principalmente mandioca.(FERNANDES,1963)



A quantidade de malocas nas aldeias é tema de certa discussão para as fontes: Gândavo (1980) afirma que os tupinambás do nordeste constroem aldeias com 7 ou 8 habitações coletivas,Staden fala em apenas 7,Léry fala que dentro de cada maloca viviam cerca de 600 pessoas, sem citar no entanto quantas delas existiam emJaboraci.Para Fernandes a idéia mais plausívelé a de Alfred Métraux,cuja quantidade de habitações variava entre 4 e 7, tendo entre 50 e 200 indivíduos divididos em cerca de 60 ranchos de 12 pés (por maloca) variando quanto as relações polígenas e reservando ao morubixaba e sua família o centro.



O interior da grande habitação coletiva dos tupinambás, continha nos referidos ranchos espaços para as redes (innis), fogueira individual e uma pequena área livre, por vezes depósitos de alimentos. (inclusive restos de festins antropofágicos como descreve Staden):



[...] A carne de Hieronymus estava ainda dentro de uma cesta, pendurada ao fumeiro, na cabana onde eu estava, havia mais de três semanas; estava tão secca como um pau por estar tanto tempo ao fumeiro sem que a comessem. (Staden, 1930 p 112)



Os rituais antropofágicos se realizavam no espaço central da aldeia, circundado por todas as malocas; sendo inclusive este o ponto de comunicação com o mundo espiritual, o terreiro. Neste espaço se realizavam as reuniões entre os morubixabas de todas as malocas, era onde o caraíba entrava em transe e se comunicava com os espíritos dos ancestrais, onde o cauim era largamente consumido nas diversas cerimônias.



As freqüentes reuniões, no entanto não estabeleciam uma relação de convivência próxima entre os morubixabas. Como apontou Fernandes (1963), estes tinham maior proximidade com os indivíduos da mesma maloca, servindo elas responsáveis por balancear as tensões dos grupos locais como um todo. A maloca era o centro da menor organização social dos tupinambás, porém não eram unidades autônomas e sim complementares dentro de determinado grupo social onde as relações de hierarquia se davam em volta do patriarca e seus agregados, no caso genros; pois era costume após união estes migrarem de maloca e servirem solidariamente o pai da família.



No entanto, o grau de parentesco era sem dúvida fator determinante em sua organização social, co-existindo com os estabelecidos nas aldeias, agindo como prioridade em situações extremas. Assim as atividades de cooperação tinham laços muito específicos, diferenciados entre aldeias localizadas em áreas seguras e não seguras:



[...] Chegou a notícia de uma aldeia chamada Mambukabe, que os Tuppin Ikins tinham atacado [...]Então Jeppipo Wasu (que tinha poder sobre mim e muito me maltratava) foi para lá,porque eram seus amigos e parentes e queria ajudá-los a fazer novas cabanas.Por isso levou todos os amigos de sua aldeia.(Staden,1930 p 82)



A relação de amizade acima em situações extremadas aparecia de modo complementar interligando os amigos e parentes de malocas diferentes. Em casos de guerra, no entanto,prevalecia a organização da maloca onde os genros deviam obediência ao morubixaba.



A importância "econômica" da habitação faz referência a produção de redes pelas mulheres, a produção de adornos e as mais variadas tarefas domésticas. O teor do referido valor de tais atividades mede-se ligado ao caráter guerreiro dos tupinambás, ao mesmo tempo em que as mulheres produzem o essencial para a subsistência e perpetuação das práticas religiosas, os homens vivem em alerta quanto a conflitos bélicos no caso de defesa, buscando para os ataques os presságios dos ancestrais no terreiro, transmitidos pelos caraíbas.



