sábado, 27 de junho de 2009

CONFIRA AGORA A SEQUENCIA DO LIVRO " Ubatuba, espaço,memória e cultura"

9.
PRAIA DA MARANDUBA


Localização




A Praia da Maranduba localiza-se ao sul, a 28 km do centro de Ubatuba sendo o penúltimo bairro do município. Sua localização geográfica fica entre as praias do Pulso e Sapé, esta última é continuação na mesma faixa de praia da Maranduba.
AcessoAssim como tantas praias de Ubatuba, Maranduba é em toda sua extensão margeada pela rodovia Rio – Santos, BR-101, sendo esta o único acesso principal vindo do sul – Caraguatatuba, ou, do Norte, centro de Ubatuba. As linhas de ônibus da empresa Cidade de Ubatuba oferecem vários horários, a empresa Litorânea que faz a linha Ubatuba - Caraguatatuba – Ubatuba, oferece a toda hora o transporte coletivo.


Visão



Maranduba, grande em sua extensão, bela em sua paisagem nos faz lembrar um pouco a praia Grande com seus quiosques e muita gente bonita à beira mar. Praia de ondas não tão grandes que agrada a todos, famílias e alguns surfistas principiantes. Possui poucas árvores e algumas casas ou pousadas. Faz divisa com a praia do Sapé, onde em uma única faixa de praia formam um trio: Lagoinha, Sapé e Maranduba. Logo à frente da praia podemos visualizar uma ilha muito próxima com o mesmo nome, Maranduba, ou Ilha do Tarmerão.
As opções para lazer, além de suas águas podem ser os passeios de escuna na baía seguindo até a ilha da frente ou até a praia Grande do Bonete, outro lugar incrível, correndo o risco de ver os graciosos golfinhos e até baleias em determinada época do ano. Uma das atrações principais é o tobo àgua, ou tobocean que fica flutuando em alto mar, e também se divertir com caiaques e banana boalt disponível para aluguel.
Para quem gosta de praticar traiking, mais conhecida como caminhada, no final da mesma faixa longa das três praias, saindo da Maranduba, passando pelo Sapé e finalizando na Lagoinha, bem no canto começa uma trilha de no máximo 40 minutos, passando pelas praias do Perez, do Bonete, Grande do Bonete até a do Deserto. Uma trilha fácil de fazer e ideal para principiantes nesta prática com um visual de mar e mata fantástico.
Maranduba também tem algumas histórias: em 1827, o Sr. João Agostinho Stevemé foi dono de quase toda a área plana e de plantações próxima à faixa costeira do bairro. Próximo desta praia, na Fazenda Bom Retiro, localizadas hoje as Ruínas da Lagoinha, utilizava-se o atracadouro de Maranduba para assim transportar a pinga fabricada neste lugar na época do Império, no auge da cana de açúcar.

Curiosidades à parte, a palavra Maranduba, era a denominação Brajahimerinduba, supõe-se que esta estranha palavra tenha sido uma junção de Brejaúva4 e Maçaranduba5. Também Maranduba que em língua indígena quer dizer conjunto de histórias bonitas refere-se ao relato das gerações que são contadas onde os valores e cultura, conquistas e atos de heroísmo atravessam o tempo e permanecem vivas nas memórias do presente de um povo.
Maranduba é cercada pela Mata Atlântica, fazendo com que a imagem do local seja de uma região interiorana. Dali, próximo, existe uma estrada que leva em questão de minutos ao Sertão da Quina, um bairro grudado com a Maranduba que é uma opção diferente com esse ar interiorano para àqueles que se cansam do mar. Lá dentro é possível desfrutar de um conjunto de maravilhosas cachoeiras, onde a mais famosa é a da Renata, tendo como opções de hospedagens ótimas posadas e chalés. A paisagem que pode ser vista de alguns pontos da região é linda. Mas, Maranduba desenvolveu sua independência por conta da distância, quase 30 km do centro de Ubatuba. Tanto que possui um mini centro comercial com lojas, farmácia, supermercado, posto de atendimento médico, inclusive uma subprefeitura regional dando assistência a uma espécie de desenvolvimento social na região.
Uma rede hoteleira razoável que atende a grande demanda de visitantes e turistas freqüentadores assíduos da região sul, existe com muitas pousadas e chalés e também para àqueles que procuram algo mais simples existem campings bem próximos da praia.
A alimentação pode ser bem diversificada a gosto do cliente. Além dos quiosques com drinks gelados que acompanham sabores exóticos dos pratos de frutos do mar, existem restaurantes e lanchonetes no seu mini centro comercial, e também mercados com variedades em alimentos.
Demanda TurísticaSua demanda é bem variada, recebendo todo tipo de turistas ou excursionistas, são na maioria de classe média. Por sua fácil localização e acesso, Maranduba tem um grande movimento mesmo fora de temporada, e na “alta temporada” chegando a dobrar, principalmente porque atende a uma demanda de turistas e visitantes da cidade vizinha, Caraguatatuba.




10.


PRAIAS DA CAÇANDÓCA E CAÇANDOQUINHA


Localização



A praia da Caçandoca e a Caçandoquinha localizam-se ao sul, a 30 km do centro de Ubatuba. Geograficamente, Caçandoca está entre a Caçandoquinha e a praia do Pulso, e a Caçandoquinha entre a praia da Raposa e Caçandoca.


Acesso


O acesso de carro às praias da Caçandoca e Caçandoquinha é pela rodovia Rio – Santos, exatamente no Km 78 da Br 101. Uma estrada, a partir da rodovia principal de 3 km de percurso, leva à Caçandoca, onde ao lado direito dessa, por uma trilha curta, chega-se à praia da Caçandoquinha. O acesso de ônibus para ambas é pela rodovia, por meio da empresa Atlântico que faz a linha Ubatuba–Caraguatatuba– Ubatuba. O ônibus não entra pela estrada de terra até a praia, e o restante do caminho tem que ser feito a pé.


Visão


Tanto Caçandoca como Caçandoquinha são praias com uma vegetação variada da Mata Atlântica, e suas águas, são de um azul intenso, com poucas ondas. Na Caçandoquinha há areia monazítica, ideal para tratamento medicinal. Laranjeiras, coqueiros, amendoeiras, caraguatás fazem atraem arapongas, baitacas, periquitos, sabiás, tucanos e pica-paus.
Como tantas outras praias de Ubatuba, Caçandoca e Caçandoquinha guardam, além da beleza natural e exuberante, histórias dos negros quilombolas de Ubatuba. Caçandoca e Caçandoquinha abrigam famílias, moradores que são descendentes dos quilombolas. A colonização desse trecho foi feita por José Antonio de Sá, que tinha o monopólio de Caçandoca em 1881. As terras foram deixadas, depois, como herança a seus filhos.
Caçandoca e Caçandoquinha não têm infra-estrutura turística, e o visitante deve encontrar pousadas e hotéis nas praias próxima.

