quarta-feira, 10 de outubro de 2007
LITERATURA : LIVRO : UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA
Em 2005, com base num trabalho para a Faculdade, meu mano caçula Jorge Otávio Fonseca, recebeu a honra de escrever um livro (fato inédito em sua vida) à quatro mãos, convite este feito pelo professor Juan Drouguet, meu mano aceitou o convite e o desafio e posso dizer que ele realizou um belo traballho, pois após longas pesquisas, filtrando vários livros, trabalhos, realizando várias pesquisas em conjunto com o professor e escrito renomado Juan Drouguet, Otávio conseguir dar a sua importante contribuição literária à Ubatuba, editando e lançando uma obra digna e comparada à grandes obras literárias do Brasil. Este livro cuja a capa você vê acima servirá como base para está página, a qual vem enriquecer esta Revista Eletrônica , intitulada " O Caiçara". No decorrer deste e do próximo ano você terá o prazer de viajar pela rica história da minha querida Ubatuba, graças ao livro UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA.
UBATUBA , DEMANDA TURÍSTICA...
Demanda Turística
A demanda turística varia de acordo com o ponto de vista a ser considerado, uma vez que Ubatuba é, como já mencionamos, um destino turístico, e isso define toda e qualquer praia como um recurso natural de interesse, demanda e desejo por parte do turista. Na economia, a demanda turística está atrelada à relação de quantidade de qualquer produto, bem ou serviço que o público em geral queira e possa comprar por um preço específico, dentro de um conjunto de preços possíveis em um tempo determinado.
A demanda turística anual, segundo pesquisas realizadas pela Secretaria de Turismo de Ubatuba SETUR, a COMTUR e a empresa MEDIMIX em janeiro de 2004, referem que o período considerado “alta temporada” vá do dia 26 de dezembro até o 31 de janeiro Também são considerados Carnaval, Semana Santa e os feriados prolongados tradicionais como 7 de setembro, 12 de outubro e Finados, em 1 e 2 de novembro. A baixa temporada, que vai de março a dezembro, registra movimento médio de 20% a 40% do fluxo turístico. O mês de julho, considerado de baixa temporada, tem aumento de 40 a 60% populacional, devido à visita dos turistas. A população flutuante na alta temporada mantém a média –de 300 mil turistas com permanência média de sete a dez dias, chegando a picos de 800 mil no Réveillon e Carnaval. Em geral, o turista busca lazer (94,6%), um número menor encara a viagem como de “caráter familiar (4,2%), outros dão preferência à prática de esportes (2,4%), e apenas 1% têm interesse ecológico ou paisagístico”. O restante (4,2%) vai à cidade em viagens de negócios, ou tratamento de saúde, entre outros.
As pesquisas também mostram que o mais desagradável para os turistas é a falta de infra–estrutura local, não adequada para recebê-los. Os documentos também citam a falta de planejamento na recepção, até mesmo a “impressão”, mantida por alguns visitantes, de Ubatuba ser uma cidade “abandonada”.
* * *
Ubatuba tem mais de 84 praias, ao longo de cem quilômetros de costa . Algumas ainda sofreram pouca interferência humana, enquanto outras localidades já abrigam uma ampla infra-estrutura para receber os turistas, com várias opções de atividades para lazer ou esportes.
Fazem parte do litoral sul de Ubatuba, as praias de Galhetas, Figueira, Ponta Aguda, Mansa, Lagoa, Frade, Saco da Banana, Raposa, Caçandoquinha, Caçandoca, Pulso, Maranduba, Barra/Palmira, Domingas Dias, Lázaro, Sununga, Sete Fontes, Flamenguinho, Flamengo, Ribeira, Saco da Ribeira, Lamberto, Perequê – Mirim, Santa Rita, Sapé, Lagoinha, Oeste, Peres, Bonete, Grande do Bonete, Deserto/Cedro do Sul, Fortaleza, Brava da Fortaleza, Costa, Vermelha do Sul, Dura, Enseada, Fora, Godoi, Toninhas, Grande, Tenório, Vermelha do Centro e Cedro.
No litoral central de Ubatuba encontramos as praias de Itaguá, Iperoig/Cruzeiro e Matarazzo.
O litoral norte de Ubatuba tem as praias de Perequê-Açú, Barra Seca, Saco da Mãe Maria, Vermelha do Norte, Alto, Itamambuca, Prainha, Félix, Lúcio/ Conchas, Prumirim, Camburi, Léo, Meio, Puruba, Justa, Ubatumirim. Almada, Brava do Norte, Fazenda, Picinguaba e Brava.
Portanto, em posse de todas estas coordenadas que nos servirão para percorrer o litoral de Ubatuba, sugerimos os dois itinerários a seguir, traçados de acordo com a divisão espacial do litoral. As dez primeiras praias escolhidas seguem o recorrido da visão: norte, centro e sul, as dez seguintes, o percurso do olhar: sul, centro e norte.
TEXTO DO LIVRO " Ubatuba, espaço, memória e cultura, dos autores Juan Douguet e Jorge Otávio Fonseca , editado em 2005.
