Numa certa ocasião, logo no início do funcionamento do novo prédio do fórum de Ubatuba, tive a oportunidade de ali realizar o primeiro júri na inauguração do plenário. Até então, o fórum antigo, de proporções muito acanhadas para o acumulo de trabalho forense, não dispunha de espaço e sequer sala para a realização dos plenários, sendo para tanto usada a sala de seções da Câmara Municipal, um prédio antigo, um dos três últimos remanescentes da opulência de Ubatuba na áurea época da efervescência do café no Vale do Paraíba, onde seu porto era um dos mais importantes do Brasil. Naquela oportunidade, ao fazer a saudação como é de praxe nas comarcas onde atuo, iniciei por uma história que achei oportuna por tratar-se do primeiro júri a ser presidido pela juíza que iniciava sua jornada como titular em nossa comarca. Dias antes, na ânsia de encontrar elementos balizadores para sustentar minha tese defensiva, vi-me então abrindo livros e divagando pelas mais variadas idéias de autores jurídicos consagrados e, também, por obras de psicologia, sociologia, autores de ficção, romances, crônicas, jornais e tudo o mais que me passava impresso pelas mãos. No entanto, a certa altura me deparei folheando o livro “Bom dia, Ubatuba”, de Idalina Graça.
Em especial, um trecho me pareceu especialmente próprio para o ato e poderia ser lido integralmente como crônica sem que me fugisse ao tema principal, que iria ser introduzido logo em seguida. Tratava-se de uma especial recordação que Idalina Graça fizera, com muita propriedade, a respeito da passagem por Ubatuba do juiz de direito Joaquim de Sylos Cintra, que posteriormente teve brilhante carreira chegando a presidir o Tribunal de Justiça. E o trecho escolhido corre assim:
“Quando Luiz Ernesto partiu, veio-me uma profunda saudade do insigne Dr. Joaquim de Sylos Cintra, que exerceu o cargo de Juiz de Direito em nossa Iperoig e conquistou a simpatia local. Em 1936 ou 1937, tivemos a felicidade de tê-lo entre nós 2 ou 3 anos, demonstrando em nossa cidade excelsa justiça em suas contínuas ações. Sempre acompanhado da família em seus diários passeios pelas nossas praias, era amado e respeitado pelos caiçaras, transbordante de calor humano para todo cidadão que vinha aqui residir, a que o Dr. Joaquim retribuía com extrema delicadeza.
Era hospede e amigo no Ubatuba - Hotel, propriedade de Albino Graça, meu marido. Assim, tive a honra e prazer de servir ao doutor e sua família o melhor que pude e o que estava ao meu alcance. Com o passar dos dias vim, a saber, em amena palestra, ter ele já exercido seu cargo em diversas cidades do interior, como São Manuel, Monte Aprazível, Presidente Prudente e outras cidades do nosso grande e majestoso São Paulo.
Finalmente ei-lo nomeado desembargador e, com o passar dos anos, guindado a outros cargos importantes, vindo finalmente no ano de 1962 a governar, por 58 dias, São Paulo. Essa vida admirável de homem público passou por Ubatuba deixando e levando saudades. Hoje, ao escrever tão pouco para uma nobre existência a serviço da pátria, de São Paulo e da família, sinto-me feliz ao sabê-lo aposentado, mas em plena forma física e intelectual, trabalhando pela humanidade em marcha. A ele, Dr. Joaquim de Sylos Cintra, a homenagem de Ubatuba nas páginas de BOM DIA UBATUBA.
E como bem afirmou o jornalista Luiz Ernesto Kawall:
Finalmente ei-lo nomeado desembargador e, com o passar dos anos, guindado a outros cargos importantes, vindo finalmente no ano de 1962 a governar, por 58 dias, São Paulo. Essa vida admirável de homem público passou por Ubatuba deixando e levando saudades. Hoje, ao escrever tão pouco para uma nobre existência a serviço da pátria, de São Paulo e da família, sinto-me feliz ao sabê-lo aposentado, mas em plena forma física e intelectual, trabalhando pela humanidade em marcha. A ele, Dr. Joaquim de Sylos Cintra, a homenagem de Ubatuba nas páginas de BOM DIA UBATUBA.
“Idalina era pequena por fora, mas, forte por dentro."
Foi seguidamente dona de casa, comerciante, hoteleira, radialista, defensora dos pobres e espiritualista iluminada, capaz de transmitir mensagens e dar bênçãos aos mais aflitos.
De “Ciccillo” Matarazzo a Washington de Oliveira, de Flavio Girão Carvalho ao Da Motta e à Isabel, de Felix J. Francisco a Wladimir de Toledo Piza, de Paulo Florençano ao autor destas linhas, a tantos e tantas gentes, a Velha Sábia, de que falava Jung, iluminou com a sua graça e a sua sabedoria.
Foi seguidamente dona de casa, comerciante, hoteleira, radialista, defensora dos pobres e espiritualista iluminada, capaz de transmitir mensagens e dar bênçãos aos mais aflitos.
De “Ciccillo” Matarazzo a Washington de Oliveira, de Flavio Girão Carvalho ao Da Motta e à Isabel, de Felix J. Francisco a Wladimir de Toledo Piza, de Paulo Florençano ao autor destas linhas, a tantos e tantas gentes, a Velha Sábia, de que falava Jung, iluminou com a sua graça e a sua sabedoria.
Com o exemplo de sua vida simples – a dar tudo, mas tudo mesmo, do que tinha ou ganhava – ela só vivia com a roupa do corpo – aos mais necessitados, e com a iluminura radiosa de seu jeito de caiçara autêntica, com suas gargalhadas e contando estórias do mais humano sabor.”
Esse tempo lírico e bom, onde as pessoas se cumprimentavam nas ruas e onde o comerciante/jornaleiro Felix José Francisco e a hospitaleira Idalina Graça recebiam o turista com sua conversa alegre e amiga está presente não somente na obra da nossa Solitária de Iperoig, mas, principalmente, vemos transparecer em todos aqueles que com ela conviveram.
Foi assim com Luiz Ernesto Kawall e Paulo Florençano, Pizza e Chiaffarelli, Flavio Girão e Ciccillo Matarazzo, todos seus grandes e queridos amigos.
Foi assim com Luiz Ernesto Kawall e Paulo Florençano, Pizza e Chiaffarelli, Flavio Girão e Ciccillo Matarazzo, todos seus grandes e queridos amigos.
Assim também foi com o artista-entalhador Da Motta, a quem encontro todos os sábados na feira. Da Motta foi um dos grandes amigos de Idalina Graça. Já no final da vida foi Da Motta e sua família quem mais amparou nossa elegante “solitária”. Hoje, encontrar Da Motta é uma alegria que se renova toda a semana. E ele me cumprimenta (como cumprimenta a todos, é claro), com entusiasmo e alegria verdadeiros, erguendo os braços e dizendo com alegria transbordante nos olhos: Viva! Que bom te ver! Viva! Saúde e muita saúde para você, meu querido Chieus e à sua família!
Só isso já nos vale ter ido à feira naquele sábado. Essa saudação de Da Motta me sua como um ato ressurreto de Idalina Graça. Isso é Idalina Graça! Pois é Idalina quem ressurge a cada cumprimento de Da Motta, a cada reencontro com Luiz Ernesto...
Tudo isso faz Idalina continuar seu caminho entre nós.
Tudo isso faz Idalina continuar seu caminho entre nós.
E Viva!
Viva IDALINA GRAÇA!
Amém!
Amém!
FONTE............http://doclek.blogspot.com.br/2014/12/idalina-graca.html
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