Gosto de sonhar e vou buscar no passado, ali por volta de 1936, o vulto
nobre e esforçado de um ubatubense de verdade, Coronel Ernesto de
Oliveira, inteligente e convincente no modo de tratar seus semelhantes,
pois era Coletor Estadual na cidade, nas horas vagas advogava e quase
sempre ganhava as causas de seus constituintes. Pai extremoso,
trabalhava à luz de lampião, até altas horas da noite, para poder manter
seus filhos estudando fora de Ubatuba.
A primeira entrevista que tive com o senhor Ernesto de Oliveira foi
motivo de funda surpresa para mim. É que eu, recém chegada de Santos,
fora residir na Praia da Enseada e fizera essa acidentada viagem por mar
na lancha “Ubatuba”, que apontava semanalmente na tranquila praia dos
passados anos.
Uma pequena venda dava o pão de todos os dias. Meu marido, turrão como
ele só, resolveu não pagar os impostos de nossa pequena casa de
negócios. Dizia-me que iria só negociar por quatro meses e não valia a
pena pagar por tão pouco tempo.