quinta-feira, 28 de agosto de 2008

UBATUBA 1563....CONTECEU O 1 º TRATADO DE PAZ NO BRASIL...



Padre Anchieta

As negociações de paz só vieram a acontecer pela interferência dos padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, que se encontravam em São Paulo em missão catequista. Em 5 de maio de 1563 Anchieta e Nóbrega chegaram na aldeia de Iperoig.
Iniciaram-se os entendimentos, mas os índios, cautelosos e desconfiados, exigiam provas concretas de sinceridade por parte dos padres, e para que isso se confirmasse, Nóbrega regressou a São Vicente, levando Cunhambebe, enquanto Anchieta permaneceu em Ubatuba como refém. Foi nessa época que Anchieta, invocando a proteção da Virgem, escreveu grande parte do famoso Poema à Virgem nas areias de Iperoig. As condições foram impostas por Aimberé, desconfiado das intenções portuguesas.


QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA " IPEROIG"

Iperoig tem duas traduções possíveis. Podeser uma corruptela de Ypirú-yg, ou seja, orio do tubarão. Mas pode também ser umacorrupção da locução iperó-yg, que significario das perobas, que são árvores da MataAtlântica.Iperoig foi a aldeia sobre a qual se ergueuUbatuba.

EXTRA....EXTRA : PADRE ANCHIENTA VIRA REFEM EM IPEROIG....


REFÉNS EM IPEROIG(UBATUBA)

(do livro "Aconteceu no Velho São Paulo, de Raimundo de Menezes, Coleção Saraiva, 1954)

Bem ásperos foram os primeiros tempos de São Paulo de Piratininga. Os Jesuítas sofreram os maiores sobressaltos. Viviam a todo momento receosos de mais um ataque dos índios. As notícias eram alarmantíssimas. Somente a fé e o ideal da catequese ainda os animava. Do contrário... Isto por aqui era de amargar! Uma vez (estávamos a 10 de julho de 1562), o povoado amanheceu em pé de guerra. Logo de madrugada, gritos lancinantes encheram os céus, ecoando, de quebrada em quebrada. Não houve quem não estremecesse de susto. Todos previram o que iria acontecer. Era mais um assalto dos temíveis tamoios, desta vez comandados por Jagoanharo, o valoroso chefe guerreiro. Entraram de surpresa, atacando antes do nascer do sol, numa investida brutal e violenta, colhendo portugueses e mamelucos, quando, despreocupadamente, dormiam. E foi uma carnificina medonha. O troar das inúbias [trombetas] de guerra tornava mais alucinante o ambiente da luta. Os tacapes vibravam tumultuosamente, derrubando gente a torto e a direito. As flechas navalhavam os ares, e um ulular febril brotava do choque terrível.
Os jesuítas, assim que se viram assediados, cercados por todos os lados, quase entregues à sanha dos silvícolas irados, trataram de pedir socorro ao seu amigo, o cacique Tibiriçá, ali pertinho, morando com sua gente, numa choupana humilde, exatamente onde hoje fica o largo de São Bento. Tibiriçá veio correndo com seus guerreiros. A escaramuça foi das que não se descreve. Colheu-os quando tentavam forçar a porta da igrejinha, onde estavam homiziadas as mulheres. (...) O primeiro que caiu, mortalmente ferido, foi o próprio Jagoanharo. E aquilo foi água na fervura. Os outros índios, vendo o chefe agonizando, desandaram a fugir. E a debandada generalizou-se. Não ficou nenhum para contar a história... Apenas os prisioneiros, e os prisioneiros eram numerosos. Quanto a estes, Tibiriçá, selvagem como os vencidos, embora já domesticado, portou-se como manda a lei da selva: julgou-os sumariamente. Trucidou-os, um por um. Aquilo não podia agradar, como não agradou. Do embate tremendo entre tamoios e guerreiros de Piratininga, naquele famoso dia 10 de julho, além da morte de Jagoanharo, resultaram ferimentos graves no chefe Tibiriçá. A notícia da derrota dos invasores correu mundo. Correu de taba em taba.

Confederação dos Tamoios

O que, porém, mais irritou os vencidos, foi o trucidamento sumário dos prisioneiros. Aquilo os tornou mais rancorosos ainda. Juraram vingança. Seria uma vingança que passaria para a história. Insuflados pelos franceses no Rio de Janeiro, que chegaram até a armá-los, os indíginas trataram de reunir-se numa confederação, que ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. Chefiavam-nos os velhos maiorais da tribo: Coaquira e Pindobuçu, valentes como nenhum outro, auxiliados por Aimbiré e Cunhambebe. Veio índio de todos os lados, de toda a parte. O intuito era um só: arrasar não só São Paulo de Piratininga, como também São Vicente e Santos. Não deixar pedra sobre pedra.
Conseguiram arregimentar mais de cem mil homens, muito bem armados, armados até os dentes, dispostos a tudo, ao que desse e viesse. Seria uma guerra de que se falaria para todo o sempre... E começaram as escaramuças, aqui e ali. Numa delas, o ferocíssimo Aimbiré caiu prisioneiro nas mãos dos lusitanos. Como era perigosíssimo, qual novo Sansão, acorrentaram-no fortemente e atiraram-no no porão de uma sumaca [barco de duas velas]. Pois bem, enrodilhado nos ferros, enroscado solidamente, ainda assim, rebentando as cadeias, logrou desvencilhar-se em meio da viagem e jogar-se ao mar. Na fuga espetacular, saiu nadando como um doido. E, nadando como um doido, foi ter à praia e percorreu taba por taba, núcleo por núcleo, espalhando a revolta, pregando a rebelião, disseminando a insurreição.
Tão bravio quando Aimbiré era seu companheiro Cunhambebe. Em Cunhambebe, o ódio pelos portugueses ainda era bem maior. Um ódio de morte! (...) Se aqueles cem mil indíginas ferocíssimos, com sede de vingança, doidos por uma vindita, alcançassem contra o indefeso povoado de São Paulo de Piratininga, não sobraria coisa alguma... E era preciso evitar aquilo, custasse o que custasse. Foi quando os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, assustados e impressionados com o rumo que iam seguindo as coisas, tomaram uma deliberação muito séria, que iria resultar num dos mais significativos serviços prestados ao Brasil. Resolveram intervir. Mas, intervir, como? Apaziguar os ânimos. Entrar em entendimentos com os chefes das tribos. Era, todavia, perigosíssima a missão. Iriam arriscar a vida, expor-se a mil ameaças. Mas aqueles padres tinham a fibra de heróis.

