O momento histórico que Ubatuba viveu, parecia definir o verdadeiro restabelecimento e firmamento da economia local, revolucionando o fluxo de transporte de toda a produção da região: a construção de uma linha ferroviária que ligaria Taubaté a Ubatuba, abandonando assim o antigo percurso utilizado como via de transporte, a estrada Imperial. Saindo do Sul de Minas Gerais, a estrada passaria pela serra do mar até alcançar o porto de Ubatuba. Desta forma Ubatuba estaria apta ao comercio de exportação e importação competindo com o porto de Santos.
O ano era o de 1889 e alguns homens chamados concessionários, como João Alfredo Corrêa de Oliveira, um Ministro do Império, Francisco Ribeiro de M. Escobar, Victorino E. Marcondes Varella, e outros, organizaram uma Companhia. O capital do investimento foi milionário, fundando o Banco de Taubaté. Firmas inglesas forneceram o material necessário como os trilhos, iniciando em seguida os trabalhos para traçar a linha ferroviária. Um grupo de trabalhadores vinha do planalto de Taubaté, enquanto um outro trilhava o caminho pela Serra do Mar, chegou-se a perfurar a serra para os túneis. Da estação em Ubatuba, pouco se sabe;resta uma pedra fundamental colocada no cruzamento das ruas Cunhambebe e Liberdade. E, no dia 28 de setembro de 1890, aconteceu a festividade de inauguração. A Imprensa, dias depois “alardeou” em jornais importantes da época, o tamanho da festividade e das personalidades presentes.
A felicidade e o grande entusiasmo popular viriam logo a sucumbir, pois a fatídica notícia de que o governo federal da época de Floriano Peixoto, haveria suspendido o desconto no comercio do material importado da Inglaterra, que barateava tal construção da linha, levando o Banco de Taubaté, financiador da construção à falência. Assim, terminava o sonho de crescimento econômico da cidade. Vestígios dessa ferrovia ficaram longos anos abandonados, trechos de ferrovia concluídos, materiais usados nas obras, todos esquecidos na serra. Muitos trilhos foram aproveitados pela Prefeitura para construções de pontes, alguns utilizados em posteamento no primeiro serviço de iluminação elétrica da cidade.
Com o lançamento da pedra fundamental da futura estação ferroviária, além das festividades e solenidades, realizou-se ainda um espetáculo no antigo Teatro da cidade, encerrando tal comemoração. Um espetáculo com um final apoteótico, representando um recomeço para Ubatuba, com a linha ferroviária trazendo o tão esperado progresso. No encerramento do espetáculo,emblematicamente, uma concha se abrindo ao som de muito barulho, com vivas, aplausos, apitos simulando a locomotiva, fogos de artifício e uma banda musical e de dentro da concha sairia uma criança com uma faixa escrita: Ubatuba, agitando uma palma verde com a mão e aí gritaria: “Viva Ubatuba!”. Mas, mesmo com todo o alvoroço e o barulho a criança permaneceu dormindo , o que poderia ser interpretado como um prenúncio do despertar de mais um sonho para uma amarga realidade: o cancelamento das obras da linha ferroviária, que marcou, na última década do século XVIII, o início de uma nova fase de decadência.
Do livro " UBATUBA, ESPAÇO,MEMÓRIA E CULTURA "
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
A CHEGADA DA LUZ ELÉTRICA EM UBATUBA...
A Iluminação pública, hoje é um dos serviços básicos prestados à população de praticamente todo o município de Ubatuba, levando a lugares muito distantes os benefícios da eletricidade: luminárias em ruas, atendimento domiciliar. A Elektro está encarregada de prestar serviços de energia elétrica em toda a região.
Na memória de uns poucos ainda brilham a luz dos lampiões e velas que clareavam as noites escuras da cidade litorânea. Foi exatamente em 1881, no dia de comemoração da independência do Brasil da colonização portuguesa que Ubatuba também comemorava, a inauguração do serviço de iluminação pública para o município. Este serviço era o mais arcaico possível, com pouco mais de doze lampiões a querosene espalhados por algumas esquinas do perímetro urbano da cidade.
