quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

UBATUBA E SUA HISTORIA



Ubatuba é considerada o paraíso ecológico do Litoral Norte paulista, pois nos encanta com suas riquezas naturais e sua gente simples, carismática e cheia de histórias surpreendentes.


Os índios Tupinambás foram os primeiros habitantes da região de Ubatuba. Eram excelentes canoeiros e viviam em paz com os índios do planalto, até a chegada dos portugueses e franceses, que tentaram escravizar os índios, com o intuito de colonização.

Naquela época Ubatuba era conhecida como Aldeia de Iperoig e passou a categoria de vila somente em 1554.

Travou-se uma batalha diplomática fundamental para se decidir o futuro do Brasil, pois os portugueses e franceses disputavam essa região.

Os franceses eram apoiados pelo seu Rei Henrique II e pelos índios Tupinambás, sendo que para conquistar essas terras, precisavam enfrentar o poderio militar português, que na época era muito forte.

Os portugueses mantinham relações de amizade com os Tupiniquins e com a prisão do chefe Tupinambá Aimberê,que depois de ter sido condenado a morte conseguiu escapar, tornando-se um dos maiores inimigos da Coroa.

Os Tupinambás, sob o comando de Cunhambebe, fizeram aliança com outras tribos, de Bertioga a Cabo Frio, para lutar contra o domínio lusitano.

Os Tupinambás e Tupiniquins organizaram-se, formando a “Confederação dos Tamoios” e passaram a enfrentar os portugueses (Tamoio é uma palavra da língua falada pelos Tupinambás, que significa “o mais antigo, o dono da terra”, portanto a Confederação era a união dos índios, verdadeiros donos da terra).

Para evitar o conflito, os portugueses convocaram, em 1563, uma dupla de negociadores, os Jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta.

A história de Ubatuba começa em 1563, quando o Padre Anchieta promove junto aos índios liderados por Cunhambebe, a chamada Paz de Iperoig, que impediu os silvícolas de destruir as Vilas de São Paulo e São Vicente.

Em 14 de setembro de 1563 foi assinado o tratado que para algumas tribos significou sua aniquilação. Os franceses foram expulsos e os índios pacificados.

Eles partiram de São Vicente para a Aldeia de Iperoig e sua missão de paz foi lenta e difícil. Anchieta ficou prisioneiro durante aproximadamente quatro meses e nesse período escreveu vários poemas, dentre eles o célebre “Poema à Virgem” nas areias da praia do Cruzeiro, enquanto Manoel da Nóbrega voltava à Aldeia de São Paulo para concluir o Tratado da Paz de Iperoig; o primeiro tratado de paz das Américas.

Com a paz firmada, o Governador Geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, tomou providências para colonizar a região, enviando os primeiros moradores para garantir a posse da terra para a Coroa Portuguesa.

O povoado conseguiu sua emancipação político-administrativa e foi elevado à categoria de Vila em 28 de Outubro de 1637, com o nome de Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, tendo como fundador Jordão Albernaz Homem da Costa, nobre português das ilhas dos Açores.

Os povoadores se instalaram ao longo da costa, utilizando o mar como meio de transporte. A pobreza enfrentada pelos primeiros povoadores da região permanece até o final do séc. XVIII quando a plantação de cana-de-açúcar permite pela primeira vez que Ubatuba tenha uma economia significativa. Todavia, com o surgimento da economia do ouro, a região do Litoral Norte se transforma em produtora de aguardente e açúcar para o abastecimento das áreas de Minas Gerais, que experimentava um novo surto do progresso. A Vila de Ubatuba deixa de ter apenas a agricultura de subsistência.

Em 1787, o presidente da Província de São Paulo, Bernardo José de Lorena, decretou que todas as embarcações do litoral seriam obrigadas a se dirigir ao porto de Santos, onde os preços obtidos pelas mercadorias eram mais baixos. A partir dessa pressão do governo, Ubatuba entra em franca decadência e muitos produtores abandonaram os canaviais. Os que ficaram passaram a cultivar apenas o necessário para a subsistência.

A situação só melhorou a partir de 1808 com a abertura dos portos. A medida beneficiou diretamente a então Vila de Ubatuba. O comércio ganha impulso inicialmente com o cultivo do café no próprio município, enviado para o Rio de Janeiro. Todavia, o café se expande para todo o Vale do Paraíba e Ubatuba passa a ser o grande porto exportador, privilegiada mais ainda pela estrada Ubatuba - Taubaté.

Ubatuba nessa época ocupava o primeiro lugar na renda municipal do Estado. Novas ruas são abertas, o urbanismo, no sentido moderno, alcança o município. São criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, chafariz com água encanada, mercado municipal e novas construções para abrigar a elite local, dentre as quais o sobrado de Manoel Baltazar da Costa Fortes, hoje sede da FUNDART. É nesse apogeu que Ubatuba é elevada a categoria de cidade em 1855 e em 1872 foi elevada a comarca, juntamente com São José dos Campos. Nesse ano tinha 7.565 habitantes.

