Saint-Exupéry: desfeito o mistério
O sr. Lindolfo (de chapéu e paletó branco, último à direita)
observa o avião que fez um pouso forçado em Ubatuba
Foto publicada com a matéria
O sr. Lindolfo (de chapéu e paletó branco, último à direita)
observa o avião que fez um pouso forçado em Ubatuba
Foto publicada com a matéria
O famoso aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, que também se celebrizou pela obra "O Pequeno Príncipe" (declarada leitura de cabeceira de onze em cada dez candidatas a rainha de algum concurso de beleza...) nunca se acidentou no Brasil, muito menos na Baixada Santista, nem foi seu aparelho o que pousou em Ubatuba em 1933 devido a uma pane ou ao nevoeiro, abreviando uma viagem que tinha como escala seguinte a pista de pouso da Latecóere (depois Air France), em Praia Grande/SP.
A história que deu origem a uma lenda na região litorânea paulista foi desvendada em reportagem de Edmar Pereira, publicada no Caderno de Programas e Leituras do Jornal da Tarde/OESP em São Paulo, 11 de janeiro de 1986, com o texto e as imagens a seguir reproduzidos:
SAINT-EXUPÉRY
A incrível história de sua passagem por Ubatuba
Uma viagem imaginária
Reportagem de Edmar Pereira
Uma tarde luminosa do mês de junho de 1933 em Ubatuba, época de tanto peixe que as tainhas podiam ser apanhadas na praia, apenas com as mãos. Época em que os parcos 800 habitantes da cidade viviam ainda o espanto do seu primeiro contato com um automóvel, ocorrido poucas semanas antes. Mas nessa tarde o espanto seria maior: sem qualquer aviso ou preparação na praia de Itaguá, centro da cidade - cujas árvores haviam sido cortadas exatamente para uma emergência desse tipo na Revolução de 32, mas nunca sucedida -, desceu um avião. Um teco-teco da Cia. Gènèrale Aero-Postale, que fazia a linha aérea regular entre França e Argentina. Nos 11 mil quilômetros do percurso passava pela costa atlântica brasileira e teria descido em Santos, na base aérea da Praia Grande, não fosse por uma panne no motor.
O avião era pilotado por um certo Antoine, que naturalmente não falava português, assim como os de Ubatuba não sabiam francês. No máximo um "vous voulez quelque chose?" dos rudimentos ginasianos, recordado oportunamente por Washington Oliveira, o Filinho, que mais tarde ocuparia duas vezes a prefeitura da cidade e se tornaria seu principal historiador.
52 anos depois, o sr. Lindolfo aponta o local do pouso,
hoje transformado em um jardim, em Ubatuba
Foto publicada com a matéria
Filinho foi também, sem qualquer má intenção, uma espécie de cultor e divulgador de um mito que Ubatuba teve como verdade durante 52 anos. O de que, após a visita do alemão Hans Staden mais de quatro séculos antes, a cidade recebera outro visitante internacionalmente célebre. Antoine foi imediatamente dado como Antoine de Saint-Exupéry, o famoso aviador e autor de O Pequeno Príncipe, livro que provocaria erupções de sensibilidade banal em vários cantos do mundo, incluindo as passarelas por onde desfilavam as candidatas a miss Brasil - embora nessa área venha nos últimos anos perdendo terreno para Feliz Ano Velho, de Marcelo Paiva.
Antoine, como esclarece hoje, após mais de 20 anos de pesquisa o jornalista, museólogo e pesquisador de cultura popular Luiz Ernesto Kawall, 58 anos de idade, não era um prenome. Tratava-se do piloto Léon Antoine, também um dos grandes ases da aviação francesa em todos os tempos, com mais de 21 mil horas de vôo, recordista mundial de vôo livre com um tempo de oito horas e 20 minutos, detentor da Legião de Honra e hoje em dia, aos 84 anos, aposentado e vivendo num bonito sítio em Javari, no Estado do Rio. Mas disso só se sabe agora. Tanto no folclore quanto na história de Ubatuba, o visitante que caiu do céu naquela tarde de 1933 acompanhado de um telegrafista chamado Chauchat, era mesmo Saint-Exupéry, embora em nenhum de seus livros se encontre uma única palavra sobre tal aventura.
Kawall: fim do mito
Kawall começou sua pesquisa a partir de uma notícia publicada em 9 de novembro de 1964. "Essa história foi criada como um conto de fadas. Em 1933, Ubatuba, isolada no Litoral Norte, onde só se chegava por mar ou então pelo céu - e aí só por acidente - estava reduzida a 110 casas, todas mais ou menos em ruínas, e em dez anos poderia acabar. Matava-se peixe a pau e apanhava-se milhares de tainhas cujos cardumes vinham dar à praia e eram enterrados como sobras. Quando o aviãozinho desceu, um grupo logo correu ao Itaguá e cercou a nave. Hélice parada, os tripulantes desceram, foram guiados por um agitado cortejo popular até a casa do radiotelegrafista da Aero-Postale, Gilberto Nogueira Brandão. Léon Antoine e Chauchat queriam ficar hospedados em sua casa, mas o telegrafista não tinha acomodação suficiente e isto chegou até a causar um pequeno desentendimento".
A partir daí, Antoine e Chauchat foram considerados hóspedes oficiais da cidade pelo então prefeito Deolindo dos Santos (aliás, tio do historiador Filinho) e levados para o Hotel Felipe, de pau-a-pique, porém de linhas coloniais, hoje já demolido. Nas lembranças de Antoine, levado a Ubatuba 52 anos depois por Kawall, ele e Chauchat viveram uma noite memorável, regada por duas garrafas de um inesquecível vinho Sauternes, raro e caro até mesmo na França.
Após o justo sono, os franceses, bem cedinho, no dia seguinte, voltaram à praia, com o propósito de retirar do avião uma parte do combustível, exatamente 200 litros de querosene, ofertados à população. Antoine se lembra de que chegaram com todo o tipo de vasilhame, de latas até penicos. Depois todos, com compreensível entusiasmo, ajudaram a empurrar o pequeno avião (um Latecoère) pela praia, até que o aparelho adquirisse velocidade suficiente para pegar e decolar. "Tomou rumo Sul, após uma suave evolução sobre a baía de Ubatuba". A cena jamais seria esquecida, incorporou-se ao folclore local. A crônica ubatubense registra ainda dois outros casos de ruidosas descidas de aviões em suas praias, mas nada que provocasse o mesmo frisson.
Antoine e Filinho: reencontro
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Tornada pública a partir de 64 por uma série de reportagens do jornalista Ewaldo Dantas Ferreira, a inusitada visita de Saint-Exupéry passou quase que imediatamente a ser pesquisada por Luiz Ernesto Kawall. Que nesses 20 anos leu toda a obra do autor de O Pequeno Príncipe, "embora sem ficar particularmente impressionado por sua qualidade literária, acho tudo um pouco piegas demais, acho até que prefiro O Pequeno Príncipe do filme exibido pela Globo do que o do livro".
Kawall tornou-se então conhecedor da obra e da vida deste francês nascido em 1900 e cujo avião desapareceu sobre o Mediterrâneo no dia 31 de julho de 1944, entre Grenoble e Annecy, depois de haver partido de um campo de pouso na Córsega. "Não encontrei na obra do escritor nenhuma referência ao acidente de Ubatuba, suas maiores referências ao Brasil estão contidas no capítulo 13 de Vôo Noturno, onde fala sobre as montanhas 'recortadas com nitidez no céu brilhante', das florestas 'sobre as quais brilham incessantemente, sem lhes dar cor, os raios do luar', e de 'uma lua sem desgaste: uma fonte de luz'".