Demanda Turística


As duas praias são procuradas por excursionistas e adeptos de aventuras, instigados pelas belezas naturais da paisagem que desafia. O longo caminho de terra até suas areias e as trilhas fabulosas e históricas, longe do movimento de multidão, impressiona o turista que acha neste recanto da natureza selvagem um saudosismo de origem africano que paira por essas redondezas.




ITINERÁRIO DO OLHAR



1.

A PRAIA DO BONETE




Localização


A praia do Bonete está localizada a 31 quilômetros ao sul do centro de Ubatuba, e é também conhecida como “Bonetinho”, em relação à Praia Grande do Bonete que fica a 33 quilômetros do centro urbano. Ambas as praias são vizinhas da Lagoinha e da Fortaleza.


Acesso

O acesso à praia do Bonete e do Bonete grande pode ser feito por trilhas ou de barco. É possível ir de carro até o condomínio da praia da Lagoinha e seguir a pé por uma trilha, ou também pela praia da Fortaleza, trilha de 30 minutos de subida íngreme de um morro. Há barcos que saem da praia da Lagoinha e levam turistas para qualquer uma dessas praias.


Olhar


A praia do Bonete é de uso público, e conservada por um caseiro, responsável pela limpeza da mata ao redor da casa, e nas imediações da trilha de acesso. A areia é semi-branca e de granulométrica média. A água do mar é semiturva e esverdeada, com vegetação considerável de abricoteiros – este tipo de árvore se apresenta em quase toda a extensão litorânea de Ubatuba, e o fruto, é uma espécie de pêssego menor que um damasco. É interessante notar a semelhança do nome dessa fruta com o termo apricot, que significa damasco, em francês.
O Bonete apresenta mar de tombo. Não existem degradações nem impactos visíveis na praia, pelo fato de o acesso ser restrito, tornando-a um local singular e selvagem.
A praia não tem infra–estrutura de hospedagem e a alimentação é restrita a um pequeno bar improvisado. Não há visitas guiadas no lugar nem se paga taxa de visitação. Ela é propícia para excursionistas que a visitam de preferência nos meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro.

O Bonete foi um local que serviu de moradia para os escravos das fazendas da região. Uma vez por ano esses escravos se juntavam aos moradores da remanescente quilombada da Caçandoca para festejar e realizar manifestações populares de caráter religioso. A atividade enconômica principal da região é a pesca.
Em contrapartida a este recanto do Bonete, existe a praia grande do Bonete, que também apresenta uma bela paisagem de dois quilômetros de extensão da orla marítima. Existem alguns bares na região central e uma porção de casas de veraneio, mas nehum hotel, nem restaurante, nem mesmo áreas de camping, atividade proibida, mas praticada com certa frequência. Existe um pequeno vilarejo de pescadores na localidade.
O local possui alguns bares que, durante a alta temporada funcionam no periodo noturno, com alguns atrativos, como música ao vivo. A praia grande do Bonete é considerada uma praia de tombo, com areia semibranca e de granulometria média, pedras médias e grandes na parte lateral da descida da trilha. O mar e a vegetação têm as mesmas características que as de sua irmã menor, um convite ao deleite dos sentidos, principalmente do olhar.
Na praia grande do Bonete levam-se a efeito duas celebrações consideradas manifestações populares, ambas de caráter religioso. A primeira delas, Festa de São Sebastião, é organizada por moradores e o padre da igreja de Maranduba, que vai esporadicamente até o local para a celebração da missa. Essa comemoração começa na praia com uma corrida de canoas: primeiro os homens, depois as mulheres, com percurso desde a praia grande do Bonete até a plantação de mariscos na praia do Bonetinho. Após a competição, há uma procissão na qual São sebastião é levado em uma grade canoa enfeitada com fitas multicoloridas. Logo após a procissão, todos se reúnem na igreja para celebração da missa, seguida por uma festa, que dura todo um dia.
Outra festividade religiosa é a de Santana, que acontece em 25 de julho, e tem a mesma programação.

Demanda turística

Os visitantes da praia do Bonete são, em sua maioria, provenientes de São Paulo, Caraguatatuba e arredores. Praia afastada, não registra o chamado turismo de massa, e por isso há pouca infra-estrutura para turistas.


PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO : Dia 10 de julho 2009 - Intinerário do Olhar :

- Praia Domingas Dias, Lázaro e Sununga

sábado, 20 de junho de 2009

Evento homenageia sobreviventes da rebelião no presídio da Ilha Anchieta

O encontro dos Filhos da Ilha chega a sua 12ª edição e neste ano terá uma programação especial com várias trilhas culturais
No próximo dia 27 de junho será realizado o XII Filhos da Ilha Anchieta, um encontro de sobreviventes e familiares dos soldados do presídio que moravam na ilha durante a rebelião ocorrida no dia 20 de junho de 1952.
No dia 19, em Taubaté, acontecerá a primeira etapa do evento, onde as famílias de Filhos da Ilha se reunirão para homenagear seus heróis e também para uma confraternização, uma vez que eram moradores da Ilha Anchieta e voltaram a morar em Taubaté quando o presídio da ilha foi fechado em 1955. A confraternização será no 5º Batalhão de Polícia Militar em Taubaté, que era subordinado o Destacamento Policial Militar da Ilha Anchieta na época da rebelião.
Já no dia 27 de junho, uma caravana sairá de Taubaté com destino a Ilha Anchieta, onde a partir das 10h30 terá início a programação, que contará com várias trilhas culturais alusivas ao evento enfocando fatos do dia a dia dos Filhos da Ilha.
A Prefeitura de Ubatuba apóia o evento, que é aberto ao público. Quem tiver interesse em participar e conhecer um pouco mais da história deverá estar no píer do Saco da Ribeira por volta das 8 horas. O transporte será feito pela empresa Mykonos, pelo preço de R$ 20. Mais informações com Tenente Samuel (12) 9709-5687, Presidente da Associação Pró- Resgate Histórico da Ilha Anchieta e dos Filhos da Ilha.

