quarta-feira, 26 de maio de 2010
UBATUBA 1945 - 1949 : O desenvolvimento de Ubatuba
De acordo com informações do senhor Clementino Soares, um ubatubense que registra em sua memória momentos do desenvolvimento da cidade de Ubatuba cita que um homem de pensamentos progressistas, teve grande desempenho na evolução e crescimento der Ubatuba. Dr. Alberto, como era conhecido por todos, mudou Ubatuba dos seus anos de penúria em que passava. Foi no ano de 1946 que retornou à sua terra natal, um dos seus filhos, um cidadão chamado José Alberto dos Santos, um caiçara nascido ubatubense. Ao retornar à Ubatuba, já formado em advocacia, Alberto depara-se com uma cidade decadente, abandonada administrativamente, mais pobre, sem perspectiva de desenvolvimento. A cidade se resumia em algumas poucas ruas, sem calçamento e muito estreitas, algumas ligações entre elas eram feitas por caminhos. Não havia água encanada, a luz elétrica era muito deficitária, e a população sofria com o desemprego.
A pobreza era muito presente e a falta de emprego e a dificuldade financeira não permitia, naqueles anos, o acesso a uma assistência médica. Médico era artigo de luxo, levando as pessoas se socorrer com remédios caseiros, à base de ervas feitas pelo Sr. Juquinha Ferreira, e aqueles com algum dinheiro compravam na farmácia do Seu Filhinho. A “coisa” era tão crítica que para indivíduo ao invés de comprar um par de calçado, um sapado, muitos aderiam aos tamancos que eram mais baratos.
Dr. José Alberto dos Santos candidatou-se por indicação do Diretório do Partido U.D.N., em São Paulo, elegendo-se prefeito de Ubatuba no ano 1947, conseguindo dar uma rasteira política nos Oliveiras. Nesta época a administração pública e política encontravam-se nas mãos da família Oliveira (Sr. Ernesto, Deolindo e Washington de Oliveira). Com uma visão empresarial e experiências trazidas de São Paulo, Alberto promoveu na cidade de Ubatuba uma grande revolução administrativa, defendendo os interesses e o bem estar da sua população.
Nos anos em que foi prefeito de Ubatuba (1947 a 1950 – confirmar – 1956 a 1959 e 1969/1970 – renúncia de mandado1), os benefícios foram muitos como, por exemplo: criou um mercado de trabalho favorecendo a área da construção civil; modernizou o sistema de água encanada; trouxe novas instalações de energia elétrica e um eficiente serviço público de iluminação, através da CTI – Companhia Elétrica de Taubaté Industrial, inaugurado em 18/07/1948. Um dos grandes benefícios para a urbanização da cidade foi a abertura de novas ruas, chamadas na época de “Ruas Novas”; o calçamento das principais ruas já existentes e o alargamento daquelas que eram apenas caminhos; abriu a Av. Iperoig onde ali servia apenas como campo de pouso para aviões de pequeno porte, transferindo para o terreno onde hoje existe o Campo de Aviação “Gastão Madeira”. Conseguiu junto ao Governo do Estado a abertura da estrada ligando Ubatuba a Caraguatatuba. Para fazer o traçado desta estrada, ele próprio saiu de Ubatuba a cavalo sentido Caraguatatuba para buscar os engenheiros e sua equipe de topógrafos e auxiliares de campo, que o esperavam lá.
Dr. Alberto tinha uma pretensão de desenvolver a cidade de Ubatuba, tirar daquele marasmo e subdesenvolvimento que se encontrava. Para isso, além alargar, calçar e abrir novas ruas, ele se destacou por fazer muitas doações de terrenos pelo centro com o intuito de mudar o seu aspecto urbanístico. Terrenos como os da Av. Iperoig, em frente ao campo de aviação, onde se encontram muitos restaurantes de frente para o mar (Praia do Cruzeiro), nas ruas Dona Maria Alves, Gastão Madeira, Conceição, D. João III, entre outras, são exemplos de doações. Mas, como a intenção do Dr. Alberto era a urbanização e crescimento da região central, os presenteados tinham que construir as suas casas nos terrenos doados por ele.
Enfim, este homem de visão ampla transformou em alguns anos de administração municipal, em três décadas seguidas de um município parado no tempo a uma cidade pronta para encarar o futuro e o que ele reservava pela frente.
Ubatuba teve seus altos e baixos durante seus longos anos de história. Sua comunidade variada, de imigrantes que se juntaram aos caiçaras que aqui estavam, que com o tempo muitos foram e outros vieram. O número dos habitantes sempre variou muito, isso desde a sua fundação. Em 1810, por exemplo, eram 10.400 habitantes, foi uma época que a cidade atingia sua maior força. Em 1950, eram menos de 8.000 habitantes, uma queda justificada por causa da abertura da ferrovia de Santos levando o comercio marítimo local a perecer. O crescimento populacional da cidade tomou uma proporção descomunal e isso foi provocado por um dos principais fatores, que foi durante as últimas quatro décadas e está sendo no presente, o “combustível” propulsor na corrida do progresso e o seu desenvolvimento econômico, o “Turismo”.
