quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A ORDEM DA ROSA E O CASARÃO DO PORTO

A Ordem da Rosa

A restauração do Sobradão do Porto vem dando o que falar. No trabalho de prospeção e raspagem da pintura, foram encontradas camadas de tinta rosa. Esse achado orientou os arquitetos na escolha da cor final do prédio, e é aí que a coisa começa querer a engripar. Voltemos um pouco no tempo.
Até a chegada da família real ao Brasil, em 1808, nossa arquitetura era bastante rudimentar: casas de taipa, ou pau-a-pique, revestimento externo branco, obtido com variedades de areia clara - a tabatinga- e janelas pintadas de azuis. Esse pigmento era obtido, parece, do anil, na época uma planta amplamente cultivada na colônia.
A altura das edificações, o tal pé-direito, era reduzido e as casa acanhadas. A cobertura era feita com telhas côncavas, hoje conhecidas por telhas paulistas.
Em linhas gerais, esse era o modelo vigente da nossa arquitetura colonial, exceção feita naturalmente às igrejas.
Em meados do século 19, com a abertura dos portos e o início do ciclo do café, uma onda de prosperidade alcança as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, particularmente o vale do Paraíba. Junto com a riqueza, mudança nos hábitos.
Nessa época, era dominante a cultura francesa e o Brasil não ficou isento de tal tipo de influência. Na arquitetura, a França difundia o chamado modelo neoclássico, com seus enormes casarões assobradados, construídos em pedra ou tijolos, com muito azulejo, vidro e gradis de ferro. Um exemplo magnífico deste tipo de arquitetura é o prédio aqui construído por Baltazar da Cunha Fortes, em 1846, hoje conhecido por Sobradão do Porto.
São Luiz do Paraytinga conserva um rico conjunto de casarões neoclássicos, erroneamente ditos “coloniais”, mas isso é uma outra história.
E o cor-de-rosa?
Em 1829, ao se casar com a princesa austríaca Amélia, o jovem imperador D. Pedro I criou a Imperial Ordem da Rosa, a mais alta distinção honorífera do império brasileiro.
A Ordem da Rosa existiu durante quase 60 anos e somente seria extinta com a proclamação da República. Nesse período, muita gente importante do império brasileiro foi com ela homenageada.
Além da comenda da Rosa, os Bragança elegeram o rosa como cor oficial de seus palácios e residências. Tal fato pode ser ainda hoje constatado quando se visita o Palácio Imperial, em Petrópolis, ou a Quinta da Boa Vista, antiga residência de D. Pedro II, no Rio de Janeiro.
Durante o reinado dos dois Pedros, era comum que indivíduos endinheirados pintassem de rosa os seus casarões. Os exemplos são vários, particularmente nas velhas cidades do Brasil.
Essa teria sido, muito provavelmente, a origem da pintura original das paredes do nosso Sobradão do Porto.Com a palavra, os arquitetos e historiadores.

FONTE : http://www2.uol.com.br/jornalasemana/edicao141/caicara.htm

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO,MEMÓRIA E CULTURA " - Intinerário do olhar... 11 ª PARTE

Continuo a divulgar nest página , na integra, por capitulos, o livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura", editado em 2005, escrito pelos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca ( Este livro pode ser encontrado na Biblioteca Municipal de Ubatuba , localizada na Praça 13 de maio, Centro,


5. A ILHA ANCHIETA

Localização


A Ilha Anchieta está a 500 metros do continente e a 18 km da praia do saco da Ribeira na costa do Município de Ubatuba. A Ilha abrange 828 hectares com 5 km de largura e 3,9 km de altura, medidas consideradas máximas. Sua latitude de 45° 04’ W e sua profundidade varia entre três e doze metros.

Acesso
O único modo de chegar até a Ilha Anchieta é por meio de transporte hidroviário, cujo acesso principal é pela Enseada das Palmas, que dista 4,3 milhas náuticas, isto é, 8 km a partir do Saco da Ribeira e também do Itaguá. O trajeto é feito em aproximadamente 25 minutos de escuna.

Olhar

A Ilha Anchieta encanta seus visitantes com suas sete praias paradisíacas, abriga uma rica fauna da Mata Atlântica onde vivem capivaras, pacas, macaco – prego, sagüis, quatis, gambás, lagartos, preguiças, tatus e cotias. Levantamentos científicos constataram a presença de 50 espécies de aves, entre as quais estão: sabiá, juriti, tangará, tiesanquê, colerinha, saivá, bem–te–vi, atogá, gaivota e beija-flor.

Nas águas cristalinas que rodeiam a ilha são encontrados cardumes de tainhas, rabalos, carapaus, sardinhas, peixes voadores e tartarugas marinhas, todos protegidos por um polígono de interdição de pesca de qualquer modalidade.

Tartarugas marinhas utilizam a região como área de alimentação e são protegidas no Parque pelo Núcleo de Atividades do projeto TAMAR/IBAMA.No Parque Estadual é proibido acampar, pescar, retirar do mar ou dos costões qualquer espécie de flora ou fauna marinha; colher mudas, cortar plantas; levar animais domésticos e abrir caminho pela mata.

A costa é de pouca profundidade e sofre da influência dos rios da região, a temperatura média da água é de 20° a 28°, entretanto, podem ocorrer quedas bruscas da mesma, chegando a 15 ° C, por isto, o uso de roupas isotérmicas é sempre aconselhável o ano todo. A visibilidade da Ilha e na Ilha varia muito em função das correntes e condições climáticas. O fundo do mar é composto por costões rochosos e areia, contando com corais cérebro, esponjas, algas, tartarugas, budiões, arraias – prego, garoupas, badejones e peixes coloridos, principalmente na Ponta Sul. Algumas vezes aparecem golfinhos que encantam com suas brincadeiras, este espetáculo não é via de regra. A melhor época para praticar mergulho na Ilha é de janeiro até abril, tomando cuidado com a instabilidade da temperatura da água.

