O espaço ficcional entre a câmera e a
tela produz mais dois espaços: o filmado e aquele que ocupa o cameraman. Assim, o enquadramento dos filmes
institui um ponto de vista, o chamado “fora de campo”, lugar potencialmente
virtual, mas também de desapropriação e desvanecimento: o lugar do futuro e do
passado, muito antes de ser presente.
Isto, explicamos no nosso livro Sonhar
de Olhos Abertos (Droguett, 2004). Os efeitos de realidade no cinema,
coexistem com os efeitos de ficção, estes últimos têm a ver com o espaço
virtual, não visível, ainda que presentes na mente do espectador – sempre fora
de campo. Portanto, o cinema não só é visibilidade: a imagem em evidência e a
noção de realismo não têm base tecnológica sustentável, e sim psicológica,
social e histórica.
ou incapaz de dar conta
simultaneamente, do conjunto de questões e interesses que mobilizaram os
diferentes grupos sociais do país.
Por isso, procuramos pensar o cinema
também do ponto de vista dos efeitos receptivos. O cinema é olhar, um ponto de
vista em movimento para ver, muitas coisas e sabê-las ordenar com uma única
finalidade: transmitir sensações, idéias, conceitos e paixões. O cinema é uma
mescla de ficção e realidade, que se vive no interior de uma sala escura ou nos
televisores domésticos, mas convém vivê-lo fora ou distantes das telas,
sintonizados para captar e experimentar intensamente o mundo.
O público prefere reconhecer que conhecer,
pois reconhecer – se é um jogo, conhecer implica esforço como responde o
realizador norte – americano James Brook, em 1893, “o público busca no cinema
uma experiência; as teorias vêm depois”, ante a pergunta se o espectador busca
reconhecer-se na tela ou bem consumir uma fantasia alheia a sua realidade
cotidiana. O cinema, sem dúvida oferece uma tríade instigante: conhecer,
reconhecer e experimentar, é isto o que possibilita a verdadeira experiência
cinematográfica.
universo da vida, a consciência
planetária e a gama de interferências de toda ordem, como a globalização
econômica, a comunicação massiva, a social e a política das quais os meios de
comunicação social também são responsáveis.
CONTINUA...............
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