Grande Chefe Índio que organizou e Comandou a Confederação dos Tamoios até a sua Morte, Teve a ajuda dos Caciques Aimberê, Pidobuçú e Coaquira. Uma Revolta Gigantesca contra os Escravistas Portugueses.
Cunhambebe morreu contaminado de varíola, que os dominadores Escravistas usualmente deixavam roupas e agasalhos contaminados para adoecerem os Índios que não tinham anticorpos e fácil contraiam as doenças e morriam.
Cunhambebe era o Chefe Supremo da Nação Tupinambá . Esta Nação se localizava desde o Cabo de São Tomé, depois de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, pelo Vale do Paraíba até Rio Juqueriquerê em Caraguatatuba, no Estado de São Paulo,
Os Índios Tupinambás eram uma ameaça aos interesses de Exploração Colonial e tinham de ser dizimados.
Cunhambebe era muito forte, ia na frente e ajudava a conseguir a vitória nos combates, estavam vencendo e expulsando os escravistas portugueses até que chegou a missão de José de Anchieta de conseguir uma trégua interromper as lutas para impedirem a expulsão dos Portugueses Escravistas.
Para Conseguir a trégua Anchieta argumentou com os Índios que Deus não queria guerras e que todos sendo filhos de Deus eram irmãos, e que Deus vendo os índios querendo Guerra poderia lhes castigar. Foi celebrado o Tratado de Paz de Iperoig, em Ubatuba. SP.
Com a trégua ao portugueses tiveram tempo de receberem mais pessoas e armas e organizarem o revide. A trégua foi quebrada por qualquer coisa e os índios foram massacrados.
Vendo a situação perdida Aimberê, e os Caciques Tamoios liberam os franceses do compromisso, que então foram embora, ficando só voluntários, dentre eles Ernesto que se casara com a Índia Guaraciaba filha de Aimberê e todos lutaram até a morte.
Uma página triste da História junto com a lição de que não se deixaram escravizar.
Hoje em toda a Nação, com o povo que se miscigenou, há o espírito do amor sem fim pela liberdade.
Cunhambebe sempre será o "verdadeiro herói do Brasil".
Direitos Reconhecidos
F1 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/a/aa/Cunhambebe.jpg
F2 http://www.litoralsulvirtual.com.br/Cunhambebe_Small.gif
F3 http://www.litoralvirtual.com.br/noticias/2005/09/aymbere.jpg
F4 http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/574938.jpg
F5 http://www.ubatubapraiagrande.com.br/images/hansstaden
sábado, 4 de julho de 2009
Caiçara, quem é você?
Um povo dividido entre as tradições e a modernidade
"As manifestações folclóricas fazem parte da história de um povo, uma gente que, muitas vezes, não sabe nem escrever o próprio nome, mas tem uma cultura popular riquíssima. Essa cultura está se perdendo, sendo esmagada pelas construções, pela modernidade e pelas novas culturas que migram e se misturam..." - Nei Martins, folclorista, caiçara ubatubense
Carnaval de 1976. Nascia uma nova escola de samba em Ubatuba. "Mocidade Alegre do Itaguá" era o nome ideal para essa escola, que foi composta por um grupo de jovens amigos daquele bairro. Nei Martins era um dos componentes da "Mocidade" ubatubense. Para o primeiro de muitos carnavais que se seguiriam, o enredo do samba tinha que ser mais que perfeito. "Nós precisávamos de um enredo que tivesse a cara da cidade, da nossa gente, da nossa história. Decidimos por fazer um desfile que mostrasse a cultura popular do povo caiçara, conta Nei."
Foi durante a pesquisa que antecedeu a composição do enredo do Carnaval de 76, que Nei Martins percebeu o quanto os costumes e as tradições ubatubenses estavam se modificando. Cantigas, danças, comidas, roupas, modos de ganhar dinheiro... Tudo se transformava a olhos vistos, como a própria paisagem do município. Os costumes, antes adquiridos como herança de família num passado não muito distante agora vagavam, em fragmentos de memórias, aqui e ali. Não havia nada documentado em livros, a cultura caiçara estava ameaçada de extinção.
Naquele momento, um grande trabalho de resgate se iniciava na vida do jovem Nei Martins. Ele se apaixonou pelos "causos", pela devoção religiosa e pelas manifestações artísticas dos caiçaras. Começou a colher informações, depoimentos e imagens que remontassem a história. Passou anos, "proseando" com os antigos, anotando o que eles diziam. Ele acabou desenvolvendo um trabalho intuitivamente jornalístico, que descreve com detalhes personagens e experiências.