(Fonte: Prefeitura Municipal de Ubatuba)

domingo, 14 de junho de 2009

A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIO

Antes da conquista e colonização do Brasil pelos europeus, existiam várias comunidades indígenas ou Brasil índios no extenso litoral brasileiro. Culturalmente diferentes entre si, falavam várias línguas com diversos dialetos e, numerosos, habitavam aos milhares as centenas de aldeias. Os índios da Comunidade Tupinambá (excelentes canoeiros) possuíam várias aldeias, sendo que uma delas, a Aldeia Iperoig, localizada na região de Ubatuba quando da chegada dos portugueses. Durante o processo de conquista, que envolveu a catequização de índios pelos jesuítas, os portugueses aliaram-se a comunidades indígenas que habitavam a região de São Vicente e de São Paulo de Piratininga como Tupiniquins e Guaianazes. Os portugueses e seus aliados passaram a invadir aldeias e escravizar índios de outras comunidades, utilizando-os como mão-de-obra escrava. Ao serem atacados, os índios Tupinambás e de outras comunidades organizaram-se e formaram a “Confederação Tamuya” (da antiga língua Tupi, o Tupi arcaico, origem da língua Tupi-Guarani, que significa: o mais antigo, os primeiros e verdadeiros donos da terra) ou, como é conhecida hoje, Confederação dos Tamoios (na língua indígena não existe o plural e o uso do “s” como na língua portuguesa), passando a enfrentar os portugueses. “A Confederação foi, então, a união dos índios verdadeiros donos da terra”.

FONTE : http://www.by2brazil.com/ubatuba-historia/

sábado, 13 de junho de 2009

Sobre a Condessa de Vimieiro

Conde do Vimieiro foi um título nobiliárquico português criado por Filipe III de Espanha em 1614 durante a União Ibérica. O topônimo relacionado é Vimieiro, antigo concelho do Distrito de Évora e hoje freguesia do concelho de Arraiolos.
O segundo e o terceiro condes de Vimieiro foram donatários da capitania de São Vicente durante o Brasil Colonial, bem como sua mãe, Mariana de Sousa Guerra, condessa do Vimieiro, através da qual eram descendentes de Martim Afonso de Sousa.
O quarto conde do Vimieiro, foi vice-rei do Brasil de 21 de agosto de 1718 a 13 de outubro do ano seguinte.

FONTE : http://pt.wikipedia.org/wiki/Conde_do_Vimieiro

A Igreja Presbiteriana em Ubatuba

A igreja Presbiteriana em Ubatuba foi fundada em 28 de novembro 1880. Foi assim o registro no seu primeiro livro de atas: "História da Igreja Presbiteriana de Ubatuba até a sua organização. No ano de 1868, chegaram as mãos do Sr José Joaquim Fernandes Lima, morador na cidade de Ubatuba, alguns folhetos evangélicos contendo sermões avulsos do Reverendo Rayle. A leitura destes folhetos despertou no Sr Lima um grande interesse religioso a ponto de desejar saber em que livro se achavam as muitas citações e referências que continham aqueles folhetos. (Contava Dona Fausta Lima, que faleceu, em novembro de 1959 com 97 anos, que seu pai que era comerciante, encontrou os tais folhetos dentro de um caixote que recebeu com mercadorias da cidade do Rio de Janeiro. Quem colocou dentro do caixote os folhetos? Fora por acaso ou propositadamente, com o fim que eles realmente vieram ter?). Um companheiro de trabalho do Sr Lima, que há havia assistido a pregação do Evangelho na Corte, contou-lhe que aquelas citações eram extraídas da Bíblia Sagrada.
Foi esta a primeira notícia que o Sr Lima teve da Palavra de Deus, tendo já nesse tempo 41 anos de idade. Mandou logo vir do Rio de Janeiro um exemplar da Bíblia, e deste modo chegou a Palavra Divina ao seu coração. A leitura das Escrituras Sagradas e de alguns outros livros que depois obteve, o convenceu logo de que a religião em que fora criado, não era a religião ensinada por Jesus e pelos seus apóstolos.
Em outubro de 1874, o Sr Lima mandou comprar alguns livros religiosos na livraria Evangélica da Corte. Esses livros foram embrulhados em um número da Imprensa Evangélica, jornal que até ali o Sr Lima não conhecia. Os artigos deste número da imprensa agradaram-lhe tanto, que mandou assiná-la, e arranjou ainda muitos assinantes em Ubatuba.
Em agosto de 1877, tendo o Sr Lima a notícia de que o Sr Cândido Joaquim de Mesquita estava pregando em Paraty, mandou-lhe em telegrama perguntando-lhe se pretendia vir até Ubatuba, e recebendo resposta afirmativa, mandou animais e um camarada para conduzi-lo de Paraty a Ubatuba. No dia 18 de agosto chegou o Sr Mesquita acompanhado pelo Sr Manoel José de Oliveira Valença, colportor da Sociedade Bíblica Americana.
No mesmo dia, às sete horas da noite, o Sr Mesquita fez a sua primeira pregação na casa situada a Rua Direita canto da Rua da Praia de propriedade do Sr Capitão Assunção.
A pregação continuou diariamente até o dia 28, sendo a freqüência de 150 a 200 pessoas. A 26 de julho de 1878, chegou o Sr Mesquita a Ubatuba pela segunda vez, e pregou durante cinco noites no Teatro daquela cidade. A 7 de novembro de 1879, o Sr Mesquita visitou ainda Ubatuba, a pedido do Rev. Houston, e nesta ocasião a pregação teve lugar na casa do Sr Lima. A 27 de fevereiro de 1880, chegou a Ubatuba o Rev. Houston pastor da igreja Presbiteriana da Corte, e ali se demorou cinco dias, pregando O Evangelho. Celebrou pela primeira vez a Santa Ceia do Senhor no dia 4 de março, professando a sua fé e recebendo o sacramento do batismo as seguintes pessoas: José Risa do Miranda, Maria Cândida do Carmo Souto, Adelina Leontina do Souto, Ana Carolina do Souto, Bazilia Maria da Conceição, Alexandrina Francisca Louzada, Manoela Maria da Silva Souto, Manoel Francisco Lozada.
Foram também batizados os menores Manoel, Guilherme e Maria, filhos do casal, Manoel Francisco Louzada e de Maria Martinha Lozada. Estes atos tiveram lugar na casa do Sr Lima à Rua São Salvador, 07, e nesta e nas outras ocasiões, era sempre o mesmo Sr Lima que arranjava a sala para o culto, fornecia cadeiras, bancos e luzes. Convidava o público para a pregação e hospedava em sua casa o pregador. O Pr Houston celebrou também nesta ocasião o casamento do Sr Manoel Francisco Louzada com a Sra Manoela Maria da Silva Santos. No dia 11 de junho de 1880, chegou a Ubatuba o Pr Antonio B. Trajano e pregou durante algumas noites a um grande e atencioso auditório. Celebrou também pela segunda vez a Santa Ceia do Senhor a 13 de junho, professando a sua fé, e recebendo o sacramento do batismo as seguintes pessoas: Luzia Felizardo Cabral, Ana Carolina Cabral e Costa, Maria Balbina do Souto, Fausta da Silva Lima. No dia 16 de junho, o Pr Trajano celebrou o ato de casamento do Sr Candido José dos Santos com a Sra Alexandrina Francisca Louzada, e no dia 19 retirou-se para a Corte, tendo pregado todas as noites em que esteve na cidade. A 24 de novembro de 1880 o Pr Trajano visitou novamente Ubatuba, e ali, pregou durante cinco noites consecutivas. Celebrou a Santa Ceia no domingo dia 28 de novembro e no mesmo dia as cinco horas da tarde organizou a Igreja Presbiteriana de Ubatuba, estando presentes todos os irmãos professos e muitos interessados no Evangelho.
Assim brotou e cresceu a boa semente da Palavra Divina, semeada na cidade de Ubatuba. Na ausência de pregadores, o Sr Lima sempre dirigia os cultos.