A demanda turística varia de acordo com o ponto de vista a ser considerado, uma vez que Ubatuba é, como já mencionamos, um destino turístico, e isso define toda e qualquer praia como um recurso natural de interesse, demanda e desejo por parte do turista. Na economia, a demanda turística está atrelada à relação de quantidade de qualquer produto, bem ou serviço que o público em geral queira e possa comprar por um preço específico, dentro de um conjunto de preços possíveis em um tempo determinado.
A demanda turística anual, segundo pesquisas realizadas pela Secretaria de Turismo de Ubatuba SETUR, a COMTUR e a empresa MEDIMIX em janeiro de 2004, referem que o período considerado “alta temporada” vá do dia 26 de dezembro até o 31 de janeiro Também são considerados Carnaval, Semana Santa e os feriados prolongados tradicionais como 7 de setembro, 12 de outubro e Finados, em 1 e 2 de novembro. A baixa temporada, que vai de março a dezembro, registra movimento médio de 20% a 40% do fluxo turístico. O mês de julho, considerado de baixa temporada, tem aumento de 40 a 60% populacional, devido à visita dos turistas. A população flutuante na alta temporada mantém a média –de 300 mil turistas com permanência média de sete a dez dias, chegando a picos de 800 mil no Réveillon e Carnaval. Em geral, o turista busca lazer (94,6%), um número menor encara a viagem como de “caráter familiar (4,2%), outros dão preferência à prática de esportes (2,4%), e apenas 1% têm interesse ecológico ou paisagístico”. O restante (4,2%) vai à cidade em viagens de negócios, ou tratamento de saúde, entre outros.
As pesquisas também mostram que o mais desagradável para os turistas é a falta de infra–estrutura local, não adequada para recebê-los. Os documentos também citam a falta de planejamento na recepção, até mesmo a “impressão”, mantida por alguns visitantes, de Ubatuba ser uma cidade “abandonada”.
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Ubatuba tem mais de 84 praias, ao longo de cem quilômetros de costa . Algumas ainda sofreram pouca interferência humana, enquanto outras localidades já abrigam uma ampla infra-estrutura para receber os turistas, com várias opções de atividades para lazer ou esportes.
Fazem parte do litoral sul de Ubatuba, as praias de Galhetas, Figueira, Ponta Aguda, Mansa, Lagoa, Frade, Saco da Banana, Raposa, Caçandoquinha, Caçandoca, Pulso, Maranduba, Barra/Palmira, Domingas Dias, Lázaro, Sununga, Sete Fontes, Flamenguinho, Flamengo, Ribeira, Saco da Ribeira, Lamberto, Perequê – Mirim, Santa Rita, Sapé, Lagoinha, Oeste, Peres, Bonete, Grande do Bonete, Deserto/Cedro do Sul, Fortaleza, Brava da Fortaleza, Costa, Vermelha do Sul, Dura, Enseada, Fora, Godoi, Toninhas, Grande, Tenório, Vermelha do Centro e Cedro.
No litoral central de Ubatuba encontramos as praias de Itaguá, Iperoig/Cruzeiro e Matarazzo.
O litoral norte de Ubatuba tem as praias de Perequê-Açú, Barra Seca, Saco da Mãe Maria, Vermelha do Norte, Alto, Itamambuca, Prainha, Félix, Lúcio/ Conchas, Prumirim, Camburi, Léo, Meio, Puruba, Justa, Ubatumirim. Almada, Brava do Norte, Fazenda, Picinguaba e Brava.
Portanto, em posse de todas estas coordenadas que nos servirão para percorrer o litoral de Ubatuba, sugerimos os dois itinerários a seguir, traçados de acordo com a divisão espacial do litoral. As dez primeiras praias escolhidas seguem o recorrido da visão: norte, centro e sul, as dez seguintes, o percurso do olhar: sul, centro e norte.
TEXTO DO LIVRO " Ubatuba, espaço, memória e cultura, dos autores Juan Douguet e Jorge Otávio Fonseca , editado em 2005.
SIMPLEMENTE UBATUBA-SP...
NO DESENHO ACIMA UMA ILUSTRAÇÃO DE UBATUBA , DATADA DE 1890
O Município de Ubatuba encontra-se no território nacional do Brasil, exatamente dentro do Estado de São Paulo, na região Sudeste do país. Esta zona compreende toda a orla marítima muito recortada numa sucessão de baías, angras, enseadas e sacos. Disto resulta uma infinidade de praias de médio e pequeno porte quase sempre junto aos paredões da Serra do Mar, que ali termina em forma de costões. As suas baixadas são de pouca extensão e, devido ao declive mais acentuado, os rios não chegam a ser caudalosos. Esta configuração proporciona maior facilidade para a pesca, oferecendo terrenos mais férteis para a agricultura e um clima mais salubre, dando margem para o estabelecimento de grupos humanos com melhores condições de vida.
Localização
Ubatuba está situada na zona do Litoral Norte de São Sebastião, no nordeste da costa Atlântica, nas seguintes coordenadas geográficas: 23º 26’ 14 “latitude sul e 45º 05’ 09” de longitude oeste do meridiano de Greenwich, a 16 quilômetros em linha reta da capital do Estado de São Paulo.