Transformações
As tradições de Ubatuba refletem a cultura dos espanhóis, índios e negros, adaptadas para a realidade da nossa gente. No caso do povo caiçara, o fato de morar na beira do mar, em meio à natureza contribuiu para que as manifestações culturais tivessem características próprias. Fandango, ciranda, chiba, cana-verde, recortada, dança da fita, corrida de canoas, festa de São Pedro Pescador e procissão de barcos são alguns dos costumes derivados do Brasil Colonial, suas festas, suas crenças.
Na década de 50, a exuberância da natureza ubatubense começou a atrair pessoas de outras cidades. Condomínios, loteamentos e estradas ergueram-se em lugares onde só se chegava andando por estreitos caminhos mata adentro. Os caiçaras sertanejos, artesãos ou pescadores, que viviam de vender mandioca, banana, farinha ou frutos do mar passaram a ser jardineiros, caseiros, porteiros, empregados dos veranistas que aqui construíram casas para passar férias com as famílias.
A inauguração da BR-101, em 1970 marcou um novo período de intensas modificações na cidade. Com a estrada, chegou também a eletricidade e por conseqüência, o mais sedutor dos meios de comunicação: a televisão. Segundo Martins, a soma desses fatores resulta em uma grande modificação no comportamento dessas famílias. "A televisão trouxe até o caiçara, um novo conceito de vida. Ele começa a se espelhar nas novas modas, muitas vezes sem condições adotar esses padrões. Nesse momento, o caiçara começa a perder sua identidade, tentando se identificar com coisas que não pertencem à sua cultura".
Um dos poucos jovens caiçaras que reconhecem e lutam para que as tradições não se percam é Mário Gato. Ele trabalha com um velho caiçara chamado "Seu" Ricardo e depois de ouvir muitas histórias e canções de seus antepassados, aprendeu a tocar e esculpir rabeca, um instrumento medieval parecido com violino. Gato conta que decidiu aprender a fazer e tocar rabeca para que esse conhecimento não se perdesse. "Como o Seu Ricardo já está velhinho, eu me senti na obrigação de aprender o instrumento porque, se ele falecesse, sem passar seu conhecimento para ninguém, levaria junto a tradição da rabeca".
Caiçara é uma cultura que resiste
Em Ubatuba, existe um bairro urbanizado, bem perto do Centro, chamado Itaguá. É um dos bairros mais tradicionais do município, apesar do inevitável avanço da modernidade. Entre as diversas atrações turísticas, os quiosques à beira mar, os shopping’s, bares, hotéis, restaurantes e pousadas, existe um povo que luta para manter suas tradições.
As festas realizadas na Capela do Itaguá seguem os ritos e os padrões de centenas de anos. A "Folia de Reis" ainda visita as casas do bairro em época de natal. Por ser um bairro tradicional, a maioria das pessoas se conhecem e seguem a doutrina católica. Mário Gato conta que a Folia de Reis é conhecida no bairro e faz parte das festividades de fim de ano. "Quase sempre visitamos as mesmas casas, mas quando as pessoas vêem na rua, pedem para levar a folia à sua casa, nós vamos, então, sempre tem gente nova sendo visitada também".
Um grande obstáculo para levar adiante as manifestações culturais caiçaras, tal como eram feitas no passado é falta de identificação desses costumes com os mais jovens. Tais costumes foram sendo trocados gradativamente por outras manifestações, difundidas, em grande parte, pela mídia. André de Abreu Damásio, caiçara de 27 anos diz que a cultura mudou tanto "de uns tempos para cá" que os jovens se sentem constrangidos de dançar os mesmos passos e vestir as mesmas roupas usadas por seus pais e avós. "A molecada hoje não quer saber, eles sentem vergonha. Os colegas dão risada, tiram sarro... Então, naquela idade entre 12 e 20 anos, eles acabam se afastando e não retornam mais."
André não liga para o que os outros pensam. Diz que participa por gosto, por diversão. Ele é mestre da dança da fita, tradição passada por seu pai, Élvio Damásio. "A gente não pode nunca esquecer das nossas tradições. Eu acho que um povo sem cultura é um povo sem memória."