A viagem à toca da fera

Nóbrega e Anchieta partiram de São Vicente, numa manhã histórica, a 18 de abril de 1563. Não houve quem não arreceasse do destino dos dois audazes jesuítas. Foi um espanto geral. Aquela conversa com o morubixabas tamoios não daria grande resultado, era o que todos pensavam. Propôs-se a conduzí-los, num dos barcos, o fidalgo aventureiro Francisco Adorno, natural de Gênova, e que aqui, em terras brasileiras, ficara rico da noite para o dia, à custa do tráfico de índios. Uma das maiores fortunas da época. Viajaram durante vários dias. Passaram por Bertioga, pela ilha de São Sebastião e, a 5 de maio de 1563, aportaram a Iperoig [Ubatuba]. Ali estava localizada a aldeia do chefe Coaquira. A princípio, foram recebidos agressivamente. Várias canoas, cheias de índios, armados de arco e flechas, cercaram-nos. Queriam liquidá-los. A situação era das mais graves, das que não se descrevem.
Foi quando Anchieta, com aquela calma que o caracterizava, começou a falar-lhes na sua língua. Falou-lhes longamente. Uma fala suave, doce, piedosa... Dirigiu-se, de preferência, aos maiorais Coaquira e Pindobuçu. Eles ouviram religiosamente. Começou a desanuviar-se o ambiente, como por encanto. Era mais um milagre do abaré, cuja fama correra mundo. Dali a pouco, Coaquira e Pindobuçu trocavam com Anchieta e Nóbrega o cachimbo da paz. Quase a metade da missão estava cumprida. Faltava convencer os demais chefes. Partiram, imediatamente, emissários, a fim de convidá-los para uma reunião. Aquilo durou dias, dias longos, que pareciam não terminar nunca mais. Todas as manhãs, os padres diziam missa num altar improvisado na praia, pregavam aos silvícolas, cativavam-lhes a confiança. E um mês já tinha rolado. E nada.

A mão que estanca o tacape

Um dia, porém, aconteceu um fato desconcertante, que veio quebrar a monotonia daquela pasmaceira. Quando menos se esperava, eis que apareceu, na fímbria do horizonte, uma canoa. E dentro da canoa, veio vindo, fogoso, o jovem Paranaguaçu, filho de Pindobuçu, que andava ausente, sem saber de nada. Paranaguaçu era um guapo rapaz, bonito, vistoso, forte como um touro, temido de todos pelas suas estroinices. Tinha um ódio de morte dos portugueses e dos padres. Toda aldeia se movimentou para recebê-los. Ele, de longe, avistou os jesuítas na praia, e ficou enfezado. Armou o seu arco e a primeira flecha cortou os espaços, vindo sibilar aos pés de Nóbrega, sem atingi-lo. Logo, outra zumbiu no ar, vindo morrer bem pertinho de Anchieta. Os tamoios gritavam atemorizados: fujam, abarés, fujam, depressa!
Mas os padres mantinham-se firmes, sem nada recear. Em dado momento, porém, Paranaguaçu avançou, resoluto, na direção deles, empunhando a clava, ameaçadoramente. Os dois jesuítas não tiveram outro jeito senão sair em disparada, praia afora, tropeçando aqui, caindo acolá, equilibrando-se como podiam, numa corrida incrível. Careciam atingir, o quanto antes, a cabana do velho chefe Pindobuçu, que ficava atrás do alto do monte. Faltava, ainda, um bom trecho. Atravessaram, com açodo, o riacho. Ficaram totalmente molhados. Galgaram vertiginosamente o morro, ouriçado de matos espinhosos e, finalmente, refugiaram-se sob a proteção da casa do pai do brutal guerreiro. Pindobuçu andava fora, porém. Logo mais, chegava no seu encalço o temível perseguidor. Encontrou os padres ajoelhados, rezando. Alçou o tacape e, quando ia vibrá-lo, eis que Anchieta ergueu seus olhos, azuis como o mar. Era uma súplica terna e suave... Foi quanto bastou. A mão de Paranaguaçu caiu e a fúria do índio murchou. Depois, ele contava o que acontecera:

- "Eu vinha a fazer isto e aquilo, mas quando entrei a ver os padres e lhes falei, caiu-me o coração e fiquei todo mudado e fraco; eu não os matei, que vinha tão furioso, já nenhum os há de matar, ainda que todos os que vierem, hão de vir com o mesmo propósito e vontade." Era mais um milagre de Anchieta. Vencera pela bondade.

Nasce um poema

Nóbrega percebeu que as pazes com os índios dependiam de mais algumas demarches. Necessitava dar um pulo até São Vicente, a fim de acertar alguns pormenores. Os belicosos selvagens concordaram. Concordaram, porém, com uma condição. Precisavam que alguém ficasse como garantia. Foi quando Anchieta se propôs a permanecer como refém. Iria enfrentar não pequenos riscos, sozinho, no meio daquela indiada desenfreada, na solidão da selva inóspita. Mas não se intimidou. Contava com o auxílio da Virgem. Ela lhe daria forças. E ficou. E começou a luta. Uma luta diferente, tremenda. A luta da carne. Ele mesmo nos conta:
- "Tem grande honra [os índios], quando vão alguns cristãos a suas casas, dar-lhes suas filhas e irmãs para que fiquem por seus genros e cunhados. Quiseram-nos fazer a mesma honra, oferecendo-nos suas filhas e repetindo-o muitas vezes. Mas como lhes déssemos a entender que não somente aquilo que era ofensa a Deus, aborrecia-nos, mas ainda que nem éramos casados, nem tínhamos mulheres, ficaram espantados, assim eles como elas, como éramos tão sofridos e continentes, e tinham-nos maior crédito e reverência." E mostrava-lhes os cilícios [cintos com pregos, para auto-tortura] com que se torturava e falava-lhes nos jejuns a que se entregava.
Enquanto isso, corria em Piratininga a notícia de que os índios haviam devorado os dois corajosos jesuítas. Os trabalhos do armistício, entretanto, prosseguiam lentamente, discutidos por Nóbrega com os maiorais dos Tamoios. E Anchieta, para encher o tempo e fugir às tentações, lembrou-se de compor, como um voto à Virgem, um poema em seu louvor. Mas como escrevê-lo? Não tinha nem papel nem pena. Recorreu ao seu bordão. E passou a rascunhá-lo na areia das praias, todas as manhãs. À noite, repetia, de cor, os versos, para gravá-los melhor, limava-os, corrigia-os, estilizava-os.
"Foi depoimento comum dos índios - informa-nos Simão de Vasconcelos [contemporâneo e biógrafo de Anchieta] - que viram, por vezes, nesta praia, uma avezinha graciosamente pintada, a qual, com um brando vôo, andava como fazendo festa, enquanto José ia compondo e escrevendo, e lhe saltava, brincando, ora nos ombros, ora na cabeça, ou para mostrar a José o cuidado que o céu tinha deles, ou para mostrar aos índios o como haviam de respeitá-lo. E assim compôs ele, de memória, cada dia um pouco, o poema imortal "De Beata Virgine Dei Matre Maria", o tão decantado "Poema da Virgem", constituído em 4.172 versos, que perfazem o total de 2.086 dísticos [frases].

