quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
A HISTORIA DA CANOA " MARIA COMPRIDA "...
A canoa, feita de um tronco só, Maria Comprida, foi construída especialmente para as competições, (corrida de canoas), entre as cidades de Ubatuba e São Sebastião, na categoria cinco remadores. Essa canoa foi construída pelo Sr. Agrício do Sertão do Ubatumirim, mestre nessa arte, e seu filho Benedito. Foram 20 dias de trabalho dentro da mata.
A canoa foi feita do tronco de uma árvore - um Louro, encontrada na Curva da Batata na Rodovia Oswaldo Cruz que liga Taubaté à Ubatuba na Serra do Mar, pelo caçador Vergílio Alexandre. O acabamento e a pintura da canoa foram feitos pelo Sr. Dito Balbino, do bairro da Estufa.
A Maria Comprida tem 9,20 metros de comprimento, apenas 82 cm de "boca", pesa aproximadamente 200 quilos e participou de várias competições, sempre vencedora.
Desde 1957, já existia a Prova de Canoas Nossa Senhora das Dores, cujo maior incentivador era o professor Joaquim Lauro Monte Claro Neto. Essa prova era realizada em diversas categorias em percursos não muito longos.
Em 1973, no dia 1º de junho, pela primeira vez aconteceu a "Jornada Marítima Ubatuba-Santos", uma prova com percurso longo, com cinco remadores, porém sem caráter de competição. Mais uma vez, o grande incentivador foi o professor Joaquim Lauro. Comandada por Artur Alexandrino dos Santos, a Maria Comprida foi rasgando as águas com os remos de Carlos Alves de Morais (Carrinho), João Correa Leite (Jango), Antonio Barroso Filho (Barrosinho) e Nilo Vieira, rumo à Santos. Os cinco remadores faziam parte do Esporte Clube Itaguá.
Percurso, de aproximadamente 215 quilômetros em linha reta, idealizado para lembrar um fato da história do Brasil, a Paz de Iperoig, assinada em 14 de setembro de 1563. Antes de ser estabelecida a paz entre os índios e os portugueses, os índios de nossa região se uniram para combater os portugueses no que foi denominado "Confederação dos Tamoios", quando então, comandados por Cunhambebe, se deslocavam principalmente até Bertioga nesse tipo de canoa. Em comemoração aos 410 anos da Paz de Iperoig, foi realizada a viagem da canoa Maria Comprida de Ubatuba a Santos.
A saída da Maria Comprida foi no dia 1º de junho, às 4h 45min, tripulada pelos cinco remadores, em frente à Capela Nossa Senhora das Dores no Itaguá, chegando em São Sebastião às 13h05 do mesmo dia. De lá saíram às 04h15, chegando em Bertioga às 14h45 do dia 2 de junho. De Bertioga continuaram a viagem, saindo às 06h30 e chegando finalmente à Santos às 10h15 do dia 3 de junho, atracando na Ponta da Praia, em frente ao Clube de Regatas Saldanha da Gama.
Em 1975, a Maria Comprida volta ao mar para fazer a trajetória Ubatuba-Parati, cidade sul fluminense, com o objetivo de incentivar remadores da região para participarem das corridas de canoa realizadas em Ubatuba. Tripulada por Artur, Carrinho, Salvador Mesquita dos Santos, Barrosinho e João Grande, Maria Comprida deixou a cidade às 05h35 e às 17h15 estava atracando em um pequeno porto ao lado da Igreja Matriz de Parati.
Anos mais tarde, o Tamoios Iate Clube adquiriu a canoa, já bastante danificada, e posteriormente o Comodoro José de Magalhães Netto cedeu a Maria Comprida à FUNDART. Em agosto de 1997, a canoa finalmente foi restaurada e no dia 15 do mesmo mês a doação foi oficializada, ficando a Maria Comprida em exposição no Centro de Informações Turísticas na Avenida Iperoig. Nesse mesmo dia, os remadores foram homenageados pela FUNDART e pela Prefeitura Municipal de Ubatuba.
FONTE
Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - FUNDART
CECILIO MATARAZZO E UBATUBA...