O primeiro passo para a tentativa de trazer a luz elétrica para as ruas e residências de Ubatuba, foi graças a aprovação da Lei na Câmara Municipal, em 10 de novembro de 1925, autorizando a exploração e o fornecimento de energia elétrica. A Prefeitura Municipal local logo outorgou a Antonio Francisco Pereira Junior e Jorge Correia Porto, através de um contrato, a autorização de exploração deste serviço. Três anos mais tarde, a própria Prefeitura, por meio de Lei, caducou este acordo, pois o mesmo provedor, Pereira Júnior, tentava transferir tal concessão à outra companhia que lhe proporcionaria uma melhor compensação financeira. Através de uma nova Lei, aprovada em 5 de junho do mesmo ano, Gustavo Stach obteve esse direito por 30 anos, além da exploração dos serviços de força, luz e tração elétrica, o serviço telefônico na cidade de Ubatuba.
Em 6 de janeiro de 1929, Gustavo Stach, alemão ousado e persistente, mesmo sem ter total apoio ou colaboração, inaugurou o serviço de iluminação. Foi um grande acontecimento para a cidade, muito aguardado por toda a população. Estiveram presentes, autoridades ilustres como o Dr. Washington Luis Pereira de Souza, o Presidente da República dos Estados do Brasil, o Sr. Julio Prestes de Albuquerque, o Presidente do Estado do Estado de São Paulo, o Sr. Manoel Bernardo de Amorim, o Prefeito Municipal de Ubatuba, os senhores vereadores municipais, entre outras autoridades.
É interessante ressaltar que toda a pompa e o motivo de tanta alegria, tanto dos habitantes como de todos aqueles que estiveram presentes no acontecimento, foi porque Ubatuba inaugurava um sistema elétrico de iluminação que não ultrapassava trinta e seis pequenas lâmpadas de 60 watts de potência. Mas para a época, esta tão esperada inauguração era um orgulho para uma cidade, que apenas clareava suas escuras noites com alguns poucos lampiões a base de querosene. Como diz Washington de Oliveira: “... a primeira das ambiciosas alavancas necessárias à propulsão do emperrado progresso local”
Infelizmente, mesmo com a boa vontade e dedicação de Gustavo Stach, a alegria de todos os munícipes e autoridades durou pouco. Fatores como, o erro de cálculo do potencial energético, do volume de água da cachoeira, que servia como fonte natural de energia, foi insuficiente para manter as lâmpadas de 60 watts acesas. O alemão fracassou com sua empresa, transferindo o material usado em sua obra para firma financiadora, Sociedade Técnica Bremensis S. A. de São Paulo, que continuou mantendo o deficitário serviço de iluminação de Ubatuba.
Logo, o domínio e concessão, passaram para a Companhia Taubaté Industrial - CTI, a pedido de Félix Guisard; modernizando o sistema de energia, das instalações na cidade. No 18 de Julho de 1948, o Governador Ademar de Barros, inaugurou as novas instalações e o eficiente serviço público de iluminação. Novamente, mais um dia de motivo de muita ostentação, alegria e pompa da população local durante um dia inteiro de solenidades. Neste mesmo dia, além da tão importante inauguração, outra solenidade também foi realizada. Duas ruas de Ubatuba eternizavam dois nomes importantes de sua história, tendo nas suas placas os nomes de Félix Guisard e do Professor Thomaz Galhardo[1]. No dia seguinte, foi encerrada tamanha comemoração com uma missa campal celebrada pelo Bispo Diocesano Dom Idílio José Soares, sendo o prefeito da época o Dr. José Alberto dos Santos. Com o advento do tempo e do progresso, Ubatuba crescia e se modernizava, e assim, o serviço de iluminação elétrica da CTI já não era mais um problema. Passou então, a antiga CESP – Centrais Elétricas de São Paulo S. A., anterior a atual empresa privada Elektro[2].
[1] Félix Guisard (1862-1942) nasceu na cidade mineira de Teófilo Ottoni, radicou-se em Taubaté, onde foi um dos pioneiros da indústria no Vale do Paraíba , por outro lado Thomaz Paulo do Bom Sucesso Galhardo foi um grande educador e comendador, publicou vários livros didáticos, fez parte da Secretaria da Instrução Pública.
[2] Vale ressaltar que neste momento da mudança da CTI para CESP nos serviços de fornecimento de energia elétrica, Ubatuba só passou a fazer parte da faixa protegida da CESP, pois, pelo fato da Petrobras necessitar de energia elétrica ao Terminal Marítimo de São Sebastião, beneficiando também Paraibuna, Caraguatatuba, cidades igualmente carentes que estavam no caminho dos cabos elétricos e, Ubatuba, estar distante das linhas da CESP, graças ao saudoso Prefeito de Ubatuba, na época, o Sr. Francisco Matarazzo Sobrinho, com seu prestígio proporcionou e conseguiu mais 50 quilômetros de cabos chegando até Ubatuba.