Finalmente, só em setembro, Anchieta lograva ser posto em liberdade. O armistício fora assentado. Concordaram os portugueses com as propostas dos índios, graças aos esforços dos dois valentes jesuítas. E voltou a reinar a paz nas terras de Piratininga. Anchieta, no verdor dos seus 29 anos, retornava ao Colégio de São Paulo, após quantos dissabores. Seu embarque foi um triunfo. Os tamoios choravam com saudade do bom padre-mestre. Vencera-os pela fé e pela bondade. É que a fé e a bondade removem montanhas... Tinham, assim, os dois padres, realizado uma das maiores obras em favor da São Paulo que nascia...

UM POUCO DA HISTÓRIA DE UBATUBA-SP....

Os índios Tupinambás foram os primeiros habitantes da região de UBATUBA. Eram excelentes canoeiros e viviam em paz com os índios do planalto até a chegada dos portugueses e franceses, que tentaram dominá-los, com o intuito de assegurar a posse da terra.
Os Tupinambás e Tupiniquins se organizaram formando a "Confederação dos Tamoios" (Tamoios é uma palavra de língua falada pelos Tupinambás que significa "o dono da Terra", portanto a confederação era a união dos índios que eram os verdadeiros donos da terra), e passaram a enfrentar os portugueses. Os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega chegaram à região com a missão de pacificá-los. Na ocasião, Anchieta tornou-se prisioneiro dos mesmos, permanecendo aqui por quatro meses. Enquanto isso, o padre Manoel da Nóbrega voltava a São Vicente para finalizar o tratado denominado "Paz de Iperoig", que seria firmado em 14 de setembro de 1563. Foi nessa época que Anchieta escreveu o Poema à Virgem na praia de Iperoig, constituído de 5.732 versos.
Passados alguns anos, o governador-geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, tornou providências para colonizar a região, tendo enviado os primeiros moradores para garantir a posse da terra para a Coroa Portuguesa. O povoado conseguiu sua emancipação político-administrativa e foi elevado à categoria de vila em 28/10/1637, com o nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, tendo como fundador Jordão Albernaz Homem da Costa.
Os povoadores se instalaram ao longo da costa, utilizando o mar como meio de transporte. Todavia, com o surgimento da economia do ouro, a região do Litoral Norte se transformou em produtora de aguardente e açúcar para o abastecimento das áreas de Minas Gerais que experimentava um novo surto de progresso. O povoado de Ubatuba deixou de ter apenas a agricultura de subsistência, passando a uma agricultura comercial que incluía, além da aguardente e açúcar, fumo, anil e produção de peixe salgado.
Em 1787, o presidente da Província de São Paulo, Bernardo José de Moura, decretou que todas as embarcações do litoral seriam obrigadas a se dirigir ao porto de Santos, cujos custos eram mais baixos. A partir dessa pressão do governo, Ubatuba entrou em franca decadência e muitos produtores abandonaram os canaviais, os que ficaram passaram a cultivar apenas o necessário para a subsistência.
A situação só melhorou a partir de 1808, com a abertura dos portos, pois a família Real Portuguesa fugindo das tropas napoleônicas, transferiu-se para o Brasil decretando a "Abertura dos Portos às Nações Amigas" em 28 de janeiro de 1808. A medida beneficiou diretamente a então vila. O comércio ganhou impulso com o café, inicialmente sendo cultivado no próprio município e enviado para o Rio de Janeiro. O café se expandiu para todo o Vale do Paraíba e Ubatuba passou a ser o grande porto exportador. A vila passou, em 1855, a categoria de cidade. Novas ruas foram abertas, o urbanismo, no sentido moderno alcançou o município. São criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, chafariz com água encanada, mercado municipal e novas construções para abrigar a elite local, dentre as quais a casa nova de Manoel Baltazar da Costa Fortes, hoje sede da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba- Fundart. Hoje a maioria é lembrada apenas pela presença de ruínas ou pelo nome dado as praias como Lagoinha, Maranduba, Ubatumirim e Picinguaba.
A vila passa a contar ainda com uma estrada calçada com pedras para sustentar o tráfego de mulas carregadas com mercadorias, estreitando a ligação comercial com Taubaté.
A construção da ferrovia Santos-Jundiaí à decadência do Vale do Paraíba, que perdeu mercado para a maior produtividade da lavoura de café do Oeste- Paulista (região de Campinas), determinaram o isolamento econômico da região e, em consequência, de Ubatuba.
A tentativa de construir uma ferrovia entre Taubaté e Ubatuba foi vista com muita esperança, sendo importados trilhos da Inglaterra. Porém durante o governo do presidente Floriano Peixoto foi suspensa a garantia de juros sobre o valor do material importado, provocando a falência do Banco Popular de Taubaté e, em consequência, da companhia construtora.
A estrada praticamente desapareceu e o tráfego marítimo foi reduzido a escala de apenas um navio a cada dez dias na linha Santos-Rio de Janeiro.
Depois de um longo período, após a revolução Constitucionalista de 1932, com o objetivo de integrar a região cujo isolamento ficou patente no conflito, o Governo Estadual promoveu melhorias na rodovia Taubaté-Ubatuba, passando a cidade a contar com uma ligação permanente com o Vale do Paraíba. Aos poucos, a cidade começa a desenvolver a sua vocação turística, recebendo um impulso decisivo nesse setor, em 1972, com a construção da rodovia BR-101, (Rio Santos).