Ubatuba não é um caso isolado. Em todos os lugares, a tecnologia mudou os costumes da sociedade. Novos conceitos vão sendo somados à cultura antiga, resultando em outros ritmos, passos de dança ou até mesmo a exclusão de alguns costumes. Em Olímpia, por exemplo, a tradição se mantém através da renovação. Os chamados grupos para-folclóricos são compostos por uma grande quantidade de jovens. As manifestações culturais se adequaram à realidade contemporânea, misturam o novo e o antigo, tornam-se atraentes aos olhos dos jovens.
Na opinião de Nei Martins, a única forma de preservar a cultura caiçara é dar apoio às fundações de arte que fazem um elo de ligação entre o antigo e o novo. Há muitos anos ele defende a criação de um Centro de Tradições Caiçaras, que trate exclusivamente da cultura dessa gente. "Desde as festas, a comida, o ato de esculpir uma canoa, tecer uma rede de pesca, cozinhar um peixe com banana, tudo centralizado em um só ambiente, mostrando para turistas e moradores que nós temos uma cultura, que temos orgulho disso e queremos mantê-la viva. Isso seria um grande passo, rumo à preservação da nossa identidade", sonha Nei Martins.
Nota do Editor Extraido do site www.ubaweb.com: Editor : Aline Rezende é jornalista, meio poeta, um tanto quanto caiçara e completamente utópica. PUBLICIDADE
"As manifestações folclóricas fazem parte da história de um povo, uma gente que, muitas vezes, não sabe nem escrever o próprio nome, mas tem uma cultura popular riquíssima. Essa cultura está se perdendo, sendo esmagada pelas construções, pela modernidade e pelas novas culturas que migram e se misturam..." - Nei Martins, folclorista, caiçara ubatubense
Carnaval de 1976. Nascia uma nova escola de samba em Ubatuba. "Mocidade Alegre do Itaguá" era o nome ideal para essa escola, que foi composta por um grupo de jovens amigos daquele bairro. Nei Martins era um dos componentes da "Mocidade" ubatubense. Para o primeiro de muitos carnavais que se seguiriam, o enredo do samba tinha que ser mais que perfeito. "Nós precisávamos de um enredo que tivesse a cara da cidade, da nossa gente, da nossa história. Decidimos por fazer um desfile que mostrasse a cultura popular do povo caiçara, conta Nei."
Foi durante a pesquisa que antecedeu a composição do enredo do Carnaval de 76, que Nei Martins percebeu o quanto os costumes e as tradições ubatubenses estavam se modificando. Cantigas, danças, comidas, roupas, modos de ganhar dinheiro... Tudo se transformava a olhos vistos, como a própria paisagem do município. Os costumes, antes adquiridos como herança de família num passado não muito distante agora vagavam, em fragmentos de memórias, aqui e ali. Não havia nada documentado em livros, a cultura caiçara estava ameaçada de extinção.
Naquele momento, um grande trabalho de resgate se iniciava na vida do jovem Nei Martins. Ele se apaixonou pelos "causos", pela devoção religiosa e pelas manifestações artísticas dos caiçaras. Começou a colher informações, depoimentos e imagens que remontassem a história. Passou anos, "proseando" com os antigos, anotando o que eles diziam. Ele acabou desenvolvendo um trabalho intuitivamente jornalístico, que descreve com detalhes personagens e experiências.
Transformações
As tradições de Ubatuba refletem a cultura dos espanhóis, índios e negros, adaptadas para a realidade da nossa gente. No caso do povo caiçara, o fato de morar na beira do mar, em meio à natureza contribuiu para que as manifestações culturais tivessem características próprias. Fandango, ciranda, chiba, cana-verde, recortada, dança da fita, corrida de canoas, festa de São Pedro Pescador e procissão de barcos são alguns dos costumes derivados do Brasil Colonial, suas festas, suas crenças.
Na década de 50, a exuberância da natureza ubatubense começou a atrair pessoas de outras cidades. Condomínios, loteamentos e estradas ergueram-se em lugares onde só se chegava andando por estreitos caminhos mata adentro. Os caiçaras sertanejos, artesãos ou pescadores, que viviam de vender mandioca, banana, farinha ou frutos do mar passaram a ser jardineiros, caseiros, porteiros, empregados dos veranistas que aqui construíram casas para passar férias com as famílias.