Sabe-se, comprovadamente, de Saint-Exupéry em Natal (onde se hospedava no hoje também já demolido Grande Hotel, que abrigou também Bing Crosby e o, na época, príncipe Feisal), na Praia Grande, em Pelotas e Porto Alegre. Mas a descida em Ubatuba tornou-se um mito tão forte que envolveu, ou foi corroborado, até por uma especialista imbatível na biografia do escritor-piloto-aventureiro, a dominicana irmã Rosa Maria. Ela ficou nacionalmente conhecida ao responder sobre Saint-Exupéry no programa O Céu É o Limite, tendo depois disso escrito um livro sobre ele. No prefácio, fazia referências a pousos forçados em Santos, Praia Grande e Ubatuba. Mas, Kawall explica, irmã Rosa Maria foi das primeiras a alertá-lo de que Ubatuba tinha poucas possibilidades de ter sido pelo menos uma vez incluída em seus roteiros.
Kawall, entre muitas outras pessoas, foi ouvir em Ubatuba - onde criou o Museu do Bairro Tenório, para preservação da memória, história e paisagem da cidade - dona Isabel de Oliveira Santos, a viúva do prefeito Deolindo, que considerou os acidentados franceses hóspedes oficiais. O raro vinho Sauternes servido a Antoine e seu companheiro foi possível por ser Deolindo "um comerciante, que tinha em sua casa vinhos de várias partes do mundo, especialmente franceses e portugueses, importava das casas de São Paulo e Rio..." Dona Isabel não se lembra bem dos aviadores no depoimento, tomado em agosto de 1973 (ela já faleceu), mas conta que "eles devem ter se hospedado no hotel Felipe, que ficava defronte da nossa casa, na Rua Maria Alves, e era o melhor e mais antigo de Ubatuba".
A saga exuperyana foi confirmada pelo historiador e ex-prefeito Filinho: "Quanto o avião desceu houve aquele burburinho, o aparelho foi cercado pela população. Um húngaro, Julio Kertz, tentou falar com o piloto em alemão, mas ele não entendeu". Ele lembra que "no dia seguinte os franceses ainda passaram a pé pela frente de casa, junto à praça da Matriz, se despediram com um au revoir e foram embora. Não sei se passaram telegrama no correio, acho que não, pois se a própria Air France (nome da Aero-Postale de 1933 em diante) tinha estação telegráfica não precisariam disto". Filinho informou que não há mais registro dos livros do hotel, porque seus proprietários morreram. Mas conseguiu descobrir o telegrafista Gilberto Brandão, da Air France, morando em Niterói, e este confirmou numa carta "a estada de Saint-Exupéry entre nós", embora sem conseguir precisar exatamente a data.
A "estada" de Saint-Exupéry está fartamente documentada em fotografias. Umas foram feitas pelo próprio piloto Léon Antoine e outras por um alemão (aliás, nascido na Guatemala), Herman Porcher, também já falecido mas ouvido por Kawall. O alemão estava na cidade como turista e mais tarde compraria "metade da praia de Santa Rita".
"Localizei esse Porcher morando em Santo Amaro, me diziam que ele gostava de freqüentar os bares do bairro e levei tempo até encontrá-lo. O garçom de uma choperia me deu o telefone dele, marcamos um encontro em seu escritório de numismática - ele trocara a fotografia pelo comércio de moedas. Que descoberta! Porcher não só relatou o caso dos aviadores como, depois de me descrever o jantar na companhia deles, mostrou quatro fotografias batidas na manhã de sua partida. Em Ubatuba, onde se hospedava no Hotel Idalina e planejava caçadas nas matas vizinhas com alguns amigos, usando culotes, perneiras e capas sobradas da Revolução de 32, o alemão lembrou-se de que eram por volta de cinco horas e já começava a escurecer quando o avião desceu na praia. Falou com os tripulantes em francês, ouviu deles que vinham de Natal, fazendo várias escalas e levando malas postais até Santos".
- Quando os franceses pediram vinho o prefeito foi buscar. O mais alto, ao ver a garrafa, exclamou: 'Mas onde o senhor arranjou isto? Na França este vinho custa um dinheirão!' Conversamos sobre aviões e a linha aérea francesa para a América do Sul e também sobre os vôos do Zeppelin, que eu tinha fotografado em São Paulo naquele mesmo ano. Depois do jantar fomos ver o avião na praia, um caiçara entrara na cabine e estava divertindo-se. "Cuidado, João, o avião pode levantar vôo", alguém gritou, e ele saiu correndo de medo".
Porcher contou também que, "por volta de 50 e poucos, quando Saint-Exupéry começou a ficar falado e famoso, eu soube que aquele homem alto e gentil que descera em Ubatuba era ele". O fotógrafo morreu antes de ver desfeito o equívoco. Mas com as fotos na mão, Kawall foi em frente. Uma das primeiras pessoas que procurou foi a dominicana Rosa Maria, que não pôde dizer com certeza se nas fotos estava ou não seu amado Saint-Exupéry. Talvez no lugar do escritor-piloto estivesse outra celebridade, o grande pioneiro da aviação e grande herói Jean Mermoz, que também pilotara para a Gènèrale Aero-Postale. Kawall tentou Joseph Halfin, da Air France, escreveu cartas para a França, mas nada de levantar com certeza a indentidade dos dois franceses que pernoitaram em Ubatuba.
A verdade começou a aparecer em setembro do ano passado, quando se comemorava a travessia do Atlântico por Mermoz e a TV Globo entrevistou o jornalista francês Jean-Gérard Fleury, correspondente da revista Le Point. Ao vê-lo falar sobre o heroísmo pioneiro de Mermoz, Kawall intuiu que poderia ter dele um esclarecimento definitivo. Tinha razão. Fleury, que foi amigo de Saint-Exupéry, imediatamente se interessou pelo assunto, a partir de uma conversa telefônica.
Viajou para a França e lá recebeu uma carta do jornalista brasileiro, com várias perguntas. Entre as respostas, a de que "as fotos enviadas não são de Saint-Exupéry" e "Saint-Exupéruy nunca teve acidente no Brasil". E completava: "Achando muito simpática sua pesquisa sobre um episódio acontecido em Ubatuba, tenho grande prazer em completar as informaçoes solicitadas. O avião que pousou naquela cidade em 1933 era pilotado pelo veterano comandante Léon Antoine, acompanhado pelo radiotelegrafista Chauchat. Hoje ainda Antoine se lembra da triunfal acolhida tanto pelo prefeito como pelo povo da cidade e evoca sempre com emoção um vinho Sauternes de admirável paladar, assim como suas conversas com o prefeito e um cidadão alemão que falava francês. Quando lembrei a Antoine este episódio ele se comoveu e falou de sua grande vontade em rever o lugar do acidente e as pessoas que lhe prestaram tão fraternal assistência".