Fonte: Portal do Litoral Norte (http://www.portaldolitoral.com.br/)

CINE " HISTÓRIA & CULTURA DE UBATUBA-SP"


terça-feira, 26 de agosto de 2008

UM SALTO PARA O " GUARUÇA"

Mais uma vez atravessamos a fronteira de nossa região. Desta, fomos para o sudoeste do Estado de São Paulo - alto-médio Tietê -, exatamente na Estância Turística de Salto, à aproximadamente 400 quilômetros de Ubatuba.
A princípio levamos o nome de Ubatuba, depois levamos a cultura caiçara com o nosso folclore, nossa música, nossa história sobre as coisas do mar; coisas que encantaram o povo saltense, numa festa promovida pela Secretaria da Cultura e Turismo: o III Festival do Folclore da cidade de Salto. Temos que parabenizar os realizadores desse grande evento pela organização, dedicação, beleza... que foi o festival. Sem dúvida alguma um exemplo de dedicação na manutenção e lembrança da cultura e do folclore regional brasileiro.
Diversos grupos, tanto locais como de outros lugares, contribuíram para a grandiosidade do III Festival do Folclore, numa praça colorida, festiva e de gente feliz. E a turma d’O Guaruçá esteve lá contando, cantando e encenando “A lenda do boi de conchas”. Nossa apresentação foi aplaudida de pé e já recebemos convite para uma nova apresentação no evento do próximo ano.
Quaremos aqui agradecer todo carinho, respeito, recepção, apoio e valorização que a Secretaria da Cultura e Turismo da cidade de Salto, proporcionou aos componentes do grupo “O Guaruçá - Folclórico Alegórico de Ubatuba”. Obrigado!
Enquanto isso, em Ubatuba, o grupo O Guaruçá é apenas destaque na capa do Jornal A Cidade, sobre o evento Caiçarada, que teve início no dia 22 de agosto e vai até 07 de setembro, e pasmem, até agora não recebemos convite algum para uma apresentação nesse evento, aqui em nossa praia, em terra d’O Guaruçá.
Enquanto cidade do interior paulista manda ônibus leito para ver apresentação d’O Guaruçá, aqui, nem convite para irmos a pé recebemos, para participarmos da Caiçarada de Ubatuba. Entristecidos ficamos, mas cada vez mais iremos mostrar que a cultura de nossa terra precisa ser valorizada. Mesmo sem dinheiro, sem apoio, continuaremos com nosso trabalho de formação cultural, social e educacional em nossa cidade e região.
Aos gestores da Cultura, do Turismo e da Educação de nossa querida cidade de Ubatuba fica aqui os nossos agradecimentos por usarem nossas imagens no jornal A Cidade para divulgar o evento Caiçarada e a imagem de nosso boneco Cipriano no folder da programação cultural do mês de agosto da Fundart (Fundação e Arte e Cultura de Ubatuba). Não tenham vergonha não, a hora que precisarem estaremos de braços abertos para ajudá-los.



Julinho Mendes

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

LENDA: Boi das Conchas 2

A Lenda do “Boi de Conchas” II
-Ratambufe!-Isso mesmo, você vai se chamar Ratambufe!
Esse mugido tá parecendo o som de um ratambufe. Você nasceu no dia de São Pedro Pescador, não é? Vou leva-lo para conhecer o mar! Você vai ver que beleza que é o mar. Está ouvindo Ratambufe?O recém nascido bezerro fitava a promessa do Velho Cipriano.Ratambufe era um boizinho quase que inteiramente branco.Cipriano era um tropeiro do Bairro Alto de São Luiz do Paraitinga que comercializava em Ubatuba. Descia e subia a serra semanalmente, trazendo e levando mercadorias.Ratambufe foi crescendo e ouvindo as promessas de seu dono que iria lhe mostrar o mar. O que seria o mar? O que seria as gaivotas, as conchas, os peixes, os guaroçás,... que Cipriano sempre falava? Ratambufe cresceu ouvindo falar do mar...-É amanhã, Ratambufe! Amanhã você vai conhecer o mar! Essa história de MAR era conversa prá boi dormir; Cipriano, como bom comerciante que era, levaria o boi para o matadouro. E no fundo o boi sentia sua morte num matadouro.A descida da serra foi tranqüila, por entre grotas e cachoeiras, sob as sombras de brecuíbas e manacás, ao som de arapongas e tangarás,... O animal, fascinado e ansioso fazia a tropa acelerar os passos.-Caaaalma Ratambufe, está chegando! Alertava Cipriano....Cipriano se arrependeu, e se arrependeu muito...-Olha, Malvina! Eu vi, eu juro que vi!-Você está ficando doido, Lindolfo! Onde já se viu um boi sair de dentro do mar!?-Você sabe que eu não bebo, Malvina! Eu vi! Eu estava tocando minha viola na beira da praia, quando apareceu aquele vulto branco. O bicho veio ao som da minha viola, veio vindo, veio vindo e ficou diante de meus olhos, no lagamá. Eu vi! O bicho era todinho coberto com conchas. Brilhava com a florescência da ardentia. -Olha Lindolfo. Não dá para acreditar. Não dá!!!-Puxe um pouco pela memória, Malvina! Você lembra daquele boi branco que o Cipriano trouxe do Bairro Alto? Você lembra o que aconteceu com o boi?-Ouvi falar que o boi entrou no mar e morreu afogado!-Foi justamente isso Malvina: O boi vinha para o matadouro, mas foi direto para a praia; ao chegar perto do mar o boi travou as pernas e ficou olhando para o horizonte do mar, parecia que estava ouvindo um som, algum canto diferente, de repente o boi caminhou e entrou no mar, e o que se sabe é que o bicho nunca mais apareceu. Dizia o Cipriano que ele vivia falando para o boi da beleza que era o mar... Quando o bicho viu o mar de perto e sentiu a maresia, ficou alucinado, deu uma loucura que o bicho desapareceu mar adentro; nunca mais apareceu. Pescadores diziam que era o canto das Sereias. O Boi foi atraído pelo canto das Sereias!!!-É Malvina, isso é fato comprovado!!!O BOI DE CONCHAS foi uma aparição aos olhos de vovô Lindolfo e a muitos outros pescadores. Para vovô Lindolfo, o boi aparecia toda vez que ele dedilhava sua viola aos pés da amendoeira da praia do Cruzeiro.Fica aí registrado, a LENDA DO BOI DE CONCHAS, que vovô me contava quando eu era criança. Acredite ou não, o boi aparecerá, saindo do mar toda vez que se fizer ouvir o som de viola, pandeiro, ratambufe,...

Júlio César MendesUbatuba 13/01/2002

*Ratambufe: Instrumento tipicamente Ubatubano, inventado pelo caiçara Domingos Anagro, nos carnavais da década de quarenta. Instrumento meio de percussão, meio de fricção; constituído de um pau de madeira roliça, onde na parte superior prendem-se chocalhos de conchas. Amarrado ao pau, estica-se um arame que passava pela boca de uma lata pregada ao mesmo pau. O som era produzido por um reco-reco de bambu que era esfregado no arame. Esse instrumento produz um som parecendo berro de bezerro com rolar de conchas em beira de lagamá.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

LENDA DO OURO DO CORCOVADO...