Apesar do Parque Estadual da Ilha Anchieta possuir sete praias, apenas cinco são abertas para visitação: a praia do Presídio, a praia do sapateiro, a praia das Palmas, a praia do Engenho e a praia do Sul. As outras duas são áreas de preservação e reflorestamento. As trilhas conducentes para a praia do Engenho e do Sul são interessantíssimas para quem gosta de ver a vegetação e os animais em seu habitat.

As praias do Presídio e do Sapateiro são as praias de recepção da Ilha, o píer usado para o embarque e desembarque dos visitantes e o que delimita suas fronteiras. São praias de tombo onde não é aconselhável o nado para crianças, praias belíssimas de águas cristalinas e areia bem límpida. Todas as construções da Ilha ficam em suas imediações: o centro do atendimento ao turista, por exemplo, que funciona como guia e o museu da Ilha, logo atrás do centro, onde estão localizadas as ruínas do antigo presídio. No dia 20 de junho de 1952, no Presídio da Ilha Anchieta aconteceu um dos episódios mais sangrentos da história do Litoral Norte e que tingiu de sangue o paraíso natural outrora tão preservado pelas comunidades indígenas que aí moraram. Na época o presídio contava com 465 detentos em 8 pavilhões, uma superlotação que provavelmente tenha sido o motivo principal da revolta dos presos.

Apesar de que muitos - como diz o cronista, achavam improvável este tipo de mobilização pelas dificuldades naturais que o mar representava, o início da rebelião foi no momento em que os presos saiam para executar serviços fora do presídio. 117 presos saíram escoltados por 3 policiais que invadiram o presídio depois de atacar e matar alguns destes policiais. Mais de 250 presos fugiram enquanto 76 soldados procuravam conter a eminente rebelião. Em lanchas, jangadas de bambu e tambores de petróleo vazios, os presos saíram da Ilha rumo à desejada liberdade. Uma das lanchas que correu esta sorte, sem roteiro de navegação, dirigia-se a Parati. Houve briga dentro dela cuja capacidade era para 40 pessoas, entretanto, portava 90 que lutavam por destinos diversos. A embarcação bateu nos rochedos e se partiu no meio, muitos de seus tripulantes acabaram morrendo. Uma força tarefa organizada que incluía o Exército, Polícia Militar e Aeronáutica se mobilizou à casa dos fugitivos da lei. O saldo desta rebelião foi: 12 detentos mortos, 8 policiais e 2 funcionários civis. O Presídio da Ilha Anchieta foi desativado em 1955, por falta de condições e segurança. Hoje em dia, o Presídio da Ilha Anchieta virou um ponto turístico de visitação em Ubatuba.

Existe na Ilha um único lugar de hospedagem para estudantes e pesquisadores que cobra uma pequena taxa de manutenção, um restaurante desativado e a casa de um dos diretores do Parque.

O nome da Ilha é Parque Estadual da Ilha Anchieta e tem como atual diretor Manoel de Azevedo Fontes. A Ilha como já dissemos é um Parque Nacional de proteção integral administrado pelo Instituto Florestal que é um órgão da Secretaria Municipal do Estado de São Paulo. A Ilha possui uma pequena infra-estrutura que consiste em um píer para o embarque e desembarque de turistas, um centro de informações e de recepção que oferece mapa da Ilha e as normas de visitação, as ruínas de um presídio desativado desde 1955, aberto; um pequeno alojamento para trinta pessoas autorizadas às quais se cobra uma pequena taxa para manutenção, um restaurante desativado por falta de licitação, em projeto de voltar a funcionar e uma casa construída antes da formação do parque.

Não existem moradores na Ilha, as pessoas que trabalham lá voltam para suas casas na noite, só pernoitam na Ilha alguns estudantes e pesquisadores com autorização para ficar. A Ilha só pode receber um barco cada 10 minutos e no máximo 1.020 visitantes por dia.


Demanda Turística


O atrativo mais requisitado pelos numerosos visitantes da Ilha é a praia do Engelho. Geralmente, as pessoas que vão até a Ilha Anchieta estão em busca de mergulho em suas águas transparentes cheias de peixes. A região oferece uma grande diversidade de lazer aos turistas como caminhar pelas trilhas ou visitar o patrimônio cultural do presídio ao qual nos referiremos no item âncoras nos principais pontos turísticos de Ubatuba. A Ilha Anchieta virou atração turística conquistando visitantes, pesquisadores e estudiosos de todas as partes do mundo.

Mesmo com a intervenção humana na Ilha, esta não perdeu sua identidade: o vitalismo da natureza em estado mais puro.


6. TONINHAS

Localização

A praia das Toninhas está localizada na região sul de Ubatuba, a 8,3 km do centro da cidade, entre a praia Grande e a Ponta do Espia.

Acesso

O acesso para Toninhas é feito pela Rodovia Rio - Santos. Distante a 8,3 km do centro de Ubatuba. São várias as ruas de terra através das quais se chega até as suas areias. Ônibus da empresa Cidade de Ubatuba oferecem opções com regularidade.

Olhar

Toninhas é uma praia reclinada para o mar com areias finas e amarelada. No início do verão, época de acasalamento das toninhas, golfinhos pequenos que dão o nome à praia aparecem para dar o ar da graça aos turistas e visitantes. Esta praia é considerada boa para banho e para a prática esportiva do surf.

O belo espetáculo das águas nas Toninhas faz desta, uma das praias mais tradicionais de Ubatuba, uma grande área construída que compreende diversos hotéis, sendo que alguns possuem arquitetura similar aos meios de hospedagem europeus. Nos cerca de 1.500 metros de extensão ao longo de sua orla podem ser encontrados quiosques, excelentes restaurantes e bares à beira mar.