Os limites municipais de Ubatuba foram traçados na época do Império, datados de 20 de abril de 1865 e 22 de março de 1870. Ao norte, a cidade de Ubatuba faz limite com o município de Cunha, pela Serra do Mar; ao sul, sudeste e leste com o Oceano Atlântico; ao nordeste com Parati (RJ), pela Serra do Corisco, contraforte da Serra do Mar e pela Cachoeira da Escada, que vai terminar na Ponta da Trindade; ao sudeste, com Caraguatatuba pelo rio Tabatinga; ao oeste, com os municípios de Natividade da Serra e São Luiz do Paraitinga pelas vertentes da Serra do Mar (Florençano, 1951: s/p; De Oliveira, 1977:43; Alves F. de Camargo, 1994: 17) .
Acesso
A partir de São Paulo, existem dois caminhos para chegar até as praias de Ubatuba. O mais curto é utilizar o acesso da marginal Tietê à via Dutra (SP 070), no km 17, seguindo até a cidade de São José dos Campos. Depois, o caminho segue pela rodovia dos Tamoios (SP 099) até Caraguatatuba. Dali, o motorista pode utilizar a rodovia Dr. Manuel Hipólito do Rego (SP 055) ou BR 101 – até a cidade de Ubatuba.
Outro caminho, sete quilômetros mais longo, é pela antiga rodovia dos Trabalhadores, atualmente chamada de Ayrton Senna. A partir do km 22 da Marginal Tietê, é possível entrar na rodovia Carvalho Pinto no trecho Guararema–Taubaté. Nesse trecho de Taubaté, existem indicações rumo ao litoral pela rodovia Oswaldo Cruz (SP 125), em um percurso de 94 km que inclui a impressionante descida da Serra do Mar.
As empresas rodoviárias que operam no circuito das praias de Ubatuba são a Litorânea e a Cidade Ubatuba. O acesso aéreo é pelo aeroporto Estadual Gastão Madeira, mas o avião só opera com transporte de cargas. O acesso marítimo se dá pela marina do Saco da Ribeira que movimenta cerca de 2.000 embarcações com aproximadamente de 15 a 20 garagens náuticas. O Saco da Ribeira é a maior marina fluvial do litoral norte em Ubatuba.
Texto acima extraído do Livro " UBATUBA, ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005.
UBATUBA, O VERÃO COMEÇA AQUI...
UBATUBA, O PRIMEIRO SOL DO VERÃO.
Quem acompanhar a trajetória do Trópico de Capricórnio no mapa, verá que ele se encontra, em sua rota imaginária ao redor do globo, com a cidade Ubatuba, localizada ao norte do litoral de São Paulo. E todos os anos, em 22 de dezembro, suas praias recebem os primeiros raios de sol do hemisfério sul, consagrando o início do verão. Essa metáfora espacial serve como ponto de partida para abordar a cidade desde uma perspectiva turística, uma das principais fontes de reconhecimento que se faz desta região do litoral norte de São Paulo.
Apesar de o Trópico de Capricórnio não ser conhecido como uma referência geográfica importante pelos meios de comunicação de massa e pelo público em geral, ele determina um dos motivos pelos quais Ubatuba é, em uma das estações do ano, a primeira a desfrutar do solstício de verão. O calor, a qualidade do clima e das águas coloca Ubatuba como um dos mais importantes recursos turísticos do litoral norte de São Paulo. As pessoas vão ao lugar em férias, pois o clima ameno atrai um fluxo turístico considerável à procura do sol e da Serra do Mar.
A linha imaginária que atravessa Ubatuba passa pela praia do Cruzeiro, próxima ao campo de aviação Gastão Madeira. Um símbolo concreto desse cruzamento é um globo de metal, sobre uma estrela dos ventos, localizado em uma das praças que hoje serve de marco de referência para o lazer e a recreação dos habitantes de Ubatuba. A função simbólica deste lugar convencionado para este fim reveste, o mesmo de um valor ímpar em termos de localização espacial.
Assim, o sol oferece em Ubatuba um espetáculo privilegiado, um dos cenários mais primorosos da aurora do verão de nosso país tropical. Tal explosão de beleza desenha o visual colorido do Cruzeiro e, junto às águas que banham a baía do centro, desenham um belíssimo cartão postal de Ubatuba.
“O primeiro sol do verão brilha aqui”. Foi esse um dos slogans usados pela mídia na divulgação das imagens da cidade, que teve o objetivo de atrair turistas e visitantes. Talvez essa tenha sido a única investida feita na tentativa de explorar turisticamente o potencial do fenômeno imaginário, expresso no visual real da paisagem “deslumbrante” de Ubatuba.
OBSERVAÇÃO
O titulo acima é de autoria do editor deste site, mas a matéria acima foi extraída do belo livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005 .
Quem acompanhar a trajetória do Trópico de Capricórnio no mapa, verá que ele se encontra, em sua rota imaginária ao redor do globo, com a cidade Ubatuba, localizada ao norte do litoral de São Paulo. E todos os anos, em 22 de dezembro, suas praias recebem os primeiros raios de sol do hemisfério sul, consagrando o início do verão. Essa metáfora espacial serve como ponto de partida para abordar a cidade desde uma perspectiva turística, uma das principais fontes de reconhecimento que se faz desta região do litoral norte de São Paulo.