Conta a lenda que um Capitão chamado Manoel Fernandes Corrêa era proprietário de uma. fazenda na praia Dura. Um dia sua filha Alice resolveu fazer um passeio e embrenhando-se pela mata acabou se perdendo. Como prêmio o pai de Alice prometeu, ao escravo que a encontrasse, liberdade imediata. Pedro, um escravo forte, conseguiu encontrá-la após longa procura, trazendo-a carregada de volta. Alice fora encontrada no alto do Corcovado. No dia seguinte o escravo foi açoitado por não trabalhar devido ao cansaço, pelo esforço despendido na procura de Alice. Esta, sabendo do acontecido, exigiu do pai que cumprisse o prometido, ou seja, libertar o escravo que a encontrara. Vendo-se liberto, Pedro beijou as mãos da moça Alice e partiu sem destino para os lados do Corcovado, lá instalando sua choça ao lado de uma velha cascata, próxima à escarpa misteriosa.
Pedro vinha sempre à Vila trocar canudos de taquaruçu cheios de grãos de ouro, por fumo, cachaça, gêneros etc. Essa notícia foi também bater na fazenda do Capitão Corrêa que, uma noite, em companhia de um grupo armado, foi à choça de Pedro, capturou seu ex-escravo e levou-o para a fazenda. Lá chegando, Pedro foi torturado para contar como e onde descobrira aquele fabuloso tesouro. O escravo suplicava para não o forçarem a falar, pois não podia contar. Após novos sofrimentos, chicotadas etc., Pedro resolveu falar: Estava morando no Corcovado, na choça perto da cascata, quando soube da morte de Alice. A noite não conseguira dormir parecendo-lhe ouvir ao longe a voz cristalina da moça numa canção de amor.
De repente, a porta do casebre tremeu e escancarou-se, penetrando por ela um vulto de mulher! Era Alice! Ele a reconheceu. Como que agarrado por mãos invisíveis, não pôde se mover do lugar em que estava. Mas ouviu perfeitamente a visão dizer: "Pedro! Tu foste um dia o meu salvador. Dei-te a liberdade, mas sei que tu sofres neste exílio maldito, onde te arrojou a crueldade de meu pai. Não te assustes e ouve-me. Não muito longe daqui, oculta nas entranhas da terra, existe uma grande mina de ouro. Ela será tua, sob a única condição de nunca revelares a outrem esse lugar cobiçado. Se isso tentares a vingança do gênio protetor da mina cairá sobre a tua cabeça, ouviste? Cuidado, pois, e segue os meus passos." "Negro maldito", gritou o capitão: "Não retardes a revelação. Onde está o tesouro?" "Sinhô... Tá lá para a banda do..." E o ruído do baque de um corpo encheu a sala da casa grande. Pedro caíra morto, fulminado antes de revelar o sítio misterioso do cobiçado tesouro, que até hoje jaz nas proximidades do Corcovado. Pedro bem dizia: "Pedro num pode contá..."
Essa maravilhosa lenda dos idos tempos permanece até hoje no coração dos velhinhos da minha poética Ubatuba e quando a lua amiga e prateada inunda a terra tamoia com seus filamentos que se emaranham por entre o verde copado das velhas árvores de Cunhambebe, a mim me parece escutar, no murmúrio da brisa que se irmana aos filamentos dessa mesma lua, à voz longínqua do preto torturado pelo açoite: "Sinhô, preto num pode contá..."

FONTE BOM DIA UBATUBA - Idalina Graça

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

CONHEÇA DR. ESTEVES DA SILVA

O Dr. Esteves (1848 - 1901)
Recentemente reaberto, após reforma e reestruturação, o Museu Histórico de Ubatuba, na Cadeia Velha, merece uma visita. Visita feita com calma, como deveriam ser todas as visitas aos museus Dentre os tantos assuntos ali enfocados, mereceu minha especial atenção a mostra de alguns raros exemplares de originais do jornal ECHO UBATU-BENSE. Fundado no final do século 19 pelo médico e professor Dr. Diogo Esteves, o ECHO foi o primeiro jornal da cidade, e muito provavelmente um dos primeiros do interior do Brasil.Uma das tantas criações de Diogo Esteves.- Quem foi mesmo o Dr. Esteves?Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1848, Diogo Esteves da Silva se formou primeiro como professor, só vindo a se graduar em medicina em 1879, com 31 anos de idade. Formado, começou a clinicar no Rio de Janeiro, mas por pouco tempo. Em novembro de 1880, por questões de saúde, se transferiria para Ubatuba; tinha ficado tuberculoso.Sobre esta mudança, diz Felix Guizard F º, no seu livro “Ubatuba”:“Foi obedecendo aos conselhos e a indicação do sábio mestre Torres Homem, que (o Dr. Esteves) procurou Ubatuba como estação sanitária/.../ a cidade era reputada das melhores localidades para os tocados pelo terrível bacilo da tuberculose.”Diogo Esteves foi um agente modificador da acanhada Ubatuba de então, que na época contava cerca de oito mil habitantes e, nostálgica, vivia das lembranças de passadas glórias dos tempos do café, época de luxo e esplendor no vale do Paraíba e litoral norte, definitivamente encerrada com a inauguração da ferrovia que ligava São Paulo ao porto de Santos.Dentre as dívidas que Ubatuba tem para com o Dr. Esteves, vale lembrar1881: fundação da escola noturna “Atheneu Ubatubense”, onde Esteves foi diretor e professor, além de ter elaborado textos técnicos e apostilas para os jovens estudantes;1891: na principal revista médica brasileira da época, o BRAZIL MÉDICO, publica dois artigos sobre problemas de saúde em Ubatuba:BRAZIL MÉDICO 22/abril/1891: Apontamentos sobre a cidade de Ubatuba;BRAZIL MÉDICO 22/maio/1891: Doenças mentais na cidade de Ubatuba.1891: Diogo Esteves faz publicar no Rio de Janeiro o livro “Ubatuba médica: apontamentos de geografia, clima-tologia, história natural e patologia local”, com 102 páginas. Um exemplar original dessa raridade pode ser consultado no Instituto Histórico e Geográfico, próximo à Praça da Sé, em São Paulo, onde está arquivado sob o código 918.161 / U 12 S.Neste texto, muito bem escrito, o autor traça um amplo painel das condições de vida da população de Ubatuba no final do século 19. Felizmente, este trabalho de Diogo Esteves foi transcrito, integralmente, por Guizard F.º no seu livro “Ubatuba”.12/10/1896: data da criação o jornal ECHO UBATUBENSE, onde o médico exerce funções de repórter e redator chefe. O jornal duraria pouco mais de um ano, verdadeiro recorde naqueles tempos!1898: eleito deputado estadual, muda-se para São Paulo, onde viria falecer em 1901. Se acha sepultado no cemitério da Consolação daquela cidade.A extensa obra de João Diogo Esteves da Silva está dispersa, muita coisa sob risco de se perder. Fica aqui a sugestão: bela e justa homenagem à sua memória seria uma exposição sobre sua vida, sua obra, seus inúmeros livros, artigos e textos.O pessoal do Museu Histórico de Ubatuba que se manifeste.