A Administração Matarazzo foi a semente para tirar Ubatuba da estagnação. A Prefeitura ganhou nova estrutura, com uma burocracia modernizada para melhor atender a população. Criou o código tributário e de obras; regularizou a lei do funcionalismo; fez o levantamento aerofotográfico da cidade; construiu a primeira rede de esgoto do centro; iniciou a obra do estádio de futebol do Perequê-Açú, que hoje leva o seu nome; construiu o Coreto da Praça Matriz; trouxe carros de fumacê no combate ao borrachudo; ampliou o Aeroporto; incentivou ainda a educação. O primeiro asfalto do novo traçado da estrada que liga Ubatuba a São Luiz do Paraitinga, foi Matarazzo que conseguiu. Criou o matadouro e abriu a estrada ligando o Rio Escuro ao Monte Valério. Além disso, incentivou o turismo dando condições e descentralizando as decisões.
Cicillo residia no Morro da Prainha. Lá fazia reuniões com governadores, autoridades nacionais, internacionais e lideranças locais.
IMPEACHMENT
Cicillo passou por dois processos de cassação. O primeiro deu-se por sua saída do país sem autorização do Legislativo. Como era presidente da Bienal de Arte e Cultura de São Paulo, eram constantes suas viagens para o exterior, onde representava o país e divulgava Ubatuba. Denúncias de irregularidades moveram o segundo processo de cassação, ambos sem êxito mantendo Cicillo a frente da Prefeitura.
Após esse desgaste político, em 1967, Cicillo se considera mais útil em São Paulo, onde poderia buscar recursos para o município. Solicita afastamento, mas seu vice se recusa a assumir. Passa a ocupar o cargo de prefeito o presidente da Câmara, Fiovo Fredianni, que por dois meses consecutivos não deixou Ubatuba parar.
Após dois meses de afastamento Cicillo retorna a Prefeitura. As arestas com o Legislativo já haviam sido aparadas. Os ventos do progresso voltam a soprar em Ubatuba. Cicillo concluiu o Estádio Municipal; abriu novas estradas; o setor de obras gerou a todo vapor e o turismo deslanchou como nunca.
Após o cumprimento de seu mandato, Cicillo vai para São Paulo e retoma a dedicação de seus próprios negócios.
Francisco Matarazzo Sobrinho, nasceu em São Paulo em 1898. Diretor de empresas de diversos ramos em São Paulo, foi grande incentivador das artes plásticas. Fundou, em 1946, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e, em 1951, a Bienal de São Paulo, entidade que presidiu até a data de sua morte (1977).
FONTE
Jornal de Bolso - Ano 2 - nº 12 - Junho de 1998 - Comunicação Versátil
CARTA
Em uma carta escrita no dia 09 de junho de 1964, enviada ao vereador Washington de Oliveira, o "Seu Filhinho", Francisco Matarazzo Sobrinho dizia:
"Prezado amigo Filhinho. Antes de embarcar para a Europa, onde vou a serviço das boas relações culturais do nosso país, escrevo-lhe esta, pedindo-lhe que aproveite a minha ausência para meditar sobre o que lhe vou expor. Como o amigo sabe, aceitei o cargo de Prefeito Municipal apenas por amor a Ubatuba, terra onde pretendo, se Deus quiser, ver passar a minha velhice. Não houve nenhum outro motivo para a minha decisão. Quis por à disposição do povo de Ubatuba os conhecimentos e a experiência que fui adquirindo durante a vida, quer como homem de indústria, quer como membro de várias comissões de serviços públicos, quer como viajante que teve a oportunidade de conhecer grande parte do mundo civilizado. Comecei a trabalhar com muito entusiasmo e esse entusiasmo ainda permanece inalterado, não obstante algumas divergências com a Câmara Municipal, divergências das quais penso que a responsabilidade cabe mais a mim do que à Câmara. Espero, daqui por diante, conhecendo melhor o pensamento dos senhores vereadores, fazer com que eles também compreendam melhor os meus objetivos, para que as divergências desapareçam e surja um esforço conjunto que venha a beneficiar ainda mais o povo ubatubense. Chamei para colaborar comigo elementos da minha confiança, mas todos com suficientes títulos de serviços públicos para justificar esta