sábado, 18 de fevereiro de 2023

Madre Glória – Mediadora da Arte em Ubatuba

 

Madre Glória – Imagem de Odaury Carneiro



Madre Glória nasceu Helena de Freitas Guimarães em 25/03/1907 em Campinas, filha de Francisco de Freitas Guimarães e de Dona Albertina de Oliveira Freitas Guimarães. Única menina em meio aos seis irmãos. Aos 6 anos mudou-se com a família para Santos. Inteligente e autodidata, a menina aprendeu os idiomas inglês e francês e, desde cedo, demonstrou interesse em aprofundar seus estudos. Comunicativa, alegre e espontânea passou a dedicar-se à caridade e à assistência aos menos favorecidos.


Helena cursou o ginásio em colégio de freiras e viu surgir lentamente sua vocação religiosa. Aos 20 anos de idade entrou para o convento e, em 1928, viajou para Bélgica para estudar e se tornar Madre Glória, lá permanecendo por mais 5 anos. Em 1933 retornou ao Brasil e estabeleceu-se em São Paulo, no colégio Santo Agostinho. Em 1942 foi para Recife onde permaneceu desempenhando trabalhos religiosos até 1950. Depois a Madre retornou à cidade de Santos, como professora da escola de congregação.

Em 1956, Madre Glória seguiu para Ubatuba, acompanhando a irmã Jane. Naquela época, a viagem de São Paulo para Ubatuba demorava cerca de sete horas, quando não parava no caminho à espera de socorro. As estradas eram péssimas. Para Taubaté, cinco horas de jardineira. Parava-se em toda bica d’água para colocar água no motor, além dos pulos dentro da jardineira.

Foi a fundadora da ALA de Ubatuba (Congregação de Nossa Senhora das Cônegas de Santo Agostinho), espécie de caravana de auxílio às populações litorâneas. A Irmã visitava um povoado em um dia, no outro dia uma praia distante, em outro dia um agrupamento perdido na encosta da serra, em seguida estava em comunidades tradicionais distantes, sempre auxiliando a todos. Viajava de barco com os pescadores para conhecer os habitantes das ilhas que avistava ao longe. Era uma andarilha. Gostava de ouvir os causos e as histórias sobre os índios e os personagens folclóricos. Sempre com o olhar curioso sobre as ruínas que marcavam o passado glorioso daquelas paisagens. Fez amizade e conheceu muita gente. Teceu laços com todos, principalmente com os pobres que faziam questão de cumprimentá-la nas ruas por onde a avistavam.

Madre Glória – Foto de Zizinho Vigneron

Visitar as praias mais afastadas era uma aventura, e ela viajava de barco, a pé, ou mesmo de carona na charrete do professor Joaquim Lauro para o Saco da Ribeira, Lázaro e Praia Dura. No Corcovado, deu aulas de catecismo e visitou muitas escolas de Paraty, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilha Bela.

Madre Glória também deu aulas de canto, de pintura, de francês e desde a sua chegada a Ubatuba e ocupou com os presos. A cadeia localizada na Praça Nóbrega, tinha três celas, uma para homens, uma para mulheres e uma para os loucos. Era uma cela toda forrada que abrigava os doidos. Madre Glória deu assistência aos presos, visitando-os frequentemente e os ajudando na confecção de trabalhos artesanais e na venda, cujo dinheiro comprava novo material. Esse material se transformava em toalhas de mesa, porta joias, pipas, barcos feitos de palitos de dente entre outros.

Madre Glória - Fonte - Vigneron
Madre Glória – Fonte – Vigneron

Com a abertura da rodovia Rio-Santos, a ALA foi extinta, pois o trabalho da ALA era justamente auxiliar e socorrer as pessoas das praias mais afastadas, e a construção da rodovia facilitou em muito a comunicação entre as vilas e a cidade. Madre Glória manteve-se dando aulas nos colégios gratuitos, realizando trabalhos religiosos e lecionando artes e piano, uma atividade que conhecia bem.

Com estudos em filosofia, latim, pedagogia, psicologia, canto, declamação, expressão corporal, teatro, dança, história da arte, pintura, desenho, literatura francesa, inglês, italiano, órgão, harmonia, composição e regência, Madre Glória sempre foi presença indispensável em todas as manifestações que contribuíram para o progresso de Ubatuba. Amante da Arte, lecionou e ajudou muitas pessoas, inclusive os presidiários a viverem melhor com o manuseio dos trabalhos artesanais.

Foi uma das primeiras professoras da escola estadual “Capitão Deolindo de Oliveira Santos”. Revolucionária, promoveu em 1972, junto com seus alunos, a pintura do muro do cemitério do centro de Ubatuba com margaridas de muitas cores. Ensinou uma arte que fazia sucesso na época, a escultura na areia, e seus melhores escultores participavam de concursos municipais e regionais.

Madre Glória participou intensamente da vida da cidade, notadamente nas áreas estudantil, humanitária e religiosa, contribuindo de forma decisiva com sua formação cultural, para o desenvolvimento da arte em Ubatuba, que era uma pequena comunidade, provinciana, isolada em relação dos grandes centros. Foi homenageada em vida, pela Câmara Municipal de Ubatuba, em 19/08/1980, que através do Decreto Legislativo n° 2/1980, concedeu a Madre Glória, o Título de “Cidadã Ubatubense”.

Madre Glória faleceu em 26/05/1998 aos 91 anos de idade deixando importante legado cultural e artístico ao povo ubatubano. Em novembro de 1998, o prefeito Zizinho Vigneron inaugurou uma escola no bairro do Ipiranguinha, Parque dos Ministérios, que em sua homenagem chama-se Escola Municipal Madre Maria da Glória.