FONTE > Jornal A Semana - Ubatuba-SP

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

UBATUBA E SUAS LENDAS : CORCOVADO

A estória que vou contar nada tem absolutamente com o famoso pico que orna o belíssimo pano de fundo do maravilhoso cenário que é a Baía da Guanabara. O Corcovado em questão é o que se encontra próximo desta cidade, para as bandas do sudoeste. É uma formidável corcunda de pedra que se eleva da silhueta da Serra do Mar, da qual é, nestas redondezas, o ponto mais elevado, fazendo realçar essa giba desde Picinguaba até a ponta do Martim de Sá, nas proximidades de Caraguatatuba. Aqui o Corcovado não tem a airosidade e o prestígio do seu colega do Rio de Janeiro, não recebendo visitas de turistas deslumbrados. Não recebe, mesmo porque as rejeita. Castiga severamente quem ousa mergulhar no mistério em que vive. Ouçamos: Pouco depois de Jordão Homem da Costa vir com diversas famílias povoar a antiga aldeia de Iperoig, já então com o nome de Ubatuba, aventureiros daquele tempo quiseram ir ao topo do Corcovado. Os primeiros que isso tentaram foram dois rapazes, jovens ainda, Pablo e Juan, filhos de um fidalgo espanhol, proprietário aqui de vasta sesmaria. Partiram aos primeiros clarões de uma fresca madrugada de abril, confiantes no êxito dessa aventura. Mas, passaram-se dias sem que voltassem, começando aí a inquietação na família dos moços. Julgou-se que eles se haviam perdido, mas ao certo, não se conseguiu saber por que não regressavam. Um escravo do espanhol, favorito de Pablo, prometeu ao seu amo ir buscar notícias do “Sinhô Moço” no cimo do gigante de pedra. Seus companheiros, ao pé da escarpa, viram-no subir agilmente agarrando-se aos cipós e às saliências da pedra e depois sumir lá no alto por entre moitas de samambaias. Esperaram-no até o dia seguinte. Nada. Voltaram outros dias a sua procura, mas, como os desventurados Pablo e Juan, nunca mais o preto apareceu. Em 1697, quando do primeiro centenário da morte de José de Anchieta, veio de São Vicente rezar missa na Capelinha de Ubatuba por intenção da alma do grande catequizador, frei Bartolomeu, da Ordem dos Franciscanos. Esse frade permaneceu mais alguns dias nesta vila e, ouvindo dos habitantes a narrativa do fato acima relatado, e de outros que se sucederam, declarou decididamente ir até ao pé da aterrorizadora escarpa. E se bem o disse, melhor o fez. A grande comitiva que nesse lugar ficou postada viu, horas depois, bem lá no alto, o desfraldar da sanguinolenta bandeira que frei Bartolomeu levara consigo. Um frêmito de alegria espalhou-se por todos aqueles observadores, ansiosos pela volta do padre que, de regresso, por certo desvendaria o porquê misterioso do Corcovado. Esperaram-no debalde. Alguns homens dos mais corajosos dispuseram-se a ficar durante a noite à espera do missionário. Mas era por demais apreensiva a situação daqueles homens. O silêncio parecia estrangular a Natureza que, de instante, num arranco horrível, gemia agonicamente pela garganta de um pássaro noturno. Meia noite! Seria meia noite, quando uma exclamação quase de alívio partiu daqueles peitos ofegantes: - Ei-lo! De fato, pela rocha nua, lentamente, arrastava-se frei Bartolomeu, pelo mesmo trajeto pelo qual havia subido. Devia estar cansado. De vez em quando parava e arrumava o hábito marrom, sustendo na cintura o frouxo cordão branco, e parecendo levar por vezes aos lábios o níveo crucifixo de marfim que lhe pendia ao peito. Um vago clarão de lua jorrou sobre a monástica figura denunciando um livor funéreo em suas faces tristes e descamadas. Correram todos para recebê-lo, mas...
- Onde está frei Bartolomeu?!, perguntaram-se com os olhos. Não mais o viram. Esperaram-no mais algum tempo, porém o frade não desceu. Um, deles gritou e o eco respandeu lá no fundo, nas gargantas sombrias da cordilheira. Logo depois um gemido horrível partiu, não sabem de onde, envolvendo a floresta inteira! Um frio de morte, uma sensação ignota agitou as carnes daqueles homens. Sem articular palavra, lívidos, completamente desnorteados, abandonaram em disparada aquele sírio maldito, ouvindo o eco sumir longe, na imensidão da noite!
***
Hoje ainda, à meia noite, quem se for postar ao pé, da misteriosa elevação verá a figura do venerável frei Bartolomeu descer lentamente pela rocha nua, sem nunca, porém, chegar à base.
***
Dizem que o Corcovado é encantado, ocultando um rica mina de ouro pertencente a um gênio que a defende dos homens. Ouro lá existe, e vou provar com outro fato verdadeiro, como verdadeiro é o que acabo de contar.

O QUE É A FUNDART...

A Fundação

O que é?



A Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba foi criada em 1987, com o objetivo de desenvolver a política cultural do município. Mantida pelo poder público, é uma Fundação Pública de Direito Privado, administrada por uma Diretoria Executiva e pelo Conselho Deliberativo. É a FUNDART que cuida da cultura local e de todas as atividades e bens à ela relacionados.
A FUNDART mantém um calendário regular de exposições durante o ano e também oferece espaço para apresentações de teatro, dança e música, etc. Outros eventos do Município, como a tradicional Festa de São Pedro, a Semana de Anchieta e a Paixão de Cristo, também são co-organizadas pela Fundação.


O que faz?
A preocupação com as tradições folclóricas de Ubatuba está presente no trabalho de resgate e valorização das manifestações populares. Hoje, existem novamente na região grupos de Dança da Xiba, Congada, Dança da Fita, Folias de Reis e Folia do Divino Espírito Santo, que só voltaram às atividades por contarem com apoio da Fundação.
Outras formas de demonstração da cultura caiçara também têm sido desenvolvidas e mantidas pela Fundação, com o objetivo de resgatar a memória e os costumes locais, como o lançamento de CDs de artistas locais, a publicação de livros sobre os caiçaras e outros incentivos.