minha preferência. Não me preocupei com intrigas; fiquei e estou acima de qualquer preferência política; estou certo de possuir a serenidade necessária para levar avante o programa que estou idealizando. E é para esse programa que desejo chamar a atenção de uma pessoa como o ilustre amigo, cuja experiência e sinceridade quero também aproveitar a serviço de um objetivo comum. Eu desejaria, ao terminar o meu mandato de Prefeito, ter deixado lançada as bases de uma administração municipal perfeita, tanto do ponto de vista administrativo, quanto burocrático, que funcione sempre sem qualquer influência pessoal ou política. Queria deixar montada uma máquina com todas as engrenagens em ordem, capaz de realizar e manter em dia um cadastro de todas as propriedades imobiliárias do município com os seus valores exatos; de fiscalizar permanentemente todos os loteamentos; de dar assistência ao povo, de organizar e manter em funcionamento hospitais e escolas; de organizar e manter dinâmico um plano diretor que oriente e discipline o crescimento harmônico da cidade; de criar condições para o aproveitamento racional e saudável das nossas belíssimas praias, fazendo de Ubatuba o centro turístico que o Estado de São Paulo ainda não possui. Para atender a esse desenvolvimento imediato e mediato de Ubatuba, em todos os setores, é absolutamente necessário a colaboração de outros elementos técnicos e administrativos: nós precisamos de mais engenheiros, como precisamos de mais médicos, de mais advogados e mais elementos técnicos. É indispensável estudar isso com profunda frieza, levando em conta as despesas inevitáveis que no começo podem parecer excessivas. Não apenas isso, mas também ter a coragem de enfrentar estes problemas com os nossos próprios recursos, porque não podemos ficar apenas na dependência dos auxílios dos Governos Estadual e Federal, a despeito da boa vontade do nosso governador e dos nossos amigos com influências no Governo da República. Se ficássemos esperando sempre a ajuda de fora, poderíamos perder anos preciosos, quando não a oportunidade de fazer de Ubatuba aquilo com que sonhamos, assegurando-lhe a continuação do desenvolvimento que merece ter. Peço ao prezado amigo para meditar sobre tudo isso que lhe estou dizendo de forma simples, despreocupado de ambições pessoais e sem ver nesta qualquer desejo de observação ao seu modo de pensar e de encarar os problemas da nossa querida cidade. Deixo-lhe um grande abraço ... assinado - Francisco Matarazzo Sobrinho."
Esta carta foi lida em plenário pelo vereador Washington de Oliveira, na sessão do dia 27 de junho de 1964.
FONTE
Câmara Municipal de Ubatuba
HISTORIA DO BLOCO DA CAXORRADA COM " X "
Caxorrada com X!
Pois é isso mesmo, e sabe porque?
Em 1976 foi fundada em Ubatuba uma escola de samba que tinha tudo para ser a melhor se não fosse a parcialidade de alguns "ditos conhecedores" que foram escolhidos para formar a comissão julgadora do Carnaval de Ubatuba do ano seguinte.
As escolas desfilaram frente ao palanque da comissão, mostraram suas comissões de frente, seus abre alas, suas alas, seus passistas, seus carros alegóricos, a rainha da bateria e a bateria.
Algumas diferenças eram visíveis, para qualquer leigo. Enquanto uma escola desfilava com camiseta Hering, outra mostrava plumas, penas de pavão, brocais, miçangas e paetês. Mas para os "ditos conhecedores" isso não bastava e as notas foram dadas. Para a HERING nota 10 e para o resto nota 7. Que CACHORRADA.
Daí surgiu a CAXORRADA. Fundada, em 1977, por pessoas conhecidas em Ubatuba (Richard, Nenê, Vital, Toninho Gomes, Toninho Sapo, Gino, Orlando Araca, Carlito, Daíco, Sérgio Epifânio, Aladinho, Augostinho, Zé Cruz, Ermelinda, Dona Elisa, Seu Dirvanil, Íte, Cajú, Geraldinho, Pico e Giba), que para mostrar seu descontentamento saiu no ano seguinte (1978) com o nome de CAXORRADA, com fantasias bem escrachadas, com uma nota 10 no peito, onde os homens saiam vestidos de mulher e as mulheres vestidas de homem.