FONTE : Livro "Ubatuba, espaço,memória e cultura"
Na memória de uns poucos ainda brilham a luz dos lampiões e velas que clareavam as noites escuras da cidade litorânea. Foi exatamente em 1881, no dia de comemoração da independência do Brasil da colonização portuguesa que Ubatuba também comemorava, a inauguração do serviço de iluminação pública para o município. Este serviço era o mais arcaico possível, com pouco mais de doze lampiões a querosene espalhados por algumas esquinas do perímetro urbano da cidade.
O primeiro passo para a tentativa de trazer a luz elétrica para as ruas e residências de Ubatuba, foi graças a aprovação da Lei na Câmara Municipal, em 10 de novembro de 1925, autorizando a exploração e o fornecimento de energia elétrica. A Prefeitura Municipal local logo outorgou a Antonio Francisco Pereira Junior e Jorge Correia Porto, através de um contrato, a autorização de exploração deste serviço. Três anos mais tarde, a própria Prefeitura, por meio de Lei, caducou este acordo, pois o mesmo provedor, Pereira Júnior, tentava transferir tal concessão à outra companhia que lhe proporcionaria uma melhor compensação financeira. Através de uma nova Lei, aprovada em 5 de junho do mesmo ano, Gustavo Stach obteve esse direito por 30 anos, além da exploração dos serviços de força, luz e tração elétrica, o serviço telefônico na cidade de Ubatuba.
Em 6 de janeiro de 1929, Gustavo Stach, alemão ousado e persistente, mesmo sem ter total apoio ou colaboração, inaugurou o serviço de iluminação. Foi um grande acontecimento para a cidade, muito aguardado por toda a população. Estiveram presentes, autoridades ilustres como o Dr. Washington Luis Pereira de Souza, o Presidente da República dos Estados do Brasil, o Sr. Julio Prestes de Albuquerque, o Presidente do Estado do Estado de São Paulo, o Sr. Manoel Bernardo de Amorim, o Prefeito Municipal de Ubatuba, os senhores vereadores municipais, entre outras autoridades.
É interessante ressaltar que toda a pompa e o motivo de tanta alegria, tanto dos habitantes como de todos aqueles que estiveram presentes no acontecimento, foi porque Ubatuba inaugurava um sistema elétrico de iluminação que não ultrapassava trinta e seis pequenas lâmpadas de 60 watts de potência. Mas para a época, esta tão esperada inauguração era um orgulho para uma cidade, que apenas clareava suas escuras noites com alguns poucos lampiões a base de querosene. Como diz Washington de Oliveira: “... a primeira das ambiciosas alavancas necessárias à propulsão do emperrado progresso local”
Infelizmente, mesmo com a boa vontade e dedicação de Gustavo Stach, a alegria de todos os munícipes e autoridades durou pouco. Fatores como, o erro de cálculo do potencial energético, do volume de água da cachoeira, que servia como fonte natural de energia, foi insuficiente para manter as lâmpadas de 60 watts acesas. O alemão fracassou com sua empresa, transferindo o material usado em sua obra para firma financiadora, Sociedade Técnica Bremensis S. A. de São Paulo, que continuou mantendo o deficitário serviço de iluminação de Ubatuba.
Logo, o domínio e concessão, passaram para a Companhia Taubaté Industrial - CTI, a pedido de Félix Guisard; modernizando o sistema de energia, das instalações na cidade. No 18 de Julho de 1948, o Governador Ademar de Barros, inaugurou as novas instalações e o eficiente serviço público de iluminação. Novamente, mais um dia de motivo de muita ostentação, alegria e pompa da população local durante um dia inteiro de solenidades. Neste mesmo dia, além da tão importante inauguração, outra solenidade também foi realizada. Duas ruas de Ubatuba eternizavam dois nomes importantes de sua história, tendo nas suas placas os nomes de Félix Guisard e do Professor Thomaz Galhardo[1]. No dia seguinte, foi encerrada tamanha comemoração com uma missa campal celebrada pelo Bispo Diocesano Dom Idílio José Soares, sendo o prefeito da época o Dr. José Alberto dos Santos. Com o advento do tempo e do progresso, Ubatuba crescia e se modernizava, e assim, o serviço de iluminação elétrica da CTI já não era mais um problema. Passou então, a antiga CESP – Centrais Elétricas de São Paulo S. A., anterior a atual empresa privada Elektro[2].