A Biblioteca Municipal, considerada uma das melhores do Litoral Norte é administrada pela FUNDART e a Banda Sinfônica "Lira Padre Anchieta", também é mantida pela Fundação.

Ensinar também está entre as prioridades da instituição. Para isso, existem as oficinas culturais e os cursos onde a população tem acesso ao aprendizado de várias formas de arte.

A FUNDART, que fica no Sobradão do Porto, pode ser considerada uma aula de história ao ar livre. O prédio, que é uma versão litorânea da arquitetura urbana que começava a aparecer na Europa a partir de 1840, foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional.


- Diretoria Executiva
Diretor Presidente: Pedro Paulo Teixeira Pinto
Assessor Administrativo: Ronaldo Lopes
Assessor Cultural: Luis Carlos Frade
Assessora Jurídica: Maridete Sampaio Alves Cruz

FUNDART INFORMA.........


15 – Sexta-feira


20h30 – Banda Sinfônica Lira Padre Anchieta
Escola Marina Salete – Perequê-Açu

22 – Sexta-feira

20h00 – Caiçarada – Abertura da Exposição do Folclore
Salão de Exposições da Fundart

23 – Sábado


20h30 – Banda Sinfônica Lira Padre Anchieta
Praça Anchieta


30 – Sábado


20h00 – Caiçarada – 1º Encontro de Contadores de Causo “João de Souza”
Auditório da Fundart
20h30 – Banda Sinfônica Lira Padre Anchieta
Praça Anchieta

31 – Domingo

19h00 – Caiçarada – Homenagem
Auditório da Fundart
21h00 – Retreta Maestro Pedrinho
Coreto da Praça Exaltação à Santa Cruz

01, 03 e 05 de setembro

19h00 - Caiçarada - Curso de Folclore
Auditório Fundart

06 de setembro – Sábado

20h30 – Caiçarada – Festival de Viola
Praça BIP (Benedito Inácio Pereira)

07 de setembro – Domingo

10h00 – Caiçarada – Encontro de Grupos Folclóricos
Praça BIP (Benedito Inácio Pereira)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Por quê, Senhor!

Por Semião Leôncio Verneque

No alvorecer de uma linda madrugada,
Pelos campos orvalhados eu seguia.
Vendo as gotas de orvalho cintilantes
Que a Luz do sol brilhante refletia

E tudo aquilo ficava ainda mais belo,
A vida em cores revelando a pradaria,
Por sobre os montes fogueiras imensas,
Por sobre o vale a cerração fugia.

E num instante tudo foi se transformando,
Como se o Criador brincando fizesse uma magia.
Eu, tão pequeno contemplando o imenso,
E, encantado, uma oração fazia.

Senhor meu Deus eu te entendo agora
Ao ver a tua obra eu choro de alegria.
Se algum dia eu perder meus olhos
Permita-me lembrá-la, pois eu gostaria.

E se tudo eu perder, do tato à voz,
Ainda assim meu peito te diria
Que tudo o que me deste foi sempre tão belo
Que a minh'alma jamais esqueceria.

Porém, Senhor, eu te suplico agora
Por meus irmãos que, por insensatez, ou rebeldia,
Destroem a terra sem nenhum remorso
Plantando a treva onde a luz havia.

O egoísmo impera e a vaidade cega.
O homem age e haja covardia.
Como pode, Senhor, tanto descaso,
Tanta cobiça, tanta estripulia?

Inventam armas e fomentam a guerra,
Devastam e aniquilam em nome da harmonia,
Espalham o lixo pelos quatro cantos,
Deixando o nosso mundo em agonia.

Não sei, Senhor, quais são os teus projetos
Mas a minh'alma sempre buscaria
Preservar a vida em todos os momentos
Mesmo que a morte vindo a mim sorriria.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

VAI lança novo edital para o ano de 2008

VAI - Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais


VAI lança novo edital para o ano de 2008Está disponível para consulta o edital para a próxima edição do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais – VAI, para desenvolvimento de projetos durante o ano de 2008.O VAI foi criado pela lei 13.540 e regulamentado pelo decreto 43.823/2003. A iniciativa tem o objetivo de apoiar financeiramente atividades artístico-culturais de jovens de baixa renda de regiões da Cidade desprovidas de recursos ou equipamentos culturais. O Programa teve sua origem a partir das discussões da Comissão da Juventude da Câmara Municipal, em que se destacou a importância da cultura na formação da identidade do jovem, constatando-se que estes desenvolviam muitas ações culturais, sem qualquer apoio financeiro. (A Coordenadoria da Juventude da Prefeitura de São Paulo trabalha com a faixa etária de 16 a 29 anos. Para efeitos contratuais, o VAI prioriza a faixa de 18 a 29 anos). Outro aspecto importante para a criação do VAI foi a constatação de uma lacuna nos mecanismos de financiamento à cultura, em que o segmento da juventude não era contemplado.A primeira edição, realizada em 2004, contabilizou 645 projetos inscritos, sendo 65 contemplados. Em 2005 foram selecionadas 71 propostas, de 450 inscritas. Em 2006 foram 758 inscrições e 62 grupos. 2007 foi um ano de crescimento, com 777 inscritos e 102 selecionados.O valor destinado a cada projeto selecionado em 2008 será de até R$ 18.600,00, que deverão ser distribuídos de modo a contemplar todas as despesas dos projetos.Os projetos são selecionados pela Comissão de Avaliação e Propostas, composta por representantes do governo e da sociedade civil, indicados pelo Conselho Municipal de Cultura (hoje indicados pelo Secretário, dentre as entidades cadastradas pelo Conselho). A Comissão analisa os projetos, atentando à atividade proposta, idade e perfil dos proponentes e o local de realização, priorizando as ações coletivas e de grupos não profissionais. Para se inscrever é necessário ler o edital e preparar um projeto que detalhe as ações a serem realizadas, diga quem vai participar da execução (currículos individuais e histórico do grupo), quem será beneficiado, como as atividades serão organizadas no tempo e de que modo serão aplicados os recursos.


FONTE : Rui Grilo -Ubatuba-SP

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Escritora ubatubense leva livro sobre Aids para o acervo da Sociedade Viva Cazuza

Escritora ubatubense leva livro sobre Aids para o acervo da Sociedade Viva Cazuza

Por: Depto. Imprensa - Prefeitura Municipal de Ubatuba





A escritora ubatubense Silmara Retti, autora do livro “Flash, Você Sabe o que eu tenho?” (Editora Parêntese), esteve na Sociedade Viva Cazuza, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira, 24, a convite da coordenadora de projetos Christina Moreira. O objetivo principal da visita foi entregar alguns exemplares do livro à mãe de Cazuza e presidente da Sociedade, Lucinha Araújo, além de conhecer o trabalho desenvolvido pela entidade. A escritora foi acompanhada pelo vice-presidente da Ong de Apoio aos Soros Positivos de Ubatuba (Ongasp) Sergio Rossi e pelo secretário de Saúde, Clingel Frota.