O que nunca se pensou é que aquela iniciativa teria tamanha aceitação a ponto de durar até os dias de hoje.
Daí para frente foi instituído o mascote do Bloco que não poderia ser outro senão um cachorro, que era montado em cima de um Fusca, lá na oficina do Meirimar e do Zézinho, com a colaboração do Marci, Bioco, Zezinho, Ideo, Meirimar, Donizete, Pintado, Baquinha, Carlinhos, todo em estopa branca com manchas pretas.
Ano a ano ele recebia nomes de acordo com situações do momento, tais como O CÃOJUNTIVITE, inspirado na praga da conjuntivite, O ROKÃO ( ano do ROCK IN RIO), O CÃODIDATO (nas eleições das Diretas), O BIONICÃO (candidato Biônico), O CÃOMISINHA (quando da campanha contra a AIDS), CÃOLORIDO (Collor de Melo), REICÃO e outros mais.
Além disso o Bloco contava com uma letra própria, que se tornou o hino para todos os carnavais :
Na CAXORRADA cada um é o que é
Na CAXORRADA ela é homem ele é mulher
Na cachorrada cada um faz o que quer
É, CAXORRADA assim não dá mais pé
Cachorro velho, cachorro novo
Cachorro pobre, cachorro rico
Tem perdigueiro, tem papa-ovo
O bom cachorro se conhece pelo grito.
UBAWEB......15/02/1998
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
UBATUBA ANTIGA : Eis mais uma rara foto da Avenida Iperoig
EMBARGUE PARA TAUBATÉ....
Atenção senhores passageiros, com destino a Taubaté, embargue no oníbus agora e boa viagem...
Na foto de 1951 , o embarque de passageiros com destino à Taubaté-SP, na antiga jardineira, o predio da Esquina foi mais tarde a Padaria Popular e atuante lá localiza-se a Loja Esquina das Modas Sporte Wear...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
A cultura caiçara
A circunstância de parcial isolamento geográfico da população caiçara, que, no litoral norte paulista, manteve-se até a abertura da BR101, e, no litoral sul, prolongou-se por mais tempo, possibilitou a manutenção de procedimentos musicais e de linguagem como que resguardados em nichos: expressões que evocam o português antigo, procedimentos vocais e instrumentais que fazem lembrar traços do barroco europeu, o gosto pelos ornamentos nos toques da rabeca e violino caiçaras, minúcias do instrumental europeu que convivem com as marimbas de possível origem angolana, indispensáveis nas congadas do litoral paulista. Estas unidades básicas do saber caiçara são interligadas e estão ainda em uso, num processo que se realimenta pela oralidade, e merecem ser conhecidas e estudadas.
Falar em cultura pressupõe entendê-la não de modo estático, mas dinâmico, ou seja, abrigando mudanças e adaptações, sem, entretanto, perder seu foco identitário. A preservação da cultura de um povo só é possível se estiver também garantida a preservação das condições de vida e dos recursos de subsistência desse povo, encontrados em seu meio ambiente. É impossível referir-se ao patrimônio cultural desvinculado da noção de patrimônio ambiental, pois este, quando desintegrado, não permite a continuidade de padrões culturais de uma determinada população, isso quando não extingue totalmente as formas de vida. Entretanto, entenda-se que não será justo atribuir a progressiva degradação ambiental do litoral sudeste à população caiçara. Essa população, já rarefeita, não deve ser impedida de obter da natureza o mínimo para sua subsistência.
O respeito e a preservação da diversidade cultural requerem, sobretudo, a salvaguarda e a promoção do que se denomina patrimônio imaterial, força motriz da vitalidade cultural, definido pela Unesco como o conjunto de "práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.(nota)
Os registros sonoros e visuais que formam o acervo do Projeto são o suporte físico de um patrimônio cultural imaterial dos povos caiçaras, um recorte temporal e espacial que engloba modos de vida, visões de mundo, valores, crenças, saberes, imaginário, linguajar, além de vestígios de tradições culturais e, mais especificamente, de expressões musicais.