fonte : www.ubaweb.com

Obelisco, um marco em nossa história

Ano de 1937... erguia-se através das mãos do escultor Vicente Larocca bem ao centro do Largo da Matriz uma esguia coluna de oito e meio metros de altura, toda de granito picolado, tendo nas faces anteriores e posteriores, de um lado a esfera armilar do Estado Brasil, marco da época da colonização, e de outro, no simbolismo severo do bronze, o brasão de armas, duas placas de bronze com inscrições, elaboradas pelo ilustre membro do Instituto Histórico e diretor do Museu do Ipiranga, Dr. Affonso de E. Taunay, nascendo assim diante de toda a população o Obelisco. Este pomposo monumento foi o marco das comemorações do 3º Centenário de Ubatuba, quando o Instituto Histórico e Geogaphico de São Paulo elaborou, juntamente com autoridades locais, uma vasta programação comemorativa. No dia 30 de outubro, a inauguração do monumento que eternizaria a festividade de grande valor histórico estava programada para as 11h. Toda a população, autoridades locais e regionais, assim como mocidade acadêmica de Direito de São Paulo, aguardavam a presença do ilustre governador do estado, Dr. J. J. Cardoso de Mello Neto. Ele deveria chegar de avião em pouco tempo, se não fosse a viagem interrompida pelo mau tempo. Pela manhã, o céu encontrava-se limpo; porém, por volta de 10h, começou a cair uma impiedosa chuva impossibilitando a vinda do mesmo, que através de seu secretário, Dr. Aristides Bastos Machado, enviou um telegrama oficializando suas desculpas. Assim a comemoração foi realizada às 14h, com descerramento pelas mãos improvisadas do Dr. Félix Guizard Filho, membro do Instituto e cidadão colaborador para a realização da comemoração. O Dr. Félix propos-se até mesmo a fundar o Obelisco, caso o Instituto e o governo do Estado não o tivessem feito. Seguido de 21 tiros e abençoado pelo sacerdote ubatubano da cura da catedral de Santos, o padre J. Passos. Um imenso texto foi lido por um dos representantes da embaixada universitária, o acadêmico Antônio Sílvio da Cunha Bueno, que, em dado momento, registra: “Este rincão de nossa terra, meus senhores, merece de vós grande atenção: por ele, naturalmente, deve escoar-se toda a produção e sair toda a riqueza, não só de São Paulo, mas da parte do Rio de Janeiro, de todo o sul de Minas Gerais, e, talvez mais ainda - do abrupto sertão que ora começa a despertar”. Na ocasião, o ilustre prefeito Washington de Oliveira (Seo Filhinho), em agradecimento aos paulistas e ao Instituto pelo que fizeram por sua terra, realizou um extenso discurso, no qual chegou a pronunciar estas palavras: “Este belíssimo monumento que se inaugura agora e que se ergue na praça principal desta cidade, há de lembrar perenemente, não só o passado histórico do município, mas, também, um varão ilustre a todos os respeitos, de uma vida inteira de abnegação e sacrifícios em bem do próximo, o incansável arroteador do solo brasileiro, e, sobretudo, do solo paulista - José de Anchieta.”Fazer parte de uma cidade também é fazer parte de sua história. Assim cada lugar torna-se especial e, em alguns casos, podendo até mesmo nos causar orgulho. Por isso é importante estarmos integrados às suas peculiaridades e turisticamente divulgá-las aos nossos visitantes, recordando os tempos áureos... sua magia... e, principalmente, suas exclusividades.* Parte deste texto foi copilado e pesquisado no livro “Chronica do Semestre - Terceiro Centenário de Ubatuba”.

FONTE : www.ubatubasp.com.br

segunda-feira, 8 de junho de 2009

SEQUÊNCIA ESPECIAL DO LIVRO " Ubatuba, espaço,memória e cultura"

PARA QUEM ESTÁ CHEGANDO AGORA, eu estou publicando neste blog parta a parte na integra o Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", escrito por Juan Drouguet e Jorge Otavio Fonseca (este último imão do editor deste blog). Este livro foi editado em 2005, encontra-se na Biblioteca Municipal de Ubatuba.





1.PRAIA DO CEDRO

Localização


A Praia do Cedro localiza-se num remanso ao norte da Ponta Grossa, a uns 5 km do centro de Ubatuba, passando as praias do Tenório e Vermelha do Centro.

Acesso

Para chegar à Praia do Cedro de carro deve-se ir até a praia Vermelha do Centro, cuja entrada fica próxima do Tenório. Quando terminar toda a extensão da Vermelha, começa uma estrada de terra por uns 2 km, o mesmo caminho que leva ao farol da Ponta Grossa. Quando se chega ao início da parte de paralelepípedos da estrada podem ser avistadas as árvores de cedro. Nas proximidades há um estacionamento com uma trilha, logo na esquerda, a indicação da Praia do Cedro. O acesso de ônibus fica difícil, chegando no máximo, às praias do Itaguá e Grande. O acesso marítimo pode ser realizado através de empresas de turismo em passeio de escunas com saída da Praia do Itaguá com um horário pela manhã e outro pela tarde.