A inauguração da BR-101, em 1970 marcou um novo período de intensas modificações na cidade. Com a estrada, chegou também a eletricidade e por conseqüência, o mais sedutor dos meios de comunicação: a televisão. Segundo Martins, a soma desses fatores resulta em uma grande modificação no comportamento dessas famílias. "A televisão trouxe até o caiçara, um novo conceito de vida. Ele começa a se espelhar nas novas modas, muitas vezes sem condições adotar esses padrões. Nesse momento, o caiçara começa a perder sua identidade, tentando se identificar com coisas que não pertencem à sua cultura".
Um dos poucos jovens caiçaras que reconhecem e lutam para que as tradições não se percam é Mário Gato. Ele trabalha com um velho caiçara chamado "Seu" Ricardo e depois de ouvir muitas histórias e canções de seus antepassados, aprendeu a tocar e esculpir rabeca, um instrumento medieval parecido com violino. Gato conta que decidiu aprender a fazer e tocar rabeca para que esse conhecimento não se perdesse. "Como o Seu Ricardo já está velhinho, eu me senti na obrigação de aprender o instrumento porque, se ele falecesse, sem passar seu conhecimento para ninguém, levaria junto a tradição da rabeca".
Caiçara é uma cultura que resiste
Em Ubatuba, existe um bairro urbanizado, bem perto do Centro, chamado Itaguá. É um dos bairros mais tradicionais do município, apesar do inevitável avanço da modernidade. Entre as diversas atrações turísticas, os quiosques à beira mar, os shopping’s, bares, hotéis, restaurantes e pousadas, existe um povo que luta para manter suas tradições.
As festas realizadas na Capela do Itaguá seguem os ritos e os padrões de centenas de anos. A "Folia de Reis" ainda visita as casas do bairro em época de natal. Por ser um bairro tradicional, a maioria das pessoas se conhecem e seguem a doutrina católica. Mário Gato conta que a Folia de Reis é conhecida no bairro e faz parte das festividades de fim de ano. "Quase sempre visitamos as mesmas casas, mas quando as pessoas vêem na rua, pedem para levar a folia à sua casa, nós vamos, então, sempre tem gente nova sendo visitada também".
Um grande obstáculo para levar adiante as manifestações culturais caiçaras, tal como eram feitas no passado é falta de identificação desses costumes com os mais jovens. Tais costumes foram sendo trocados gradativamente por outras manifestações, difundidas, em grande parte, pela mídia. André de Abreu Damásio, caiçara de 27 anos diz que a cultura mudou tanto "de uns tempos para cá" que os jovens se sentem constrangidos de dançar os mesmos passos e vestir as mesmas roupas usadas por seus pais e avós. "A molecada hoje não quer saber, eles sentem vergonha. Os colegas dão risada, tiram sarro... Então, naquela idade entre 12 e 20 anos, eles acabam se afastando e não retornam mais."
André não liga para o que os outros pensam. Diz que participa por gosto, por diversão. Ele é mestre da dança da fita, tradição passada por seu pai, Élvio Damásio. "A gente não pode nunca esquecer das nossas tradições. Eu acho que um povo sem cultura é um povo sem memória."
Ubatuba não é um caso isolado. Em todos os lugares, a tecnologia mudou os costumes da sociedade. Novos conceitos vão sendo somados à cultura antiga, resultando em outros ritmos, passos de dança ou até mesmo a exclusão de alguns costumes. Em Olímpia, por exemplo, a tradição se mantém através da renovação. Os chamados grupos para-folclóricos são compostos por uma grande quantidade de jovens. As manifestações culturais se adequaram à realidade contemporânea, misturam o novo e o antigo, tornam-se atraentes aos olhos dos jovens.
Na opinião de Nei Martins, a única forma de preservar a cultura caiçara é dar apoio às fundações de arte que fazem um elo de ligação entre o antigo e o novo. Há muitos anos ele defende a criação de um Centro de Tradições Caiçaras, que trate exclusivamente da cultura dessa gente. "Desde as festas, a comida, o ato de esculpir uma canoa, tecer uma rede de pesca, cozinhar um peixe com banana, tudo centralizado em um só ambiente, mostrando para turistas e moradores que nós temos uma cultura, que temos orgulho disso e queremos mantê-la viva. Isso seria um grande passo, rumo à preservação da nossa identidade", sonha Nei Martins.