O Terreiro e a Vida Espiritual



Sem dúvida a vida espiritual dos grupos locais estava ligada intimamente a natureza guerreira tupi, onde a ritualística da à preparação para a guerra resgatava raízes míticas, de diversas variações sendo uma destas exemplificada por Fujimoto (2007); vindo desde os presságios dos caraíbas em meio as cauinagens o exemplo da citação de Léry utilizada pela autora, que diz respeito a um diálogo entre o calvinista francês e um ancião:



Há muito tempo, não sei mais quantas luas, um mair como vós, e como vós vestido e barbudo, veio a este país e com as mesmas palavras procurou persuadir-nos a obedecer a vosso Deus, porém, conforme ouvimos de nossos antepassados, nele não acreditaram. "Depois desse veio outro e em sinal de maldição doou-nos o tacape com o qual matamos uns aos outros; e há tanto tempo já o usamos que agora se desistíssemos desse costume as outras nações vizinhas zombariam de nós". (LÉRY, 1972. Apud In Fujimoto, p 4, 2007)



Além de tal mito apontado por Léry, outro viajante André Thévet (1575) nos mostra outra versão da tradição guerreira tanto perpetuada pelos tupinambás. Tal relação surge inclusive no final do mito da criação, onde os filhos de Sumé (segundo grande Pagé e caraíba, descendente do índio queimado por Maira-Monan, como vingança contra os homens. Maira Monam por sua vez é filho de Irin-Magé, homem que foi poupado da morte por Monam, o criador de tudo) travariam uma batalha eterna, de um lado o patriarca dos tupinambás e do outro o dos Tominous.



A guerra é fundamental para os grupos sociais, tem origens imemoriais e estava dependente em ações de ataque dos presságios, antecedida da conferência dos morubixabas visando períodos específicos do ano. Staden afirma que para os tupinambás de Ubatuba, este espaço de tempo coincidia com a desova do pratty[2]·, ou de alguma fruta silvestre. Por vezes como afirmou o mesmo cronista os próprios caraíbas tornavam certas mulheres adivinhas, defumando-as e questionando as posteriormente sobre a sorte na guerra.



As previsões baseavam-se quase que exclusivamente na leitura dos sonhos da noite anterior, precedida de danças e do farto consumo do cauim. O terreiro era o ponto de encontro para as festas e logo o espaço onde os nativos se reuniam e contavam ao Page os bons e maus sonhos, assim era o ambiente que aproximava as famílias de todas as malocas ao redor de interesses em comum.

 
Na gravura de Ferdinand Denis aparece de maneira nítida a importância da guerra e sua ligação íntima com o mundo espiritual. Os três pagés ao centro agitam seus maracás e defumam os guerreiros com fumaça do pettyn[3] no espaço central da aldeia. Percebe-se que a lógica do ritual descrito na imagem é de preparo para a guerra anterior a cauinagem e de que nenhuma mulher é representada na dança que parece se resume a movimentos circulares.




Todos os tupinambás utilizam como adorno um fecho de penas de aves, porém retiradas como afirmou Léry de outras regiões, pois estas penas eram muito maiores, o que é um indício não muito claro de troca entre gêneros entre culturas diferentes.



No terreiro, além dos tradicionais presságios, preparação do cauim e rituais antropofágicos, ocorriam os enterros dos mortos com o que sugere a próxima imagem, a participação de membros da mesma maloca.