A pesquisa estava terminada, ou quase. Luiz Ernesto Kawall decidiu então que tudo só ficaria completo depois de um encontro com o próprio Leon Antoine, sobre quem Fleury informara estar vivendo no Brasil desde que se aposentara na Air France. Antoine, casado, pela segunda vez, com Célia Regina, uma bela negra brasileira, de fato mora num sítio em Barão de Javari, no interior fluminense. Aos 84 anos, pai de dois filhos, tem cinco netos e dois bisnetos. Adora o Brasil e permanece um admirador de bons vinhos. Reconheceu imediatamente as fotografias feitas em Ubatuba do seu avião Late 26. Já pilotou todos os tipos e avião, do primitivo Brequet-14 até o Super G Constellation. Seu relato sobre o episódio:
- Nossa próxima parada seria Praia Grande, mas na altura de Ubatuba a cerração impediu o vôo visual. Nós nos guiávamos por cartas da Marinha do Brasil, sempre observando os faróis, e os homens da empresa acendiam fogueiras nos pousos de Praia Grande, Florianópolis e Pelotas para nos orientar. Com a cerração fechando o visual, baixamos um pouco e avistamos a torre da igreja de Ubatuba. Fizemos um vôo em círculo, escolhemos uma praia onde a vegetação era rala e decidimos descer. Fomos imediatamente cercados pelo povo, alguns nos olhavam como se fôssemos extraterrestres.
Antoine, entre muitas lembranças, conta que na hora da partida o dono do Hotel Felipe lhe ofereceu a compra do estabelecimento, "por seis mil contos, em moeda da época. Deve ter sido por causa do meu nome, Léon Antoine, que mais tarde se passou a acreditar que Saint-Exupéry teria dormido na cidade. Eu era mesmo parecido com ele. Não apenas nas feições, mas também pela altura. Só que ele andava mais curvado do que eu. Além disso, Saint-Exupéry nunca fez regularmente a linha para a América do Sul, mas como passou dois anos em Buenos Aires certamente andou por aqui. Não foi meu amigo íntimo mas eu o conheci bem, era um pouco do mundo da lua..." O piloto falou a Kawall de sua vontade de rever Ubatuba.
O capítulo final desa história que remete a memória aos tempos heróicos da aviação, à lembrança de homens como Saint-Exupéry, Mermoz, Guillaumet e Dumesnil, foi encenado há algumas semanas: Léon Antoine, após 52 anos, retornando a Ubatuba. Revendo os mesmos cenários hoje muito mudados, impossibilitado de hospedar-se no colonial Hotel Felipe, que não existe mais, para abrigar-se sob as sofisticadas quatro estrelas do Palace Hotel. As testemunhas da época são também poucas.
Mas lá estava Filinho, o historiador, farmacêutico, ex-prefeito. O homem que ajudara a cimentar um mito e que assistia à definitiva destruição do seu atraente mistério. Ubatuba, cujas areias receberam escritos do Anchieta, cujos índios foram introduzidos pelo padre Nóbrega aos rudimentos do que o Ocidente chama de civilização, cujas paisagens extasiaram o alemão Hans Staden, teria de abrir mão de sua mais palpitante história contemporânea: o Pequeno Príncipe jamais passou uma noite no Hotel Felipe.
FONTE : http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0058k.htm
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
ACONTECEU VIROU HISTÓRIA....UBAWEB ,completou 10 anos e segue fazendo história em Ubatuba e Região...
Foi no dia 27 de outubro de 1997 que disponibilizei, na Internet, acesso ao pretensioso "Espaço Alternativo do Litoral Norte Paulista" através do endereço virtual "http://ubaweb.br-hs.com", mas só com o fechamento do provedor de dados, em 05 de maio de 1998, adquiri o domínio "www.ubaweb.com".
De sua "inauguração" até agora o portal UbaWeb passou por várias transformações, sendo que a mais significativa ocorreu em 2004 quando o sistema escrito em ASP foi substituído por outro, totalmente novo, na linguagem PHP. O atual formato, desenvolvido em minhas horas de lazer, consumiu um ano e meio de trabalho. A versão PHP foi disponibilizada, juntamente com O Guaruçá, no dia 08 de março de 2004. Aproveitei e transformei uma revista eletrônica com atualização mensal (UbaWeb) em uma com publicação diária (O Guaruçá). Desconhecia a encrenca em que estava me metendo!
De qualquer maneira O Guaruçá, parte integrante do "UbaWeb - O Portal de Ubatuba", já acumula 1329 edições (não deixou de ser publicado um só dia) e eu, em razão de minhas constatações nos "De olho em Ubatuba", carrego vários processos formulados por politiqueiros e seus cupinchas. Acredito que "nunca antes", nessas terras de Coaquira, um particular foi tão processado pelos seus escritos.
Os colaboradores do portal UbaWeb são a causa principal do sucesso que gozamos. A certeza de poder usufruir um "espaço alternativo" às mídias controladas pelos detentores do "pudê" faz com que, cada vez mais, internautas se tornem assíduos usuários do portal.
A imagem acima, de Luciano Cancellier, mostra que o guaruçá se posta altivo perante as adversidades. É através dela que parabenizo e agradeço a todos, colaboradores e internautas, por esses 10 (dez) anos que passamos juntos.
Nota do Editor: Luiz Roberto de Moura é engenheiro civil e consultor de informática. Iniciou no jornalismo em 1970 como colaborador da Folha da Baixada. Na administração pública, em Ubatuba, dirigiu várias secretarias municipais. É o responsável pelo UbaWeb - O Portal de Ubatuba.
Caçandoca: Um 'refúgio' especial
bela praia de Ubatuba, no Litoral Norte, abriga uma das mais de 35 comunidades quilombolas do Estado de São Paulo.
Bruna Vieira
Ubatuba - Quilombo é o local de refúgio dos escravos negros brasileiros no período colonial. Eles representaram uma das mais importantes formas de resistência à escravidão. Buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura que deixaram na África. Embrenhados nas matas virgens, as comunidades se transformaram em prósperas aldeias, dedicando-se à economia de subsistência.
O Quilombo da Caçandoca em Ubatuba foi reconhecido, em laudo antropológico em 2000. Porém, a história dessa comunidade remete ao ano de 1858, quando o português José Antunes de Sá comprou a Fazenda Caçandoca.
A fazenda abrigava uma casa-sede e um engenho, sendo dividida em três núcleos administrativos. Cada filho de José Antunes de Sá: Isídio, Marcolino e Simphonio administrava um núcleo. Eles tiveram vários filhos "bastardos" com as mulheres negras que trabalhavam nas terras, além dos legítimos, frutos de casamento com mulheres brancas.
A fazenda produzia café e aguardente de cana-de-açúcar. Foi desmembrada em 1881, data do primeiro inventário do local. Filhos e netos legítimos do proprietário da fazenda herdaram parte das terras, mas nem todos permaneceram nelas. Os que permaneceram, ficaram na condição de posseiros, com autorização para administrar seu próprio trabalho.
Os filhos bastardos e os ex-escravos deram origem às 32 famílias que hoje formam o Quilombo da Caçandoca, com cerca de mil remanescentes. As famílias compartilham uma área de reserva florestal, administram hortas caseiras e até pouco tempo atrás faziam o manejo do palmito 'jussara'.
As casas das famílias não têm luz elétrica nem água encanada. São feitas de pau-a-pique, de tábuas cobertas com calhetão ou de alvenaria. A comunidade sobrevive da pesca, marisco e agricultura familiar, voltada para o autoconsumo. Outra parte das quilombolas faz serviços domésticos em casas de veraneio nas praias vizinhas como Pulso, Caçandoquinha, Bairro Alto, Saco da Raposa, São Lourenço, Saco do Morcego, Saco da Banana e Simão.