A praia possui um dos melhores sistemas de saneamento de todo o Município, atendido pela SABESP. A CETESP, responsável pelo saneamento ambiental, divulga diariamente boletins retratando a balneabilidade de suas águas. As ondas do mar em Toninhas são fortes, principalmente no início da tarde, quando a praia é acometida por ventos de alta intensidade que permitem a prática do surf e de outros esportes náuticos.

O nome de Toninhas que a praia ostenta, merece um pouco de atenção da nossa parte, uma vez que a espécie animal, considerada uma das mais inteligentes depois do homem, é justamente, a dos delfins. Descendentes de mamíferos terrestres, as toninhas comunicam-se por meio de ultra – sons, a terceira visão. Toda espécie da família destes brincalhões domesticáveis é chamada de botos, golfinhos ou toninhas. Outrora, quando a cadeia alimentar encontrava-se em perfeito equilíbrio havia muitas toninhas nesta praia que hoje leva esse nome.

Nas Toninhas, conta a história oral, ocorreram fatos misteriosos que até hoje não se sabe se são lendas ou verdade.Pouco importa quando se trata da tradição popular e do imaginário caiçara que vem a nos instigar.

A lenda dos marinhos inicia-se com a constatação de uma estiada que afetava Ubatuba e região. Moradores da praia das Toninhas se queixavam com maior ímpeto da seca que comprometia a pesca de sobrevivência. Tonico Honorato, patriarca sabido das Toninhas pregava a seca como um castigo divino. Ante a voz ancestral, o povo rezava e, enquanto elevava suas prezes para o céu, dois amigos; Julio e Camilo reparavam na estranha conduta do colega Marino que estava arredio, mas com um êxito inusitado na atividade da pesca. Seguindo-o puderam presenciar o surgimento das águas de uma encantadora mulher com a qual Marino se estreitou em um idílico abraço.

Um dia, a fascinante mulher emergida das águas tardou em aparecer e, contrário às outras vezes, mostrava muito ansiosa por voltar para o mar. O amante quis retê-la e na luta conseguiu ver na garganta dela uma enorme guelra vermelha que nos peixes funciona como órgão respiratório. Em um gesto rápido Marino extirpou a guelra de Ondina que lhe impedia falar e que a condicionava a viver nas profundezas do oceano. Após este gesto de amor, Marino e Ondina trocaram juras de amor eterno e formaram o lar dos Marinhos na praia das Toninhas.

(De Oliveira, 1995: 44 ss).

Outrora, Toninhas também foi passagem de pedestres que se dirigiam à cidade. Eles vinham por uma trilha que saia da praia da Enseada, passava por toda a praia das Toninhas e seguia para a Praia Grande.Dizem os mais velhos, que em algumas noites, passava em alta velocidade, uma carruagem escura sem o cocheiro. Quem viu afirma ser uma visão horripilante! Mas o tempo passou e as assombrações ficaram no passado. Hoje, Toninhas, glamourosa e deslumbrante avista o Atlântico desde o requinte dos seus hotéis, dos restaurantes à beira da praia em um eterno happy hour que esbanja nos cardápios o sabor da comida local e internacional.



Demanda Turística

A praia das Toninhas é freqüentada por famílias e surfistas, estes últimos beneficiados nos dias de mar agitado. Toninhas é do agrado de todo tipo de público, àqueles que gostam de descobertas, no canto direito do Condomínio fechado Wembley Inn, a cinco minutos a pé, encontra-se a trilha que leva até a Pedra Quadrada, interessante para os que gostam de pescar ou de apreciar a bela vista que daí é possível admirar.

A rede hoteleira se vê beneficiada, principalmente, nos meses de janeiro, dezembro e fevereiro, estes centros de hospedagem chegam a registrar altos índices de ocupação e visitação decorrentes da praia. Os próprios hotéis organizam mapas e roteiros que são veiculados nos principais pólos de emissão de turistas para a região de Minas Gerais, Taubaté, vale do Paraíba, etc.

Lita Chastan faz uma homenagem a esta praia no seu livro São Paulo Litoral Norte – caiçaras e franceses (1999), com o poema “Encanto das Toninhas”.

Foi canto – feitiçaria
capricho, fado, alquimia
visão, sonho e encanto
encantamento e magia
bem na ponta das Toninhas!


CONTINUA .....Confira a 12 ª parte do Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura " NA PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO DIA 10/02/08

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O CAIÇARA , SUA REVISTA ELETRÔNICA INFORMA...

Estou comunicando uma mudança para atualização das páginas deste site :

PÁGINA A SER ATUALIZADA A QUALQUER MOMENTO :

- O CAIÇARA / CAPA DESTE SITE.


PAGINAS A SEREM ATUALIZADAS SEMANALMENTE :

- Futebol de mesa em Ubatuba
- O Caiçara News (Notícias de Ubatuba-SP)
- Futebol em Ubatuba e Mundial.
- Esportes em Ubatuba .
- SLIDE SHOW fotos do futmesa local

PÁGINAS A SEREM ATUALIZADAS QUINZENALMENTE


- Culinária Caiçara
- Ubatuba e sua História
- Mundo Curioso
- TV Fonseca


VEM AI.........PÁGINAS A SEREM CRIADAS


- SLIDE SHOW.........FOTOS DE UBATUBA-SP

IMPORTANTE.......

Enviem quando puderem críticas (construtivas), sugestões, materiais e fotos para divulgação gratuíta neste site. Ele é comunitário e tem como principal objetivo divulgar Ubatuba e sua gente...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

HOMENAGEM AO VÔ MANÉCO " - Exemplo de caiçara a ser seguido...