Definição da UNESCO disponível em http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan. Acesso em 23 jul. 2008.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Ubatuba, a terra das muitas canoas
Texto: Danielle Arantes Giannini -
Foto: William Silveira
FONTE : www.lugaresdomundo.com
FOLCLORE Praia da Sununga – Ubatuba/SP
Mar de muitos recortes, areia de múltiplos tons, abricoeiros e jundus compõem a paisagens de um pedaço singular o Litoral Norte de São Paulo. Ubatuba tem dezenas de praias e um sem número de histórias, algumas verdadeiras, outras nem tanto. As lendas já passaram de boca em boca na prosa diária dos caiçaras de antigamente, hoje estão quase perdidas, mas resistem precariamente ao tempo e ao progresso. Quem circula pelas ruas e praias de Ubatuba não imagina que lugar é aquele, tampouco sabe dos seus mistérios.Para que as histórias de Ubatuba não se apaguem de vez, parcos esforços têm sido observados, sobretudo após o recente falecimento de Seu Filhinho, o mais antigo historiador local. Por isso lugaresdomundo.com conta uma das belas lendas que traduzem o espírito ubatubense.
Sununga...Lenda da Gruta que Chora
Contam lá nas bandas da Sununga que há bastante tempo um moça muito bonita, de nome Marcelina, vivia com sua mãe na mais completa alegria. A jovem tinha a pele suavemente morena, olhos claros e cabelos negros, era belíssimo seu corpo de menina nova, graciosa como o quê. De uma hora para outra, sem que nada acontecesse, Marcelina deixou-se cair prostrada em sua cama simples, sem vontade nenhuma, nem sorrir a bela moça queria. Sua mãe, Sinhá Anália, já havia percebido, não sem preocupação, que a menina estava diferente e parecia piorar conforme os dias se sucediam. Tentou de tudo, chás de ervas, banhos de folhas e flores, mas nada fazia efeito.Sinhá Anália contava para as comadres o que estava acontecendo com sua menina e todos diziam que era problema de idade. Inconformada, perguntava à filha o que estava acontecendo, mas a menina era categórica, jurava que nada havia de errado e que comia pouco ou quase nada para não ficar gorda como umas mulheres que vira na cidade certa vez.Não podia ser normal aquilo, Sinha Anália bem o sabia, ainda mais depois que virou rotina acordar durante a madrugada com os soluços da filha. Como pensasse que era tristeza, conteve ao máximo seu ímpeto de correr ao quarto de Marcelina para saber o que se passava. Até que não resistiu e surpreendeu a moça soluçando palavras desconexas, como se pedisse para alguém não partir. A garota estava sozinha no quarto!
Depois de ser flagrada pela mãe, não restou alternativa a não ser contar a verdade. Foi com perplexidade que a mulher ouviu palavra por palavra, tudo meio sem nexo, sobre a história do dragão que morava na Toca da Sununga. Todo mundo conhecia o caso na região e até mesmo evitava passar por aquelas bandas. Os pescadores nem se atreviam a chegar perto porque as ondas gigantes engoliam canoa, rede, tudo. As pessoas sabiam que o tal monstro existia, mas só Seu Antero tinha visto. Era um bicho horroroso, tinha metade do corpo de dragão e a outra metade era roliça, como uma cobra, e se rastejava no chão. Pois bem, desde que Seu Antero falou do dragão que vivia na gruta, Marcelina não parou de pensar nele, com um misto de medo e curiosidade. Contou à mãe que de tanto pensar no bicho, ele foi lá ter com ela, entrou no quarto no meio da madrugada. Vendo o assombro de Sinhá Anália, tentou acalmar a mãe, já idosa, dizendo que ele ficou encolhido, tão pequeno, que parecia não fazer mal a ninguém, até que virou um homem. A mulher não podia crer no que estava ouvindo, era loucura da sua filha, teria que chamar um doutor, aquilo de mostro virar homem não era certo, ainda mais dentro de sua própria casa. Depois falou que tinha passado a noite embalada nos braços daquele lindo moço de olhos claros. Mesmo depois de uma noite tão especial, a garota sentiu-se infeliz porque o moço partiu logo ao amanhecer, quando o galo cantou três vezes. Ela ficou no quarto chorando, sem disposição para nada, só pensava em esperar a noite chegar para receber a visita do amado. Agoniada, a mãe da jovem, só podia rezar para todos os santos que conhecia, até promessa fez.