Até meados da década de 1990, havia na comunidade duas escolas municipais de Ensino Básico. Elas foram fechadas sob a alegação de que o número de alunos era insuficiente. As poucas crianças que freqüentam escola precisam caminhar até a praia do Pulso e seguem com um ônibus até o bairro da Maranduba. Ainda hoje, a reabertura das escolas é reivindicada pela comunidade.
Outros problemas na comunidade tiveram início na década de 1970 com a construção da rodovia BR-101, que interliga a cidade de Santos à capital do Rio de Janeiro. Quilombos foram expulsos da terra. Hoje, os 890 hectares do território quilombola na Caçandoca, estão sendo disputados por uma imobiliária.
As cerca de 50 famílias do Quilombo de Camburi, também em Ubatuba, enfrentam as mesmas pressões para deixar as terras. Eles ocupam há aproximadamente 150 anos, uma área localizada na divisa com a cidade de Paraty.
Preservação da cultura quilombola
"Os quilombolas defendem o território e os costumes de seus ancestrais", revelou Antonio dos Santos, presidente da Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo da Caçandoca.
Os costumes religiosos no quilombo da Caçandoca estão sendo resgatados com a participação da comunidade na procissão marítima da Festa do Divino. Outras festas comemoradas são de São Benedito (santo negro), São João, Santo Antônio e São Pedro (padroeiro dos pescadores)."Até os anos 60, tinha festa o ano todo na comunidade. Começava com a cantoria de reis no natal, passando pelo primeiro dia do ano e no dia 7 de janeiro, iniciava a folia do Divino. Este período era sagrado. Os quilombolas deixavam de fazer mutirão – trabalhar junto numa mesma roça – para homenagear os santos. A reza durava nove noites e na última acontecia a festa com as danças que iam até o dia clarear", afirmou Antônio. As danças eram o bate pé, ciranda, moçambique e dança do chapéu. "Tinha fogueira, doce de mamão e abóbora e mandioca assada".
Algumas mulheres da Caçandoca fazem artesanato para vender na cidade. São colchas e panos de enfeite feitos com retalhos, a palha da banana se transforma em balaios e descansos de panela, as cortinas são enfeitadas com conchas e a bolsa é produzida com 'anel' de latinha. A arte é ensinada de mãe para filha.
A maioria das casas da comunidade, feitas de parede de taipa e cobertura de sapê, tem cama de bambu e colchão de tábua. Os utensílios domésticos são de barro e ferro. O pilão ainda serve para amassar o café. "A linha de pesca era tirada do tucum do coco e as cordas grossas para puxar a rede eram de cipó. Só precisávamos comprar querosene e sal para sobreviver", descreveu Antônio que recebia confirmação da esposa Gabriela dos Santos.
O primeiro projeto coletivo da comunidade, uma horta comunitária, está em andamento. "O mais importante é este sentimento de coletividade. Estamos resgatando o modelo de produção de 'meia', no qual o quilombo dono da roça convocava os demais para trabalhar em sua terra por determinado tempo. Na colheita, metade da produção ficava com o proprietário da terra e a outra metade, era distribuída pelos trabalhadores que manejaram a terra. Sozinho, um quilombo não pode nada", confirmou Antônio dos Santos.
Os quilombolas fizeram curso de capacitação para produção e comercialização de mel e polpa do palmito jussara. O Incra (Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária) patenteou os dois produtos.
Quilombo no Brasil
O Brasil chegou a ter centenas de quilombos no período colonial. A maioria não sobreviveu aos ataques dos senhores das fazendas. O quilombo mais famoso foi o dos Palmares, que reuniu em terras alagoanas, mais de 50 mil escravos fugidos, em pleno século XVII.
O líder negro Zumbi, chefe indiscutível do Quilombo dos Palmares, após anos de combate, foi morto em 20 de novembro de 1695. Seu nome entrou para a galeria dos heróis 300 anos depois, quando, em 1995, a data de sua morte foi adotada como o Dia da Consciência Negra.
Atualmente, há mais de 2.200 comunidades remanescentes de quilombos no país. No Estado de São Paulo existe mais de 35, a maioria na região do Vale do Ribeira. A formação desses quilombos não se deu somente pelas fugas de escravos que ocuparam terras livres e isoladas, mas também por heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados, simples permanência nas terras ou compra das mesmas.
A questão quilombola entrou na agenda das políticas públicas com a Constituição Federal de 1988. O Artigo 68 defende "aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida à propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos".
Foi neste período que a comunidade do litoral norte paulista se organizou e formou a Associação dos Remanescentes do Quilombo da Caçandoca, visando participar do processo de reconhecimento e titulação de suas terras, tarefa realizada pelo Itesp.
Curiosidades
A palavra 'quilombo' tem origem africana, da língua banto (kilombo) e significa acampamento, fortaleza de difícil acesso, onde negros que resistiam à escravidão conviviam com brancos pobres e indígenas. O banto teve origem em países africanos como Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique.
A palavra 'Caçandoca', apesar de ser relacionado à casa devido ao sufixo "oca" (casa em tupi-guarani), significa "gabão de mato" numa referência ao país do centro-oeste africano Gabão.
O que define um quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Suas duas principais características não foram o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia.
Serviço
A Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo da Caçandoca está localizada na estrada Benedita Luiza dos Santos, 1474, Caçandoca. Contatos com o presidente Antonio dos Santos ou sua esposa Gabriela pelo telefone (12) 3848 1669.
Bruna Vieira
Ubatuba - Quilombo é o local de refúgio dos escravos negros brasileiros no período colonial. Eles representaram uma das mais importantes formas de resistência à escravidão. Buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura que deixaram na África. Embrenhados nas matas virgens, as comunidades se transformaram em prósperas aldeias, dedicando-se à economia de subsistência.
O Quilombo da Caçandoca em Ubatuba foi reconhecido, em laudo antropológico em 2000. Porém, a história dessa comunidade remete ao ano de 1858, quando o português José Antunes de Sá comprou a Fazenda Caçandoca.
A fazenda abrigava uma casa-sede e um engenho, sendo dividida em três núcleos administrativos. Cada filho de José Antunes de Sá: Isídio, Marcolino e Simphonio administrava um núcleo. Eles tiveram vários filhos "bastardos" com as mulheres negras que trabalhavam nas terras, além dos legítimos, frutos de casamento com mulheres brancas.
A fazenda produzia café e aguardente de cana-de-açúcar. Foi desmembrada em 1881, data do primeiro inventário do local. Filhos e netos legítimos do proprietário da fazenda herdaram parte das terras, mas nem todos permaneceram nelas. Os que permaneceram, ficaram na condição de posseiros, com autorização para administrar seu próprio trabalho.
Os filhos bastardos e os ex-escravos deram origem às 32 famílias que hoje formam o Quilombo da Caçandoca, com cerca de mil remanescentes. As famílias compartilham uma área de reserva florestal, administram hortas caseiras e até pouco tempo atrás faziam o manejo do palmito 'jussara'.
As casas das famílias não têm luz elétrica nem água encanada. São feitas de pau-a-pique, de tábuas cobertas com calhetão ou de alvenaria. A comunidade sobrevive da pesca, marisco e agricultura familiar, voltada para o autoconsumo. Outra parte das quilombolas faz serviços domésticos em casas de veraneio nas praias vizinhas como Pulso, Caçandoquinha, Bairro Alto, Saco da Raposa, São Lourenço, Saco do Morcego, Saco da Banana e Simão.