Nota do Editor Extraido do site www.ubaweb.com: Editor : Aline Rezende é jornalista, meio poeta, um tanto quanto caiçara e completamente utópica. PUBLICIDADE
OS EUROPEUS NA HISTORIA COLONIAL DE UBATUBA
Quando da divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, o território do atual Município de Ubatuba ficou incluído no da Capitania que mais prosperou - a de São Vicente - , doada por D. João III a Martim Afonso de Souza. Até o início do século XVII, a região era habitada pelos tamoios, que ai tinham numerosas e populosas aldeias, entre as quais se destacava a de Iperoig.
Ao que se sabe, o primeiro civilizado a chegar em Ubatuba foi o alemão Hans Staden, que serviu como artilheiro no forte de Bertioga, nas lutas entre portugueses e tamoios. Numa das incursões indígenas, foi Staden aprisionado e levado para Iperoig, onde permaneceu cativo durante vários meses, até que um francês, Guilherme Moner, comandante de um navio ali aportado, o resgatou. Isso aconteceu por volta de 1554, data da fundação de São Paulo. De volta a sua terra, Staden, relata a experiência no livro Duas viagens ao Brasil, documento importantíssimo para a história do país.
Instigados pelos franceses, os tamoios confederados passaram a atacar os portugueses, pondo em risco, entre outros, os incipientes núcleos de colonização: São Vicente e São Paulo.
Os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta decidiram, então, procurar os indígenas em seu próprio reduto - Iperoig - a fim de tentar uma paz duradoura. Depois de Hans Staden, foram eles os primeiros brancos a visitar importante aldeamento tamoio.
Não confiando nas propostas dos jesuítas, os indígenas mantiveram Anchieta como refém, enquanto Nóbrega voltava a São Paulo, acompanhado de alguns selvagens, para negociar o armistício. Foi durante o cativeiro que Anchieta escreveu, na areia da praia, os 5.732 versos do seu Poema à Virgem. Uma cruz assinala, hoje, o local.
A Paz de Iperoig, como passou à História a pacificação dos tamoios, foi assinada pelos portugueses e os índios em 14 de setembro de 1563. Teve como causa indireta da expulsão dos franceses, a fundação do Rio de Janeiro e conseqüentemente da manutenção da integridade territorial do Brasil.
Colonização - Por volta de 1600, Iperoig começou a despertar o interesse dos europeus. Nessa ocasião, era governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, e a donatária da Capitania de São Vicente a Condessa de Vimieiro. Ali se foi estabelecer, com sua família e aderentes, a mando do governador, o português Jordão Homem Albernaz da Costa (ou de Castro), natural da Ilha Terceira, nos Açores. Havendo construído logo uma capela, sob a invocação de Santa Cruz do Salvador, deve ser considerado o fundador da cidade e município de Ubatuba.
Os primeiros que, em 1610/11, obtiveram sesmarias em território ubatubense foram Gonçalo Correia de Sá, Martins de Sá, Salvador Correia de Sá, Artur de Sá, Belchior Cerqueira, Miguel Pires Isasa, Antônio de Lucena, Inocêncio de Inhatete e Miguel Gonçalves.
A antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de Vila em 28 de outubro de 1637, com o nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba.
Participação Francesa - A partir de 1870, um acontecimento do Velho Mundo passou a influenciar a vida do município. Antes que deflagrasse a Guerra Franco-Prussiana, dezenas de famílias de nobres franceses transferiram-se com seus cabedais para Ubatuba, onde compraram grandes extensões de terras e organizaram fazendas, entregando-se ao cultivo do café, do fumo, da cana-de-açúcar, de frutas tropicais, de especiarias como a pimenta-do-reino e o cravo-da-índia. Alguns montaram olarias, outros ingressaram na Marinha Imperial. Em Ubatuba, construíram mansões senhoriais e um teatro.
Primeiros Italianos - Em 1874, uma certa Clementina Tavernari, de Concórdia de Modena, regressou do Brasil Imperial, onde era conhecida como Adelina Malavazi, com a incumbência de recrutar cinqüenta famílias de lavradores do norte da Itália. A intenção era fundar, na então província de Santa Catarina, um núcleo colonial que seria denominado Maria Tereza Cristina em homenagem a Sua Majestade a imperatriz, de origem italiana e casada com D. Pedro II. Trata-se do primeiro experimento de colonização italiana no país.