Apesar de o Trópico de Capricórnio não ser conhecido como uma referência geográfica importante pelos meios de comunicação de massa e pelo público em geral, ele determina um dos motivos pelos quais Ubatuba é, em uma das estações do ano, a primeira a desfrutar do solstício de verão. O calor, a qualidade do clima e das águas coloca Ubatuba como um dos mais importantes recursos turísticos do litoral norte de São Paulo. As pessoas vão ao lugar em férias, pois o clima ameno atrai um fluxo turístico considerável à procura do sol e da Serra do Mar.
A linha imaginária que atravessa Ubatuba passa pela praia do Cruzeiro, próxima ao campo de aviação Gastão Madeira. Um símbolo concreto desse cruzamento é um globo de metal, sobre uma estrela dos ventos, localizado em uma das praças que hoje serve de marco de referência para o lazer e a recreação dos habitantes de Ubatuba. A função simbólica deste lugar convencionado para este fim reveste, o mesmo de um valor ímpar em termos de localização espacial.
Assim, o sol oferece em Ubatuba um espetáculo privilegiado, um dos cenários mais primorosos da aurora do verão de nosso país tropical. Tal explosão de beleza desenha o visual colorido do Cruzeiro e, junto às águas que banham a baía do centro, desenham um belíssimo cartão postal de Ubatuba.
“O primeiro sol do verão brilha aqui”. Foi esse um dos slogans usados pela mídia na divulgação das imagens da cidade, que teve o objetivo de atrair turistas e visitantes. Talvez essa tenha sido a única investida feita na tentativa de explorar turisticamente o potencial do fenômeno imaginário, expresso no visual real da paisagem “deslumbrante” de Ubatuba.
OBSERVAÇÃO
O titulo acima é de autoria do editor deste site, mas a matéria acima foi extraída do belo livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005 .
PATRIMÔNIOS UBATUBENSE : IGREJA DA MATRIZ
1. A IGREJA MATRIZ
Localização
A Igreja Matriz encontra-se na praça situada bem no centro da cidade de Ubatuba com as ruas nas laterais: Dona Maria Alves e Condessa de Vimieiro, atrás a Rua Jordão Homem da Costa e à frente a Rua Dr. Félix Guisard.
Horário de Funcionamento
Missas durante a semana e sábado: às 7 h e 19:30 h.
Domingos: 7, 9, 18 e 19:30 h.
Escritório Paroquial: durante a semana das 13:30 às 17:30 h.
A Igreja Matriz de Ubatuba é um prédio histórico capaz de satisfazer o interesse do público pelo passado. A primeira construção da Igreja Matriz foi dedicada a Nossa Senhora da Conceição, segundo nos relata Washington de Oliveira, no seu livro Ubatuba – Documentário (1977), antes das ruas serem asfaltadas podiam ser vistas a olho nu, as lajens que serviam de alicerces à Igreja . Nas escavações feitas no lugar, acharam-se ossadas humanas, cadáveres que foram sepultados de acordo com a tradição eclesial, provavelmente sejam corpos pertencentes a clérigos ou nobres da época a quem correspondia tal privilégio.
O primeiro templo devia ser pequeno e em mal estado – observa o historiador -, por essa razão, providenciou-se a construção de uma nova Matriz que teve início na segunda metade do século XVIII. Por decisão da Câmara de São Sebastião, da então Província de São Paulo, que legislava a respeito da Vila de Ubatuba, determinou-se a construção de uma nova Igreja Matriz em vistas de que a existente estava em estado “deplorável”, e assim foram fixadas contribuições para este nobre propósito.
Muitos foram os empecilhos após a declaração da Câmara de São Sebastião (1798), que assombraram o projeto da Igreja Matriz. Problemas nos alicerces, madeiras corrompidas e irregularidades nas paredes constituíam um vexame para o Império que na Matriz de Ubatuba visualizava um emblema de seu poder temporário.
O dilatamento da burocracia em relação ao início das obras deixou-se ver até o ano de 1835, quando a Igreja Matriz ainda estava nos inícios de sua edificação. Por esta razão, os habitantes da cidade procuraram organizar uma loteria beneficente em prol das obras do empreendimento religioso . Documentos da época caracterizam um tipo de discurso persuasivo em função do louvor e das preces a Deus como primeiro e último beneficiário de tal elevação, vale a pena esclarecer que o destinatário direto de tais benefícios era o próprio Rei ou Imperador que, em última instância, mediava as leis que regiam a ordem celeste e terrena.
A grande contribuição para a Igreja veio do povo, principalmente, como reafirma o historiador anteriormente citado, “do suor derramado pela mão escrava”, desejosa de conciliar: os interesses públicos com os privados, em torno de um templo de arquitetura colonial no litoral paulista.
A morosidade da época e a grandiosidade da empresa Matriz arrastaram a obra até os alvores do século XX, momento a partir do qual Washington de Oliveira passa a ser testemunha ocular . O historiador, pesquisador e ex – prefeito de Ubatuba descreve por meio de fotogramas da cidade, o estado da Matriz no século XIX, uma Igreja totalmente erguida, mas sem torres, ostentando uma pequena água – furtada onde estariam os sinos. Nessas fotografias aparecem as atuais palmeiras plantadas pelo Intendente Municipal Francisco Pires Nobre e, segundo testemunhas, funcionava também um relógio visível à distância e que por muito tempo marcou as horas da cidade .