FIM DO MISTÉRIO......HANS STADEN ESTEVE PRESO EM UBATUBA, MAS NA ALDEIA UBATUBA DE MANGARATIBA - ANGRAS DOS REIS

As aventuras de Hans Staden apresentam-se como as mais interessantespara este artigo,pois foi ele o único que viveu entre os índios e os acompa-nhou em seu cotidiano.O relato que fez sobre o que viu,particularmentequando prisioneiro dos índios,destaca-se frente às outras crônicas porque serefere a dados e acontecimentos desenrolados no interior de território indí-gena.Assim,vamos utilizar o seu texto e os temas por ele elencados como ba-se para a discussão a seguir.Hans Staden viveu ao longo de nove meses,entre 1554 e 1555,numa al-deia Tupinambá,localizada aproximadamente a 30 milhas de Bertioga.Leva-ram três dias para percorrê-las.Acredita Francisco de Assis Barbosa8que essaaldeia,denominada Ubatuba,encontrava-se na enseada de Mangaratiba,noatual estado do Rio de Janeiro.Compunha-se de cinco grandes tabas,feitasem barro e palha,e era cercada por paliçadas denominadas caiçaras:“fortifi-cação de estacas longas e grossas que rodeia suas choupanas como a cercadum jardim".9Essa povoação seguia o padrão das demais que o alemão co-Historiadores e cronistas e a paisagem da colônia Brasil75Junho de 2006nheceu,as quais contavam com até sete cabanas cercadas,e situavam-se per-to de água,caça e pesca.

Trecho do livro " 2006 Dora Shellard CorrêaHISTORIADORES E CRONISTAS E A PAISAGEM DA COLÔNIA BRASIL Revista Brasileña Historia, janeiro-junho, año/vol. 26, número 051 Associação Nacional de História São Paulo, Brasil pp. 63-87

FONTE  DE PESQUISA :

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/html/263/26305105/26305105.html

UBATUBA 2005.....Guardas Municipais de Ubatuba concluem treinamento para atuar no aeroporto

Os dezessete homens da Guarda Municipal de Ubatuba que fizeram o curso de formação de bombeiros de aeródromo participaram nesta segunda-feira, 27, de uma aula prática de aproximação, combate e salvamento em caso de incêndios.


O sub-oficial Paulo Roberto Silva Lima, da Direção de Engenharia da Aeronáutica, elogiou o trabalho dos homens da Guarda. “Os Guardas Municipais se mostraram capazes na tarefa designada. O aeroporto Gastão Madeira terá pessoal competente na Seção de Combate a Incêndio”, afirmou.

Os homens da Guarda utilizaram uma viatura Land Rover que utiliza espuma especial de combate a incêndio, pó químico e água. Na, 28, no período da manhã, aconteceu a prova final, no salão de convenções do hotel São Charbel.

A cerimônia de formatura ocorreu final da manhã, com a presença de autoridades locais.

FONTE : LITORALVIRTUAL
Quinta-feira, 30 de junho de 2005 - Nº 1311








FONTE :

UBATUBA 2005....Padronização de quiosques será definida nesta semana

Nesta semana, a comissão instituída pelo prefeito Eduardo César para deliberar sobre a padronização dos módulos de praia, deverá se reunir para analisar e definir as propostas apresentadas pelos permissionários dos quiosques da Praia Grande e pela Secretaria de Arquitetura e Urbanismo. Com representantes do Executivo, Legislativo, sociedade civil e quiosqueiros, a reunião para apresentação das propostas dos parâmetros arquitetônicos e de dimensões acabou levantando outras questões, entre elas, a legalidade da forma como foi concedida a permissão de exploração dos quiosques aos atuais permissionários.


De acordo com a proposta apresentada pelos representantes dos permissionários dos quiosques, a altura máxima do pé direito seria fixada em 3 metros, quando a Secretaria de Arquitetura e Urbanismo, a SAU propõe 2,30 metros. Com relação às áreas máximas do corpo principal do quiosque, incluindo os sanitários, a proposta dos comerciantes é de 63 metros quadrados ao passo que a SAU propõe 45,86 metros quadrados. Quanto a área de varanda, existe uma grande diferença nas propostas: 100 metros quadrados contra 15 metros propostos pela Prefeitura. Já quanto a área impermeável a proposta dos quiosqueiros é de 163 metros quadrados contra 61 da administração municipal. Não há discordâncias quanto ao tipo de cobertura, geometria e número de águas, porém quanto a altura máxima da cumeeira, as propostas são novamente divergentes: os permissionários querem 6 metros e a prefeitura insiste em cinco metros.