Enrico Secchi o professor que auxiliou como secretário Clementina Tavernari no recrutamento das famílias, acompanhando-as durante a viagem e permanecendo no Brasil, descreve sua chegada ao Rio de Janeiro e outras aventuras, entre elas:
"... na volta ao Rio de Janeiro, Enrico Secchi foi convidado a entender-se com Joaquim Ferreira da Veiga, servidor público e proprietário de uma grande fazenda chamada Picinguaba, no município de Ubatuba, ao norte da então província de São Paulo. Conseguiu a permissão oficial para retirar da hospedaria dos imigrantes cerca de 30 famílias há pouco chegadas da Itália, provenientes de Mántova, e também o transporte para a localidade. Um contrato foi feito com o proprietário, liquidando seus outros negócios e afazeres, dirigiu-se à Ubatuba, saiu recomendado pelo Cônsul Italiano em São Paulo: "deve-se ao sobredito Enrico Secchi um elogio por ter mostrado o máximo zelo em seu encargo..."
A viagem a Ubatuba, em 1887, foi a bordo do "piróscafo" Sepitiba, passando pelos portos de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty. Na chegada, foram recebidos pelo capitão Assunção que retornara do Paraguai, pelo senhor Veiga pai, Carlo Usiglio e grande número de pescadores residentes no local. Os colonos receberam lotes para trabalhar no plano e na montanha. Os dias, semanas, transcorreram na máxima calma, o trabalho se desenvolvia bem nas lavouras começadas.
Eis que uma forte maré inundou a parte plana e as águas entraram nas casas, somente por milagre foi possível salvar a vida de todos. Houve grande pânico e um desânimo tal que boa parte abandonou o local rumo a São Paulo, outros voltaram ao Rio de Janeiro e dali foram despachados pelo Governo Imperial ao núcleo colonial Rodrigo Silva, perto de Barbacena, em Minas Gerais.
Os que ficaram em Ubatuba cultivaram cana cuja colheita perdeu-se por não estarem prontos os alambiques prometidos, o pessoal desanimou. Enrico, a mulher e duas filhas tiveram uma saída de Ubatuba muito sofrida, obrigados a atravessar a pé a Serra do Mar para alcançar o Porto Paraty e daí embarcar num pequeno "piróscafo" para o Rio de Janeiro."
fonte : www.refugioambiental.com.br
Ao que se sabe, o primeiro civilizado a chegar em Ubatuba foi o alemão Hans Staden, que serviu como artilheiro no forte de Bertioga, nas lutas entre portugueses e tamoios. Numa das incursões indígenas, foi Staden aprisionado e levado para Iperoig, onde permaneceu cativo durante vários meses, até que um francês, Guilherme Moner, comandante de um navio ali aportado, o resgatou. Isso aconteceu por volta de 1554, data da fundação de São Paulo. De volta a sua terra, Staden, relata a experiência no livro Duas viagens ao Brasil, documento importantíssimo para a história do país.
Instigados pelos franceses, os tamoios confederados passaram a atacar os portugueses, pondo em risco, entre outros, os incipientes núcleos de colonização: São Vicente e São Paulo.
Os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta decidiram, então, procurar os indígenas em seu próprio reduto - Iperoig - a fim de tentar uma paz duradoura. Depois de Hans Staden, foram eles os primeiros brancos a visitar importante aldeamento tamoio.
Não confiando nas propostas dos jesuítas, os indígenas mantiveram Anchieta como refém, enquanto Nóbrega voltava a São Paulo, acompanhado de alguns selvagens, para negociar o armistício. Foi durante o cativeiro que Anchieta escreveu, na areia da praia, os 5.732 versos do seu Poema à Virgem. Uma cruz assinala, hoje, o local.
A Paz de Iperoig, como passou à História a pacificação dos tamoios, foi assinada pelos portugueses e os índios em 14 de setembro de 1563. Teve como causa indireta da expulsão dos franceses, a fundação do Rio de Janeiro e conseqüentemente da manutenção da integridade territorial do Brasil.
Colonização - Por volta de 1600, Iperoig começou a despertar o interesse dos europeus. Nessa ocasião, era governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, e a donatária da Capitania de São Vicente a Condessa de Vimieiro. Ali se foi estabelecer, com sua família e aderentes, a mando do governador, o português Jordão Homem Albernaz da Costa (ou de Castro), natural da Ilha Terceira, nos Açores. Havendo construído logo uma capela, sob a invocação de Santa Cruz do Salvador, deve ser considerado o fundador da cidade e município de Ubatuba.