Demorou muito tempo para aparecer um velho pobre, andarilho, batendo à porta de Sinha Anália em busca de um prato de comida. Ao entrar na casa, como faltasse assunto, a mulher foi logo narrando o drama de sua filha. Ouviu calado, inexpressivo, e ao fim do relato, disse já ter ouvido, bem longe dali, falar do monstro que atormentava a população daquele bairro. Por tal motivo ele estava lá, para expulsar aquela criatura do mal. Era uma espécie de mago e sabia como fazer isto.Logo o bairro todo estava sabendo da vinda do ancião e na manhã seguinte todos se acotovelavam em frente à Toca da Sununga. Já no local, o pobre monge ergueu os braços e fez o sinal da cruz, acompanhado de todos que estavam lá, fez uma prece ao Senhor e espargiu sobre a pedra que forma a toca um pouco da água que carregava consigo. Para espanto dos presentes, imediatamente um trovão violento fez estremecer a terra, e o mar se agitou violentamente, avançando sobre a praia, chegando a bater nas rochas. Depois as águas recuaram e o mar abriu-se ao meio, bem em frente à toca, por onde o mostro passou, horripilante, rugindo, para se esconder definitivamente nas profundezas do oceano.Ninguém mais até hora ouviu falar do dragão. Dizem que Marcelina viveu por muito tempo, acanhada e triste, porém bela como sempre fora!
“Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão.Dizem alguns que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem a fim de que o dragão jamais possa voltar.Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse para ficar com ela a noite inteira até os albores da manhã!”in: Ubatuba, lendas & outras histórias
Washington de Oliveira
BUSTO DE CICILLIO MATARAZZO
Banda Lira padre Anchieta – 48 anos de cultura
A Banda Lira Padre Anchieta, fundada em 11 de outubro de 1960 pelo Oficial de Justiça João Clemente Barbosa e o maestro Herculano Barros Pinto, hoje sob a regência de Valdecy dos Santos e Amarildo da Hora, é um dos projetos culturais mais bem sucedidos da cidade.
A trajetória da Lira durante os quase 50 anos de vida, é exemplo a ser seguido em Ubatuba, pois foi com muita força de vontade e amor a música que a maior parte dos atuais 32 integrantes já se profissionalizaram junto aos principais músicos instrumentais do Brasil, cursando inclusive o Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, a “Universidade Livre de Música”.
Com o apoio da Fundart e da Prefeitura, a Sociedade Lira Padre Anchieta, alem da Banda Sinfônica, vem mantendo oficinas e grupos com menor formação, como o Coral adulto “In Cantus”, Coral Lirinha, Lira do amanhã, Retreta Maestro Pedrinho, Quarteto Saia Justa, Sexteto Caiçara, Solstício Maior e Tupinambras.
As apresentações são sempre da melhor qualidade, que variam de acordo com o grupo e atendem todos os gostos musicais. O grupo Saia Justa, por exemplo, é especializado em musica erudita, o Tupinambrás toca música brasileira com ênfase em choro e bossa nova. Já o grupo Solstício Maior abrange vários gêneros, desde cirandas infantis e folclore, até música popular, misturando música, teatro e poesia. A Banda Sinfônica, além das músicas clássicas, tem em seu repertório sucessos de cinema, mpb, jazz e rock.
Segundo Amarildo da Hora (regente e diretor artístico), a Lira Padre Anchieta tornou-se símbolo de projeto cultural vitorioso, formando uma cadeia de produção musical que vai da formação musical até o palco. Ele ressalta que este ano a banda sinfônica foi convidada para diversos concertos fora de Ubatuba, com destaque para a participação no festival “Ars nova” na cidade de Serra Negra e para o concerto á se realizar no dia 12 do dezembro na cidade de São Paulo que também será gravado pela rede vida de televisão.
Neste verão, você poderá conferir diversas apresentações dos grupos musicais da Lira, veja a programação completa no site da Fundart www.fundart.com.br.
Vale a pena prestigiar, afinal são quase 50 anos de dedicação em prol da cultura e da boa música na cidade. Compre uma pipoca, arrume um cantinho nos bancos da Praça Exaltação a Santa Cruz (aquela da igreja matriz) e boa diversão!