Homenagem ao "Vô Maneco"
Família Ilário

Cristiane Zarpelão

Manoel Ilário do Prado Filho.

Esta semana homenageamos o Sr. Manoel Ilário do Prado Filho.

Um legítimo caiçara que nasceu no dia 01/12/1908 e completará 99 anos.

Mais conhecido como "Vô Maneco", este caiçara viveu da pesca por toda a sua vida.

Casado com Nazaré, teve três filhos - Manoel, Isaias e Benedita. Teve também José de um outro relacionamento.

Maneco pôde observar e acompanhar todos os principais acontecimentos de Ubatuba - desde a construção das estradas e ruas da cidade, o primeiro automóvel, até a chegada da eletricidade.

Ele abastecia a cidade quando ia para Santos de canoa de voga remando (!!!) buscar alimentos. Essa viagem durava de 4 a 6 dias.

Ele foi um dos fundadores da Festa de São Pedro e sempre comemora seus aniversários com a Folia de Reis.

É impossível colocar aqui todas as situações que passou e todas as lições de vida que esta pessoa admirável deixou e continua deixando em seus 99 anos de vida.

Apaixonado por Ubatuba, "Vô" Maneco ensinou todos os seus parentes a respeitar e amar a nossa terra e é por isso que fazemos esta singela homenagem em nome de todo nosso carinho e admiração.

Família Ilário

"Ubatuba, espaço , memória e cultura" - Confira a 10 ª parte do livro

2. DOMINGAS DIAS

Localização

A praia Domingas Dias localiza-se aproximadamente a 16 quilômetros ao sul do centro de Ubatuba, entre as praias do Lázaro e Barra/Dura, no loteamento denominado Pedra Verde.

Acesso

O acesso à praia Domingas Dias pode ser feito pela estrada de terra cuja entrada é pelo condomínio residencial Domingas Dias ou a pé, pela praia do Lázaro. O meio mais prático de chegar a essa praia são os ônibus da empresa Cidade de Ubatuba, com várias opções de linha para o sul do município.

Olhar

A praia Domingas Dias tem cerca de 400 metros de extensão e é mantida pela associação de moradores do condomínio. Dispõe de uma guarita com segurança em tempo integral, serviço de limpeza, latas para acondicionamento de lixo reciclável. É proibido acampar e levar animais na praia.

De aspecto rústico, a praia é pequena e limitada por pedras, com mata Atlântica dos dois lados e uma pequena bica ao final. A areia da praia é inclinada e solta. O mar, calmo e sem ondas, é ideal para esportes náuticos como jet sky e caiaque. Por ser pequena e cercada de pedras, não há muito vento, tornando a praia bem mais quente e abafada que as outras de Ubatuba no verão, além das águas serem mais quentes.

Com uma belíssima vista, a Domingas Dias é portadora de um bom valor paisagístico: sem quiosques, bares ou restaurantes, apenas dois ou três carrinhos de comida. Não há qualquer serviço turístico, principalmente por causa do condomínio, que avança até a areia da praia.

Demanda turística

Os visitantes geralmente vêm de cidades do interior de São Paulo, como A origem dos visitantes dessa praia é da região interior de São Paulo como Vinhedo, Paulínia e Araras. Águas são azuis, límpidas e mansas, cobertas de areia macia e emolduradas pela ação temporária do vento, que respeita a vegetação nativa, e faz da praia Domingas Dias um lugar ideal de paz e tranqüilidade para aqueles que desejam admirar a beleza natural do encontro entre o céu e o mar em Ubatuba.


3. LÁZARO

Localização

A praia do Lázaro fica a 15 quilômetros ao sul do centro de Ubatuba, entre as praias da Sununga e Domingas Dias, distante a um quilômetro da Rodovia Rio – Santos, junto ao bairro residencial com o mesmo nome da praia.

Acesso

A entrada para a praia do Lázaro encontra-se no km 22 da Rodovia Rio - Santos. A partir desse ponto, as ruas de acesso são de terra. O acesso também pode ser a pé pelas praias da Sununga e Domingas Dias.

Olhar

A praia do Lázaro é famosa por suas águas calmas e areias firmes. O local conta com uma boa infra–estrutura de serviços e equipamentos de apoio: marina, hotéis, pousadas, restaurantes, quiosques, camping, sanitários, estacionamento e um bairro residencial, o condomínio Pedra Verde, onde está a Associação Amigos do Lázaro, responsável pela preservação e segurança da praia.

Apesar de toda essa infra–estrutura de serviços turísticos, a praia do Lázaro não possui um bom estado de conservação. A parte onde está o loteamento é mais cuidada e a outra, após a passagem do rio, está “praia suja”, cheia de barcos de pescadores na areia e no mar, poluída visualmente por quiosques e barracas, um amontoado de gente que disputa além do espaço, a atenção dos turistas.

No final dessa parte da praia existe um esgoto a céu aberto que, segundo os próprios moradores, vem do camping Guarani. Até agora nenhuma providência foi tomada a respeito. Há alguns anos a Prefeitura Municipal de Ubatuba iniciou obras de elevação na praia e foram distribuídos sete canos de orla com o fim de implementar uma rede de esgoto, mas as obras foram embargadas, e hoje, esses imensos canos servem para escoar a água da chuva.

Demanda Turística

Os visitantes do Lázaro são famílias provenientes de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro que têm casas na região e passam o verão em Ubatuba. O Lázaro, como a maioria das praias da região, apresenta problemas de sazonalidade, e o uso da praia só é intenso na alta temporada. Em baixa temporada, a visitação é quase inexistente. Não é cobrada taxa de ingresso para o Lázaro e nem há visitas guiadas, mas o turista pode achar qualquer tipo de informação sobre essa praia na mídia em geral.