Os primeiros que, em 1610/11, obtiveram sesmarias em território ubatubense foram Gonçalo Correia de Sá, Martins de Sá, Salvador Correia de Sá, Artur de Sá, Belchior Cerqueira, Miguel Pires Isasa, Antônio de Lucena, Inocêncio de Inhatete e Miguel Gonçalves.
A antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de Vila em 28 de outubro de 1637, com o nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba.
Participação Francesa - A partir de 1870, um acontecimento do Velho Mundo passou a influenciar a vida do município. Antes que deflagrasse a Guerra Franco-Prussiana, dezenas de famílias de nobres franceses transferiram-se com seus cabedais para Ubatuba, onde compraram grandes extensões de terras e organizaram fazendas, entregando-se ao cultivo do café, do fumo, da cana-de-açúcar, de frutas tropicais, de especiarias como a pimenta-do-reino e o cravo-da-índia. Alguns montaram olarias, outros ingressaram na Marinha Imperial. Em Ubatuba, construíram mansões senhoriais e um teatro.
Primeiros Italianos - Em 1874, uma certa Clementina Tavernari, de Concórdia de Modena, regressou do Brasil Imperial, onde era conhecida como Adelina Malavazi, com a incumbência de recrutar cinqüenta famílias de lavradores do norte da Itália. A intenção era fundar, na então província de Santa Catarina, um núcleo colonial que seria denominado Maria Tereza Cristina em homenagem a Sua Majestade a imperatriz, de origem italiana e casada com D. Pedro II. Trata-se do primeiro experimento de colonização italiana no país.
Enrico Secchi o professor que auxiliou como secretário Clementina Tavernari no recrutamento das famílias, acompanhando-as durante a viagem e permanecendo no Brasil, descreve sua chegada ao Rio de Janeiro e outras aventuras, entre elas:
"... na volta ao Rio de Janeiro, Enrico Secchi foi convidado a entender-se com Joaquim Ferreira da Veiga, servidor público e proprietário de uma grande fazenda chamada Picinguaba, no município de Ubatuba, ao norte da então província de São Paulo. Conseguiu a permissão oficial para retirar da hospedaria dos imigrantes cerca de 30 famílias há pouco chegadas da Itália, provenientes de Mántova, e também o transporte para a localidade. Um contrato foi feito com o proprietário, liquidando seus outros negócios e afazeres, dirigiu-se à Ubatuba, saiu recomendado pelo Cônsul Italiano em São Paulo: "deve-se ao sobredito Enrico Secchi um elogio por ter mostrado o máximo zelo em seu encargo..."
A viagem a Ubatuba, em 1887, foi a bordo do "piróscafo" Sepitiba, passando pelos portos de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty. Na chegada, foram recebidos pelo capitão Assunção que retornara do Paraguai, pelo senhor Veiga pai, Carlo Usiglio e grande número de pescadores residentes no local. Os colonos receberam lotes para trabalhar no plano e na montanha. Os dias, semanas, transcorreram na máxima calma, o trabalho se desenvolvia bem nas lavouras começadas.
Eis que uma forte maré inundou a parte plana e as águas entraram nas casas, somente por milagre foi possível salvar a vida de todos. Houve grande pânico e um desânimo tal que boa parte abandonou o local rumo a São Paulo, outros voltaram ao Rio de Janeiro e dali foram despachados pelo Governo Imperial ao núcleo colonial Rodrigo Silva, perto de Barbacena, em Minas Gerais.
Os que ficaram em Ubatuba cultivaram cana cuja colheita perdeu-se por não estarem prontos os alambiques prometidos, o pessoal desanimou. Enrico, a mulher e duas filhas tiveram uma saída de Ubatuba muito sofrida, obrigados a atravessar a pé a Serra do Mar para alcançar o Porto Paraty e daí embarcar num pequeno "piróscafo" para o Rio de Janeiro."
fonte : www.refugioambiental.com.br
FAZENDA DA CAIXA : Um fragmento de história em solo ubatubense
Quando alguém se dispõe a desvendar os mistérios de Ubatuba, pode ter certeza que encontrará muitos motivos para se encantar e muitas surpresas pelo caminho. As paisagens paradisíacas, o passado se misturando com os tempos atuais, a mata verde que cobre cada pedaço de chão e esconde os mistérios, as histórias, as lendas, o povo caiçara...
O passado está presente em pequenos detalhes encontrados aqui e ali. A Fazenda da Caixa é um desses fragmentos da história que resistem ao tempo e à falta de recursos para restaurá-los e mantê-los como provas vivas da importância de Ubatuba no contexto da formação do Brasil.