Visão

A Praia do Cedro possui este nome fazendo referência a uma grande plantação de árvores da espécie do mesmo nome existente no local1. Pequenina, mas graciosa, sua praia não chega a 100 metros de extensão, mesmo próxima da região central de Ubatuba, porém longe da vista de quem circula pela grande enseada de Ubatuba. Sua vegetação é cerrada e o destaque são as plantações de cedro, lindas e majestosas completando o visual perfeito de um canto primoroso do litoral ubatubense.

Praia de tombo, não tão brava, de águas incrivelmente cristalinas e de areias bem grossas e brancas, um ótimo local para a prática do mergulho em suas lajes submersas.

Vários barcos como escunas, grandes lanchas, cheias de turistas e visitantes param bem próximos da praia para mergulhos e apreciação do belo lugar. O local é preservado pelos moradores que tentam conscientizar os turistas, espalhando latões de lixo nas areias e ao longo da trilha de acesso.

Além do visual paradisíaco, a praia do Cedro é freqüentada por pequenas criaturas como os caxinguelês, um tipo de esquilo, mas a atração principal são as tartarugas marinhas e os golfinhos. Ás vezes as baleias costumam dar o ar da graça em determinada época do ano. Peixes ornamentais, cavalos marinhos, anêmonas, entre outros tantos espécies aquáticos completam o quadro subaquático daqueles que curtem mergulhos submarinos.

Para a hospedagem daqueles interessados em ficar próximo da praia do Cedro: casas de alugueis, pois, hotéis e pousadas podem ser encontrados na Praia Vermelha do Centro. Antes, nas praias do Tenório e Grande.

A alimentação é por conta de um pequeno bar simples e rústicos, mas com aperitivos diversos de frutos do mar e peixes, entre outras comidas e bebidas. A água de coco na melhor temperatura não pode faltar para completar a sensação espetacular de dia ensolarado e quente do verão.

Neste mesmo tipo de bar é possível alugar equipamentos de mergulho para amadores e iniciantes, possibilitando conhecer bem de perto a fauna subaquática daquele verdadeiro aquário natural.



Demanda Turística


A demanda na Praia do Cedro é de turistas e visitantes, ou mesmo, aventureiros em busca de paz e sossego em um local escondido da civilização. Costuma haver um movimento muito fraco, quase ninguém freqüenta esta praia na “baixa temporada”, tornando-se quase deserta.


2.PRAIA GRANDE

Localização


A Praia Grande localiza-se a 6 km do centro de Ubatuba, entre as praias do Tenório e Toninhas. Por toda sua extensão a rodovia Rio - Santos, BR-101, beira sua orla.

Acesso

O acesso à Praia Grande é fácil. A rodovia BR-101 beira toda sua orla. De quem vem do centro, passando pelo bairro e a praia do Itaguá, chegando até a Avenida Capitão Felipe, após o trevo da rodovia Rio -Santos já é possível avistar a praia Grande. Ou, ainda por dentro do bairro do Itaguá passando pela Praia do Tenório o acesso é único até o início da praia Grande. A empresa de ônibus coletivo Cidade de Ubatuba tem várias linhas que passam por esta praia, indo em direção às outras praias do sul e de Caraguatatuba.



Visão

A Praia Grande não é tão grande assim, como seu nome o indica, mas guarda histórias, lendas e curiosidades que até hoje são ditas pelos nativos caiçaras. Antigamente, Grande era o único acesso que ligava a região central ao sul de Ubatuba e por suas areias passavam todos àqueles que tinham que fazer este caminho obrigatório, aos seus olhos realmente parecia ser uma longa distância toda a faixa de praia, dando a sensação de grande.

Antes mesmo de a rodovia cortar toda sua extensão, a largura da praia era bem maior e havia mangues, berçário de peixes e plantas nativas típicas do litoral e beira de praias. Com o corte da estrada foi consideravelmente diminuída, transformando-a em uma das mais valorizadas áreas habitacionais de Ubatuba.

Por esta mesma rodovia onde todos passam, dificilmente não voltam seus olhos em direção do mar, suas águas azuis, areais brancas, todo o movimento de pessoas com guarda-sol e os surfistas com suas pranchas desenham um grande espetáculo no verão. Praia Grande oferece uma vista fantástica em época de muito movimento. De quem vem da região sul sentido centro, quando chega na curva das Toninhas e tem a vista de toda a praia Grande se deslumbra com tamanha explosão de cores contrastando com o azul do mar e as espumas brancas da arrebentação, sendo esta praia outro cartão postal.

Suas características naturais são as melhores possíveis. Água cristalina, ondas perfeitas que crescem enormes ao fundo e terminam por deslizar em marolas até suas areias brancas e firmes à beira mar. Toda sua extensão em cumprimento não chega a 2 km, mas ela é larga proporcionando aos turistas e visitantes passeios e caminhadas, corridas e até pedaladas de bicicletas. Todo tipo de esporte é muito freqüente como a famosa “pelada” - futebol, o frescobol e o principal esporte praticado em Ubatuba, não poderia faltar nas ondas da praia Grande, o surf. Para diversão geral do público o banana boalt faz a alegria não só das crianças como dos adultos.

Os quiosques instalados na praia ajudam para alegria da população com as mais variadas musicas de todos os gêneros da música popular brasileira e também muito rock nacional e internacional. Ambulantes vendem alimentos a gosto de cada turista ou visitante. Desde espetinhos, água de coco, milho verde cozido, cachorro-quente, até mesmo roupas, chapéus, óculos, redes, etc.

A costeira da Praia Grande é um atrativo para àqueles que gostam de aventuras sobre as pedras e um caminho alternativo até a praia do Tenório que pode ser feito pelo lado esquerdo de quem de frente olha para a praia. O turista, com muito cuidado, segue pelas pedras alguns minutos de trilha quando no meio do caminho visualiza a paisagem do horizonte entre as duas praias de ponta a ponta, impressiona pelo movimento de pessoas e por uma mistura entre o som do mar, a músicas dos quiosques e das pessoas, podendo ainda avistar a bela Ilha Anchieta. Costuma-se sentar nas pontas das grandes pedras logo na curva da costeira e de lá ficar admirando as grandes ondas estourarem contra as pedras. Ainda, no trajeto deste caminho, tendo sorte os turistas e visitante podem avistar tartarugas marinhas bem próximas às pedras se alimentando. Lembrando que estes animais costumam em determinada época do ano nadar quilômetros e quilômetros nos oceanos até Ubatuba para esta finalidade, segundo o Projeto TAMAR2.