Texto : Luiz Pavao
FONTE : www.ubatubaemrevista.com.br
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Bonecos João Paulino e Maria Angú serão temas do Carnaval 2009 e Ubatuba
Com o objetivo de valorizar a cultura caiçara e o folclore, a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart), está preparando uma decoração especial para o Festival de Marchinhas carnavalescas e o carnaval à Moda Antiga, que acontecerão na Praça Exaltação da Santa Cruz, a partir do próximo dia 13.
Os famosos bonecões João Paulino e Maria Angu, com suas roupas floridas e alegres, estarão espalhados por toda praça. Eles estão sendo confeccionados na própria Fundart, com uma técnica antiga, chamada “empapelamento” utilizando moldes de barro, jornal e cola, para fazer as cabeças, além de panos de chita para as roupas.
Segundo o caiçara André Damásio, que está ajudando a confeccionar os bonecos, esta é uma forma de reconhecer e prestar uma homenagem à cultura antiga. “Este conhecimento foi passado pelo saudoso Nei Martins e nós estamos dando prosseguimento, para manter viva esta cultura. Antigamente, os bonecões eram utilizados para alegrar as festas religiosas, como o Divino. Como o brasileiro sempre muda um pouquinho as coisas, este elemento também está sendo utilizado no nosso carnaval”, conta André.
Festival e carnaval na Praça
As eliminatórias do Festival de Marchinhas acontecem nos dias 13 e 14 de fevereiro e a final, no dia 20, sexta-feira, a partir das 20h, abrindo o carnaval em Ubatuba. De 21 a 24, durante o carnaval, a folia fica por conta da Banda Maestro Pedrinho, que trará para o público o melhor das marchinhas carnavalescas, para brincar o carnaval com toda a família.
Além das atrações que acontecem na Praça Exaltação à Santa Cruz, entre os dias 20 e 24 de fevereiro, o carnaval de Ubatuba contará ainda com matinê no ginásio Tubão, a partir das 14h; música ao vivo na Maranduba e Avenida Iperoig, a partir das 22h e desfile de blocos.
Fonte: Assessoria de Comunicação - PMU
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Uma igreja para negros. Você sabia?
Na atual praça Nossa Senhora da Paz, no final da avenida Iperoig, onde fica a estátua doada pelo papa João XXIII em 1963, existiu a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, freqüentada apenas por negros. Construída durante o século XVI,era um espaço reservado para escravos uma vez que estavam proibidos de assistir cultos religiosos em companhia dos brancos em outras igrejas. Esta situação somente foi alterada com a abolição da escravatura no Brasil. Ao longo da história, a praça recebeu os nomes de Rosário, Marechal Deodoro e Bandeira.
Em 1913 , o padre Paschoal Reale à frente do projeto de restauração da atual Igreja Matriz autorizou o aproveitamento do material da Igreja do Rosário mesmo porque já não era viável a reforma desta última pois estava em ruínas. É dessa época a remoção do altar mor para a matriz onde está até hoje.
Desde os séculos XV e XVI os negros já se congregavam nas irmandades da Nossa Senhora do Rosário em Portugal. Inicialmente, a devoção à santa era realizada somente pelos brancos e se tornou popular com a famosa batalha de Lepanto em 1571 em que a vitória dos cristãos sobre os mouros foi atribuída à proteção da virgem. A adoração dos negros a essa santa é cheia de histórias e lendas. Conta-se que em um local da costa africana a imagem da Nossa Senhora do Rosário teria aparecido nas águas do mar. Os homens brancos ficaram impressionados e fizeram homenagens para vê-la sair das águas, mas não tiveram sucesso. Foi quando então pediram ajuda aos negros, que ao tocarem e dançarem, comoveram a santa que veio para praia. Outra lenda conta que um negro cativo, ao vagar seu olhar para as águas do mar e triste com sua condição de escravo, começou a rezar em louvor a santa e teve suas lágrimas transformadas em sementes que serviram para confeccionar rosários da Nossa Senhora.