4. PRAIA DA SUNUNGA

Localização

A praia da Sununga está aproximadamente a 14,8 km ao sul do centro de Ubatuba, entre as praias do Lázaro e Saco Grande/Sete Fontes, pela rodovia Rio Santos.


Acesso


O acesso rodoviário é pala Rio - Santos, aproximadamente no km 22. Daí, mais 1 km de distância até suas areias. A entrada pode ser pelo loteamento desta praia ou cruzando as areias do Lázaro. O meio de transporte mais usado são os ônibus da empresa Cidade de Ubatuba.

Olhar

A pequena praia da sununga tem aproximadamente 250 metros, possui areias grossas, com palmeiras na sua frente. A Sununga é conhecida por seu mar agitado, com correntezas e buracos por ser uma praia de tombo. Suas ondas quebram bem na parte rasa. Quando o mar está de ressaca, fica impossível para os banhistas entrarem na água. Nesta praia pratica-se o skimbordig, popularmente conhecido por sorrisal. Ao lado esquerdo da praia existe uma grande barreira de pedras, formando a mítica “Gruta que chora”.

Relaremos a seguir a lenda da Gruta que chora, com o fim de entender a origem desta crença do imaginário popular ubatubense:

Marcelina era uma jovem morena de olhos esverdeados, alegre e viva que de repente, passou a alimentar-se mal e a cair em uma visível depressão. A sua mãe Anália compartilhava com suas amigas a desesperante situação de sua filha, ante a qual elas aconselhavam que se tratava de questões da idade. Ante o inquérito zeloso de sua mãe, Marcelina negava seu estado de prostração e melancolia. Em uma ocasião que a mãe a ouviu chorando, abraçada ao travesseiro a filha murmurava palavras de abandono. A desolada mãe reza pedindo a intervenção divina que não aguarda em chegar, na voz confiante da filha que revela a origem do dragão que morava na Toca da Sununga, temido por todo mundo. Este monstro provocava a reação bravia do mar e era o terror dos pescadores. Antero, um pescador amigo da região, uma vez que passava pelas imediações da gruta, cortando caminho pelas Sete Fontes viu o horripilante monstro com aspecto de cobra, roliço, sem pernas e arrastando-se pelo chão, contou para Marcelina que curiosa quis vê-lo com seus próprios olhos. E aconteceu, o monstro veio até o quarto da jovem donzela e metamorfoseando-se em um moço muito bonito, seduziu Marcelina e ficou com ela até o amanhecer. Daí para frente Marcelina só vivia para o retorno de esse estranho ser do qual se havia apaixonado perdidamente. Nesse martírio dona Anália só se confiou na providência, até que um dia, um trôpego velhinho que já tinha ouvido falar de tal monstro apocalíptico empreendeu a tarefa de vencê-lo com o poder do sinal da cruz e das prezes que dirigia para o alto. O milagre aconteceu, abriu-se o mar e se fez ouvir a voz do trovão fazendo com que o temido monstro sumisse nas profundezas das águas. Na lendária gruta da Sununga pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifam o chão.

Dizem alguns que são gotas de água benta espargida pelo velhinho que ainda caem afim de que o dragão jamais possa voltar. Outros afirmam que são as lágrimas de Marcelina que lá voltou com a esperança de que o dragão, feito moço bonito, voltasse para ficar com ela para sempre.
(De Oliveira, 1995: 48-52).

Como já dissemos, “A Gruta que chora” está localizada no canto esquerdo da praia da Sununga, é propriedade pública e não é cobrada taxa de ingresso para o atrativo, assim como também não existe nenhum tipo de sinalização que a indique. Seu estado de conservação é boa, limpa e sem interferências no interior. Algumas pichações perturbam um pouco a visão de quem entra para ouvir um som emitido e provocado pelo ruído das ondas do mar. As paredes de segmentação vulcânica vibram, fazendo bater a água da nascente que passa por cima da gruta.

Voltando às areias da praia da Sununga, esta possui uma quadra de vôlei e quatro quiosques bem rústicos, o estado de conservação da sununga é muito bom, a praia é limpa e tem cestos de lixo na sua orla. As ofertas turísticas mais próximas são restaurantes, quiosques, campings, as pousadas e hotéis do Lázaro. Não se dão visitas guiadas e não se cobra nenhum tipo de taxa de ingresso para visitação.

Demanda Turística


O público que freqüenta a praia da Sununga é composto de jovens que ficam até altas horas da madrugada comendo, bebendo e jogando conversa fora. A origem destes é de São Paulo capital e interior, Rio de Janeiro e até estrangeiros europeus.



CONFIRA NO DIA 25/01/08 , a continuação da publicação de mais uma parte do Livro " Ubatuba, espaço, memória e cultura" , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca..

CASARÃO DO PORTO E OUTROS ANTIGOS PRÉDIOS DE UBATUBA

O armador e responsável, Manoel Balthazar da Cunha Fortes era uma personalidade, em uma época de crescente desenvolvimento econômico, social e cívico da cidade. Balthazar da Cunha, um homem pobre e de poucos estudos, construiu um patrimônio suficiente para a construção do seu Casarão, chamado de majestoso solar para o conforto de sua família. Ali vivia com sua esposa Dona Benedita Batista da Cunha Fortes e seus filhos, que depois fizeram parte da sociedade local. Baltazar veio a falecer no dia 26 de fevereiro de 1874, sendo seu nome imortalizado em uma das ruas do centro de Ubatuba. Cabe salientar que alguns historiadores sustentam que o Sobradão do Porto funcionava como Alfândega local, outros afirmam que nesse local Dom Pedro I, encontrava-se secretamente com a Marquesa de Santos. Ao certo, sabemos por fontes primárias, recolhidas por Washington de Oliveira que apenas a parte de cima do edifício era residência de Balthazar da Cunha e sua família, no térreo estava o armazém e a casa comissária – importadora e exportadora de bens comerciais (De Oliveira, 1977:74).