Fonte de Informações:
https://ubatubense.blogspot.com.br/2009/05/madre-maria-da-gloria.html
Revista Científica Educação INEC – Edição Maio/2017, por Maria Luiza Gil de Oliveira da Motta e Ana Cabanas.


FONTE..........   https://www.curiosidadesdeubatuba.com.br/madre-gloria/

 
 
 
 
 
 
 



Félix Guisard – Empresário que faz parte da história de Ubatuba

 


Félix Guisard – Empresário que faz parte da história de Ubatuba


Félix Guisard, empresário brasileiro, nasceu em Teófilo Otoni, em 22 de janeiro de 1862 e faleceu em Taubaté, em 29 de março de 1942, aos 80 anos, era assíduo frequentador de Ubatuba e virou nome de rua na cidade. Seus pais, Louis-Félix Guisard (1834 – 1879) e Amélie Mallet Caillaud (1841 – 1933), eram franceses, que se refugiaram no Brasil após o Golpe de Estado na França efetuado por Luís Napoleão Bonaparte em 2 de dezembro de 1851.



Félix Guisard foi um dos pioneiros da industrialização do Vale do Paraíba na última metade do século XIX, chegando a presidência da Companhia Taubaté Industrial (CTI), em maio de 1891, comandando a produção de meias e camisas tecidas de algodão. Os funcionários da CTI Taubaté descobriram Ubatuba graças a este industrial. “A empresa contava com diversas atividades voltadas ao lazer, no entanto, o que fez mais sucesso entre os funcionários da CTI foi a Colônia de Férias em Ubatuba. As férias coletivas aconteciam geralmente no mês de junho. Todos os operários e suas famílias eram convidados pela fábrica a passar os dias de folga à beira mar, sendo todo o passeio custeado pela empresa.

Félix Guisard
Félix Guisard descontraído em Ubatuba

Em 1937, a companhia gastou mais de 142 contos de réis com as férias remuneradas dos funcionários, e providenciou para a viagem a Ubatuba o transporte em carros e caminhões, proporcionando ainda bailes, cinema e diversos passeios. A construção de uma Colônia de Férias apropriada foi concluída em 1941. Cerca de 1500 operários e suas famílias inauguraram o conjunto de edifícios, que contava com instalações sanitárias, refeitórios, salão de bailes, sala de projeções e pequenos apartamentos, resultado do investimento de milhares de contos de réis.

Talvez a mordomia não tivesse tanto valor aos operários quanto a presença do presidente da companhia ao passeio. Felix Guisard fazia questão de acompanhar os trabalhos em suas férias. A ideia de levar os operários à Ubatuba veio logo no momento em que o empresário conheceu o litoral norte. Em maio de 1933, Guisard fez uma excursão com seus filhos mais velhos pela Serra do Mar. A viagem durava mais de dez horas, devido às condições da estrada.

Félix Guisard
Félix Guisard

Poucos se aventuravam pela serra de carro, além de ser um trajeto complicado em meio à mata, havia o perigo do ataque de onças. No entanto, ao chegar a Ubatuba e se maravilhar com aquela natureza intocada, Félix fez seus planos: É preciso colocar essa cidade ao alcance dos operários da CTI, disse ao filho Raul. E Guisard perseguiu esse sonho insistentemente até conseguir realizá-lo.” (fonte do texto Odaury Carneio via  facebook).

A CTI era controlada por empresários ingleses e fazendeiros de café de Taubaté, e posteriormente teve capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo. Guisard foi também pioneiro da educação para o trabalho, ao criar como presidente da CTI em 1900 a Sociedade para o Ensino Industrial de Taubaté, agora denominada Escola SENAI Félix Guisard, com a criação de cursos noturnos para explicação de: Direito Comercial, Geografia Comercial, Usos e Costumes Comerciais e Escrituração Mercantil. Félix, foi também Prefeito da cidade de Taubaté de 21 de janeiro à 18 de setembro de 1930.

Félix Guisard Filho – O sucessor
Nasceu em Raiz Serra (RJ), filho de Jeanne Rosan Guisard, francesa, que chegou ao Brasil aos três anos de idade e de Félix Guisard, industrial, o maior acionista e presidente da Companhia Taubaté Industrial, prefeito e grande benemérito da cidade. Desde jovem Félix Guisard Filho, dedicou-se a Taubaté. sua terra adotiva, dando-lhe força e trabalho, inteligência e cultura.

Félix Guisard e a história da Companhia Taubaté Industrial
Félix Guisard e a história da Companhia Taubaté Industrial – Imagem extraída da página de Facebook “Orgulho de ser Paulista”

Era formado em medicina, onde defendeu brilhante tese, ingressou no corpo médico do Hospital Santa Izabel e foi diretor e provedor em sucessão a seu pai, Dr. Félix Guisard. Foi também fazendeiro, industrial, jornalista, e publicou o valioso estudo biográfico “Dom José da Silva”. Deixou numerosa descendência (que se multiplica) e um exemplo de vida laboriosa, dignificante, criativa  e íntegra.

Fonte de Informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Guisard
https://ubatubense.blogspot.com.br/2017/05/funcionarios-da-cti-taubate-descobrem.html
Facebook “Orgulho de ser Paulista”: https://www.facebook.com/OrgulhoSP/posts/2623028154383984/

FONTE.....       https://www.curiosidadesdeubatuba.com.br/felix-guisard/