quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

PALMITEIROS.

 


Tiribas na palmeira, no quintal  de casa (Arquivo JRS)

Por  Jose Ronaldo....08/10/2020

                À mesa de todos deste chão caiçara, em outros tempos, o palmito estava sempre presente na alimentação. Mamãe refogava com uns temperos e estava pronto. Eu não sei dizer se havia quem não gostasse dessa delícia das nossas matas. Era palmito da jiçara, a mesma palmeira que fornecia ripas para a construção de casas.

                A jiçara chama atenção de longe. Passando pelas rodovias que servem ao município, a minha atenção por elas é constante. Os seus frutos, além de servirem aos passarinhos, também são, desde muito recentemente, coletados para extração de uma bebida comparável ao açaí, outra palmeira, abundante da região Norte do Brasil.

AH! BONS TEMPOS, MINHA SENHORA!

 

2014- Painel na escola do Perequê-mirim  (Arquivo JRS)

               Apreciando um mural, provavelmente de alunos, na parede da escola (Florentina) do Perequê-mirim (Ubatuba- SP), tantas recordações me assolam... Primeiramente penso nas transformações ao longo da história: de um lugar bem natural, um território livre tupinambá, onde os portugueses e franceses sonharam outros destinos. Os padres jesuítas (Anchieta e Nóbrega) forçaram os arranjos que permitiram a posse dos lusitanos. Foi cruel, Minha Senhora! A Igreja Matriz, assentada a pouca distância da Praia do Cruzeiro, atesta a força da crença dos europeus sobre as crenças indígenas daquele tempo.


               Até o começo de 1800, quase nada há a registrar da sobrevivência dos caiçaras. Somente com a chegada do café a despertar o brilho do lucro nos olhos dos empreendedores, principalmente portugueses e franceses, a Minha Senhora ganha um mapa.
Ubatuba no século XIX  (Arquivo histórico)
          Os ingleses, senhores do mundo naquele período, além dos mares, assinalaram os seus interesses. Seus mapas têm incríveis precisões! Foi o século das grandes fazendas, das devastações para o cultivo da riqueza rubiácea. Também foi quando as etnias africanas pisaram – e sofreram! – no solo da Minha Senhora. Chegaram os favores forçados do continente negro ao nosso país! No fim dessa cobiça passageira, com fazendeiros arruinados ou que migraram, restaram as contribuições africanas ao nosso ser caiçara.