Caberá portanto a comissão instituída pelo prefeito, determinar quais os novos parâmetros a serem adotados. Fazem parte da comissão um representante da SAU (Eng. Carlos Augusto Malheiros), um representante da Secretaria de Meio Ambiente (Alexandre Nardi Vasconcelos), um representante da seção de fiscalização de obras (Clélio Teodorico Coutinho), um acionista da Comtur (Ronaldo Dias) e do presidente da Associação Comercial de Ubatuba (Ahmad Khalil Barakat). (Fonte: PMU)

FONTE : LitoralVirtual
Segunda-feira, 30 de maio de 2005 - Nº 1289

UBATUBA 2005 .....Alckmin visitou a Aldeia Caçandoca, em Ubatuba


Estado irá regularizar posse de terra para todas as comunidades Quilombolas




Ubatuba - São Paulo será o primeiro estado brasileiro a regularizar a posse de terra de todas as comunidades remanescentes de quilombos.

O pontapé inicial nesse projeto foi dado neste domingo, dia 24, pelo governador Geraldo Alckmin em Ubatuba, com a liberação de R$ 979 mil para o georreferenciamento, reconhecimento e titulação de áreas pertencentes aos descendentes dos escravos.

Alckmin ressaltou que isso é um direito garantido pela constituição brasileira às comunidades quilombolas. "Mas não adianta ter um direito somente no papel, aqui em São Paulo vamos fazer valer esta Lei". O governador explicou que para ocorrer esta regularização é necessário o cumprimento de três etapas. "A lei exige que primeiro seja feito o georreferenciamento de todo o espaço reivindicado. Após isso, é realizado o reconhecimento da comunidade quilombola; depois é que são fornecidas as titulações", informou.

Com os recursos liberados hoje, serão realizados georreferenciamento em 24 áreas; reconhecidas 25 comunidades; e fornecidas 6 titulações. Tudo isso neste ano de 2005.

Alckmin lembrou que em São Paulo há 48 áreas quilombolas e dessas 19 são reconhecidas judicialmente e 5 já possuem titulação. "Nossa meta é, até o ano que vem, completar o programa para todas as comunidades do Estado", anunciou.



Aldeia Caçandoca - O evento foi realizado na Aldeia Caçandoca, em Ubatuba, onde cerca de 40 famílias vivem nesta aldeia de 890 hectares, desde o início do século XIX, resistindo às diversas tentativas de roubos das terras e a fortes ameaças.

O líder da Associação de Moradores de Caçandoca, Antônio dos Santos, conta que a história dessa comunidade é bastante triste. "Já chegaram inclusive a colocar fogo em 2 mil m² de um casarão que tínhamos aqui", recordou. Ele lembra que no ano de 1960 a aldeia foi invadida por mais de 100 homens armados, que incendiaram os quilombos e aprisionaram seus ocupantes.

Por todas essas histórias é que, enquanto o governador anunciava o projeto de reconhecimento da aldeia Caçandoca, a cozinheira Marciana dos Santos, 59 anos, dizia estar em um dos dias mais emocionantes de sua vida. "Nós não encontrávamos justiça para nós e agora encontrados, vou poder realizar o sonho de nascer, viver e morrer nesta terra que para mim é sagrada", disse se lembrando que seus antepassados estão enterrados no local.



Processo na Justiça - O Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, Hédio Silva Júnior, destacou que assim que assumiu o comando da pasta, há dois meses, essa foi a primeira missão que o governador lhe designou. "Havia um processo preste a se concretizar na justiça que obrigava essa comunidade a deixar o local, dando reintegração de posse para uma imobiliária. Nós conseguimos reverter essa situação. São Paulo está se colocando na vanguarda no tratamento deste tema".