A Igreja Matriz hoje tem uma torre que lhe dá o aspecto de inacabada. Até 1904, relata “Seu Filhinho” não existiam bancos no interior da Igreja, as devotas ubatubenses assistiam a missa em pé ou ajoelhadas. Nesse mesmo ano, o Coronel Francisco Pereira foi o festeiro do Divino Espírito Santo que conseguiu que esta festa patrocinasse as despesas na melhoria da Igreja.
O Padre Paschoal Reale, reconhecido vigário na história de Ubatuba atendia esta cidade e a Ilha Bela, na sua gestão demoliu a Igreja do Rosário que ficava na atual Praça Nossa Senhora da Paz. Aproveitando o material e os auxílios angariados fizera rebocar, forrar e dotar o piso da Capela – Mor e transferiu para lá o Altar – Mor de Exaltação à Santa Cruz.
Em 1956, os Frades Franciscanos Conventuais: Frei Tarcísio Miotto, Frei Vittorio Valentini e Frei Vittorio Infantino tomaram conta da Igreja Matriz oferecendo todos os cuidados que ela precisava. Desde 1980, o vigário Frei Mangélico Maneti empreendeu a restauração do templo trocando a madeira, o decorado interior da nave principal restaurando os corredores e substituindo todo o reboco externo até a pintura total da fachada.
Este espaço de devoção é um dos principais atrativos culturais de Ubatuba, a memória viva da evangelização na configuração do contexto urbanístico do Novo Mundo. Além de a Igreja Matriz representar o esforço de sua população, ela é uma imagem fiel do sacrifício da Santa Cruz e do espírito de luta de São Pedro Pescador que hoje é um reflexo da identidade caiçara de Ubatuba.
FONTE : Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura ", dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005
O QUE É SER CAIÇARA.....
Claudia de Oliveira, que se auto-reconhece como caiçara, nos oferece um belíssimo depoimento do que é ser caiçara, atrelado à forma simbólica de representação do mundo.
Eu, caiçara... uma mistura de gente de toda gente! Cheiros, formas e cores... diferentes! Ingleses, bugres, alemães, portugueses e tantos outros que por aqui passaram; sem contar o sangue que corre nas veias, herança tupinambá. Este povo que guerreou até o fim, lutando pela terra da qual eram donos por direito, pois ‘eram os primeiros’ (os denominados tamoio). Da fusão das etnias surgiram os caiçaras, moradores à beira-mar, os também conhecidos como barriga-verde (devido ao fato de alimentar-se do peixe cozido com a banana verde).
Nós também somos um povo guerreiro que luta pela sobrevivência de nossa infinita e rica cultura, que percorre os mares e ilhas, alojasse nos mangues, brinca nas ondas do mar, caminha pela sombra do chapéu de sol, canta suas tristezas, conta em verso suas alegrias, trilha pelas colinas, banha-se nas cachoeiras...
Faço parte de um povo sábio que traz na alma a sabedoria de ser nobre na simplicidade. Contemplamos o sábio dos sábios, o sr do tempo, um guru tão complexo! Mas que quando o entendemos a vida fica ‘mais...deliciosa’, ele que nos diz em um simples olhar quando vai chover ou vai fazer sol ou mesmo que hora é. É ele que determina a época da colheita, se ela vai vingar ou mesmo quantas luas são necessárias para apanharmos o alimento na hora certa. Os ventos, aquele que leva as coisas ruins e traz as boas também é dito por ele, quando solta no ar o cheiro da vassourinha (planta da região), não tarda muito, o vento noroeste esta por chegar, logo atrás dele vem o vento que traz a chuva; é hora de ‘apoitá os barco’. O alimento ofertado pelo mar também tem época certa, garoupas, paratis, sargos, infinita quantidade, mas que para ter seu merecimento no prato, tem-se que entender muito do traiçoeiro mar, e ficar atento de sol a sol, lua a lua... Ah! A lua, que surge com fases diferentes de tempos em tempos, ela que determina quase tudo na vida de todo ser vivo, imagina então de nós caiçaras, que mesmo sabendo que hoje muitos são estudados, tantos outros moram em lugares que ainda se usa o lampião. Amores, rumores de estórias de lobisomem, apanhar a madeira na lua minguante para que não tenha caruncho, não pegar o pescado na lua cheia pois a fêmea esta em algum mangue parindo novas vítimas. Enquanto isso embalamos em algum lual, no ritmo da xiba e depois um banho de mar; ou ainda aproveitamos para pagar alguma promessa dançando de noitinha até ao amanhecer a dança de São Gonçalo. Eu, como todos os outros caiçaras, vítimas do mundo globalizado, estou aqui digitando estas palavras na tela de um computador, do qual para muitos leitores soará como um achado. Puxa! Ninguém mais ouve minha gente, acham que somos preguiçosos quando estamos quietos, apenas a observar, esperando o tempo certo para plantar, ou colher. Pobres daqueles que não percebem que para tudo tem um tempo certo, pois, se ele é demais o fruto apodrece, os amores passam... se ele é de menos o fruto é verde, o