quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

LIVRO " Ubatuba, espaço, memória e cultura " 7 ª Parte

Continuo a mostrar para vocês na integra o livro " Ubatuba, Espaço, memória e cultura " , editado em 2005 , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca. Nesta 7 ª parte você conhecerá um pouco da Praia Grande ( a mais famosa de Ubatuba ) e a Praia da Fortaleza, na opinião da maioria dos turistas a " Mais bela de Ubatuba".

Você pode encontra o livro na Biblioteca Municipal de Ubatuba, localizada na Praça 13 de Maio- centro.



7. PRAIA GRANDE

Localização

A Praia Grande localiza-se a 6 km do centro de Ubatuba, entre as praias do Tenório e Toninhas. Por toda sua extensão a rodovia Rio - Santos, BR-101, beira sua orla.

Acesso

O acesso à Praia Grande é fácil. A rodovia BR-101 beira toda sua orla. De quem vem do centro, passando pelo bairro e a praia do Itaguá, chegando até a Avenida Capitão Felipe, após o trevo da rodovia Rio -Santos já é possível avistar a praia Grande. Ou, ainda por dentro do bairro do Itaguá passando pela Praia do Tenório o acesso é único até o início da praia Grande. A empresa de ônibus coletivo Cidade de Ubatuba tem várias linhas que passam por esta praia, indo em direção às outras praias do sul e de Caraguatatuba.



Visão

A Praia Grande não é tão grande assim, como seu nome o indica, mas guarda histórias, lendas e curiosidades que até hoje são ditas pelos nativos caiçaras. Antigamente, Grande era o único acesso que ligava a região central ao sul de Ubatuba e por suas areias passavam todos àqueles que tinham que fazer este caminho obrigatório, aos seus olhos realmente parecia ser uma longa distância toda a faixa de praia, dando a sensação de grande.

Antes mesmo de a rodovia cortar toda sua extensão, a largura da praia era bem maior e havia mangues, berçário de peixes e plantas nativas típicas do litoral e beira de praias. Com o corte da estrada foi consideravelmente diminuída, transformando-a em uma das mais valorizadas áreas habitacionais de Ubatuba.

Por esta mesma rodovia onde todos passam, dificilmente não voltam seus olhos em direção do mar, suas águas azuis, areais brancas, todo o movimento de pessoas com guarda-sol e os surfistas com suas pranchas desenham um grande espetáculo no verão. Praia Grande oferece uma vista fantástica em época de muito movimento. De quem vem da região sul sentido centro, quando chega na curva das Toninhas e tem a vista de toda a praia Grande se deslumbra com tamanha explosão de cores contrastando com o azul do mar e as espumas brancas da arrebentação, sendo esta praia outro cartão postal.

Suas características naturais são as melhores possíveis. Água cristalina, ondas perfeitas que crescem enormes ao fundo e terminam por deslizar em marolas até suas areias brancas e firmes à beira mar. Toda sua extensão em cumprimento não chega a 2 km, mas ela é larga proporcionando aos turistas e visitantes passeios e caminhadas, corridas e até pedaladas de bicicletas. Todo tipo de esporte é muito freqüente como a famosa “pelada” - futebol, o frescobol e o principal esporte praticado em Ubatuba, não poderia faltar nas ondas da praia Grande, o surf. Para diversão geral do público o banana boalt faz a alegria não só das crianças como dos adultos.

Os quiosques instalados na praia ajudam para alegria da população com as mais variadas musicas de todos os gêneros da música popular brasileira e também muito rock nacional e internacional. Ambulantes vendem alimentos a gosto de cada turista ou visitante. Desde espetinhos, água de coco, milho verde cozido, cachorro-quente, até mesmo roupas, chapéus, óculos, redes, etc.

A costeira da Praia Grande é um atrativo para àqueles que gostam de aventuras sobre as pedras e um caminho alternativo até a praia do Tenório que pode ser feito pelo lado esquerdo de quem de frente olha para a praia. O turista, com muito cuidado, segue pelas pedras alguns minutos de trilha quando no meio do caminho visualiza a paisagem do horizonte entre as duas praias de ponta a ponta, impressiona pelo movimento de pessoas e por uma mistura entre o som do mar, a músicas dos quiosques e das pessoas, podendo ainda avistar a bela Ilha Anchieta. Costuma-se sentar nas pontas das grandes pedras logo na curva da costeira e de lá ficar admirando as grandes ondas estourarem contra as pedras. Ainda, no trajeto deste caminho, tendo sorte os turistas e visitante podem avistar tartarugas marinhas bem próximas às pedras se alimentando. Lembrando que estes animais costumam em determinada época do ano nadar quilômetros e quilômetros nos oceanos até Ubatuba para esta finalidade, segundo o Projeto TAMAR .

Em se tratando de hospedagem, praia Grande tem um número considerável de hotéis, pousadas e muitos prédios de apartamentos e casas de aluguel. Para alimentação, além de seus quiosques, a praia possui restaurantes e lanchonetes de variados estilos e sabores.