Alckmin informou que o estado tem outros programas voltados às comunidades quilombolas, como o programa Saúde da Família, como o tratamento de doenças específicas da comunidade negra; o Renda Cidadã, que oferece complementação de R$ 60,00 às famílias de baixa renda e o programa da CDHU para construção de moradias nos moldes indicados pela cultura africana. Segundo ele, será analisado o que pode ser feito na aldeia Caçandoca. "Com tudo isso, estamos resgatando a História do Brasil, a riqueza da cultura africana e ao mesmo tempo fazendo justiça", finalizou. (Fonte: Rogério Vaquero/O Guaruçá)





FONTE :  LitoralVirtual - Segunda-feira, 25 de julho de 2005 - Nº 1328

UBATUBA 2008 = Justiça nega existência de processo para perícia das urnas eletrônicas em Ubatuba


A justiça local descartou a existência de qualquer processo na comarca ubatubense, pedindo a realização de perícia nas urnas de votação, que atenderam o município no último dia 5 de outubro.


Após organizar e participar de duas manifestações contra o resultado das eleições municipais, o candidato petista Maurício Mormizatto divulgou, ontem, um documento digital à população de Ubatuba, dizendo que a chefe do cartório eleitoral da cidade, representando a justiça eleitoral, teria admitido a realização de perícia nas urnas ubatubenses, devido aos relatos recolhidos pela oposição, sobre possíveis falhas eletrônicas durante a votação. “A justiça eleitoral de Ubatuba, publicamente através da Sra. Cecília, chefe do cartório eleitoral aceitou fazer perícia nas urnas... A iniciativa da chefe do Cartório, em permitir a perícia e em anunciar tal medida em público, é muito salutar”, diz o texto enviado pelo candidato derrotado nas últimas eleições, Mauricio Moromizato.

No entanto, o juiz eleitoral de Ubatuba Daniel Otero Pereira da Costa, negou a existência de qualquer processo para a análise da justiça, em relação à perícia de urnas. “Não há nenhum requerimento oficial sobre este tema e tal procedimento só pode ser analisado e autorizado via petição” explicou o juiz eleitoral de Ubatuba.

A chefe do cartório Cecília Regina Marques Bórnia, que foi citada no documento enviado pelo candidato do PT, não foi encontrada para responder as declarações de Maurício Moromizato, sobre a realização da perícia nas urnas.

O petista relatou que também entrou com uma representação junto à promotoria, para que se dê prosseguimento ao processo, pedindo, inclusive, análise técnica da Polícia Federal. Entretanto, assim como a justiça eleitoral, o promotor local negou a existência de qualquer pedido neste sentido.

O candidato petista insistiu e ressaltou que buscará em São Paulo, na procuradoria regional, orientações sobre os procedimentos necessários, para a realização da perícia e também da nulidade das eleições. (Fonte: Imprensa Livre)





FONTE : litoralvirtual-Terça-feira, 14 de Outubro de 2008 - Nº 2050

LÁ VEM HISTÓRIA : HANS STADEN DE HOMBERG NA TERRA BRASILIS:



Em 20 de junho de 1556 um alemão aventureiro e viajante compulsivo, dedicou ao “glorioso” príncipe de Hessen um fantástico relato de suas aventuras, decorridas principalmente em terras brasileiras: A História Verídica que descreve uma terra de selvagens nus e comedores de seres humanos, que se situa no Novo Mundo da América, etc. Seus escritos estão mais de acordo com a visão pessimista européia do Novo Continente: índios em que ninguém pode confiar, torturadores, traiçoeiros e canibais. Era uma descrição tão insólita para os europeus daquele tempo, que por muitos foi considerada um amontoado de mentiras. Após muitas peripécias, contadas em tom de tragédia, mas que freqüentemente deixam o leitor atual à beira do riso, os escritos de Staden nos dão informações interessantes sobre as relações entre nativos, portugueses e franceses.