amor ainda não está pronto! A velocidade das informações onde tudo que falamos hoje, amanhã é informação ultrapassada! O mundo gira em uma velocidade atroz, produzindo uma nova raça que agem como donos da verdade!! Apenas suas verdades! Uma raça confusa, que vivem em busca do outro, fugindo de si mesmo! Para fazer paz, usam armas de fogo! Dizem ser ecológicos por modismo, mas tiram do caiçara o direito de plantar em seu quintal! Amor não é mais embalado pelo reflexo da lua cheia, é sim através da projeção da mesma em uma tela computadorizada em qualquer momento do dia ou noite que possa desejar! Em nome do progresso construíram seus muros. E quanto maiores, ‘é-difícios’ foi ficando! Assim, só nos resta lutarmos até o fim para preservarmos nossa raça, nossa cultura, nossa história, uma gente que apesar de estar dia a dia sendo massacrada pela evolução do século XXI, vítimas de demagogos, ainda assim, somos uma gente que cai- e-çara!!!! Até o fim... contando para todos quem somos, interferindo na história, sobrevivendo e aprendendo com o mundo contemporâneo, mas nunca deixando de observar, a lua... o mar, estes que muito tem a nos falar, a sabedoria, que ficou de herança, como havia mencionado dos tupinambá. Assim vivemos com nossas tragédias, fazendo poesia, com um sorriso no rosto e a felicidade na alma, sofrida e aprendiz. Não tomamos mais café com caldo de cana; puxamos o picaré (rede puxada por dois homens beirando a orla) ou consertamos (limpar) o peixe, mas nossas praias tem nomes indígenas, como Itaguá, Itamambuca, Puruba, e tantos outros assim como nosso município Ubatuba; já nossos nomes tem variações como Rocha, Santos, Cabral, eu mesma, Claudia que guardo o Gonzaga e só uso Oliveira, sobrenomes portugueses, espanhóis, tupis; raízes tão entrelaçadas que unidas construíram um país, aqui mesmo nas terras de Yperoig (hoje Ubatuba), Hans Staden, Padre José de Anchieta, Ciccillo Matarazzo, ´Confederação dos Tamoio’, etc, etc, etc, quem somos? Somos filhos da história de um país que se chama Brasil.
FONTE : LIVRO " Ubatuba, Espaço, Memória e Cultura, dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca , editado em 2005.
Sobre o livro : Ubatuba – espaço, memória e cultura é uma obra que se origina de uma amizade entre um habitante da cidade e um estrangeiro, para situar-se como um projeto de sistematização regional, visto na perspectiva do turismo, da história e da cultura local
Eu, caiçara... uma mistura de gente de toda gente! Cheiros, formas e cores... diferentes! Ingleses, bugres, alemães, portugueses e tantos outros que por aqui passaram; sem contar o sangue que corre nas veias, herança tupinambá. Este povo que guerreou até o fim, lutando pela terra da qual eram donos por direito, pois ‘eram os primeiros’ (os denominados tamoio). Da fusão das etnias surgiram os caiçaras, moradores à beira-mar, os também conhecidos como barriga-verde (devido ao fato de alimentar-se do peixe cozido com a banana verde).
Nós também somos um povo guerreiro que luta pela sobrevivência de nossa infinita e rica cultura, que percorre os mares e ilhas, alojasse nos mangues, brinca nas ondas do mar, caminha pela sombra do chapéu de sol, canta suas tristezas, conta em verso suas alegrias, trilha pelas colinas, banha-se nas cachoeiras...
Faço parte de um povo sábio que traz na alma a sabedoria de ser nobre na simplicidade. Contemplamos o sábio dos sábios, o sr do tempo, um guru tão complexo! Mas que quando o entendemos a vida fica ‘mais...deliciosa’, ele que nos diz em um simples olhar quando vai chover ou vai fazer sol ou mesmo que hora é. É ele que determina a época da colheita, se ela vai vingar ou mesmo quantas luas são necessárias para apanharmos o alimento na hora certa. Os ventos, aquele que leva as coisas ruins e traz as boas também é dito por ele, quando solta no ar o cheiro da vassourinha (planta da região), não tarda muito, o vento noroeste esta por chegar, logo atrás dele vem o vento que traz a chuva; é hora de ‘apoitá os barco’. O alimento ofertado pelo mar também tem época certa, garoupas, paratis, sargos, infinita quantidade, mas que para ter seu merecimento no prato, tem-se que entender muito do traiçoeiro mar, e ficar atento de sol a sol, lua a lua... Ah! A lua, que surge com fases diferentes de tempos em tempos, ela que determina quase tudo na vida de todo ser vivo, imagina então de nós caiçaras, que mesmo sabendo que hoje muitos são estudados, tantos outros moram em lugares que ainda se usa o lampião. Amores, rumores de estórias de lobisomem, apanhar a madeira na lua minguante para que não tenha caruncho, não pegar o pescado na lua cheia pois a fêmea esta em algum mangue parindo novas vítimas. Enquanto isso embalamos em algum lual, no ritmo da xiba e depois um banho de mar; ou ainda aproveitamos para