Em se tratando de hospedagem, praia Grande tem um número considerável de hotéis, pousadas e muitos prédios de apartamentos e casas de aluguel. Para alimentação, além de seus quiosques, a praia possui restaurantes e lanchonetes de variados estilos e sabores.

Demanda Turística

Praia Grande é muito freqüentada por todo tipo de visitantes e turistas, sem distinção. Em época de grande movimento, esta praia tem o maior número de pessoas por metro quadrado. Suas águas ficam repletas de gente. Até mesmo fora da temporada, nos finais de semana, a praia Grande é bem visitada e costuma ser um lugar de encontro em Ubatuba o ano todo.

PRAIA DA FORTALEZA
Localização


A Praia da Fortaleza está localizada ao Sul, a 20 km do centro de Ubatuba, aproximadamente a 8 km da rodovia Rio - Santos, BR 101. Entre a praia Brava da Fortaleza e o Cedrinho, Fortaleza pertence a uma grande baía do mesmo nome.

Acesso

O acesso à Praia da Fortaleza, como tantas outras praias em Ubatuba é pela rodovia Rio-Santo no km 67, entrando pela Praia Dura por uma estrada bem cuidada e asfaltada de 8km até a praia, levando em média 20 minutos de carro. A empresa de ônibus coletivo Cidade de Ubatuba disponibiliza algumas linhas específicas à praia da Fortaleza. São poucos os horários durante o dia por isto há de se ficar atentos.

Visão

A praia da Fortaleza, como diz o nome, parece uma verdadeira fortaleza, sua geografia é constituída por enormes pedras das costeiras que invadem o mar como se fossem abraçar toda a praia. Esta formação da natureza proporcionou abrigo aos antigos navegadores e corsários quando o mau tempo impedia o transporte de mercadorias ou simplesmente a passagem por esta baia.

Suas águas, na maioria das vezes mansa proporcionam agradáveis banhos de mar. Ao final, próximos da costeira, seguindo seu “braço” de pedras enormes que se submergem, escondem-se maravilhas da vida aquática que proporcionam aos adeptos da prática do mergulho e curiosos, verdadeiras aventuras submersas da vida oceânica.

Em toda sua extensão, a praia possibilita agradáveis caminhadas admirando o belo visual daquela que se parece com uma fortaleza verde de Mata Atlântica.

Vale ressaltar que o caminho desde a entrada pelo portal da praia Dura até a praia da Fortaleza é de extrema beleza, um caminho que em meio a uma vegetação exuberante e ao som dos pássaros e cigarras atordoa os sentidos. Algumas casas, pousadas e hotéis se contrastam com o belo visual natural, mas no meio deste percurso, os nossos olhos podem se deleitar em um mirante extraordinário com a paisagem de praias que antecedem a Fortaleza. A primeira é a praia Dura, logo a Vermelha do Sul, a seguir, Costa e Brava da Fortaleza.

A cultura do local é muito interessante, com uma história que impressiona. Em época anterior, com apenas 44 habitantes que viviam praticamente do plantio e da pesca, uma forma digna de subsistência aproveitando os dons da mãe natureza. O fruto do trabalho no plantio e na pesca servia como capital na troca de produtos e outros materiais vindos de fora. Uma comunidade que sabia viver de uma cultura múltipla trazendo em suas almas a alegria de participar em essa interação com o meio. Em suas festas religiosas celebravam com danças do bate-pé este prodígio e se divertiam ao som das músicas regionais, estes costumes continuam presentes nos festejos, fazendo parte do folclore até hoje.

Para hospedagem aos visitantes e turistas na praia há um meio só, um dos mais completos e interessantes hotéis da região e uma Pousada, algumas casas residenciais de aluguel ou ainda no caminho e na Praia Dura existem alternativas.

A alimentação fica por conta dos bares e quiosques restaurante e mercados próximos da praia.

Demanda Turística

A demanda de turistas e visitantes é freqüente, em finais de semanas prolongados e na “alta temporada”, fora isso, a praia costuma ter poucas pessoas por ser mais distante e isolada. É para freqüentadores que preferem praias mais isoladas e adeptos a prática de mergulho oceânicos em praias mais sossegadas, tranqüilas em meio da natureza mais preservada embora existam muitas casas e comunidade local.

ATENÇÃO PRÓXIMA ATULAIZAÇÃO : 18 DE JUNHO DE 2009...AGUARDEM....

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A música Caiçara






Ricardo Nunes Pereira à rabeca, com a criançada em volta. Praia de Ubatumirim, Ubatuba, 1978 (foto: Kilza Setti)


Concentrada em trabalhos preferencialmente dedicados à recuperação de repertórios de música sacra, nossa Musicologia Histórica não tem mostrado ainda uma literatura de dimensões notáveis acerca das raízes e gênese da música de tradição oral das populações caiçaras da costa sudeste do Brasil, embora, nesse campo, encontrem-se obras expressivas produzidas por etnomusicólogos.
Conveniente seria lançar um olhar atento às práticas musicais na Península Ibérica e regiões do Mediterrâneo e sua extensão nas Américas hispânica e portuguesa. Nesse sentido, a história oral e a iconografia seriam ótimos auxiliares como fontes de pesquisa.

A música dos povos caiçaras do litoral paulista, sul fluminense e paranaense apresenta extraordinária unidade, apenas salpicada de tênues nuanças segundo as particularidades de cada região, e aí reside o grande interesse para amplos estudos de etnomusicologia. As populações rurais do litoral norte de São Paulo, em especial, as de Ubatuba, tomadas como foco neste projeto, apesar das adversidades que têm enfrentado, mostram uma atividade musical viva e ativa, conscientes de que lidam com um patrimônio legado por seus antepassados. Apesar desse legado cultural de perfil europeu - visível pela presença de cancioneiro português, pelas formações instrumentais e procedimentos vocais para aqui transplantados - fica evidente também a tendência a uma reelaboração, processada por sucessivas gerações litorâneas no Brasil, resultando no que se poderia chamar de “estética caiçara”.

É preciso assinalar ainda, para além de evidentes traços luso-hispânicos, que, com o advento do regime escravista, povos de vários países e grupos africanos estiveram no litoral paulista, deixando importantes marcas culturais. Um exemplo disto é a presença de instrumentos lamelofones como as marimbas que, nas congadas, estão presentes em apenas alguns municípios litorâneos de São Paulo.