Capturado pelos tupinambás perto de Bertioga, logo entendeu que eles o queriam maltratar. “Nisto me levaram para a cabana onde tive de deitar numa rede e mais uma vez vieram as mulheres e bateram em mim, arrancaram meus cabelos e mostraram-me como pretendiam me comer...com os pés atados desta maneira tive de pular pela cabana. Eles riam e gritavam: lá vem a nossa comida pulando...Deram voltas em torno de mim ...um deles disse que o couro da cabeça era dele, um outro que a minha coxa lhe pertencia...(eles) preparam uma bebida de raízes que chamam de cauim... Somente depois da festa é que matam (os prisioneiros, para os devorar) ...”



Não satisfeitos em ameaçar devorá-lo, mantendo-no sobre forte tensão, os índios levaram-no para Ubatuba onde tinham estabelecido sua aldéia. Com freqüência obrigando-o a assistir a rituais antropofágicos. Em determinada oportunidade, sem que se saiba o porquê de tal decisão, fizeram-no ir à aldeia de Tiquaripe, nos arredores de Angra dos Reis, obrigando-no a assistir a uma cerimônia no qual o ibirapema, o mestre das execuções, escolheu um dos inimigos aprisionados para ter a sua cabeça por ele esmagada. Os membros da tribo, já meio embriagados e muito exaltados, cercaram o cadáver, despedaçando-o e o devoraram em seguida.



Após inúmeras aventuras, que lembram as narrativas dos romances da Idade Média, o viajante alemão acaba por escapar, voltando à terra natal para contar suas aventuras aos incrédulos compatriotas.



Interessa, porém, observar, no que toca ao livro de Staden, as precauções que ele tomou na Alemanha para que acreditassem nele. A Europa do século XVI, o grande século das navegações, estava cansada de ler ou ouvir relatos cravejados de mentiras e absurdos diversos.



A tal ponto tinham chegado as coisas, que Rabelais, o grande satírico francês, fazendo mofa do livro do padre cosmógrafo André Thévet (Singularitez de la France Antarctique, 1558), decidiu-se inserir na sua obra (Gargantua e Pantagruel, 1564, Livro V), dois capítulos denunciando, pelo riso, o disparate das visões mentirosas que alguns viajantes tiveram no inexistente “País de Cetim”. Criou, também, como símbolo desses mitômanos, um personagem-caricatura, o “Ouvi-dizer”, que, apesar de ser um velho, corcunda e paralítico, tendo a língua esfacelada em sete pedaços, narrava, com um mapa-múndi aberto à sua frente, as suas impossíveis aventuras para uma multidão de crédulos. Eram histórias de unicórnios, de mantichoros com corpo de leão e cara humana, de cabeçudíssimos catoblepos de olhos venenosos, de hidras com sete cabeças, de onocrotalos que imitavam gritos de asno, de pégasos, e de tribos de seres com cabeças de pássaros, ou até mesmo com duas cabeças, de povos fabulosos que andavam apoiados nas mãos, com as pernas balançando no ar!



Querendo, pois, evitar ser chamado de embusteiro, Staden, além de banir do seu relato qualquer menção à zoologia fantástica, pediu a um conhecido seu do Hesse, um tal Dryander, que assegurasse a veracidade do conteúdo do livro. Staden, “ébrio de um sonho heróico e brutal”, viera a dar com os costados no Brasil para satisfazer seu gosto pela aventura, para ver de perto as maravilhas que escutara na Europa sobre o Novo Mundo descoberto. Foi na sua segunda viagem ao Brasil (na primeira ele conhecera Pernambuco) que Staden naufragou nas costas do litoral fluminense. Por saber lidar com canhões, os portugueses, que o acolheram muito bem, promoveram-no a artilheiro do Forte de Bertioga.



Nota: As aventuras de Hans Staden renderam no Brasil um filme longa metragem (dirigido por Luiz Alberto Pereira) e algumas edições de livros, entre as quais sugerimos Hans Staden, tradução de Angel Bojadsen, introdução de Fernando A. Novais, Editora Terceiro Nome, São Paulo, 1999.


FONTE :

http://hid0141.blogspot.com/2009/01/o-imaginrio-europeu-e-amrica.html