[1] Félix Guisard (1862-1942) nasceu na cidade mineira de Teófilo Ottoni, radicou-se em Taubaté, onde foi um dos pioneiros da indústria no Vale do Paraíba , por outro lado Thomaz Paulo do Bom Sucesso Galhardo foi um grande educador e comendador, publicou vários livros didáticos, fez parte da Secretaria da Instrução Pública.
[2] Vale ressaltar que neste momento da mudança da CTI para CESP nos serviços de fornecimento de energia elétrica, Ubatuba só passou a fazer parte da faixa protegida da CESP, pois, pelo fato da Petrobras necessitar de energia elétrica ao Terminal Marítimo de São Sebastião, beneficiando também Paraibuna, Caraguatatuba, cidades igualmente carentes que estavam no caminho dos cabos elétricos e, Ubatuba, estar distante das linhas da CESP, graças ao saudoso Prefeito de Ubatuba, na época, o Sr. Francisco Matarazzo Sobrinho, com seu prestígio proporcionou e conseguiu mais 50 quilômetros de cabos chegando até Ubatuba.
FONTE : Livro "Ubatuba, espaço,memória e cultura"
Observando caga-sebos e vira-
As pessoas não sabem, mas eu digo que temos aqui em Ubatuba uma grande laje de ouro, um grande poço de petróleo, e até muito mais do que isso.No final da década de 50, não sei se por acaso, apareceu em Ubatuba um homem que enxergou aqui uma das maiores riquezas do Brasil; riqueza essa que para o nativo caiçara era coisa costumeira e sem valor. Foi a mesma coisa quando os portugueses viram no pau-brasil uma riqueza imensa, coisa que para os índios era apenas uma árvore.Os portugueses viram a riqueza numa árvore, Ciccillo Matarazzo percebeu-a em nossas águas e praias.Hoje, após 508 e há 50 anos, continuamos na mesma cegueira, na mesma ingenuidade dos índios no descobrimento do Brasil. A que se deve essa cegueira diante de resultados e experiências de cidades vizinhas, diante de toda informação tecnológica, diante de escolas e universidades que anualmente despejam no mercado profissionais com formação e especialização em transformar tudo o que temos em ouro?Dia 4 de outubro foi o Dia Municipal do tangará-dançador, pássaro símbolo de Ubatuba. Estive presente na abertura do III Festival de Aves de Ubatuba, na qual recebi uma homenagem, homenagem esta que divido com minha mulher Maria Helena, minha filha Bruna, com Carlos Rizzo, com todos os amigos do Museu Caiçara, com os componentes do grupo O Guaruçá, com os gerentes e proprietários do Ubatuba Palace Hotel, com os artistas que participam do evento, com a rádio Costa Azul que incessantemente divulgou e ainda com o editor-chefe do www.ubaweb.com (Luiz Moura), que também divulgou o evento.- Julinho, você não vai dividir essa homenagem e parabenizar nossa municipalidade (gestores de turismo e de cultura)?Eu mesmo pergunto e eu mesmo respondo:- Vou sim. Só depois. Quem sabe, ano que vem, se esses agentes fazerem acontecer, aqui em Ubatuba, um Encontro Mundial de Observadores de Pássaros e, em nossas ruas e praças apresentarem alegorias gigantes de pássaros, alto-falantes com cantos de pássaros, oficinas, palestras, exposições... Aí sim, darei meus parabéns!Está aí, ao nosso grande diamante, que Carlos Rizzo insistentemente lustra, falta o trabalho de lapidação por parte de nossos gestores de turismo.Será que nossa municipalidade tem visão pra isso?Não bobeiem, porque senão nossos vizinhos irão enxergar os tangarás, os surucuás, as arapongas... e nós ficaremos olhando apenas caga-sebos e vira-bostas.Todo o tesouro que falei no começo é composto por nossos pássaros, nossa Mata Atlântica, nosso mar, nossas lendas, nosso folclore, nossos artistas, nossa cultura.Se deixarem de fazer política para se reelegerem, se deixarem de colocar em cargos de importância vital para a cidade apadrinhados políticos, se realmente tiverem vontade de lapidarem esse tesouro, Ubatuba vai crescer e todo mundo vai ter uma vida melhor.“Se o vôo do passado foi mais lento, o do futuro ninguém pode alcançar, mas não podemos voar em asas de borboleta.” - O mundo voa, Julinho Mendes.
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