No bojo de um saber transmitido essencialmente pela oralidade, a música dos povos caiçaras, tanto em seus repertórios sagrados quanto profanos, revela evidentes tendências à conservação de matrizes rítmico-melódicas, poética tradicional, padrões vocais e instrumentais recebidos de gerações anteriores. Não são freqüentes novas criações musicais, sobretudo no tocante à construção de novas melodias, embora se registrem alguns casos. Uma renovação de repertório, no sentido em que a história da música ocidental conceitua essa idéia, não é prática usual em povos cujo conhecimento de saberes se dá pela oralidade.

O litoral norte paulista, notadamente Ubatuba, pela dificuldade de acesso até meados de 1970, permaneceu como depositário de tradições e arcaísmos no linguajar e na música. Até então, o rádio de pilha terá sido o único elemento portador de novidades musicais entre as populações das praias, costeiras e sertões, estas últimas, também com eventuais contatos com populações caipiras da serra e do interior. O convívio familiar cotidiano facilitou a transmissão de práticas e repertórios musicais. As crianças e jovens sempre estiveram presentes aos serões musicais, e isso se comprova ainda no início do século 21.


As constantes visitas aos núcleos musicais do município de Ubatuba mapeados nos anos de 1960 e 70 confirmam a continuidade dos repertórios de tradição oral. Ainda que os jovens desses núcleos tenham hoje acesso a novas informações e mesmo a cursos universitários, permanece a prática simultânea de novos e antigos repertórios, e há grande valorização e empenho da juventude no sentido de participar dos encontros musicais – tanto dos fandangos, quanto das festas religiosas. Houve, ao início do século 21, um renascimento da atividade musical tradicional, graças à adesão de parte da juventude caiçara, interessada em participar e dar continuidade a seu patrimônio musical.

As peças musicais caiçaras derivam, em geral, de matrizes inspiradas em suítes de danças européias: antigos músicos falam mesmo em xótis, mazurcas e valsas, mas há uma infinidade de danças caiçaras praticadas e já consolidadas, vigentes nos dias atuais. São as chamadas “danças do fandango”, muitas delas encontradas em Portugal insular. Entre outras, destacam-se cana-verde, ciranda, canoa, chamarrita, marrafa, caranguejo, tontinha, além da prestigiada dança do xiba ou batepé, sempre presente aos momentos musicais. A função do instrumental para acompanhamento das danças gerou uma série de formas musicais que enriquecem o repertório profano e que sobrevivem, independentemente de se realizarem ou não as formas coreográficas.

O repertório religioso é também encontrado em Portugal continental e ultramarino, e está presente no coletivo caiçara: orações cantadas, oração a Bom Jesus de Iguape, Oração a Santa Verônica, Benditos, Rosário de Maria, Martírio de Cristo, ladainhas cantadas, cantorias das Folias de Reis, Alvoradas e Despedidas do Divino, Folias de São Benedito, companhias de congadas, de moçambiques, Dança de São Gonçalo. No conjunto de música religiosa, os procedimentos vocais são idênticos aos usados na música profana, e, além das violas, com eventual violino ou rabeca, há obrigatoriedade de acompanhamento pela caixa, com toques e repiques adequados a cada momento do desempenho das vozes, e funcionam também como marcadores dos interlúdios instrumentais.



PARA SABER MAIS SOBRE ESTE ASSUNTO, ACESSE AGORA OU DEPOIS O SEGUINTE SITE :




www.memoriacaiçara.com.br

segunda-feira, 1 de junho de 2009

UBATUBA A PARTIR DE 1808

A situação só melhorou a partir de 1808, com a abertura dos portos, pois a família Real Portuguesa fugindo das tropas napoleônicas, transferiu-se para o Brasil decretando a "Abertura dos Portos às Nações Amigas" em 28 de janeiro de 1808. A medida beneficiou diretamente a então vila. O comércio ganhou impulso com o café, inicialmente sendo cultivado no próprio município e enviado para o Rio de Janeiro. O café se expandiu para todo o Vale do Paraíba e Ubatuba passou a ser o grande porto exportador. A vila passou, em 1855, a categoria de cidade. Novas ruas foram abertas, o urbanismo, no sentido moderno alcançou o município. São criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, chafariz com água encanada, mercado municipal e novas construções para abrigar a elite local, dentre as quais a casa nova de Manoel Baltazar da Costa Fortes, hoje sede da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba- Fundart. Hoje a maioria é lembrada apenas pela presença de ruínas ou pelo nome dado as praias como Lagoinha, Maranduba, Ubatumirim e Picinguaba. A vila passa a contar ainda com uma estrada calçada com pedras para sustentar o tráfego de mulas carregadas com mercadorias, estreitando a ligação comercial com Taubaté. A construção da ferrovia Santos-Jundiaí à decadência do Vale do Paraíba, que perdeu mercado para a maior produtividade da lavoura de café do Oeste- Paulista (região de Campinas), determinaram o isolamento econômico da região e, em conseqüência, de Ubatuba. A tentativa de construir uma ferrovia entre Taubaté e Ubatuba foi vista com muita esperança, sendo importados trilhos da Inglaterra. Porém durante o governo do presidente Floriano Peixoto foi suspensa a garantia de juros sobre o valor do material importado, provocando a falência do Banco Popular de Taubaté e, em conseqüência, da companhia construtora. A estrada praticamente desapareceu e o tráfego marítimo foi reduzido a escala de apenas um navio a cada dez dias na linha Santos-Rio de Janeiro. Depois de um longo período, após a revolução Constitucionalista de 1932, com o objetivo de integrar a região cujo isolamento ficou patente no conflito, o Governo Estadual promoveu melhorias na rodovia Taubaté-Ubatuba, passando a cidade a contar com uma ligação permanente com o Vale do Paraíba. Aos poucos, a cidade começa a desenvolver a sua vocação turística, recebendo um impulso decisivo nesse setor, em 1972, com a construção da rodovia BR-101, (Rio Santos).

INDIOS DE UBATUBA


Ubatuba surgiu da aldeia tupinambá de Iperoig ( Ypiru-yg = rio das perobas). Região rica de boa madeira para embarcações das quais eram habilíssimos canoeiros e construíam grandes canoas de capacidade para até 60 pessoas e como nadadores exímios, chegaram a nadar quilômetros ao encontro das embarcações que vinham para negociar em primeira mão o produto pau-brasil. Ubatuba era o quartel general da nação Tupinambá.
A serra de Boiçucanga, em São Sebastião, foi a divisa do povo Tupinambás ao norte e do povo Tupiniquim ao sul. Ambos viviam em paz até a chegada dos exploradores europeus (de Portugal e França) que os instigaram a lutar pelos interesses colonialista, mercantilista e escravagista.Os índios que pertenciam à tribo Tupinambá, do grupo Tupi, habitavam todo
o litoral brasileiro e falavam a língua tupi-guarani. Eles eram mais adiantados que os índios do interior do Brasil - os Tapuias.Eles entendiam de navegação, dormiam em redes, cultivavam alguns produtos agrícolas e possuíam uma série de outros costumes que denotavam um estágio um pouco mais avançado de civilização.