Silmara conta que a Ongasp foi desenvolvida há pouco tempo, a partir da proposta do livro e conhecer a Sociedade Viva Cazuza foi uma forma de enriquecer o trabalho ubatubense. “Quando comecei a escrever o livro, entrei em contato com a Sociedade e eles nos deram um retorno, dizendo que seríamos bem-vindos. Agora, com o livro publicado, fomos ver de perto o trabalho que eles fazem com crianças e adolescentes portadoras de HIV. Eles moram lá, estudam, praticam esportes e atividades culturais. É um trabalho muito bonito, que nos inspira a prosseguir.”

A coordenadora de projetos Christina Moreira agradeceu a doação dos livros e afirmou que são raras as autobiografias de portadores de HIV. “Temos bastante material didático, que nem sempre atrai a atenção dos jovens. A oportunidade de ler um romance, com a história de vida de uma pessoa, certamente atrai muito mais a atenção.”


- “Flash – Você sabe o que eu tenho?”

O livro “Flash – Você sabe o que eu tenho?” trata da relação entre a pessoa portadora de HIV e o mundo, utilizando para isso, um romance, que é uma história verídica. Durante a emocionante narrativa, são abordados temas como: preconceitos, tabus, prevenção, superação, tratamento, convívio com a família e a sociedade.


A Sociedade Viva Cazuza

O cantor Cazuza, ícone da juventude dos anos 80 faleceu em julho de 1990, vítima da Aids, uma doença até então desconhecida e cercada de mistérios. No mesmo ano, a mãe do cantor, Lucinha Araújo, fundou a Sociedade Viva Cazuza, em memória do artista que deixou um legado de mais de 200 composições para a Música Popular Brasileira. A instituição iniciou seus trabalhos junto ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle no Rio de Janeiro.

Em 1992 se desligou daquele hospital e iniciou um trabalho independente fornecendo medicamentos, exames e assistência a pessoas carentes portadores do HIV. Em 1993, após conseguir a cessão de uso de um imóvel da Prefeitura do Rio de Janeiro, montou a primeira Casa de Apoio Pediátrico do Município. A Casa tinha como finalidade fornecer abrigo, tratamento médico, educação, reintegração familiar, lazer, cultura.


Em Ubatuba

Silmara Retti trabalha no Programa DST/AIDS, que é uma parceria entre o Ministério da Saúde e a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. Neste setor, são desenvolvidos trabalhos de prevenção, atendimento e apoio às pessoas portadoras de HIV/AIDS. Para tanto, a equipe conta com profissionais como conselheiro, assistente social e médico infectologista.

Os interessados obter mais informações sobre a doença, devem procurar a Secretaria de Saúde, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O programa DST/AIDS está localizado na Av. Rio Grande do Sul, 710. O telefone é 3832-5353.

FUNDART INFORMA :

Dia 02 de agosto tem Sarau Caiçara na Fundart



O contador de causos, Luiz Ballio se apresenta nesse sábado, dia 02, às 20h00 no Auditório Fundart em mais um Sarau Caiçara. Além dele, convidados especiais farão parte do programa.



1ª Temporada do Camarão Rosa

Alcançou seus objetivos



Com apoio cultural da Fundart e da Prefeitura Municipal, a 1ª Temporada do Camarão Rosa obteve o êxito pretendido. O evento da ABRASEL / AREUBA contribuiu como mais uma atração de julho último, agregando valor à temporada de inverno, como o

15º Festival do Camarão da Almada que de 24 à 27 reuniu muita gente na praia da Almada.



Donana traz Ronaldo Ciambroni à Ubatuba



O comediante de A Praça é Nossa, do SBT, Ronaldo Ciambroni vai apresentar seu espetáculo Donana, no próximo dia 09 no Auditório Fundart. A peça que vem há 34 anos sendo apresentada pelo seu criador, em todo o Brasil. Agora chegou a vez de Ubatuba que vai rir e chorar com o enredo do importante trabalho teatral.



Serra Negra aplaudiu a Banda Sinfônica de Ubatuba



No último sábado a Banda Sinfônica “Lira Padre Anchieta” se apresentou em Serra Negra no II Festival Ars Viva de Serra Negra. Como vem acontecendo entre nós e também fora daqui, o grupo musical agradou mais uma vez, e recebeu convites para outras apresentações.



Forum entrará em reforma



O prédio do antigo Forum vai entrar em reforma nos próximos dias para abrigar, ainda este ano, a Casa da Cultura. As tratativas preliminares já foram ultimadas. As obras serão executadas pela EMDURB e Ubatuba ganhará mais um espaço cultural.

Planeja-se também a adequação da praça fronteiriça ao prédio para eventos. Uma concha acústica será projetada, para ampliar as possibilidades de eventos. A seguir será a vez da chamada “Cadeia Velha”, obra projetada por Euclides da Cunha, que terá busto em sua homenagem. O antigo chafariz, da mesma praça, será resgatado.



Fundart e Unitau celebram convênio



Em data próxima no Auditório da Unitau, em Ubatuba, a Universidade de Taubaté assina convênio com a Fundart – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba para a área de cultura. As tratativas tiveram início no ano passado. O ato vai estabelecer importante medida, que amplia o campo e a colaboração mútuas, facilitando a multiplicação de atividades culturais em benefício de todos.



Fundart apóia Dança do Ventre



O Grupo Jalilah Raks convida para o jantar de lançamento do DVD Simplesmente Mulher, da bailarina Suheil, a serem realizados no Restaurante Raízes, localizado à Avenida Leovigildo Dias Vieira, nº 1280 – Itaguá (trevo), dia 10 de agosto às 19h00. A Oficina de Dança do Ventre da Fundart participa. Os convites estarão à venda nos comércios: Com Carinho Presentes, Excalibur Pub, Restaurante Raízes ou pelos telefones (12) 3833 3455 ou 9101 6300.





Programação Cultural - Final de Semana:

02 – Sábado

20h00 – Sarau Caiçara

Auditório Fundart



07 à 31

Festival Gastronômico e Cultura de Ubatuba









Assista nossos eventos no Youtube:

www.youtube.com/tvfundart

Clique nos vídeos “Fundart Acontece em Ubatuba” nas datas desejadas.




Acesse nosso site:
www.fundart.com.br
Nossa cultura em um clique!