pagar alguma promessa dançando de noitinha até ao amanhecer a dança de São Gonçalo. Eu, como todos os outros caiçaras, vítimas do mundo globalizado, estou aqui digitando estas palavras na tela de um computador, do qual para muitos leitores soará como um achado. Puxa! Ninguém mais ouve minha gente, acham que somos preguiçosos quando estamos quietos, apenas a observar, esperando o tempo certo para plantar, ou colher. Pobres daqueles que não percebem que para tudo tem um tempo certo, pois, se ele é demais o fruto apodrece, os amores passam... se ele é de menos o fruto é verde, o amor ainda não está pronto! A velocidade das informações onde tudo que falamos hoje, amanhã é informação ultrapassada! O mundo gira em uma velocidade atroz, produzindo uma nova raça que agem como donos da verdade!! Apenas suas verdades! Uma raça confusa, que vivem em busca do outro, fugindo de si mesmo! Para fazer paz, usam armas de fogo! Dizem ser ecológicos por modismo, mas tiram do caiçara o direito de plantar em seu quintal! Amor não é mais embalado pelo reflexo da lua cheia, é sim através da projeção da mesma em uma tela computadorizada em qualquer momento do dia ou noite que possa desejar! Em nome do progresso construíram seus muros. E quanto maiores, ‘é-difícios’ foi ficando! Assim, só nos resta lutarmos até o fim para preservarmos nossa raça, nossa cultura, nossa história, uma gente que apesar de estar dia a dia sendo massacrada pela evolução do século XXI, vítimas de demagogos, ainda assim, somos uma gente que cai- e-çara!!!! Até o fim... contando para todos quem somos, interferindo na história, sobrevivendo e aprendendo com o mundo contemporâneo, mas nunca deixando de observar, a lua... o mar, estes que muito tem a nos falar, a sabedoria, que ficou de herança, como havia mencionado dos tupinambá. Assim vivemos com nossas tragédias, fazendo poesia, com um sorriso no rosto e a felicidade na alma, sofrida e aprendiz. Não tomamos mais café com caldo de cana; puxamos o picaré (rede puxada por dois homens beirando a orla) ou consertamos (limpar) o peixe, mas nossas praias tem nomes indígenas, como Itaguá, Itamambuca, Puruba, e tantos outros assim como nosso município Ubatuba; já nossos nomes tem variações como Rocha, Santos, Cabral, eu mesma, Claudia que guardo o Gonzaga e só uso Oliveira, sobrenomes portugueses, espanhóis, tupis; raízes tão entrelaçadas que unidas construíram um país, aqui mesmo nas terras de Yperoig (hoje Ubatuba), Hans Staden, Padre José de Anchieta, Ciccillo Matarazzo, ´Confederação dos Tamoio’, etc, etc, etc, quem somos? Somos filhos da história de um país que se chama Brasil.
FONTE : LIVRO " Ubatuba, Espaço, Memória e Cultura, dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca , editado em 2005.
Sobre o livro : Ubatuba – espaço, memória e cultura é uma obra que se origina de uma amizade entre um habitante da cidade e um estrangeiro, para situar-se como um projeto de sistematização regional, visto na perspectiva do turismo, da história e da cultura local
O QUE SIGNIFICA " CAIÇARA "
Texto extraído do livro " Ubatuba,espaço, memória e cultura", de Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca - Editado em 2005.
Caiçara é a denominação dos habitantes do litoral do Estado de São Paulo. Etimologicamente, a palavra caiçara provém de caá – icara, o cercado de paus a pique, defesa da taba, segundo o Vocabulário Geral – tupi – guarani de Silveira Bueno (1998:87). Provavelmente esta designação responda a um modo particular de pesca que esses habitantes do litoral praticavam em função de interesses alimentares.
JORGE FONSECA UM CAIÇARA DA GEMA... 1 ª Parte
O texto extraído abaixo sobre o caiçara Jorge Fonseca foi extraído do Livro " Ubatuba - Espaço, memória e cultura " dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, este último meu irmão, editado em 2005.
Jorge Fonseca, nascido e criado no litoral. Ele aprendeu a conhecer seu espaço e dele obter informações para garantir sua sobrevivência e de seus numerosos descendentes. Este depoimento nos mostra a força e a sabedoria do cotidiano de um caiçara.
Jorge Fonseca tem 81 anos, nascido em Ubatuba, é filho de Jesuíno Joaquim da Fonseca e Donária Maria da Conceição. Ele fala da origem de sua família e diz que seu avô, pai de Donária, era Antônio Lopes Guimarães - neto de francês, que juntamente com Dona Maria Alves, chegou ao município vindo de Rio de Janeiro. Antonio já estava viúvo, porém casou-se novamente com Izabel da Conceição, uma índia mestiça descendente de escravos. Antônio Lopes, avô de Jorge Fonseca adquiriu terras em Ubatuba de Dona Maria Alves, transformando-as em fazenda. Eram grandes áreas localizadas nas Toninhas, Casanga e Cedro, onde se cultivava plantações de fumo, café e cana, que depois transportavam à Santos em canoa de voga.