Assim como o Sobradão do Porto, outros inúmeros casarões na pequena Vila de Ubatuba, hoje região central da cidade, foram erguidos pomposamente e mostravam os fartos recursos dos comerciantes locais e seu desenvolvimento econômico. Outrora, Ubatuba viveu momentos de glória, sendo considerada uma das principais cidades de São Paulo, ajudou à economia do Estado, ficando à frente dos municípios com a maior renda de toda a Província. Eram viajantes errantes, que vinham negociar, tropeiros e aventureiros de todas as fronteiras desfilavam pelas ruas ubatubenses. Festas e bailes nos pomposos solares com muito esplendor e ostentação. Isso demonstrava a importância, para aqueles que aqui passavam, da prospera Ubatuba, cidade portuária de grande destaque no cenário nacional.

Existiu até mesmo um belo teatro na cidade com apresentações de peças e óperas de diferentes companhias, nacionais e estrangeiras. O Teatro de Ubatuba ficava localizado exatamente onde hoje se encontra o Fórum de Ubatuba, na antiga Praça Nóbrega, hoje o calçadão, esquina com a Rua Celso Ernesto de Oliveira. Construído, pelo português Joaquim Ferreira Gomes, com espaço para trezentas pessoas, as de maior poder econômico tinham lugar cativo em camarotes para assistir as representações. Instalações de muito bom gosto mostravam uma construção com um acabamento e decoração de primeira, tudo feito de madeira. Mas, durante a segunda decadência do município, este edifício foi esquecido e abandonado. Em 1910, a herdeira do teatro, Dona Luzia Dias Círio, sem recursos decide demoli-lo e então prefeito Ernesto Gomes de Oliveira, o adquiriu como bem municipal.

Nas comemorações do III Centenário de Ubatuba parte do antigo teatro foi demolido: camarotes e frisas, pois se encontravam em péssimo estado de conservação . Chegou ainda, a funcionar em suas dependências o primeiro cinema de Ubatuba, por pouco tempo. Nos anos 50, o governo municipal da época decidiu doá-lo ao Estado para a construção do atual Fórum Municipal, que mudou dali, depois de meio século.

O exemplo deste teatro é ilustrativo. Ubatuba guarda pouco de sua herança em edificações que poderiam traduzir uma imagem arquitetônica do patrimônio histórico de miscigenação artística, uma mistura de estilos na construção. Em uma época importante, a cidade conquistou para sua população um estado de urbanização ímpar que revolucionou a projeção de sua imagem em termos de futuro. Alguns poucos traços históricos de suas construções arquitetônicas foram preservadas e servem como referência para seus habitantes.

TRECHO DO LIVRO " Ubatuba, epaço, memória e cultura " , dos autores Juan Drouguet e Jorge Otávio Fonseca, editado em 2005 (encontra-se na Biblioteca Pública Municipal de Ubatuba, Praça 13 de maio , Centro).

"A PAZ DE IPEROIG" Segundo o livro " Ubatubna., espaço,memória e cultura" - 4 ª Parte

O primeiro canto leva o nome: De conceptione Virginis Mariae. A concepção de Maria antecede a modelagem da criação. É interessante mencionar aqui que o espírito mariano da maioria dos espanhóis encontra na figura feminina de Maria uma tabua de salvação . Enaltecida pelo espírito cristão da Idade Média, nas famosas Cantigas a Nossa Senhora de Gonzalo de Berceo, Anchieta tenta reconstruir o espaço na sua frente, confiando no caráter medianeiro de Maria que do outro lado do mar tinha sido enaltecida pelos peregrinos que sabiam do sofrimento e da solidão da experiência mística. “Não espanadavam ainda os mares nem desciam as águas fluviais pelas vertentes”, sobre o chão replica o religioso “não havia o borboletear das fontes nem a grandeza das moles altíssimas” e já fora concebida a inteligência eterna – o Verbo, predestinado seu ventre a redimir o pecado original.

Perfeita e dileta, como um antídoto ao veneno da serpente, prometida nas manchas edémicas, turvadas pelo crime de Eva. Com o dragão sob os pés, dulcis amica Dei, ela paria acima dos coros angelicais. O fruto bendito é anunciado pela boca dos profetas nos céus. Anchieta fecha esse primeiro canto anunciando Maria, a mulher mais forte que o homem.

Maria nasce no segundo canto após a noite milenar. Um novo sol se levanta, raiando a estrela virgem. O fulgor nominal da senhora ressoa neste poema anchietano em forma de ladainha, seguindo a ordem alfabética das composições abecedárias do Sedulius no qual faremos algumas adaptações para seu melhor entendimento:

Arbor, sublime árvore cujas raízes bebem humildemente do solo, os galhos frutificando em estrelas. Baculus, frágil bordão nos quais se amparam os homens incertos e aflitos. Collis, alta colina que verte o doce perfume nas trevas. Doctus, maravilhosa correnteza de águas provenientes da fonte divina. Effigies, verdadeiro espelho onde o próprio Deus se reflete. Fulmen, a fulgurância do raio na tormenta que aniquila os crimes tártaros. Gemma, metal precioso no qual se desvanece a pompa metálica do ouro e do bronze. Hydria, urna estelar das Hyades cristãs, vaso de leite e óleo, aroma e graça. Jaculum, o antigo jáculo ou venábulo, ferindo suavemente os corações para sarar profundas chagas . Luna, sagrado e imutável plenilúnio dando ao ocaso dos seus contempladores a impressão de alegria solar. Maré, mar profundo, amplidão sem areia de gigantescas e infinitas da vida, refugio dos bons e dos maus. Navis, a nave que socorre os náufragos arrojados e levados à praias remotas. Ober, óbice colocado no santuário com o fim de evitar a devastação dos touros indômitos, no limiar do templo às heresias e demônios, Portus, sereno ao qual vier se achegar o poeta, navegador exausto, sacudido pela fúria do vento e guiado pela mão da Virgem – reminiscência católica dos temporais brasileiros. Quadriga Dei, impetuosa quadriga de Deus, arrebatada pela justiça em tropel ressoante, a esmagar os inimigos da fé. Rosa, imarcescível no estio e no inverno, rosa a nascer de espinhos, mas não deles ornada. Speculum, Signum, Sydus, Stimulus, Salus... Tegem, primeiro tecido cobrindo o pudor de Adão, o rubor de Eva, a nudez lamentável do corpo ou da alma. Virga, açoite das macerações eclesiásticas, vara desnuda e flexível com que se retalham e sob a qual se retorcem os penitentes.

Continua , confira atualização no dia 26/01/08

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Livro Ubatuba , espaço memória e cultura " - 9 ª Parte

10. PRAIAS DA CAÇANDÓCA E CAÇANDOQUINHA

Localização

A praia da Caçandoca e a Caçandoquinha localizam-se ao sul, a 30 km do centro de Ubatuba. Geograficamente, Caçandoca está entre a Caçandoquinha e a praia do Pulso, e a Caçandoquinha entre a praia da Raposa e Caçandoca.

Acesso

O acesso de carro às praias da Caçandoca e Caçandoquinha é pela rodovia Rio – Santos, exatamente no Km 78 da Br 101. Uma estrada, a partir da rodovia principal de 3 km de percurso, leva à Caçandoca, onde ao lado direito dessa, por uma trilha curta, chega-se à praia da Caçandoquinha. O acesso de ônibus para ambas é pela rodovia, por meio da empresa Atlântico que faz a linha Ubatuba–Caraguatatuba– Ubatuba. O ônibus não entra pela estrada de terra até a praia, e o restante do caminho tem que ser feito a pé.

Visão

Tanto Caçandoca como Caçandoquinha são praias com uma vegetação variada da Mata Atlântica, e suas águas, são de um azul intenso, com poucas ondas. Na Caçandoquinha há areia monazítica, ideal para tratamento medicinal. Laranjeiras, coqueiros, amendoeiras, caraguatás fazem atraem arapongas, baitacas, periquitos, sabiás, tucanos e pica-paus.

Como tantas outras praias de Ubatuba, Caçandoca e Caçandoquinha guardam, além da beleza natural e exuberante, histórias dos negros quilombolas de Ubatuba. Caçandoca e Caçandoquinha abrigam famílias, moradores que são descendentes dos quilombolas. A colonização desse trecho foi feita por José Antonio de Sá, que tinha o monopólio de Caçandoca em 1881. As terras foram deixadas, depois, como herança a seus filhos.

Caçandoca e Caçandoquinha não têm infra-estrutura turística, e o visitante deve encontrar pousadas e hotéis nas praias próximas.

Demanda Turística


As duas praias são procuradas por excursionistas e adeptos de aventuras, instigados pelas belezas naturais da paisagem que desafia. O longo caminho de terra até suas areias e as trilhas fabulosas e históricas, longe do movimento de multidão, impressiona o turista que acha neste recanto da natureza selvagem um saudosismo de origem africano que paira por essas redondezas.



ITINERÁRIO DO OLHAR

1. A PRAIA DO BONETE

Localização


A praia do Bonete está localizada a 31 quilômetros ao sul do centro de Ubatuba, e é também conhecida como “Bonetinho”, em relação à Praia Grande do Bonete que fica a 33 quilômetros do centro urbano. Ambas as praias são vizinhas da Lagoinha e da Fortaleza.

Acesso

O acesso à praia do Bonete e do Bonete grande pode ser feito por trilhas ou de barco. É possível ir de carro até o condomínio da praia da Lagoinha e seguir a pé por uma trilha, ou também pela praia da Fortaleza, trilha de 30 minutos de subida íngreme de um morro. Há barcos que saem da praia da Lagoinha e levam turistas para qualquer uma dessas praias.

Olhar

A praia do Bonete é de uso público, e conservada por um caseiro, responsável pela limpeza da mata ao redor da casa, e nas imediações da trilha de acesso. A areia é semi-branca e de granulométrica média. A água do mar é semiturva e esverdeada, com vegetação considerável de abricoteiros – este tipo de árvore se apresenta em quase toda a extensão litorânea de Ubatuba, e o fruto, é uma espécie de pêssego menor que um damasco. É interessante notar a semelhança do nome dessa fruta com o termo apricot, que significa damasco, em francês.

O Bonete apresenta mar de tombo. Não existem degradações nem impactos visíveis na praia, pelo fato de o acesso ser restrito, tornando-a um local singular e selvagem.

A praia não tem infra–estrutura de hospedagem e a alimentação é restrita a um pequeno bar improvisado. Não há visitas guiadas no lugar nem se paga taxa de visitação. Ela é propícia para excursionistas que a visitam de preferência nos meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro.

O Bonete foi um local que serviu de moradia para os escravos das fazendas da região. Uma vez por ano esses escravos se juntavam aos moradores da remanescente quilombada da Caçandoca para festejar e realizar manifestações populares de caráter religioso. A atividade enconômica principal da região é a pesca.

Em contrapartida a este recanto do Bonete, existe a praia grande do Bonete, que também apresenta uma bela paisagem de dois quilômetros de extensão da orla marítima. Existem alguns bares na região central e uma porção de casas de veraneio, mas nehum hotel, nem restaurante, nem mesmo áreas de camping, atividade proibida, mas praticada com certa frequência. Existe um pequeno vilarejo de pescadores na localidade.