Demanda Turística

Praia Grande é muito freqüentada por todo tipo de visitantes e turistas, sem distinção. Em época de grande movimento, esta praia tem o maior número de pessoas por metro quadrado. Suas águas ficam repletas de gente. Até mesmo fora da temporada, nos finais de semana, a praia Grande é bem visitada e costuma ser um lugar de encontro em Ubatuba o ano todo.

8. PRAIA DA FORTALEZA
Localização


A Praia da Fortaleza está localizada ao Sul, a 20 km do centro de Ubatuba, aproximadamente a 8 km da rodovia Rio - Santos, BR 101. Entre a praia Brava da Fortaleza e o Cedrinho, Fortaleza pertence a uma grande baía do mesmo nome.

Acesso


O acesso à Praia da Fortaleza, como tantas outras praias em Ubatuba é pela rodovia Rio-Santo no km 67, entrando pela Praia Dura por uma estrada bem cuidada e asfaltada de 8km até a praia, levando em média 20 minutos de carro. A empresa de ônibus coletivo Cidade de Ubatuba disponibiliza algumas linhas específicas à praia da Fortaleza. São poucos os horários durante o dia por isto há de se ficar atentos.

Visão

A praia da Fortaleza, como diz o nome, parece uma verdadeira fortaleza, sua geografia é constituída por enormes pedras das costeiras que invadem o mar como se fossem abraçar toda a praia. Esta formação da natureza proporcionou abrigo aos antigos navegadores e corsários quando o mau tempo impedia o transporte de mercadorias ou simplesmente a passagem por esta baia.

Suas águas, na maioria das vezes mansa proporcionam agradáveis banhos de mar. Ao final, próximos da costeira, seguindo seu “braço” de pedras enormes que se submergem, escondem-se maravilhas da vida aquática que proporcionam aos adeptos da prática do mergulho e curiosos, verdadeiras aventuras submersas da vida oceânica.

Em toda sua extensão, a praia possibilita agradáveis caminhadas admirando o belo visual daquela que se parece com uma fortaleza verde de Mata Atlântica.

Vale ressaltar que o caminho desde a entrada pelo portal da praia Dura até a praia da Fortaleza é de extrema beleza, um caminho que em meio a uma vegetação exuberante e ao som dos pássaros e cigarras atordoa os sentidos. Algumas casas, pousadas e hotéis se contrastam com o belo visual natural, mas no meio deste percurso, os nossos olhos podem se deleitar em um mirante extraordinário com a paisagem de praias que antecedem a Fortaleza. A primeira é a praia Dura, logo a Vermelha do Sul, a seguir, Costa e Brava da Fortaleza.

A cultura do local é muito interessante, com uma história que impressiona. Em época anterior, com apenas 44 habitantes que viviam praticamente do plantio e da pesca, uma forma digna de subsistência aproveitando os dons da mãe natureza. O fruto do trabalho no plantio e na pesca servia como capital na troca de produtos e outros materiais vindos de fora. Uma comunidade que sabia viver de uma cultura múltipla trazendo em suas almas a alegria de participar em essa interação com o meio. Em suas festas religiosas celebravam com danças do bate-pé este prodígio e se divertiam ao som das músicas regionais, estes costumes continuam presentes nos festejos, fazendo parte do folclore até hoje.

Para hospedagem aos visitantes e turistas na praia há um meio só, um dos mais completos e interessantes hotéis da região e uma Pousada, algumas casas residenciais de aluguel ou ainda no caminho e na Praia Dura existem alternativas.

A alimentação fica por conta dos bares e quiosques restaurante e mercados próximos da praia.

Demanda Turística

A demanda de turistas e visitantes é freqüente, em finais de semanas prolongados e na “alta temporada”, fora isso, a praia costuma ter poucas pessoas por ser mais distante e isolada. É para freqüentadores que preferem praias mais isoladas e adeptos a prática de mergulho oceânicos em praias mais sossegadas, tranqüilas em meio da natureza mais preservada embora existam muitas casas e comunidade local.

PADRE ANCHIETA : Produção literária

A produção literária de José de Anchieta é copiosa e constante no Brasil, observa-se nela o espírito e a sensibilidade do evangelizador, precursor da tradição escrita da época colonial. O testemunho de Anchieta sobre seu contato com os Tupinambá – Tamoio vá desde descrições de festas na aldeia às pregações onde ele foi o principal orador. O material bibliográfico é disperso e as fontes podem ser encontradas nos Arquivos da Companhia de Jesus. A variedade epistolar, de modo geral, e o Poema à Virgem Maria, em particular, podem ser encontradas nas Obras Completas de Anchieta (1990), que compreende textos, além de trabalhos didáticos: cartas, cantos, mistérios, sermões, poemas religiosos, heróicos e biografias escritas sobre a natureza ou a formação do Brasil colonial.

As tentações da carne adquirem neste episódio, uma conotação que vai além do sexual, isto é, referem-se aos aspectos humanos do religioso, também relacionados com a ira e o desejo de aniquilação do outro por meio de uma ação transgressiva incompatível com o exercício de sua causa, nesse momento mediadora. Mas, essa sempre foi uma das fases de um “retiro espiritual”, vencer as tentações que a imediatez do corpo apresentava.