As grandes construções datam desse período, o prédio da atual Câmara Municipal e a Igreja Matriz. Pouco mais tarde, a partir de 1854, iniciou-se a construção da Santa Casa da Irmandade do Senhor dos Passos de Ubatuba.

A construção da ferrovia Santos-Jundiaí, aliada à economia cafeeira que, se por um lado permitiu que a Vila alcançasse o status de cidade, por outro, levou o município a seu declínio, quando o café deslocou-se para o Oeste Paulista, provocando a decadência econômica do Vale do Paraíba e conseqüentemente, de Ubatuba, porto de exportação.

De 1870 a 1932 Ubatuba ficou isolada e decadente, as terras desvalorizaram-se, as grandes residências transformaram-se em ruínas. Em 1940 Ubatuba se resumia a 3.227 habitantes.

Depois de um longo período, após a Revolução Constitucionalista de 1932, com o objetivo de integrar a região, cujo isolamento ficou patente no conflito, o Governo Estadual promoveu melhorias na Rodovia Oswaldo Cruz (Ubatuba-Taubaté), passando a cidade a contar com uma ligação permanente com o Vale do Paraíba. Com a re-abertura da estrada, inicia-se um novo desenvolvimento econômico: o turismo.

No início da década de cinqüenta, com a abertura da SP55, Ubatuba-Caraguatatuba, intensifica-se o turismo e a especulação imobiliária. Em 1967 Ubatuba é elevada a categoria de Estância Balneária e culmina com a abertura da Rodovia Rio-Santos em 1975, quando o turismo se torna a maior fonte de renda do município.

Museu Histórico "Washington de Oliveira"



"Construídas a Câmara, a Cadeia e a Igreja, elementos básicos para a instituição de uma vila, feito o recenseamento para confirmar o mínimo populacional necessário a tal providência, por Provisão de 28 de outubro de 1637, do então Governador Geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, a antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de Vila sob o pomposo nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba".




Oliveira, Washington de. Ubatuba Documentário (Coleção Depoimento - v. 11).

São Paulo, Editora do Escritor, 1977. p. 43, 44.



Assim, surgiu a 1.ª cadeia em Ubatuba: um edifício público para aprisionar suspeitos e transgressores das leis, que tira ou restringe a liberdade do indivíduo segundo normas, ética e moral impostos e seguidos pela sociedade que vem progredindo e evoluindo através dos tempos.

No Século XIX, até 1833, a Prisão compartilhou com a Câmara o mesmo endereço. Depois, com o edifício ruindo, passaram a ocupar casas alugadas sem infra-estrutura (como celas sem grades) até a Câmara finalmente conseguir uma sede própria: o casarão do Dr. José Paulo do Bonsucesso Galhardo na atual Avenida Iperoig. Este casarão, que também foi sede do Fórum e do primeiro museu de Ubatuba, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - CONDEPHAAT. Porém, as inúmeras reclamações e pedidos efetuados pela Câmara, durante o Império, para construção de uma sede apropriada para a cadeia somente foram atendidos pelo Governo Estadual Republicano no início do Século XX.

Hoje, objeto de recordação para alguns e instrumento de informação e educação para outros, a Cadeia Velha, *antiga estação ferroviária (nunca utilizada) reformada entre 1901 e 1902 foi o primeiro prédio construído em "linhas modernas" em Ubatuba. O projeto de reforma foi efetuado por Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (Euclides da Cunha 1866-1908), engenheiro, militar, jornalista, escritor e autor da famosa obra literária: "Os Sertões", quando funcionário da Secretaria da Agricultura "Indústria" Comércio, Viação e Obras Públicas do Governo do Estado de São Paulo. A reforma foi executada pelo construtor português Silva (primeiro nome desconhecido) e pelo mestre pedreiro Manuel Sapão.

Nas primeiras décadas do Século XX, situada na antiga Praça do Programa, atual Praça Nóbrega, a Cadeia alojou os poucos caiçaras que transgrediam as "leis e a ordem" como: bêbados, brigões, presos e carcereiros a caminho da Colônia Correcional do Porto das Palmas (na Ilha dos Porcos, posteriormente Presídio da Ilha Anchieta - projeto de Ramos de Azevedo, atualmente parte do Parque Estadual da Ilha Anchieta PEIA) e, hospedaria para viajantes.

Em 1972, a Cadeia foi transferida para uma nova e ampla sede na Rua Thomaz Galhardo, mais adequada ao aumento da população carcerária. Reformado, o antigo edifício passou a sediar diferentes órgãos e instituições: o Centro Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, de 1977 a 1982, e a Companhia Estadual de Tratamento de Esgoto e Saneamento Básico - CETESB, de 1984 a 2000.