Até meados da década de 1990, havia na comunidade duas escolas municipais de Ensino Básico. Elas foram fechadas sob a alegação de que o número de alunos era insuficiente. As poucas crianças que freqüentam escola precisam caminhar até a praia do Pulso e seguem com um ônibus até o bairro da Maranduba. Ainda hoje, a reabertura das escolas é reivindicada pela comunidade.
Outros problemas na comunidade tiveram início na década de 1970 com a construção da rodovia BR-101, que interliga a cidade de Santos à capital do Rio de Janeiro. Quilombos foram expulsos da terra. Hoje, os 890 hectares do território quilombola na Caçandoca, estão sendo disputados por uma imobiliária.
As cerca de 50 famílias do Quilombo de Camburi, também em Ubatuba, enfrentam as mesmas pressões para deixar as terras. Eles ocupam há aproximadamente 150 anos, uma área localizada na divisa com a cidade de Paraty.
Preservação da cultura quilombola
"Os quilombolas defendem o território e os costumes de seus ancestrais", revelou Antonio dos Santos, presidente da Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo da Caçandoca.
Os costumes religiosos no quilombo da Caçandoca estão sendo resgatados com a participação da comunidade na procissão marítima da Festa do Divino. Outras festas comemoradas são de São Benedito (santo negro), São João, Santo Antônio e São Pedro (padroeiro dos pescadores)."Até os anos 60, tinha festa o ano todo na comunidade. Começava com a cantoria de reis no natal, passando pelo primeiro dia do ano e no dia 7 de janeiro, iniciava a folia do Divino. Este período era sagrado. Os quilombolas deixavam de fazer mutirão – trabalhar junto numa mesma roça – para homenagear os santos. A reza durava nove noites e na última acontecia a festa com as danças que iam até o dia clarear", afirmou Antônio. As danças eram o bate pé, ciranda, moçambique e dança do chapéu. "Tinha fogueira, doce de mamão e abóbora e mandioca assada".
Algumas mulheres da Caçandoca fazem artesanato para vender na cidade. São colchas e panos de enfeite feitos com retalhos, a palha da banana se transforma em balaios e descansos de panela, as cortinas são enfeitadas com conchas e a bolsa é produzida com 'anel' de latinha. A arte é ensinada de mãe para filha.
A maioria das casas da comunidade, feitas de parede de taipa e cobertura de sapê, tem cama de bambu e colchão de tábua. Os utensílios domésticos são de barro e ferro. O pilão ainda serve para amassar o café. "A linha de pesca era tirada do tucum do coco e as cordas grossas para puxar a rede eram de cipó. Só precisávamos comprar querosene e sal para sobreviver", descreveu Antônio que recebia confirmação da esposa Gabriela dos Santos.
O primeiro projeto coletivo da comunidade, uma horta comunitária, está em andamento. "O mais importante é este sentimento de coletividade. Estamos resgatando o modelo de produção de 'meia', no qual o quilombo dono da roça convocava os demais para trabalhar em sua terra por determinado tempo. Na colheita, metade da produção ficava com o proprietário da terra e a outra metade, era distribuída pelos trabalhadores que manejaram a terra. Sozinho, um quilombo não pode nada", confirmou Antônio dos Santos.
Os quilombolas fizeram curso de capacitação para produção e comercialização de mel e polpa do palmito jussara. O Incra (Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária) patenteou os dois produtos.
Quilombo no Brasil
O Brasil chegou a ter centenas de quilombos no período colonial. A maioria não sobreviveu aos ataques dos senhores das fazendas. O quilombo mais famoso foi o dos Palmares, que reuniu em terras alagoanas, mais de 50 mil escravos fugidos, em pleno século XVII.
O líder negro Zumbi, chefe indiscutível do Quilombo dos Palmares, após anos de combate, foi morto em 20 de novembro de 1695. Seu nome entrou para a galeria dos heróis 300 anos depois, quando, em 1995, a data de sua morte foi adotada como o Dia da Consciência Negra.
Atualmente, há mais de 2.200 comunidades remanescentes de quilombos no país. No Estado de São Paulo existe mais de 35, a maioria na região do Vale do Ribeira. A formação desses quilombos não se deu somente pelas fugas de escravos que ocuparam terras livres e isoladas, mas também por heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados, simples permanência nas terras ou compra das mesmas.
A questão quilombola entrou na agenda das políticas públicas com a Constituição Federal de 1988. O Artigo 68 defende "aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida à propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos".
Foi neste período que a comunidade do litoral norte paulista se organizou e formou a Associação dos Remanescentes do Quilombo da Caçandoca, visando participar do processo de reconhecimento e titulação de suas terras, tarefa realizada pelo Itesp.
Curiosidades
A palavra 'quilombo' tem origem africana, da língua banto (kilombo) e significa acampamento, fortaleza de difícil acesso, onde negros que resistiam à escravidão conviviam com brancos pobres e indígenas. O banto teve origem em países africanos como Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique.
A palavra 'Caçandoca', apesar de ser relacionado à casa devido ao sufixo "oca" (casa em tupi-guarani), significa "gabão de mato" numa referência ao país do centro-oeste africano Gabão.
O que define um quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Suas duas principais características não foram o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia.
Serviço
A Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo da Caçandoca está localizada na estrada Benedita Luiza dos Santos, 1474, Caçandoca. Contatos com o presidente Antonio dos Santos ou sua esposa Gabriela pelo telefone (12) 3848 1669.
MAIS UM POUCO DA HISTORIA DE UBATUBA....
Há duas definições sobre a origem do nome derivado em tupi Ybtyba ou Ybatiba. Em ambas concorda-se que "tuba" poderia significar muitas; "uba"entretanto poderia se referir a canoas ou a caniços, de um tipo de taquara comum na região.
Os donos da terra e a Paz de Iperoig.
Os primeiros habitantes do litoral norte de São Paulo onde se encontra Ubatuba, que pertencia na época da colonização à Capitania de São Vicente, doada por D. João III a Martim Afonso de Souza, foram os índios tupinambás. Juntamente com os tupiniquins (situados ao sul) e os guaianazes (habitantes do planalto) formavam a nação Tamoia, em tupi "os donos da terra". O nomadismo fazia parte da cultura indigena e entre os grupos havia relações cordiais e convivência pacífica. A chegada do europeu no século XVI e a tentativa de escravização dos indígenas gerou conflito entre eles, provocados pelos invasores.
O primeiro europeu a chegar em Ubatuba foi o aventureiro alemão Hans Staden, que servira como artilheiro no forte de Bertioga e ao ser aprisionado pelos tupinambás permaneceu cativo em Ubatuba por vários meses. Após o seu resgate por um navio francês, Staden retornou ao seu país e relatou a sua experiência no livro "Duas viagens ao Brasil".
Instigados pelos franceses, os tamoios confederados sob a liçenca de chefe Cunhambebe, em confronto com os portugueses, punham em risco os incipientes núcleos de colonização de São Paulo e São Vicente, o que levou os Jesuitas manoel de Nóbrega e José de Anchieta a visitar a aldeia de Ipregoig em missão pacificadora.