Trecho do livro " Ubatuba , espaço, memória e cultura "

A PAZ DE IPEROIG " Segundo o livro " Ubatuba, Espaço, Memória e Cultura " editado em 2005

1 ª ParteA PAZ DE IPEROIG – Logo no início deste capítulo, fizemos referência à intervenção jesuíta no processo de colonização portuguesa. Os padres haviam chegado de barco a Iperoig, em companhia de José Adorno. Na chegada foram rodeados “de canoas” e deram de cara com Coaquira e Pindabuçu. Encabeçando a expedição, ergue-se Anchieta que foi, em seguida, reconhecido junto com Nóbrega pelos chefes índios. A imagem destes dois jesuítas inspirava para eles respeito e consideração. Nessa ocasião, as palavras de Anchieta foram revestidas em um discurso afável, dizendo que ambos sacerdotes não partilhavam dos mesmos sentimentos dos portugueses que matavam e escravizavam os índios, os lembrou daquilo que ele já tinha feito em favor das aldeias: educar crianças, tratar doentes, consolar velhos e defender os fracos contra os opressores (Torres, 2000:65).

Coaquira hospedou os embaixadores da paz, oferecendo hospitalidade na Aldeia de Iperoig que seria o sitio de tais negociações e assim foram convocados os cinco chefes da Confederação: Cunhambebe, Aimberé, Pindabuçu, Coaquira e Araraí. Destes cinco chefes Tupinambá, Aimberé era considerado por Anchieta o mais cruel de todos, o sucessor de Cunhambebe que havia morrido por causa das epidemias trazidas pelos europeus e que dizimaram grande parte dos índios. No lugar do líder, outro Cunhambebe, provavelmente filho deste grande guerreiro que anteriormente liderou a Confederação.

Aimberé tinha razões de sobra para não confiar nos portugueses, pois estes o tinham aprisionado na fazenda de Brás Cuba junto com seu pai, também a sua mulher Iguaçu na toma do Forte Coligny foi feita escrava. Tudo isto se agravava uma vez que Anchieta traiu um segredo de confissão ao revelar o plano de ataque dos Tamoio a Piratininga, plano confesso por Tibiriçá, o cacique aliado dos portugueses, sogro de João Ramalho, grande proprietário de terras e pioneiro no tráfego de escravos no Brasil.

João Ramalho era um homem lendário, possivelmente náufrago e degradado; audacioso, aventureiro que controlava o litoral e o planalto paulista, situando-se acima dos poderes temporais estabelecidos pela Coroa. Possuía um harém de mulheres, entre as quais estava Bartira, sua predileta, filha de Tibiriçá. Tinha muitos filhos, considerados “mamelucos”. Para os jesuítas esta situação irregular de João Ramalho resultava motivo de ex-comunhão, até ele consentir posteriormente o casamento oficial. João Ramalho inaugurou um novo sistema de escambo com os europeus, no qual a madeira tão prezada, o pau – Brasil foi substituído pelo escravo – indígena. Ramalho escravizou guaianases, carijós e tupiniquim. Por esta razão, transformou-se desde seus inícios em alvo da Confederação.

Os relatos de cronistas contam que certo dia, Tibiriçá recebeu a visita de um emissário dos Tamoio, seu sobrinho Jogoanharo, filho de Araraí seu irmão, que trazia noticias de Aimberé, desejoso de contar com ele na luta da Confederação. Aimberé queria de volta Tibiriçá a seu antigo povo, e assim superar o conflito entre Tupinambá e Tupiniquim. Tibiriçá sentiu-se honrado com o convite, no entanto, questionava sobre o tempo do ataque que seria no prazo de três luas, pedindo um adiamento a seu sobrinho. Este último fala da impossibilidade da postergação, até porque ele era apenas um emissário da notícia, mas volta confiado na adesão para dar a boa nova ao povo Tamoio.

Anchieta percebe que logo após este acontecimento, Tibiriçá não estava em paz consigo, angustiado, o velho cacique Tupiniquim, procura o jesuíta que o induz à confissão. O plano dos Tamoio foi um segredo de confessionário violado por José de Anchieta, em uma tentativa de salvar o exercício de seu apostolado, politicamente engajado. Assim, Anchieta orienta o líder Tupiniquim a voltar a sua posição original em favor dos interesses religiosos e políticos da Coroa, que ele representava, e conta para João Ramalho quando o ataque aconteceria, a idéia era preparar os portugueses para o ataque. Dessa batalha, os Tamoio saíram vitoriosos, mas com muito ódio de Tibiriçá que terminou matando seu próprio sobrinho Jogoanharo.

Por estas e outras razões, Aimberé não confiava nos padres intercessores da paz, que deveria ser selada na aldeia de Iperoig. Anchieta sabia que o líder da Confederação estava à par do seu jogo e temia a fúria daqueles chefes índios que os haviam deixado em cativeiro.


Continua ........Próximo dia 17/12......