Deste momento do texto em diante, estaremos destacando as próximas seis décadas vividas de história e do desenvolvimento rumo ao progresso na cidade de Ubatuba. A exploração nas terras tupinambá, herança dos muitos caiçaras, hoje é invadida por muitos em busca de uma estabilidade financeira. Esta busca desenvolve-se através do comércio em todos os sentidos, tanto na exploração imobiliária como as hoteleiras, residências fixas ou veranistas com aluguéis temporários, sempre visando a exploração do turismo local.
A década de cinqüenta, mais especificamente no ano de 1956 é reiniciada a marcha rumo ao progresso. Uma ligação à Capital com uma estrada de rodagem, mas muito precária, inicia o futuro da região como sendo uma localidade a ser explorada por muitos daqueles aventureiros em descobrir novos horizontes que não fosse as grandes cidades. Esta facilidade no acesso via estradas de rodagem tanto facilitou o fluxo de pessoas que em 1966, o número de habitantes da cidade de Ubatuba volta a contar com muito mais que 10.400 munícipes.
A década de 60 foram anos em que a economia da cidade de Ubatuba buscava estabilidade em diferentes formas de exploração, como a pesca, o turismo, o granito verde e horticultura, que eram bases do seu desenvolvimento. O turismo era a economia que mais aumentava, com um índice de crescimento superior, considerada a mola propulsora do seu progresso.
Ubatuba, já com seus 330 anos de vida e seus quase 15 mil habitantes, começa a caminhar de fato, rumo ao progresso. Reerguendo-se da estagnação que se encontrava, a cidade iniciou-se pouco a pouco com atividades típicas de um município que galgava rumo ao progresso. O seu comércio industrial, os loteamentos e os hotéis eram evidências de uma nova etapa na longa jornada de sua história rumo ao progresso. Em 1967 existiam 16 pequenas industrias na cidade, mais 10 firmas que exploravam a extração do granito verde e outros tipos de pedras. Eram empresas em várias atividades que procuravam crescer levando seus produtos a um padrão de qualidade cada vez maior. As empresas de prestação de serviços ao turista e visitante, como hotéis, restaurantes e outros, cresciam em grande escala.
O comércio se voltava cada vez mais para este estilo da economia, uma nova tendência cada vez mais forte. Para se ter uma idéia do crescimento comercial na cidade, naquele ano de 1967, registrava que em 5 anos passou de 116 para 230 casas comerciais. Além do crescimento demográfico dos habitantes residentes, mas também a flutuante (alta temporada) a cidade procurava melhorar os serviços públicos, como o de água, esgoto, luz, telefonia, com o calçamento de ruas, e outros. Isso tudo, sempre pensando no desenvolvimento econômico da cidade, na exploração do turismo e a alta temporada era o foco para esta exploração.
Ainda no ano 1967, um exemplo de visão de progresso na exploração do turismo no município, provando o crescimento de tal economia foi o crédito da VASP – Aviação Aérea de São Paulo, que servia a cidade de Ubatuba, com uma linha aérea semanalmente, que contribuía para destacar a cidade de Ubatuba, trazendo de longe aqueles visitantes ao Litoral Norte paulista e especialmente à Ubatuba.
Vale lembrar, que antes mesmo dos anos 60, um trafego aéreo sob a cidade de Ubatuba já traziam visitantes e turistas dispostos a uma aventura aérea numa travessia do planalto, sobre a crista da serra do mar, isso no início dos anos 50. Em um curto tempo de viagem, numa linha reta de 160 quilômetros, pequenos aviões, modelos como os chamados “Stinson”, para 3 passageiros, que cruzavam os céus, desde São Paulo até Ubatuba, uma viagem de aproximadamente 50 minutos. Eram serviços aéreos regulares feitos pela empresa “VALPAR” – uma companhia paulista de aviação, com escritório e São Paulo que transportavam passageiros para Ubatuba e cidades do Vale do Paraíba. Outra empresa aérea também costumava fazer o transporte de passageiros de São Paulo à Ubatuba, chamava-se “Star”, uma companhia de táxis-aéreos, que costumava cobrar pelo tempo de vôo.
Naquele tempo, dos anos 50, Ubatuba dispunha de um ótimo campo de pouso. Ainda não existia o campo de aviação “Gastão Madeira”, mas neste mesmo espaço existia uma pista de 1.000 metros, que proporcionava, quando necessário à aterrissagem de grandes aviões que faziam a rota Rio de Janeiro a São Paulo. Isso porque a cidade de Ubatuba se encontrava bem na linha da rota, caminho entre as duas capitais, e que contava com um rádio-telegráfico.
TEXTO EXTRAIDO DO LIVRO :
UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA "
Editado em 2005 - Por Jorge Otavio Fonseca e Juan Drouguett
Observação : Este livro pode ser encontrado na Biblioteca Atheneu Ubatubense , Praça 13 de Maio- Centro - Ubatuba _SP
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