O local possui alguns bares que, durante a alta temporada funcionam no periodo noturno, com alguns atrativos, como música ao vivo. A praia grande do Bonete é considerada uma praia de tombo, com areia semibranca e de granulometria média, pedras médias e grandes na parte lateral da descida da trilha. O mar e a vegetação têm as mesmas características que as de sua irmã menor, um convite ao deleite dos sentidos, principalmente do olhar.

Na praia grande do Bonete levam-se a efeito duas celebrações consideradas manifestações populares, ambas de caráter religioso. A primeira delas, Festa de São Sebastião, é organizada por moradores e o padre da igreja de Maranduba, que vai esporadicamente até o local para a celebração da missa. Essa comemoração começa na praia com uma corrida de canoas: primeiro os homens, depois as mulheres, com percurso desde a praia grande do Bonete até a plantação de mariscos na praia do Bonetinho. Após a competição, há uma procissão na qual São sebastião é levado em uma grade canoa enfeitada com fitas multicoloridas. Logo após a procissão, todos se reúnem na igreja para celebração da missa, seguida por uma festa, que dura todo um dia.

Outra festividade religiosa é a de Santana, que acontece em 25 de julho, e tem a mesma programação.

Demanda turística

Os visitantes da praia do Bonete são, em sua maioria, provenientes de São Paulo, Caraguatatuba e arredores. Praia afastada, não registra o chamado turismo de massa, e por isso há pouca infra-estrutura para turistas.



Continua....Próxima atualização - 15/01/2008

SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS : caiçara e tarrafa

CAIÇARA

Caiçara é a denominação dos habitantes do litoral do Estado de São Paulo. Etimologicamente, a palavra caiçara provém de caá – icara, o cercado de paus a pique, defesa da taba, segundo o Vocabulário Geral – tupi – guarani de Silveira Bueno (1998:87). Provavelmente esta designação responda a um modo particular de pesca que esses habitantes do litoral praticavam em função de interesses alimentares.

TARRAFA

Tarrafa é uma espécie de rede em forma de funil com chumbo nas suas bordas, que ao ser lançada na água se abre em um raio de extensão considerável, afundando com o peso no sentido para baixo propiciando a captura dos peixes.


DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA "

dO liVRO "UBATUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " Genézio dos Santos , caiçara sim senhor...

O exame atento da realidade caiçara nos levou à praia do Camburi para entrevistar a um ícone desta cultura, Genézio dos Santos de 73 anos cuja sabedoria e vivência são sinônimos dos descendentes de quilombolas. Nascido e criado no Camburi, homem de muitas vidas, sobreviveu a um naufrágio com seus 17 anos durante um dia inteiro, sendo levado pela correnteza contra a costeira, superou a nove internações e uma pneumonia. Mas nada disso impede do homem que tem sede e fome da sua bandeira brasileira, de palestrar a todos os que o procuram para relatar tudo que os seus olhos já viram...

Procurado por grupos de historiadores, turistas, escritores e repórter de lugares diversos, senhor Genézio é reconhecido no exterior. Já esteve até no senado em Brasília, acompanhado pelo senhor Inglês de 65 anos - também caiçara, morador do bairro- através do Projeto Martim Pescador. Descendente do mestre Basílio, quilombola, senhor Genézio diz ter nascido em berço de ouro, pois a fartura que a mãe terra oferecia na hora da colheita, era a maior riqueza que um homem poderia almejar. Plantava-se banana, batata doce, mandioca doce, inhame, taiova, milho, cana, que era usado tanto para consumo próprio quanto na alimentação dos animais domésticos como, porcos e galinhas.

O homem naquela época – explica o entrevistado - pescava seis meses, semeava e cultivava outros seis. A liberdade do homem era o trabalho, até onde o suor e a força braçal suportavam. Ele diz que o progresso é bom, mais tem um preço, pois o rio antes navegável onde servia de agasalho para os peixes, hoje com a Rodovia Rio Santos, virou um mangue pobre e assoreado. A natureza que tudo dava, hoje somente pode ser olhada e apreciada. Movido pela fé, ele acredita que há de chegar o dia em que os governantes hão de olhar para o Camburi, ponto final do estado de São Paulo, onde a luz elétrica, a estrada e tantas outras reivindicações são os maiores objetivos da comunidade. Acredita que com esta estrutura possa organizar melhor a vinda de turistas, que hoje usam a praia para acampar ao invés dos campings - na baixa estação- não pagando nada por isso. Ele e os outros moradores gostariam de uma orientação de quem tem o conhecimento de outras fontes de renda, porque com setenta e três anos não se tem mais a força de antes, e só de fé não consegue seu alimento, pois tudo que aprendeu durante toda sua vida foi naquela praia e que hoje só lhe serve para contar histórias. Senhor Genézio, fundou em 1967 o cemitério de Camburi, antes os corpos eram levados para o Ubatumirim. Ele fala que naquela época caixão era coisa raríssima, todos eram enterrados em redes a sete palmos da terra. Seus olhos também testemunharam e o fazem, os aparecimentos de diversos OVNIS - objetos voadores não identificados na região. Pai de sete filhos de criação, ele deixa uma mensagem aos jovens: “Que escutem o conselho e a obediência e sinceridade de todos os familiares, para que cresçam com a mensagem do bom caminho conseguindo na vida adulta o conforto da vida material e principalmente da vida espiritual ao lado de Deus quando perderem o fogo da vida aqui na face da terra”.

A entrevista realizada no Camburi nos permitiu, graças à ajuda de Claudia de Oliveira, observar com atenção as variantes da língua caiçara em uma transcrição quase literal do relato do entrevistado ante nossas perguntas.