A ligação entre os índios e os portugueses está vinculada à necessidade de colonizar o país. Para isso, era necessário catequizar os silvícolas. Os primeiros catequizadores foram os jesuítas, trazidos para o Brasil por Tomé de Souza, primeiro Governador Geral, em 1549. Os padres Manoel de Nóbrega e José de Anchieta são dois jesuítas que se destacaram pelo trabalho na catequese de índios.
José de Anchieta chegou a escrever a primeira gramática na língua Tupi, como objetivo de ensinar aos índios o catecismo católico.Sobre a personalidade de José de Anchieta existia um livro na Biblioteca Municipal de Ubatuba. O livro "Anchieta, santo ou carrasco?", que extraviou-se.


A GUERRA

O clima ficou quente, entre os portugueses e os índios. Em 1554, os portugueses mataram mais de 20 mil índios surgindo daí a Confederação dos Tamoios, em 1555 e em 1563, a Paz de Iperoig, que abriu espaço para legitimar a matança dos índios que viviam no litoral brasileiro, principalmente no centro-sul da colônia. Com a paz assinada, os franceses perderam o direito de permanecer. Ficaram os portugueses escravizando os Tupinambás. Esse contato direto com os portugueses, além do genocídio promovido, foi também o início da disseminação de doenças trazidas pelos brancos, das quais os índios não tinham anti-corpos para combatê-las. Hans Staden diz em seu livro que até cobertores contaminados foram trazidos para cá.Quem sobrou, não teve outro caminho a não ser fugir. Os primeiros a colocarem o pé na estrada foram os índios da costa sul e leste, onde a colonização foi mais rápida e mais abrangente. Os Tupinambás fornecem um dos exemplos mais extraordinários desse êxodo. Logo após 1500, esse povo iniciou um espantoso movimento de migração - o maior de que se tem notícia em tempos históricos na América -, composto por dezenas de milhares de índios, à procura de refúgio na Amazônia. Por volta de 1600 (nesta data já não existia mais nenhum índio em Ubatuba) os Tupinambás atingiram o norte do Brasil e foram importantes no processo de consolidação da ocupação da terra pelos portugueses. Inclusive, participaram ativamente na fundação da cidade de Belém, em 1616. No Pará, os índios também tiveram participação na luta entre portugueses e franceses, ajudando na posse portuguesa. No final, não sobrou nenhum índio para contar história por aqui.Os Tupinambás, legítimos donatários das terras de Ubatuba, talvez, possam ser encontrados no Maranhão, ou no Pará. Talvez algum historiador se habilite a resgatar essa importante passagem histórica, para Ubatuba e para o Brasil.


Hoje existe a Aldeia Boa Vista, originária do Paraguai, que ajuda a resgatar a dívida contraída com as nações indígenas. Para que os Guaranis pudessem chegar até aqui, foi preciso muito trabalho de conscientização e a dedicação de pessoas, como Marechal Rondon e os irmãos Villas Boas, que levantaram a questão, depois de séculos de obscurantismo. Apesar de não terem atuado em Ubatuba, os sertanistas Cláudio e Orlando Villas Boas - os irmãos da selva - desenvolveram uma missão que se prolongou por mais de 30 anos. Eles conseguiram pacificar as 18 tribos existentes no Parque do Xingu, que viviam separadas pela distância, por culturas distintas, por dialetos diferentes e por rivalidades decorrentes de guerras centenárias. Mas a maior contribuição dos irmãos foi tornar público o debate sobre os índios, sensibilizando a sociedade brasileira, pavimentando o início de uma solução para o conflito da posse da terra e ajudando na criação da Funai - A Fundação Nacional do Índio.A importâncias de Ubatuba começou a ser desvendada em 1962, quando na construção do condomínio da praia do Tenório. Lá foi descoberto um sítio arqueológico com idade de 2 mil anos. Os estudos foram desenvolvidos pela professora Dorath Ulhôa Cintra, chefe do setor de pré-história da USP. Esse registro arqueológico prova que a existência dos tupinambás vem desde a época de Cristo. Diversas ossadas foram localizadas neste sítio arqueológico, provando a presença pré-histórica de habitantes em Ubatuba.

Os Guaranis

A história dos índios guaranis começa a ser registrada durante os séculos XVI e XVII. Segundo a história, os guaranis viveram entre a cruz e a espada.Projetados no papel de dóceis e regrados discípulos dos missionários jesuítas ou da infeliz vítima dos sanguinários bandeirantes, eles estabeleceram uma estratégia própria que visavam não apenas a mera sobrevivência mas, também a preservação de sua identidade e do modo de vida.No fim do século XIX os guaranis iniciaram um processo de migração rumo ao litoral, até que no final da década de 60 surgiu a Aldeia Boa Vista, em Ubatuba, com a chegada de três famílias trazidas para o Prumirim por Octácilio Dias de Lacerda. Até chegarem ao Prumirim, a saga dos guaranis pode assim ser resumida: Do Paraguai eles emigraram para o Paraná, sendo trazidos para Paraty. De Paraty eles foram para a fazenda do Maia, no bairro do Taquaral, já em Ubatuba.


Um Desentendimento na fazenda tirou-os de lá para a Ponta do Piúva, no bairro da Casanga, até que Lacerda ajudou a escrever a história recente dos índios Guaranis em Ubatuba, estabelecendo assim a Aldeia Boa Vista da Nação guarani. Numa estratégia montada por Lacerda, a Funai acabou legitimando a posse de terra para os índios, resgatando assim a dívida que Ubatuba tinha com os primeiros habitantes desta terra.Hoje, são 119 índios vivendo na aldeia, liderada pelo jovem cacique Marcos Tupã. A Prefeitura de Ubatuba e a Funai têm oferecido apoio logístico e nota-se uma mudança significativa no modo de vida dos Guaranis, sem que eles percam a identidade com seus antepassados. Recentemente eles começaram a ser servidos com rede elétrica, abastecida através da captação da energia solar.


A Aldeia Boa Vista está localizada no bairro do Prumirim e conta com uma área de 801 hectares.

FONTE : www.ubatuba.com.br