sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Ubatuba e o Sobradão do Porto - Ontem e hoje
Hoje
A inquestionável importância arquitetônica e histórica do Sobradão do Porto justifica uma intervenção de grande porte, levando-se em consideração o restauro e consolidação de elementos estruturais, o restauro de elementos artísticos, bem como adaptações e modernização de equipamentos necessários para o uso pertinente do prédio.
Em 2007, março, a Fundart se reuniu com a superintendência do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através do arquiteto José Saia Neto e com a presidência do CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, Sr. Aldo Carvalho, então responsável pela região do Litoral Norte, para tratar do projeto de restauro do Sobradão do Porto, principal patrimônio arquitetônico de Ubatuba e um dos mais importantes do Litoral Norte. Esse encontro foi acompanhado pelas arquitetas Isabela Galvez e Fernando Palumbo, da empresa Palumbo Galvez – Arquitetura e Restauro. Em seguida foram iniciados os trabalhos relativos ao projeto de restauração do importante patrimônio, cuja construção data de 1.846.
Depois de exaustivas ações, em meados de 2008 o projeto foi encaminhado ao IPHAN, que após algumas intervenções aprovou-o, oficialmente, em fevereiro de 2009. Cabe agora ao CONDEPHAAT, já de posse do documento, sua aprovação, que está para ocorrer. Em seguida caberá ao MinC – Ministério da Cultura a liberação final para a captação de recursos objetivando a execução da obra orçada em dois milhões e quinhentos mil reais.
HISTÓRICO
Em 1846 a economia de Ubatuba suplantava até mesmo a da Vila de Santos. Nessa época, um de seus ricos comerciantes, um fazendeiro plantador de café e armador, o português Manoel Balthazar da Cunha Fortes, construiu, para sua residência, um imponente Sobrado nas proximidades do porto, nas cercanias da foz do rio Grande. Benedito, Caetano, José Pequeno, Tobias, Matheus, José “Moreira”, Thimóteo e Gregório teriam sido alguns dos escravos que trabalharam na construção do Sobradão do Porto. Suas paredes de alvenaria européia (tijolo e pedra) alternada com a técnica brasileira da taipa de pilão lembra uma versão litorânea da arquitetura urbana dos países europeus.
Foi o primeiro prédio da Vila a ter um terceiro pavimento. O térreo servia de armazém e os superiores de moradia para a família de Balthazar. O Sobradão tornou-se um símbolo daquele período de prosperidade, de poder e de riqueza irradiadas de seus gradis, das vigas imensas, das varandas voltadas para o mar, de seus salões decorados por artistas franceses. Um monumento que iria resistir à passagem de dois séculos.
Manoel Balthazar da Cunha Fortes faleceu por volta de 1874, provavelmente durante uma de suas viagens de negócios ao Rio de Janeiro. Das seis filhas, Dona Benedita Fortes Costa herdou o Sobradão mantendo a majestade do prédio até mesmo durante o período de decadência econômica de Ubatuba, que teve início com a construção das ferrovias São Paulo – Railway e a D. Pedro II.
Essas ferrovias fizeram com que a antiga estrada Imperial da Serra do Mar e o porto de Ubatuba fossem abandonados. Houve até mesmo uma tentativa frustrada de construção de uma ferrovia entre Ubatuba e Taubaté. O município não mais viveria aqueles dias de progresso e riqueza. Muitos moradores partiram, casarões e sobrados foram abandonados e esquecidos, muitos deles ruíram ou, décadas mais tarde, foram demolidos dando espaço a outro tipo de arquitetura.
Com o falecimento de Dona Benedita Fortes Costa, seu neto e herdeiro Oscar Batista da Costa, para manter o Sobradão do Porto teve de alugá-lo. Em 1926, no prédio histórico instalou-se o hotel Budapest. Posteriormente, em 1934, Oscar vendeu-o à Cia. Taubaté Industrial – CTI, de Félix Guisard. A partir de então o Sobradão do Porto, de residência tornou-se casa de veraneio.
Em 1959, o Sobradão do Porto foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Arquitetônico Nacional – IPHAN. Mais tarde o valor Histórico e Arquitetônico do Sobradão do Porto, e de outros edifícios como os da antiga Câmara Municipal, na Av. Iperoig, e as ruínas da sede da Fazenda Bom Retiro, no bairro da Lagoinha, seriam reconhecidos com o tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo – CONDEPHAAT. Em 1981, o Sobradão do Porto foi desapropriado pela Prefeitura Municipal e, em 1987, tornou-se a sede da recém-criada Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Fundart, em 07 de novembro de 1987.
FONTE : Fundart
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