20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é uma data especial para Ubatuba . Temos uma forte referência para a data - a Igreja Nossa Senhora do Rosário-, que concentra a cultura e a fé de uma raça e que, portanto, merece ser analisada e valorizada na grandeza de sua importância histórica.
Texto: Celso Teixeira Leite (jornalista)
Fonte : www.acidadeubatuba.com.br
Jornal A Cidade festeja 23 anos de existência e luta
Com muito orgulho anunciamos que neste sábado, 15, o jornal A Cidade comemora 23 anos de serviços prestados à população de Ubatuba e região.
Estamos festejando desde já, pois nestes últimos anos, sempre cumprimos o nosso objetivo de ver a cada semana a edição nas bancas espalhadas por este município.
Apesar do esforço de nossa equipe, que a cada década vem se transformando, reforçada por novos integrantes, desde quando iniciou-se este semanário, no dia 15/11/1985, com a edição nº 0, nunca mediu esforços para fazer deste Jornal o melhor e mais completo meio de comunicação de Ubatuba. Falhas podem existir, pois nada e nem ninguém é perfeito, mas buscamos sempre a cada fechamento, a melhor maneira, a perfeição, porque entendemos que por este caminho estaremos crescendo a cada dia. Na profissão de jornalismo sempre estamos aprendendo, principalmente, com leitor, que é o nosso homem - pauta de todas as semanas.
Ele reage às matérias, às compreende, a codifica dentro de seu universo cultural. O interessante deste meio quente de comunicação é exatamente o resultado final, o feedback.
Não somos melhor que ninguém, o trabalho é realizado com humildade, aprendendo jornalismo mais e mais e muito mais a cada edição, no fechamento dela.
Dedicamos, nada mais, nada menos, cada edição ao saudoso jornalista Gilberto Bosco Ferreti, que fez surgir o Jornal A Cidade. Todos os fatos, bons ou ruins, a partir daquele ano, começavam a se transformar em história, a marcar uma época que ficaria impressa para sempre, para toda vida.
Ferreti nos ensinou a buscar a notícia, o fato, a fazer e refazer o lead, a desenvolver textos com simplicidade, harmonia e, principalmente, humildade, que segundo o mestre Gilberto, era o carro chefe de uma redação.
O fechamento da edição fica mais inspirador nas madrugadas, de repente, às vezes, durante ao amanhecer, na pequena sala 1 da Praça Nóbrega, não é sacrifício para quem abraça uma profissão tão gratificante, não financeiramente, mas pela paixão de tê-la escolhido e contribuir com uma sociedade mais justa, de uma melhor qualidade de vida para a população, de cultura e de lazer.
A notícia vem ao nosso encontro, pode chegar de dia, à noite ou no decorrer da madrugada, as fontes caminham pela calada da noite, algumas sem sentido, outras chegam a nos arrepiar por sua veracidade.
Nossos leitores merecem toda a nossa atenção, pois é somente por eles que nos dedicamos até esquecermos que também existem horas de descanso. Sabemos que mesmo trabalhando para conquistar uma vida mais digna para os cidadãos desta cidade, não significa alcançar todos os objetivos com sucesso, mas nossa tentativa é válida e certamente não se perderá no tempo. Mantemos a esperança em um futuro melhor, por isso estamos aqui.
Mas, com certeza, o jornal A Cidade não se traduz apenas na nossa equipe, mas sim e principalmente, em nossos colaboradores, nossos patrocinadores e, dentre todos, destacamos justamente você leitor, porque sem eles e sem você não estaríamos comemorando estes 23 anos de existência. Salve a todos os jornalistas, escritores, diagramadores, editores, radialistas, focas, aspirantes a escola de jornalismo, todos merecem o nosso respeito. Estamos satisfeitos por este trabalho e por isso parabenizamos todos aqueles que nos ajudaram e ajudam a fazer deste semanário um instrumento da verdade, da democracia e da cidadania em Ubatuba.
Parabenizamos o Jornal A Cidade, não por nós, mas por sua marca, que já está registrada em Ubatuba. Aos leitores, colaboradores e anunciantes nosso muito obrigado. Se nós estamos comemorando 23, anos de existência devemos isso a vocês, que sempre acreditaram em nosso trabalho dedicado.
Fonte : www.acidadeubatuba.com.br