domingo, 1 de novembro de 2009

MAZZAROPI, um visitante assíduo de Ubatuba

Escrito por Heyttor Barsalini   
Sex, 30 de Outubro de 2009 19:11
Muitos artistas de projeção nacional visitaram e ainda visitam nossa cidade, por sua beleza natural e hospitalidade do caiçara.  Músicos, poetas, atores, cantores, cineastas, ao longo dos anos, somam-se aos ilustres ou anônimos artistas que aqui aportam. Um dos mais famosos deles, foi o cineasta e grande cômico caipira, Amácio Mazzaropi. Proprietário de um estúdio em Taubaté, onde rodava suas película, Mazzaropi com frequência descia a serra para ter um fim de semana na praia, geralmente acompanhado por atores colegas de trabalho.
Um de seus filmes, como muitos sabem, teve cenas externas rodadas aqui na cidade – “A banda das Velhas Virgens”, com tomadas no histórico coreto (onde, duas décadas antes do filme, João Alegre se apresentava, encantando, entro outros, o menino Renato Teixeira), tomadas no interior da igreja matriz e na praia do Prumirim.
Esses fatos são conhecidos, mas vale ressaltar aqui, aspectos da personalidade desse nosso ilustre visitante. Poucos sabem que Mazzaropi, tendo iniciado suas atividades artísticas no ambiente circense, mesmo depois de já muito famoso, sempre esteve ao lado dos circos pequenos, a quem considerava como seus pares em mesmo grau de importância, na cultura popular.
Seus números cômicos lotavam as platéias das lonas onde eram anunciados; o sucesso era certo e garantido. Por isso, muitos proprietários de pequenos circos (geralmente tocados por uma única família), especialmente quando em momentos de crise financeira, convidavam Mazzaropi a se apresentar, com o objetivo de reerguer as finanças. Há inúmeros relatos desses circenses revelando que o mais famoso caipira do Brasil fazia questão de não cobrar, nessas situações, generosamente doando seu trabalho, os efeitos de sua fama e a renda da casa, integralmente, àquela família em cujo circo se apresentara.
O sociólogo Glauco Barsalini, em sua pesquisa, mostra a coerência profissional de Mazzaropi, em seu respeito às origens do povo brasileiro trabalhador, nesses casos, simbolizado nos artistas circenses  “A personagem de Mazzaropi repercutia o próprio desenvolvimento da civilização brasileira, (...) ganhava novos invólucros com o passar do tempo, mas não perdia a memória do que efetivamente é: a síntese das origens do povo que retratava, a partir da síntese do trabalhador brasileiro” .
Numa entrevista, Mazzaropi disse: “Eu não tenho pretensão de ser diretor. Estou procurando um, inteligente e razoável, e se encontrar contrato. Mas não tenho paciência para suportar barbudinhos geniais, com livrinho embaixo do braço e mil exigências. Cinema é ação, compadre, não é meditação não.” Da mesma forma e sempre levando bom humor às pessoas, tratou os problemas financeiros dos colegas: ajuda é ação, meu compadre, não é meditação não! Atitudes são exemplos e exemplos são lições. FONTE : www.ubatubaemrevista.com.br