Anchieta permaneceu como refém dos índios em Ubatuba enquanto Nóbrega negociava em São Paulo o armistício, periodo em que escreveu na areia da praia so 5.732 versos de seu poema a Virgem. A Paz de Iperoig foi selada em 14 de setembro de 1563 e à expulsão dos franceses segui-se a fundação da cidade do Rio de Janeiro.
O povoamento.
De 1600 a 1750 a presença da população branca é pequena e a agricultura de subsistência predomina; o trecho entre Santos e o Rio de Janeiro é intencionalmente ocupado por iniciativa do governo para garantir aposse da região. A cultura caiçara resulta do cruzamento da cultura indígena com a dos colonizadores inicialmente; os povoados surgem em fundo de baía, sendo as ilhas mais ocupadas que o continente. Nos inícios do século XVII Iperoig despertou a atenção do governador do Rio de Janeiro , que enviara Jordão Homem de Costa para fundar com sua família e agregados um núcleo, onde se ergueu uma capela dedicada à Santa Cruz do Salvador. A antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de Vila em 28 de outubro de 1637, sob o nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz de Salvador de Ubatuba.
O ciclo da cana e o ouro de Minas.
Na segunda metade do século XVII, a exploração do ouro em Minas gerais vai mudando a história do Sudeste. Cada espaço geográfico se especializa para atender ao consumo de Minas; ao sudeste litorâneo caberia produzir aaguardente e o açucar, gerando também outros cultivos de apoio. Nesse período existiram em Ubatuba 19 fazendas-engenhos, produzia-se também anil e fumo para serem trocados por escravos na África. A produção de pesca é intensa(em parte voltada para o mercado mineiro), sobretudo a taínha no inverno e a população chega a 2.000 pessoas, excluídos os negros escravos. De Minas vinha o ouro trazido por tropeiros para embarque em seu porto e a ele chegavam as mercadorias européias que atendiam ao luxo dos senhores coloniais de São Paulo e Minas Gerais.
O ciclo do café e a prosperidade.
Em 1787 o presidente da Província de São Paulo decreta que todas as mercadorias da capitania deveriam ser embarcadas por Santos(Édito de lorena), medida que ocasionou a decadência da economia da cana e do porto de Ubatuba. A situação só iria melhorar com a abertura dos portos em 1808 e o comércio ganharia novo impulso com o cultivo do café no município e no Vale do Paraíba, que tornou-se economicamente próspero na segunda metade do século. Ubatuba passa aser o porto exporatdor da região cafeeira, chegando a receber anualmente cerca de 600 navios transatlânticos. Pela "rota do café" entraram nesse perído áureo mais de 70 mil escravos.
A Vila de Ubatuba passa em 1855 à categoria de cidade. O urbanismo alcança o município, são criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, água encanada, mecador municipal e residências para abrigar a elite local. Ubatuba constava entre os municípios de maior renda da província, tendorecebido através de seu porto a primeira máquina de tecelagem do Estado, destinada a Taubaté. Nela circulavam viajantes, negociantes, tropeiros e aventureiros, companhias de teatro e ópera; havia festas e bailes nos solares e o Ateneu Ubatubense dispunha de biblioteca de mais de 5000 volumes doada pelo Imperador D. Pedro II.
O cultivo do café traz modificações profundas na paisagem física e urbana de Ubatuba: as áreas planas crescem de valor e são devastadas ; a demanda por construções mais complexas (embarcações, casas e mobiliário, carros de boi) vai ocasionando o fim da madeira de lei e aumenta a população negra. Em 1836 a população negra supera a branca e ocorrem revoltas nas fazendas de café, que chegaram a ter cerca de 12.000 escravos. A partir de 1870, antecipando-se ã deflagração da guerra franco-prussiana, dezenas de famílias nobres francesas instalaram-se em Ubatuba, comprando grandes extensões de terras e organizando fazendas onde se cultivou o café, fumo, cana-de-açucar, frutas tropicais e especiarias. também montaram olarias e mansões senhoriais.
O fim da "rota do café".
Com a marcha do café para o Oeste do estado de São Paulo e a construção de ligações ferroviárias entre São Paulo e Rio de Janeiro e São Paulo e Santos, a antiga estrada da "rota do café"que ligava o sul de Minas ao porto de Ubatuba perdeu importância. As famílias de posses migraram e as terras perderam o valor, permanecendo as populações pobres. Tentativas foram feitas para refrear a decadência da cidade e de seu porto, com a construção não-concluída de uma estrada de ferro ligando Ubatuba a Taubaté.
O ressurgimento econômico com o turismo.
Somente a partir de 1933 ocorreu um certo ressurgimento econômico no município liugado ao turismo, com a abertura de estrada de rodagem entre Ubatuba e São Luiz do Paraitinga. O avanço turístico aumentou ao abrir-se a estrada ligando caraguatatuba a Ubatuba em 1954 e na década de 70 com a construção da rodovia Rio-Santos (Br101), criando novas perspectivas ecônomicas para o município com o desenvolvimento da nova atividade.
FONTE : www.ubatubacity.com.br
A CHEGADA DO PROGRESSO NA ALMADA
A CHEGADA DO PROGRESSO
Praia da Almada - anos 70
A estrada só chegou a Almada no final dos anos setenta. Antes disso, para chegar á cidade usava-se barcos, canoa a vela ou pela trilha. A abertura da estrada foi um acontecimento. Não só crianças, mas adultos também iam de encontro ás maquinas que devastavam a vegetação abrindo caminho para o progresso.
Lembro até hoje do barulho ininterrupto da maquina de esteira e do cheiro da terra retirada do morro. O que mais gostávamos era ver as pedras rolarem morro abaixo, devastando a vegetação, indo parar no mar.
A abertura foi num ritmo acelerado, todos na praia estavam encantados com a rapidez das maquinas, primeiro vinha á esteira e depois a plaina, uma maquina que alisava a estrada. Tinha uma que abria buracos para colocar bueiros, e nós apelidamos de ‘pernilongo’.
Ao chegar mais ou menos quinhentos metros da praia o serviço empacou. Um morador não permitia que as máquinas entrassem em suas terras. Ficando parado por mais de três meses. Uma tristeza para nós crianças que ficamos sem a companhia diária do aparelho barulhento e para os moradores que sonhavam com carros e ônibus na praia.
Graças a um acordo entre prefeitura e o proprietário, finalmente a estrada chegou e com ela tudo que vem junto com o progresso.
Postado por Fernando Florindo .
Blog : www.fernandodaalmada.blogspot.com
Praia da Almada - anos 70
A estrada só chegou a Almada no final dos anos setenta. Antes disso, para chegar á cidade usava-se barcos, canoa a vela ou pela trilha. A abertura da estrada foi um acontecimento. Não só crianças, mas adultos também iam de encontro ás maquinas que devastavam a vegetação abrindo caminho para o progresso.
Lembro até hoje do barulho ininterrupto da maquina de esteira e do cheiro da terra retirada do morro. O que mais gostávamos era ver as pedras rolarem morro abaixo, devastando a vegetação, indo parar no mar.
A abertura foi num ritmo acelerado, todos na praia estavam encantados com a rapidez das maquinas, primeiro vinha á esteira e depois a plaina, uma maquina que alisava a estrada. Tinha uma que abria buracos para colocar bueiros, e nós apelidamos de ‘pernilongo’.