A família de Jorge Fonseca era formada por mais sete irmãos, eram eles: Hortência, Nestor, Maria, “Guaiá”, Luiz e “Biscoito”. Este último, tornou-se muito conhecido em Ubatuba pelo ofício de tintureiro. Biscoito, como era carinhosamente conhecido por todos, morava bem no centro de Ubatuba, nas proximidades onde hoje se encontra a casa lotérica, ao lado do Cartório Eleitoral. Biscoito passava roupas para os clientes da lavanderia de sua mulher: eram ternos, camisas e vestidos. Sua janela, que fazia frente à Rua Coronel Domiciano, era local conhecido por muitos ubatubenses, pois ao mesmo tempo em que Biscoito passava as roupas, sua televisão - a primeira de Ubatuba vivia ligada, servindo de passatempo para muitas pessoas que ali paravam para jogar uma conversa fora e assistir a programação diária.
Jorge morou até os 15 anos em uma área, onde hoje se encontra a Praça Treze de Maio, uma propriedade de seu pai Jesuíno Joaquim da Fonseca que plantava e criava animais, não só ali como também em áreas localizadas no Horto. Trabalhou de sol a sol até o final de sua vida, de forma trágica aos 86 anos. Segundo Jorge Fonseca, em um sábado de Aleluia, seu pai e mais dois irmãos foram à costeira, na praia do Perequê Açu para “catar” marisco e, na volta, no meio do caminho, seu Jesuíno decide apanhar mais um pouco, e estando de costas para o mar agachado, uma onda forte o derrubou e o arrastou para o fundo do mar. No dia seguinte, no domingo de Ramos acharam seu corpo com a cabeça ferida, na praia do Perequê Açu e ajudado pelo Félix Guisard, o levaram, na sua camionete, até a Santa Casa, mas sem vida. Já, Donária Maria da Conceição, mãe de Jorge Fonseca, era parteira muito conhecida em Ubatuba, era difícil encontrar algum cidadão que não houvesse nascido nas mãos de Donária. Ela, depois de muitos anos de Ubatuba, decidiu morar em Taubaté nos anos 40, retornando à Ubatuba onde veio a falecer anos depois.
Continua......
Jorge Fonseca, nascido e criado no litoral. Ele aprendeu a conhecer seu espaço e dele obter informações para garantir sua sobrevivência e de seus numerosos descendentes. Este depoimento nos mostra a força e a sabedoria do cotidiano de um caiçara.
Jorge Fonseca tem 81 anos, nascido em Ubatuba, é filho de Jesuíno Joaquim da Fonseca e Donária Maria da Conceição. Ele fala da origem de sua família e diz que seu avô, pai de Donária, era Antônio Lopes Guimarães - neto de francês, que juntamente com Dona Maria Alves, chegou ao município vindo de Rio de Janeiro. Antonio já estava viúvo, porém casou-se novamente com Izabel da Conceição, uma índia mestiça descendente de escravos. Antônio Lopes, avô de Jorge Fonseca adquiriu terras em Ubatuba de Dona Maria Alves, transformando-as em fazenda. Eram grandes áreas localizadas nas Toninhas, Casanga e Cedro, onde se cultivava plantações de fumo, café e cana, que depois transportavam à Santos em canoa de voga.
A família de Jorge Fonseca era formada por mais sete irmãos, eram eles: Hortência, Nestor, Maria, “Guaiá”, Luiz e “Biscoito”. Este último, tornou-se muito conhecido em Ubatuba pelo ofício de tintureiro. Biscoito, como era carinhosamente conhecido por todos, morava bem no centro de Ubatuba, nas proximidades onde hoje se encontra a casa lotérica, ao lado do Cartório Eleitoral. Biscoito passava roupas para os clientes da lavanderia de sua mulher: eram ternos, camisas e vestidos. Sua janela, que fazia frente à Rua Coronel Domiciano, era local conhecido por muitos ubatubenses, pois ao mesmo tempo em que Biscoito passava as roupas, sua televisão - a primeira de Ubatuba vivia ligada, servindo de passatempo para muitas pessoas que ali paravam para jogar uma conversa fora e assistir a programação diária.
Jorge morou até os 15 anos em uma área, onde hoje se encontra a Praça Treze de Maio, uma propriedade de seu pai Jesuíno Joaquim da Fonseca que plantava e criava animais, não só ali como também em áreas localizadas no Horto. Trabalhou de sol a sol até o final de sua vida, de forma trágica aos 86 anos. Segundo Jorge Fonseca, em um sábado de Aleluia, seu pai e mais dois irmãos foram à costeira, na praia do Perequê Açu para “catar” marisco e, na volta, no meio do caminho, seu Jesuíno decide apanhar mais um pouco, e estando de costas para o mar agachado, uma onda forte o derrubou e o arrastou para o fundo do mar. No dia seguinte, no domingo de Ramos acharam seu corpo com a cabeça ferida, na praia do Perequê Açu e ajudado pelo Félix Guisard, o levaram, na sua camionete, até a Santa Casa, mas sem vida. Já, Donária Maria da Conceição, mãe de Jorge Fonseca, era parteira muito conhecida em Ubatuba, era difícil encontrar algum cidadão que não houvesse nascido nas mãos de Donária. Ela, depois de muitos anos de Ubatuba, decidiu morar em Taubaté nos anos 40, retornando à Ubatuba onde veio a falecer anos depois.
Continua......
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