No início do Século XXI, reconhecida como patrimônio histórico municipal a ser preservado, a Cadeia Velha passou a ser o espaço da História... O primeiro museu fundado na gestão do prefeito Francisco Matarazzo Sobrinho, pelo Decreto 25 de 23/11/1966, sob a denominação de Museu Regional de Ubatuba, foi montado nos porões da Câmara em 1968 pelo historiador Paulo Camilier florençano; Nello Garcia Miglioni; Alcir José Guaglio, Luiz Ernesto Kawall, jornalista, e pelo artista plástico José Vicente Dória da Morta Macedo. Mas, devido ao excesso de umidade, que gerou mofo e bolor, e o ataque de pragas, como cupim e broca, a conservação do acervo museológico ficou comprometida.

O Museu, com o nome modificado para Museu Histórico Pedagógico de Ubatuba em 1970, por Decreto do Governador Abreu Sodré, teve seu acervo transferido em 1987 para o andar térreo do Sobradão do Porto/Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - Fundart, patrimônio histórico tombado pela antiga Superintendência do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN (atual IPHAN) e pelo CONDEPHAAT. No Sobradão do Porto, o Museu ganhou o apelido de "Museu Hans Staden" (não houve uma mudança oficial do nome). Um ano depois, a visitação foi suspensa por problemas técnicos e estruturais do acervo museológico e do edificio (processos de restauro paralisados no Governo Collor), além da falta de mão-de-obra especializada, ficando a Cidade sem o museu histórico. Mas em 24 de julho de 2001, o Museu novamente montado e reestruturado foi aberto ao público em nova sede: a Cadeia Velha.

O Museu teve seu nome modificado para Museu Histórico "Washington de Oliveira", pela Lei 2092 de 16/10/2001, gestão do prefeito Paulo Ramos, em homenagem ao ubatubense farmacêutico, ex-prefeito, pesquisador e escritor Washington de Oliveira, o "filhinho da farmácia" ou, simplesmente, "filhinho", falecido em 19 de janeiro de 2001, aos 93 anos de idade filhinho escreveu três livros publicados: Ubatuba - Documentário, Lendas e Outras Histórias e a Farmácia do Filhinho. Dedicou sua vida à valorização da História e da Cultura de sua terra e a preservação da saúde e da "memória" do caiçara de Ubatuba.



*Segundo depoimentos de antigos moradores como o do pesquisador e escritor Washington de Oliveira (Filhinho da Farmácia) e pesquisa efetuada pelo jornalista Gama Rodrigues (textos diversos de Gama Rodrigues e outros organizados pelo historiador José Luiz Pasin: "O Outro Euclides - O Engenheiro Euclides da Cunha no Vale do Paraiba 1902-1903, UNISAL - Núcleo de Pesquisa Regional, Lorena, 2002.)".



O Museu hoje



O Museu Histórico já passou e ainda passa por muitos problemas, ainda lutamos para a sua sobrevivência. A Cadeia Velha, sua atual sede, é um prédio antigo, de grande importância histórica e arquitetônica para Ubatuba. Mas mal conservado por décadas, acabou com muitas infiltrações internas e externas que destruíram parte dos painéis e que prejudicaram o acervo museológico e arqueológico entre 2001 e 2002. Trabalhos morosos de reformas e consertos levaram a descoberta de um passado de remendos no encanamento antigo de ferro e no escoamento das águas das chuvas. Mesmo assim, são mais de 100 anos de História! Esse importante patrimônio histórico ainda precisa de restauro e precisará sempre de manutenção, ou seja, de atenção!

O acervo museológico em madeira e metal (ferro) também precisa de cuidados, cuidados eternos...contra cupim, broca, umidade, etc. Precisará sempre ser estudado, revisto, reestruturado, reorganizado e ampliado. Um museu não é uma instituição estática, não é um objeto pronto, será sempre uma obra inacabada para que possa ser atualizada e modernizada. Acima de tudo, os materiais expostos representam a vida caiçara através dos tempos. Somos nós através de nossas ações, boas ou ruins...




Endereço

Praça Nóbrega, nº 08 - Centro



Agendamento de Visitas

Escolas e hotéis devem agendar as visitas com antecedência e através de ofício com os seguintes dados: nome da instituição, telefone para contato, nome dos responsáveis acompanhantes (guias de turismo, professores, etc.), total de alunos ou turistas, faixa etária, origem (cidade/estado no caso de turistas, bairro no caso dos estudantes) e data e horário da visita. Os dados solicitados são importantes para os trabalhos de estatística, relatórios e levantamento histórico do Museu e da Fundart.