Ao chegar mais ou menos quinhentos metros da praia o serviço empacou. Um morador não permitia que as máquinas entrassem em suas terras. Ficando parado por mais de três meses. Uma tristeza para nós crianças que ficamos sem a companhia diária do aparelho barulhento e para os moradores que sonhavam com carros e ônibus na praia.
Graças a um acordo entre prefeitura e o proprietário, finalmente a estrada chegou e com ela tudo que vem junto com o progresso.
Postado por Fernando Florindo .
Blog : www.fernandodaalmada.blogspot.com
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
F U N D A R T I N F O R M A :
Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba “Povo que não tem memória não tem nada para contar”
Idalina Graça
Consciência Negra
Os eventos que compõem o programa de comemorações do dia da Consciência Negra – 20 de novembro – feriado municipal, tiveram início nos últimos dias 07, 08 e 09 e, terão prosseguimento na Praia do Cambury nos próximos dias 14, 15 e 16 a partir das 15h00 na Festa do Agricultor com Música, Capoeira, Jongo, Capoeira, Comidas Típicas, no Quilombo da Praia do Cambury. Dia 18, terça-feira às 10h00 – Festival de Reggae e Hip Hop no Bar Roots, na Avenida Iperoig.
Dia 19, quarta-feira – Abertura da Exposição de Artes Plásticas, Fotos, Textos, Artesanato, no Salão de Exposições do Sobradão do Porto, Fundart.
Dia 20, quinta-feira – Dia da Consciência Negra – a partir das 11h00: Missa Afro, Música, Dança, Capoeira, Maculelê, Concurso “A Mais Bela Negra”, Grafite, Hip-Hop, na Praça Anchieta, em frente ao Sobradão do Porto.
Dias 21, 22 e 23, sexta-feira, sábado e domingo – Festa de Encontro de Comunidades Quilombolas – Sertão da Fazenda da Caixa (Casa da Farinha – no Quilombo da Fazenda da Caixa).
3ª Semana da Música
De 17 a 23 deste novembro acontece a 3ª Semana da Música, de Ubatuba, com apresentações musicais, workshops e shows, no Passeio Santa Fé, no centro da cidade. A realização é do OSC Celebreiros Ubatuba e do NUVEM – Núcleo de Valorização à Expressão Musical, com apoio da Fundart.
“Eram os Patugueses Astronautas?”
É o título do texto teatral vencedor do Concurso Literário/Ubatuba – 2008 da Fundart (Concurso de Texto de Teatro “Tia Helô”) a ser encenado nos próximos dias 21/22/23 e 28/29/30 (finais de semana), no Auditório Fundart, no Sobradão do Porto, com direção de Heyttor Barsalini. Estaremos informando de tudo no decorrer da próxima semana.
6ª Salão Nacional de Belas Artes de Ubatuba
Encerra-se no próximo dia 16 de novembro o 6º Salão Nacional de Belas Artes de Ubatuba, no Sobradão do Porto.
São 149 trabalhos selecionados de 375 inscritos – óleo sobre tela, aquarela, escultura, desenho. Artistas de muitas cidades do Estado de São Paulo e capital estão presentes no Salão de Ubatuba.
Programação Cultural - Final de Semana:
15 – Sábado
20h45 – Praça da Matriz
Banda Sinfônica “Lira Padre Anchieta”
16 – Domingo
20h45 – Praça da Matriz
Banda Saia Justa
CONSCIÊNCIA NEGRA:
14, 15 e 16
A partir das 15h00 - Festa do Agricultor - Música, Capoeira, Jongo, Comidas típicas
Quilombo da Praia do Cambury
Assista nossos eventos no Youtube:
www.youtube.com/tvfundart
Clique nos vídeos “Fundart Acontece em Ubatuba” nas datas desejadas.
Acesse nosso site:
www.fundart.com.br
Nossa cultura em um clique!
Visite o Memorial Ciccillo Matarazzo
Praça 13 de Maio, 52 – Centro – junto à Biblioteca Pública Ateneu Ubatubense
Idalina Graça
Consciência Negra
Os eventos que compõem o programa de comemorações do dia da Consciência Negra – 20 de novembro – feriado municipal, tiveram início nos últimos dias 07, 08 e 09 e, terão prosseguimento na Praia do Cambury nos próximos dias 14, 15 e 16 a partir das 15h00 na Festa do Agricultor com Música, Capoeira, Jongo, Capoeira, Comidas Típicas, no Quilombo da Praia do Cambury. Dia 18, terça-feira às 10h00 – Festival de Reggae e Hip Hop no Bar Roots, na Avenida Iperoig.
Dia 19, quarta-feira – Abertura da Exposição de Artes Plásticas, Fotos, Textos, Artesanato, no Salão de Exposições do Sobradão do Porto, Fundart.
Dia 20, quinta-feira – Dia da Consciência Negra – a partir das 11h00: Missa Afro, Música, Dança, Capoeira, Maculelê, Concurso “A Mais Bela Negra”, Grafite, Hip-Hop, na Praça Anchieta, em frente ao Sobradão do Porto.
Dias 21, 22 e 23, sexta-feira, sábado e domingo – Festa de Encontro de Comunidades Quilombolas – Sertão da Fazenda da Caixa (Casa da Farinha – no Quilombo da Fazenda da Caixa).
3ª Semana da Música
De 17 a 23 deste novembro acontece a 3ª Semana da Música, de Ubatuba, com apresentações musicais, workshops e shows, no Passeio Santa Fé, no centro da cidade. A realização é do OSC Celebreiros Ubatuba e do NUVEM – Núcleo de Valorização à Expressão Musical, com apoio da Fundart.
“Eram os Patugueses Astronautas?”
É o título do texto teatral vencedor do Concurso Literário/Ubatuba – 2008 da Fundart (Concurso de Texto de Teatro “Tia Helô”) a ser encenado nos próximos dias 21/22/23 e 28/29/30 (finais de semana), no Auditório Fundart, no Sobradão do Porto, com direção de Heyttor Barsalini. Estaremos informando de tudo no decorrer da próxima semana.
6ª Salão Nacional de Belas Artes de Ubatuba
Encerra-se no próximo dia 16 de novembro o 6º Salão Nacional de Belas Artes de Ubatuba, no Sobradão do Porto.
São 149 trabalhos selecionados de 375 inscritos – óleo sobre tela, aquarela, escultura, desenho. Artistas de muitas cidades do Estado de São Paulo e capital estão presentes no Salão de Ubatuba.
Programação Cultural - Final de Semana:
15 – Sábado
20h45 – Praça da Matriz
Banda Sinfônica “Lira Padre Anchieta”
16 – Domingo
20h45 – Praça da Matriz
Banda Saia Justa
CONSCIÊNCIA NEGRA:
14, 15 e 16
A partir das 15h00 - Festa do Agricultor - Música, Capoeira, Jongo, Comidas típicas
Quilombo da Praia do Cambury
Assista nossos eventos no Youtube:
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Praça 13 de Maio, 52 – Centro – junto à Biblioteca Pública Ateneu Ubatubense
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Mais sacis
Mais sacis
Julinho Mendes
No dia 31 de outubro, em que comemoramos o nosso Dia do Saci Caiçara, no calçadão do Centro, perguntei a um amigo se ele tinha medo de saci. O velho caiçara, sem titubear respondeu:
- Tenho sim, mas não desse aí com uma perna só, com gorro e cachimbo. O saci que tenho medo é do saci político, corrupto. Desse sim, eu tenho medo. Ele compra voto, desvia dinheiro público, superfatura obras... faz travessuras que afeta de uma vez só grande parte da população necessitada. Temos que ficar atentos com esse saci!!!
