Claudia de Oliveira nos forneceu neste relato, uma idéia do pensar e do sentir caiçara, embora ela mesma se reconheça contagiada com o ritmo do tempo na era da informática, pode se observar conhecedora de sua cultura e costumes no fluir de sua escrita. Mas, esse modo próprio de ver e de analisar o mundo, o caiçara de um modo geral, o baseia na sua percepção sensorial “olhar o tempo, a chuva, o sol e sentir o vento”, capaz de estabelecer a partir dela a ordem social que pauta, em termos de comportamento, seus procederes éticos e morais, e a criação de padrões estéticos sobre o mundo admirável do seu entorno. No relato caiçara há sempre um saudosismo do passado, a inevitável evocação, daqueles que outrora foram por direito “os donos da terra” e os conquistadores do mar, pois tiravam dele os frutos que garantiriam sua sobrevivência. O apelo do cântico poético esboçado por esta amante da Ubatuba é claro “ninguém mais ouve minha gente”, neste sentido, a reivindicação da cultura autóctone caiçara, deslocada de seu próprio habitat, interrompida e distanciada de suas tradições, há de ser uma força motriz para as instituições que têm como último fim, amparar a pesquisa e a produção de conhecimento nos interditos da cultura.