Indo pela BR-101, em direção ao Rio de Janeiro, cerca de 30 km do Centro, de um lado avista-se a Praia da Fazenda, majestosa e bela. Do outro, há uma entrada sutil, que parece querer conduzir ao interior da Mata Atlântica. Seguindo por essa estradinha de terra, percebe-se que é uma pequena vila, de moradores legitimamente caiçaras. Algumas casinhas de pau à pique, outras de bloco, senhoras na janela, crianças com pouca roupa, brincando nos quintais de terra. De repente, o caminho se bifurca e, ao final da estradinha à esquerda, uma construção diferente obriga o motorista a interromper sua viagem.
Ali, ao lado de um rio límpido e raso, ergue-se um grande moinho, uma roda de engenho, movida pela força da água. Nas paredes do fosso que abrigam a roda de madeira, uma demonstração da contribuição e do trabalho dos escravos. Pedras gigantescas encaixadas perfeitamente, pesadas colunas, uma chaminé bem alta, construída de tijolinhos, uma caldeira de ferro, corroída pelo tempo. No passado, mais precisamente no século XVIII, essa fazenda tinha o objetivo de beneficiar a cana, transformando-a em álcool, cachaça e açúcar. Embrenhada na mata está a Trilha do Corisco, que termina em Paraty e era uma das rotas por onde as mercadorias produzidas na ?Fazenda da Caixa? seguiam. O rio, nessa época, era navegável, permitindo que a produção também seguisse em embarcações.
Hoje, os tempos são outros. A Fazenda da Caixa é chamada de ?Casa da Farinha?, porque foi adaptada para a produção de farinha de mandioca, na década de 50. Virou propriedade do Governo do Estado e está situada no Núcleo Picinguaba, uma área de preservação que impede o plantio de mandioca na quantidade necessária para realizar a produção de farinha. A terra utilizada exaustivamente cansou-se de produzir e a Casa da Farinha só funciona de vez em quando.
Para as pessoas que gostam de ouvir histórias e conversar, não basta ver as paredes, é preciso ousar um pouco mais e procurar as pessoas que moram nos arredores da Fazenda. Os caiçaras mais velhos adoram receber visitas e contar seus ?causos?. A cultura desse povo está se perdendo, mas ainda é possível encontrar pessoas que conhecem os costumes passados de geração para geração. Indo um pouco além da ?Casa da Farinha? tem a casa do ?Seu? Zé Pedro, um senhor simpático, descendente de escravos, dono de uma grande sabedoria. Seu Zé parece estar preparado para conversar sobre qualquer assunto. Apesar de não ter televisão, nem tampouco energia elétrica, assim como todos os moradores dali. É um homem politizado, um líder comunitário que conhece a todos e batalha por seus interesses. Ficando amigo do Seu Zé, o resto ele apresenta, conta a história da Fazenda da Caixa, da Casa da Farinha, dos escravos, da política municipal, das venturas e desventuras do povo caiçara e muito, muito mais...
Conversar com ele é ficar sabendo dos tempos em que a BR-101 não existia e os moradores iam para ?a cidade? num pequeno barco, que ia buscando os moradores em diversas praias pelo caminho. ?A gente pagava um cruzeiro pro dono do barco, mas acho que ele é que devia pagar uns três cruzeiros pra gente andar no barco dele. Espirrava um monte de água e balançava muito, a gente chegava molhado na cidade. Em Ubatuba tinha só uma pousada, tinha que pagar adiantado e não podia chegar depois das oito. Um dia, chegamos e já estava fechada, batemos na porta e o dono saiu bravo. Então, pedimos o dinheiro de volta e ele resolveu deixar a gente dormir, chegando no quarto, era pulga pulando pra todo lado?, diverte-se com a lembrança Seu Zé Pedro.
Enfim, conhecer Ubatuba, não é apenas tomar sol na Praia Grande, passear pela avenida e tirar foto no farol. Para quem não se contenta com o costumeiro, as surpresas são infindáveis. Beleza e história se misturam a cada palmo de chão. É preciso sair desvendando, buscando e pesquisando. Invariavelmente, o que acontece com quem ousa é se apaixonar perdidamente por essa terra e não querer mais ir embora, porque demora um bom tempo para descobrir tudo o que há.
FONTE : Prefeitura de Ubatuba
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