Sem comentários, eu só exclamei:
- Éééé!
A imagem acima mostra mais uma leva de sacis, desenhados e versados pelos alunos das escolas estaduais: Altimira, Idalina, Capitão Deolindo, Dr. Esteves e Maria Alice.
Continuamos a agradecer os professores, coordenadores, alunos e colaboradores nesse nosso evento.
Obrigado!
POR Julinho Mendes
FONTE : www.ubaweb.com
Caiçarando na Cooperativa Educacional de Ubatuba
Mais uma vez, a convite da coordenadora pedagógica Lúcia e da professora Eliete, estivemos na escola Cooperativa Educacional de Ubatuba. Fui falar, agora, para os alunos do 4° ano do ensino fundamental, sobre a cultura caiçara.
Carrego um pouquinho dessa nossa cultura em um balaio de timbopeva, balaio este que quem o fez certamente já morreu, pois é um balaio muito antigo, que provavelmente já carregou mandioca, já guardou bananas para amadurecimento, transportou peixes, lavou camarões, serviu de berço para criança e se duvidar até já serviu de ninho de galinha. De tudo isso, esse meu balaio agora carrega um pouquinho de nossa história e de nossa cultura. Tenho dentro dele mais de trinta elementos que representam a vida, o costume, a religiosidade, a culinária, a arte... da nossa terra.
É para mim muito prazeroso e gratificante repassar esses conhecimentos à algumas crianças de nossa cidade, para que aprendam e tenham informações sobre as peculiaridades da cidade onde vivem. Tenho certeza que esses alunos, hoje, têm um conhecimento a mais sobre a cultura caiçara.
Parabenizo a Cooperativa Educacional de Ubatuba por inserir em seu planejamento curricular os aspectos culturais de nossa cidade.
Como voluntário, agradeço por estar contribuindo no processo de ensino desta escola.
Obrigado!
fonte :www.ubaweb.com
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
ESPECIAL NEI MARTINS " Um garimpador da cultura caiçara
Têm pessoas que passam pela vida, outros fazem história... Histórias que podem ser pessoais, outras que podem ter influência na história de toda um município. São pessoas predestinadas, que mesmo que não tenham tal consciência vão simplesmente traçando seu destino, ao embalo da vida... mesmo que esta seja ao embalo do som carnavalesco.
Ainda muito jovem, Sidney Martins Leme, 56, natural de São José dos Campos, decidiu mudar-se de cidade, um outro lugar o qual sentiria em seu íntimo que seria o seu verdadeiro lugar. A cidade que o recebeu de braços abertos logo chamou-o pelo nome que seria reconhecido por todos, carinhosamente Ney Martins.
Jogador do Juvenil de São José dos Campos, logo foi fácil de fazer amizade em sua nova terra, Ubatuba, em 1964. Seu primeiro emprego foi na extinta lanchonete Bar Maré Mansa, embaixo do hotel São Charbel. Em 67, o prédio da Câmara Municipal foi reformado com a proposta de visitação ao público até as 21h; tinha que ter um recepcionista. O convite foi feito ao rapaz Ney, que trabalhou até meados de 72. Sempre ativo e pronto para criar projetos, ele organizava campeonatos de Futebol de Salão e Jogo de Malhão de Rua. Em 72, foi inaugurado o Estádio Municipal de Ubatuba, no Perequê-Açu, e Ney foi eleito por três mandatos consecutivos como presidente da Liga Ubatubense. Com a colaboração de grandes amigos, realizou feitos e eventos memoráveis. Foram realizados campeonatos com grandes clubes de futebol do país como, por exemplo, Ponte Preta, Portuguesa, juvenis de São Paulo e do Guarani Futebol Clube Paulista, que trouxe o grande atleta Careca entre tantos outros de renome que tiveram o privilégio de pisar nossos gramados. Tudo isso realizado sem grandes recursos financeiros. Antes os atletas trocavam-se no jardim e foi com muita luta que conseguiram construir os vestiários que são utilizados até os dias de hoje. O torneio de “1º de Maio” reunia todos os clubes dos bairros do município. Eles reuniam-se às 7h, quando havia um desfile civil com os atletas e estudantes segurando as bandeiras do clube, do Brasil e do município. Depois de contornar o estádio, faziam a parada oficial para o hasteamento a bandeira nacional e canto do hino de nosso país. Esta ilustre cerimônia dava início as partidas do campeonato, que durava semanas e com o estádio sempre lotado com as torcidas dos bairros. Alguns atletas até revelaram-se grandes profissionais do esporte ingressando em grandes clubes. A convite da organização, ele também teve sua participação no staff da equipe de provas Natatórias Internacionais que eram realizadas na praia Iperoig. A convite de prefeito Basílio foi secretário de Turismo e Esporte. Criou, em conjunto com sua equipe de amigos, a Copa Amizade onde participavam todo o Litoral Norte e Paraty; coincidentemente, Ubatuba quase sempre foi campeã. Em 76, foi o terceiro vereador mais votado com 212 votos. Foi quando começou a direcionar sua visão para a parte cultural da cidade. Na época só tinha um bloco carnavalesco: o “Bloco do Miguel Ageu”, assim chamado porque todos saíam da casa do mesmo. Esta parte da cultura, que eram os bois, mascarados, etc, tinha-se apagado no tempo. Então, em 11 de janeiro de 76, foi fundada a primeira escola de samba “Mocidade Alegre do Itaguá”, que ensaiava no galpão cedido por Fiovo Frediani, e que futuramente conquistou sua própria sede doada pela prefeitura, onde está até os dias de hoje. Em 78, a escola campeã do Rio de Janeiro, a Beija-flor de Nilópolis, veio para nossa avenida apadrinhar a nossa escola de samba. Depois surgiram outras duas. Foi em uma destas pesquisas para criar o novo enredo, que sempre objetiva exaltar nossa cultura, que Ney Martins iniciou sua nova paixão: a cultura caiçara. Seus olhos puderam presenciar a grande transformação que Ubatuba vive diariamente, a Ubatuba de hoje não tem muito da Ubatuba que ele conheceu. A transformação rápida fez com que ele se preocupasse em resgatar a cultura, a qual ele decidiu em sua juventude adotar como sua. Ele acha que todos que optam por morar aqui deviam fazer o mesmo. Assim, junto com Ari Matos, criou em 83 o “Viva Viola”, uma caravana da música sertaneja que visitava os bairros gratuitamente, incentivando a construção de muitas capelas. A comunidade fazia sua festa com a Xiba, Ciranda, etc., arrecadava verbas para a construção nos leilões e a caravana ia animar a festa. Posteriormente, no antigo Café Conserto, às quartas-feiras, era realizado o “Som de Viola”, onde todos os bairros vinham participar com seus artistas e fã clubes organizados.
Quando menos percebeu, foi desligando-se dos esportes e sua vida tomara uma nova direção. Em 87, com a criação da Fundart ele foi convidado a cuidar da parte folclórica e cultural do município. Desde então seu respeitado trabalho de resgate tem sido apoiado por todas as presidências que por lá passaram. Trabalho este que realiza com muita dedicação e sempre com grandes projetos junto a toda comunidade caiçara, que irá garimpar até os últimos dias de sua vida.
FONTE : http://www.ubatubasp.com.br/neymar.htm
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